quarta-feira, 23 de julho de 2014

Tiago 2:1-13

Continuamos a estudar o livro de Tiago.
Livro bastante prático. Percebemos como a nossa fé se relaciona com o nosso viver diário. Não há como separar aquilo que sempre esteve unido.
A nossa fé tem de resultar em santidade. Se tudo o que sabemos não redundar em santidade, para nada vale.
Tal como viram a semana passada, a vida cristã não é apenas ouvir a Verdade, mas também praticar o que essa verdade diz.
No entanto, a nossa santidade não serve de sinal de superioridade em relação ao próximo*. A nossa santidade serve sim, em certo sentido, para revelarmos aquilo que Deus já fez em nós.
Tiago 2:1 Meus irmãos, pela fé que têm em Jesus Cristo, nosso glorioso Senhor, não tratem as pessoas com medidas diferentes!
Tiago escreve aos judeus que estavam dispersos.
Tinham as suas próprias comunidades embora vivessem em tempos de perseguição. Ter um espírito de verdadeira comunidade seria muito importante no dia-a-dia deles.
No entanto, havia um grave problema e por isso tinha de ser tratado.
Muito interessante notar que certos aspectos que achamos irrelevantes, a Palavra é muito clara para a correcção dos mesmos para que saibamos como convém andar na Igreja de Deus.
A palavra “Fé”, neste versículo, envolve todas as áreas da nossa vida, sendo que as mesmas devem ser vividas na dependência de Deus para reflectirmos a Sua glória em tudo o que fizermos (I Cor. 10:31).
Se de facto há uma vivência cristã, isso tem que ser visível nos nossos relacionamentos. E um dos aspectos importantes passa por não nos tratarmos uns aos outros com medidas diferentes, caso contrário estaremos a fazer acepção de pessoas.
A palavra no original, para acepção de pessoas, significa “Levantar o rosto em favor de alguém afastando-se do outro” ou também “Exaltar alguém por motivos visíveis aos nossos olhos” por causa da aparência*, conhecimento*, raça* ou classe social*.
A enfâse que temos neste versículo está no próprio Cristo, isto porque Ele foi imparcial em todos os seus relacionamentos, pois não se importava com o estatuto social das pessoas com quem interagia.
As coisas aparentes aos nossos olhos não O influenciavam na forma como Ele julgava o próximo.
Várias vezes Ele foi criticado por causa disso mesmo. A evidência era clara tanto é que as pessoas notavam essa imparcialidade.
Reparemos no que diz… Mateus 22:16 “E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens”.
Cristo é a nossa medida no relacionamento com as pessoas.
2 Imaginem, por exemplo, que entram dois homens na vossa sinagoga, um com anéis de ouro e ricamente vestido e outro pobre e muito mal vestido.
Tiago dá um exemplo do que isso significa na prática.
Nota: Este exercício é importante. Por vezes não compreendemos certas verdades por acharmos que certas lições são apenas para os outros e não para nós*.
A palavra “sinagoga” significa ajuntamento ou congregação. Uma palavra que traduz o que hoje comumente chamamos de Igreja. Precisamos de resgatar o verdadeiro sentido da palavra “Igreja” e não abandoná-lo.
Esta história falava acerca de dois homens que tinham anéis de Ouro.
Naquele tempo era normal os homens usarem anéis. No entanto, era raro usarem anéis de ouro.
Ao usarem anéis de ouro, esses homens mostravam que tinha muitas posses. Essas pessoas usavam anéis em todos os dedos menos no dedo médio.
Diz o texto que além dos anéis, um homem estava também vestido com roupas muito caras, tanto é que reflectiam o brilho com a luz do sol que batia.
A palavra que define a roupa deste homem foi usada também para a referência às roupas do anjo (Actos 10:30) e também à roupa que os guardas de Herodes colocaram sobre Jesus para gozarem com Ele (Luc. 23:11).
Por outro lado, nesta história, entrou também um homem cuja aparência era completamente antagónica à outra pessoa. Roupas sujas e extramente pobre.
Apenas uma nota, em lado nenhum na Bíblia vemos que Deus é contra as riquezas, é sim contra o coração que está dependente dessas riquezas. E um sinal evidente disso é notado quando as pessoas vivem para ostentar aquilo que têm. Vivem para conquistar e não porque foram conquistados por Cristo.
3 Dirigem-se ao que vem ricamente vestido e dizem-lhe: «Senta-te aqui no lugar de honra!» Depois dizem ao pobre: «Tu fica aí de pé ou senta-te no chão junto ao meu estrado.»
Nas sinagogas normalmente as pessoas sentavam-se de pernas cruzadas no chão ou então ficavam de pé. Havia poucos lugares de honra (bancos) e normalmente quem desejava esses lugares eram os fariseus, como podemos ver em Marcos 12:38-39.
Ao entrar o homem rico disseram logo para ele se sentar no lugar de honra e ao homem pobre disseram para se sentar num outro sítio sem qualquer tipo de importância.
O problema não estava no rico sentar-se naquele lugar, o problema era não terem dito o mesmo à pessoa pobre.
Duas medidas diferentes…
4 Não vêem que desta maneira estão a fazer diferenças entre pessoas e a julgá-las por critérios errados?
Tiago foi directo ao ponto como é a sua marca neste livro.
Ao darem lugar especial a um e a outro não, favorecendo o rico e discriminando o pobre, estavam a julgar as pessoas por critérios diferentes.
Sempre que vemos na Bíblia que não devemos fazer “acepção de pessoas”, há uma ligação ao julgamento para com o próximo. Isto é, ao nível diferente de importância que damos às pessoas.
Por exemplo, a Bíblia reconhece géneros diferentes (Homem e Mulher) mas isso não faz com que um ou outro sejam mais importantes porque para Deus somos todos iguais. Achar que um ou outro são mais importantes é, em certo sentido, fazer acepção de pessoas.
Quais os critérios com que nos relacionamos com as pessoas?
Serão exactamente iguais para com todos?
Os nossos relacionamentos são estabelecidos com base em padrões humanos ou espirituais?
5 Ouçam bem, meus queridos irmãos. Como sabem, Deus escolheu aqueles que são pobres aos olhos do mundo para lhes dar a riqueza da fé e os fazer herdeiros do reino que ele prometeu a quem o ama.
Mais uma vez neste texto encontramos a medida para os nossos relacionamentos.
Deus, sendo rico em Sua Glória, escolheu pessoas também pobres para lhe dar a maior riqueza que podia haver… A fé.
Neste texto não vemos uma restrição apenas aos pobres no que concerne à Salvação, lemos sim que Deus, na Sua Graça, salvou também pessoas pobres. Porquê? Porque, tal como lemos em Gálatas, apesar de Deus ter criado diferenças, no bom sentido do termo, de género*, raciais*, sociais* e sexuais*, essas mesmas distinções não implicam desigualdade espiritual perante Ele.
Em Cristo somos um e é nessa unidade que devemos agir uns para com os outros.
Se Deus mostrou a Sua bondade para com os pobres quem somos nós para fazermos diferença naquilo que Deus igualou?
6 No entanto, desprezam os pobres. Mas não são porventura os ricos que vos oprimem e que vos levam a tribunal?
No contexto em que o povo vivia, os ricos desprezavam e oprimiam os pobres.
Como tinham dinheiro para levá-los a tribunal e por conseguinte tinham bons advogados, conseguiam ganhar processos indevidamente, além da corrupção existente.
Os ricos humilhavam os pobres fazendo-se valer da riqueza para ainda terem mais benefícios.
7 Não são eles que blasfemam contra o maravilhoso nome que foi invocado em vosso benefício?
Segundo o texto, essas pessoas ricas também blasfemavam em tribunal o nome de Jesus Cristo e o próprio ensino que Ele deixou.
8 Portanto, procedem bem, se cumprirem o mandamento fundamental do reino, que está na Escritura: Amarás o teu semelhante como a ti mesmo.
A palavra “Portanto” é uma conjunção conclusiva. Liga uma oração à outra dando-lhes uma conclusão ou consequência.
Quando Tiago se referiu ao “mandamento fundamental do Reino”, ele simplesmente queria dizer que o que iria escrever devia ser a forma ou a regra para o viver deles.
Qual seria essa conclusão?
Tiago usa palavras de Jesus descritas em Mateus.
Mateus 22:37-40 “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.
Sendo assim, a conclusão desta lição passava por ensinar que a Igreja tem que mostrar o mesmo amor, aceitação, cuidado e respeito demonstrado por Cristo a todos os homens.
Logo, todas as pessoas devem ser tratadas com a mesma medida. E qual é essa medida? A que Cristo nos deixou.
Mais ainda, a forma como nos relacionamos deve ser a forma como queríamos que os outros se relacionassem connosco.
O mundo diz “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”. A Bíblia diz “Faz aos outros o que queres que te façam a ti”. Qual a razão? A Bíblia obriga-nos a ser dinâmicos no nosso viver.
Tiramos ainda outra conclusão, Tiago não estava a defender que a Igreja devia cuidar apenas dos pobres e desprezar os ricos, porque isso seria também fazer acepção de pessoas. Ele estava sim a dizer que essas medidas mundanas não devem ser usadas nos nossos relacionamentos.
9 Mas se fazem diferenças entre as pessoas, isso é pecado e a lei de Deus condena-vos como transgressores.
O tempo no original (Presente - no grego mostra continuidade) revela que esta prática estava a acontecer e era algo contínuo. Ou seja, não era uma mera suposição de Tiago ou uma simples correcção por algo ocorrido sazonalmente.
Face a isso, Tiago diz que aquele comportamento era pecaminoso e assim sendo transgredia a Lei de Deus.
10 Pois aquele que cumpre os mandamentos da lei, mas despreza um só deles, é como se os tivesse desprezado a todos.
11 Deus que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se matares alguém, ainda que não cometas adultério, tornas-te transgressor da lei.
Tiago defende aqui a ideia de que o cristão tem que viver para Deus em todas as áreas da sua vida. Embora possa pecar, ele tem todas as condições para não pecar porque o Espírito Santo habita n’Ele.
Toda a vida do cristão deve apontar a Cristo porque se uma área da nossa vida não apontar a Cristo, não estaremos a viver para a Glória de Deus.
Não podemos viver a nossa vida de forma fragmentada*…
12 Portanto devem falar e viver como quem vai ser julgado pela lei da liberdade.
Cristo demonstrou misericórdia para connosco, isto é, não nos deu segundo aquilo que nós merecíamos.
Se o relacionamento de Deus para connosco fosse com base naquilo que temos ou somos, todos nós seríamos destruídos pela Sua Ira.
Graças a Deus que o Seu relacionamento connosco é devido ao que Cristo fez e não pelo que fizemos. Tudo é pela Sua Graça.
Romanos 6:14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
Este texto diz que nós já não estamos debaixo da Lei, mas sim debaixo da Graça.
O que significa isso? Relembrar o que vimos quando em Janeiro falámos sobre este tema.
Para o cristão, a Lei já não é mais instrumento de condenação porque fomos libertos por Cristo Jesus, porque Cristo cumpriu a lei integralmente no nosso lugar.
No entanto, apesar de ter terminado a lei cerimonial em Cristo, Ele não aboliu a lei moral do AT.
Nós agora temos liberdade, dada pelo Espírito Santo, para vivermos uma vida que agrada ao próprio Deus.
Como sabemos se estamos a agradar a Deus? Quando cumprimos a Sua vontade.
Como conhecemos a Sua Vontade? Através da Lei moral que é uma expressão do próprio carácter de Deus.
Por isso mesmo, Tiago diz que devemos falar e viver como quem vive sabendo que vai ser julgado pela liberdade que há em Cristo. Que descanso… Que consolo…
13 Será julgado sem misericórdia aquele que não mostrou misericórdia. No dia do juízo, a misericórdia é que vence.
A compreensão desta verdade deve fazer com que as nossas vidas resplandeçam essa misericórdia para com o próximo.
Se permanecemos vivos diante de Deus, é somente devido à Sua misericórdia, então devemos demonstrar essa misericórdia para com o nosso próximo. (História do Rei – Servo – Servo).
Como sabemos se fomos alvo da misericórdia de Deus? Se não fizermos acepção de pessoas, isto é, se não julgamos as pessoas por causa do género, raça, classe social, etc. Se usarmos de misericórdia para com o próximo, é porque de facto fomos alvo da misericórdia de Deus.
Sendo assim compreendemos algumas lições importantes…
1º A fé não é um mero conhecimento. É também vivência…
Tiago escreve esta carta para alertar que não basta dizermos que somos de Deus. O nosso pensar, falar e viver deve mostrar isso mesmo.
Moody, “Um dos grandes problemas que temos é o tráfico de verdades não vividas”.
Por isso, meus irmãos, temos de ter cuidado com as verdades que são conhecidas e que não são vividas. Não pode haver divergência entre aquilo que professamos e aquilo que vivemos.
Temos que meditar na Palavra, pensar como a mesma se relaciona com o nosso dia-a-dia, e que mudanças temos que fazer para reflectirmos cada vez mais a imagem de Deus.
Ainda analisa a sua vida? Ainda deseja mudanças? Consegue lutar contra os desejos da carne?
Lembre-se que não está só nesta caminhada.
A mudança surge quando temos alegria em Deus. Mudamos porque O amamos e fomos aceites por Ele.
Para a semana iremos perceber a relação entre fé e obras.
2º Toda a nossa vida deve reflectir a imagem de Deus.
Tiago é claro dizendo que todas as nossas áreas devem apontar a Cristo. Ele é Senhor. Não somos nós.
Quando fragmentamos a nossa vida*, é porque ainda não entendemos que Deus transforma vidas.
Não podemos achar que podemos ter o nosso pecado de estimação e alimentá-lo quando desejarmos.
Cristo transforma vidas.
3º Quem faz acepção de pessoas é porque ainda não compreendeu a mensagem do Evangelho.
Tiago foi muito claro. Ao percebermos a misericórdia de Deus não há como não revelar esse entendimento na forma como nos relacionamos com o próximo.
A Igreja que pensa que é um clube e que trata e exalta as pessoas ricas é porque ainda não percebeu que a mensagem do Evangelho, o qual humilha todos aqueles que se juntam a Deus.
Não é o que temos que nos faz ser superior a alguém.
Temos de perceber que em Cristo nada somos, logo, devemos tratar todos por igual.
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Situação – Problema – Pessoa que dava dízimo.
No dia em que dependermos do homem é porque ainda não dependemos de Cristo. E quando isso acontece é porque achamos que Ele não é suficiente.
Quando dependemos ou valorizamos factores humanos é porque ainda não demos valor àquilo que realmente é importante.
Tratamos todos por igual ainda que possamos ter mais intimidade com alguns?
4º Entender a união com Cristo é compreender que não devemos fazer acepção de pessoas.
Todos estamos ligados a Cristo e unidos num só corpo, no qual Cristo é a cabeça. Quando valorizamos mais as pessoas pelos parâmetros deste mundo, apenas mostramos que para nós a fé tem pouca importância.
Quando olhamos as pessoas com os olhos deste mundo, é porque ainda não conseguimos ver com os olhos que o próprio Cristo nos viu.
Ao escolher pessoas para uma determinada situação, Deus não fez acepção de pessoas, porque Ele não as valorizou por aquilo que eles tinham ou por aquilo que lhe podiam oferecer. Deus não precisa de nada de ninguém. É pela Sua Graça.
Quando Deus diz na Sua Palavra que no mundo, no lar, ou na Sua igreja, há autoridade não significa que há pessoas mais importantes que outras, porque a autoridade não é sinal de que alguém é mais importante que o outro.
Se fazemos o que fazemos com o próximo baseado nos méritos do outro ou daquilo que Ele nos pode oferecer, estaremos a pecar.
1 Samuel 16:7 Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.

Que possamos ver como o Senhor Deus vê.

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