Continuamos a estudar o livro de Tiago.
Livro bastante prático. Percebemos como a nossa fé se
relaciona com o nosso viver diário. Não
há como separar aquilo que sempre esteve unido.
A nossa fé tem de resultar em santidade. Se tudo o
que sabemos não redundar em santidade, para nada vale.
Tal como viram a semana passada, a vida cristã não é
apenas ouvir a Verdade, mas também praticar
o que essa verdade diz.
No entanto, a nossa santidade não serve de sinal de
superioridade em relação ao próximo*. A nossa santidade serve sim, em certo
sentido, para revelarmos aquilo que Deus já fez em nós.
Tiago 2:1 Meus irmãos, pela fé que têm em Jesus Cristo, nosso
glorioso Senhor, não tratem as pessoas com medidas diferentes!
Tiago escreve aos judeus que estavam dispersos.
Tinham as suas próprias comunidades embora vivessem em
tempos de perseguição. Ter um espírito de verdadeira comunidade seria muito
importante no dia-a-dia deles.
No entanto, havia um grave problema e por isso tinha de ser
tratado.
Muito interessante notar que certos aspectos que achamos
irrelevantes, a Palavra é muito
clara para a correcção dos mesmos para que saibamos como convém andar na
Igreja de Deus.
A palavra “Fé”, neste versículo, envolve todas as áreas da nossa vida, sendo que as mesmas devem ser
vividas na dependência de Deus para reflectirmos
a Sua glória em tudo o que fizermos (I Cor. 10:31).
Se de facto há uma vivência cristã, isso
tem que ser visível nos nossos relacionamentos. E um dos aspectos
importantes passa por não nos tratarmos uns aos outros com medidas
diferentes, caso contrário estaremos a fazer acepção de pessoas.
A palavra no original, para acepção de pessoas,
significa “Levantar o rosto em favor de
alguém afastando-se do outro” ou também “Exaltar alguém por motivos visíveis aos nossos olhos” por causa
da aparência*, conhecimento*, raça* ou classe social*.
A enfâse que temos neste versículo está no próprio Cristo,
isto porque Ele foi imparcial em todos
os seus relacionamentos, pois não se importava com o estatuto social das
pessoas com quem interagia.
As coisas aparentes aos nossos olhos não O influenciavam na
forma como Ele julgava o próximo.
Várias vezes Ele foi criticado por causa disso mesmo. A
evidência era clara tanto é que as pessoas notavam essa imparcialidade.
Reparemos no que diz… Mateus 22:16 “E enviaram-lhe os seus
discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro,
e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque
não olhas a aparência dos homens”.
Cristo é a nossa medida no relacionamento com as pessoas.
2 Imaginem, por exemplo, que entram dois homens na vossa
sinagoga, um com anéis de ouro e ricamente vestido e outro pobre e muito mal
vestido.
Tiago dá um exemplo do que isso significa na prática.
Nota: Este exercício é importante. Por vezes não
compreendemos certas verdades por acharmos que certas lições são apenas para os outros e não para nós*.
A palavra “sinagoga” significa ajuntamento ou congregação.
Uma palavra que traduz o que hoje comumente chamamos de Igreja. Precisamos de
resgatar o verdadeiro sentido da palavra “Igreja” e não abandoná-lo.
Esta história falava acerca de dois homens que tinham anéis
de Ouro.
Naquele tempo era normal os homens usarem anéis. No
entanto, era raro usarem anéis de ouro.
Ao usarem anéis de ouro, esses homens mostravam que tinha
muitas posses. Essas pessoas usavam anéis em todos os dedos menos no dedo
médio.
Diz o texto que além dos anéis, um homem estava também vestido com roupas muito caras, tanto é que
reflectiam o brilho com a luz do sol que batia.
A palavra que define a roupa deste homem foi usada também para
a referência às roupas do anjo (Actos 10:30) e também à roupa que os guardas
de Herodes colocaram sobre Jesus para gozarem com Ele (Luc. 23:11).
Por outro lado, nesta história, entrou também um homem cuja aparência
era completamente antagónica à outra pessoa. Roupas sujas e extramente
pobre.
Apenas uma nota, em
lado nenhum na Bíblia vemos que Deus é contra as riquezas, é sim contra o
coração que está dependente dessas riquezas. E um sinal evidente disso é
notado quando as pessoas vivem para
ostentar aquilo que têm. Vivem para conquistar e não porque foram
conquistados por Cristo.
3 Dirigem-se ao que vem ricamente vestido e dizem-lhe:
«Senta-te aqui no lugar de honra!» Depois dizem ao pobre: «Tu fica aí de pé ou
senta-te no chão junto ao meu estrado.»
Nas sinagogas normalmente as pessoas sentavam-se de pernas
cruzadas no chão ou então ficavam de pé. Havia poucos lugares de honra
(bancos) e normalmente quem desejava esses lugares eram os fariseus,
como podemos ver em Marcos 12:38-39.
Ao entrar o homem rico disseram logo para ele se sentar no lugar de honra e ao homem pobre disseram para
se sentar num outro sítio sem qualquer tipo de importância.
O problema não estava no rico sentar-se naquele lugar, o
problema era não terem dito o mesmo à pessoa pobre.
Duas medidas diferentes…
4 Não vêem que desta maneira estão a fazer diferenças entre
pessoas e a julgá-las por critérios errados?
Tiago foi directo ao
ponto como é a sua marca neste livro.
Ao darem lugar especial a um e a outro não, favorecendo o
rico e discriminando o pobre, estavam a julgar as pessoas por critérios
diferentes.
Sempre que vemos na Bíblia que não devemos fazer “acepção de
pessoas”, há uma ligação ao julgamento para
com o próximo. Isto é, ao nível diferente de importância que
damos às pessoas.
Por exemplo, a Bíblia reconhece géneros diferentes (Homem e
Mulher) mas isso não faz com que um ou
outro sejam mais importantes porque para Deus somos
todos iguais. Achar que um ou outro são mais importantes é, em certo
sentido, fazer acepção de pessoas.
Quais os critérios com que nos relacionamos com as
pessoas?
Serão exactamente iguais para com todos?
Os nossos relacionamentos são estabelecidos com base em
padrões humanos ou espirituais?
5 Ouçam bem, meus queridos irmãos. Como sabem, Deus escolheu
aqueles que são pobres aos olhos do mundo para lhes dar a riqueza da fé e os
fazer herdeiros do reino que ele prometeu a quem o ama.
Mais uma vez neste texto encontramos a medida para os nossos
relacionamentos.
Deus, sendo rico em Sua Glória, escolheu pessoas também pobres para lhe dar a maior riqueza que podia
haver… A fé.
Neste texto não vemos uma restrição apenas aos pobres no
que concerne à Salvação, lemos sim que Deus, na Sua Graça, salvou também pessoas
pobres. Porquê? Porque, tal como lemos em Gálatas, apesar
de Deus ter criado diferenças, no bom sentido do termo, de género*, raciais*,
sociais* e sexuais*, essas mesmas
distinções não implicam desigualdade espiritual perante Ele.
Em Cristo somos um e é nessa unidade que devemos agir uns
para com os outros.
Se Deus mostrou a Sua bondade para com os pobres quem
somos nós para fazermos diferença naquilo que Deus igualou?
6 No entanto, desprezam os pobres. Mas não são porventura os
ricos que vos oprimem e que vos levam a tribunal?
No contexto em que o povo vivia, os ricos desprezavam e
oprimiam os pobres.
Como tinham dinheiro para levá-los a tribunal e por
conseguinte tinham bons advogados, conseguiam ganhar processos indevidamente,
além da corrupção existente.
Os ricos humilhavam os pobres fazendo-se valer da riqueza
para ainda terem mais benefícios.
7 Não são eles que blasfemam contra o maravilhoso nome que
foi invocado em vosso benefício?
Segundo o texto, essas pessoas ricas também blasfemavam em
tribunal o nome de Jesus Cristo e o próprio ensino que Ele deixou.
8 Portanto, procedem bem, se cumprirem o mandamento
fundamental do reino, que está na Escritura: Amarás o teu semelhante como a ti
mesmo.
A palavra “Portanto” é uma conjunção conclusiva. Liga
uma oração à outra dando-lhes uma
conclusão ou consequência.
Quando Tiago se referiu ao “mandamento fundamental do
Reino”, ele simplesmente queria dizer que o que iria escrever devia ser a forma
ou a regra para o viver deles.
Qual seria essa conclusão?
Tiago usa palavras de Jesus descritas em Mateus.
Mateus 22:37-40 “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o
primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas”.
Sendo assim, a conclusão desta lição passava por ensinar que
a Igreja tem
que mostrar o mesmo amor, aceitação, cuidado e respeito demonstrado por Cristo
a todos os homens.
Logo, todas as pessoas devem ser tratadas com a mesma
medida. E qual é essa medida? A que Cristo nos deixou.
Mais ainda, a forma como nos relacionamos deve ser a forma
como queríamos que os outros se
relacionassem connosco.
O mundo diz “Não faças aos outros o que não queres que te
façam a ti”. A Bíblia diz “Faz aos outros o que queres que te façam a ti”. Qual
a razão? A Bíblia obriga-nos a ser
dinâmicos no nosso viver.
Tiramos ainda outra conclusão, Tiago não estava a defender
que a Igreja devia cuidar apenas dos
pobres e desprezar os ricos,
porque isso seria também fazer acepção de pessoas. Ele estava sim a
dizer que essas medidas mundanas não devem ser usadas nos nossos
relacionamentos.
9 Mas se fazem diferenças entre as pessoas, isso é pecado e a
lei de Deus condena-vos como transgressores.
O tempo no original (Presente - no grego mostra
continuidade) revela que esta prática
estava a acontecer e era algo contínuo. Ou seja, não era uma mera suposição
de Tiago ou uma simples correcção por algo ocorrido sazonalmente.
Face a isso, Tiago diz que aquele comportamento era pecaminoso e assim sendo transgredia a Lei de
Deus.
10 Pois aquele que cumpre os mandamentos da lei, mas despreza
um só deles, é como se os tivesse desprezado a todos.
11 Deus que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não
matarás. Se matares alguém, ainda que não cometas adultério, tornas-te
transgressor da lei.
Tiago defende aqui a ideia de que o cristão tem que viver
para Deus em todas as áreas da sua vida. Embora possa pecar, ele tem todas as condições para não pecar
porque o Espírito Santo habita n’Ele.
Toda a vida do cristão deve apontar a Cristo porque
se uma área da nossa vida não apontar a Cristo, não estaremos a viver para a Glória de Deus.
Não podemos viver a nossa vida de forma fragmentada*…
12 Portanto devem falar e viver como quem vai ser julgado
pela lei da liberdade.
Cristo demonstrou misericórdia para connosco, isto é, não
nos deu segundo aquilo que nós merecíamos.
Se o relacionamento de Deus para connosco fosse com base
naquilo que temos ou somos, todos nós seríamos destruídos pela Sua Ira.
Graças a Deus que o Seu relacionamento connosco é devido ao
que Cristo fez e não pelo que fizemos. Tudo é pela Sua Graça.
Romanos 6:14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
Este texto diz que nós já não estamos debaixo da Lei,
mas sim debaixo da Graça.
O que significa isso? Relembrar o que vimos quando em
Janeiro falámos sobre este tema.
Para o cristão, a Lei já não é mais instrumento de condenação
porque fomos libertos por Cristo Jesus,
porque Cristo cumpriu a lei integralmente no nosso lugar.
No entanto, apesar de ter terminado a lei cerimonial em
Cristo, Ele não aboliu a lei moral do AT.
Nós agora temos liberdade, dada pelo Espírito Santo, para vivermos uma
vida que agrada ao próprio Deus.
Como sabemos se estamos a agradar a Deus? Quando cumprimos a Sua vontade.
Como conhecemos a Sua Vontade? Através da Lei moral que é uma expressão do próprio carácter de Deus.
Por isso mesmo, Tiago diz que devemos falar e viver como
quem vive sabendo que vai ser julgado pela liberdade que há em Cristo. Que
descanso… Que consolo…
13 Será julgado sem misericórdia aquele que não mostrou
misericórdia. No dia do juízo, a misericórdia é que vence.
A compreensão desta verdade deve fazer com que as nossas
vidas resplandeçam essa misericórdia para com o próximo.
Se permanecemos vivos diante de Deus, é somente devido à Sua
misericórdia, então devemos demonstrar essa misericórdia para com o nosso
próximo. (História do Rei – Servo – Servo).
Como sabemos se fomos alvo da misericórdia de Deus? Se não fizermos
acepção de pessoas, isto é, se não julgamos as pessoas por causa do género,
raça, classe social, etc. Se usarmos de misericórdia para com o próximo, é
porque de facto fomos alvo da misericórdia de Deus.
Sendo assim compreendemos algumas lições importantes…
1º A fé não é um mero conhecimento. É também vivência…
Tiago escreve esta carta para alertar que não basta dizermos
que somos de Deus. O nosso pensar, falar e viver deve mostrar isso mesmo.
Moody, “Um dos grandes problemas que temos é o tráfico de
verdades não vividas”.
Por isso, meus irmãos, temos
de ter cuidado com as verdades que são conhecidas e que não são vividas. Não
pode haver divergência entre aquilo que professamos e aquilo que vivemos.
Temos que meditar na Palavra, pensar como a mesma se
relaciona com o nosso dia-a-dia, e que mudanças temos que fazer para
reflectirmos cada vez mais a imagem de Deus.
Ainda analisa a sua vida? Ainda deseja mudanças?
Consegue lutar contra os desejos da carne?
Lembre-se que não está só nesta caminhada.
A mudança surge quando temos alegria em Deus. Mudamos porque
O amamos e fomos aceites por Ele.
Para a semana iremos perceber a relação entre fé e obras.
2º Toda a nossa vida deve reflectir a imagem de Deus.
Tiago é claro dizendo que todas as nossas áreas devem apontar a Cristo. Ele é Senhor. Não somos nós.
Quando fragmentamos a nossa vida*, é porque ainda não
entendemos que Deus transforma vidas.
Não podemos achar que podemos ter o nosso pecado de
estimação e alimentá-lo quando desejarmos.
Cristo transforma vidas.
3º Quem faz acepção de pessoas é porque ainda não
compreendeu a mensagem do Evangelho.
Tiago foi muito claro. Ao percebermos a misericórdia de Deus
não há como não revelar esse
entendimento na forma como nos relacionamos com o próximo.
A Igreja que pensa que é um clube e que trata e exalta as
pessoas ricas é porque ainda não percebeu
que a mensagem do Evangelho, o qual humilha todos aqueles que se juntam a
Deus.
Não é o que temos que nos faz ser superior a alguém.
Temos de perceber que em Cristo nada somos, logo, devemos
tratar todos por igual.
Receber visitantes*
Situação – Problema – Pessoa que dava dízimo.
No dia em que dependermos
do homem é porque ainda não dependemos de Cristo. E quando isso
acontece é porque achamos que Ele não é suficiente.
Quando dependemos ou valorizamos factores humanos é porque
ainda não demos valor àquilo que realmente é importante.
Tratamos todos por igual ainda que possamos ter mais
intimidade com alguns?
4º Entender a união com Cristo é compreender que não
devemos fazer acepção de pessoas.
Todos estamos ligados a Cristo e unidos num só corpo, no
qual Cristo é a cabeça. Quando valorizamos mais as pessoas pelos parâmetros
deste mundo, apenas mostramos que para nós a fé tem pouca importância.
Quando olhamos as pessoas com os olhos deste mundo, é porque
ainda não conseguimos ver com os olhos que o próprio Cristo nos viu.
Ao escolher pessoas para uma determinada situação, Deus não
fez acepção de pessoas, porque Ele não as valorizou por aquilo que eles tinham
ou por aquilo que lhe podiam oferecer. Deus não precisa de nada de ninguém. É pela
Sua Graça.
Quando Deus diz na Sua Palavra que no mundo, no lar, ou na
Sua igreja, há autoridade não significa que há pessoas mais importantes que
outras, porque a autoridade não é sinal de que alguém é mais importante que o
outro.
Se fazemos o que fazemos com o próximo baseado nos méritos
do outro ou daquilo que Ele nos pode oferecer, estaremos a pecar.
1 Samuel 16:7 Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua
aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado;
porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos
olhos, porém o Senhor olha para o coração.
Que possamos ver como o Senhor Deus vê.
Sem comentários:
Enviar um comentário