quarta-feira, 9 de julho de 2014

Pregação... Justificação e a Santificação.

Hoje entramos na Justificação pela Fé e a Santificação.
Definindo alguns termos…
Santificação - Viver conformado segundo a imagem de Cristo, e viver a vida percebendo o propósito para o qual fomos criados. “Criados à Imagem de Deus”. É um processo incompleto.
Santo – Viver separado para Deus em todos os seus domínios. Está relacionado com a nossa posição perante Deus.
Somos Santos (separados) para vivermos num processo de santificação. Tudo será pleno e completo quando tivermos com Cristo.
Justificação, acto único, relaciona-se com o passado. Santificação, acto constante, relaciona-se com o presente.
Romanos 5:20-6:2         
“A lei veio fazer aumentar mais o pecado. Mas quanto mais aumentava o pecado, mais abundava a Graça de Deus. De modo que assim como o pecado reinou na morte, também a Graça de Deus reina pela justiça para a vida eterna por Jesus Cristo, nosso Senhor. Que diremos então? Vamos continuar a viver no pecado para manifestar-se mais a graça de Deus? De modo nenhum. Nós que morremos para o pecado, como poderíamos ainda viver nele”.
Depois de Paulo explicar o que é a Justificação pela Fé, nos 5 versículos anteriores, ele começa a responder a algumas dúvidas que pudessem surgir.
PrimeiraComo já estavam justificados (declarados inocentes no tribunal) então podiam fazer o que queriam. O decreto estava dado logo podiam viver como queriam.
Segunda questão - Passava por explicar a questão do pecado e da Graça. Se a Lei mostrava o pecado e a incapacidade de manter os padrões de Deus, a Graça seria ainda maior para cobrir esses pecados. Então, segundo essa ideia, vamos pecar para que possamos sentir ainda mais a graça de Deus.
Ao falar nisto, lembro-me sempre de um casal de Tondela (não da Igreja) que quando os víamos na rua de mãos dadas e aos beijinhos, era porque em casa tinha havido desavença.
O ponto é este… É bom fazer as pazes com o meu marido, porque depois ele é muito querido para mim (coitados dos casamentos que precisam de confusões para haver esta “paz”).
Paulo responde a estas questões falando da permanência no pecado. Diz ele: “Vamos permanecer no pecado?”
Relembrar que em termos bíblicos, pecar e viver no pecado são diferentes no seu significado.
O que significa permanecer?
Em I João, conforme o texto lido, a ideia de permanecer no pecado está relacionado com fazer do pecado um hábito de vida.
A ideia aqui não é pecar, acto isolado, sendo que depois existiu arrependimento, mas sim de viver pecando.
O tempo no original está no presente e no grego este tempo verbal tem a ideia de continuidade.
Percebemos então que o filho de Deus não pode usar a desculpa de ser fraco para permanecer no pecado.
“Todos pecamos qual o problema então?” “Todos temos telhados de vidro”, “Aquele que nunca falhou que atire a 1ª pedra” são expressões usadas para desculpar muitas vezes a vivência no pecado.
A carne ser fraca não serve de desculpa para a vivência no pecado.
A carne ser fraca é sinal sim do nosso reconhecimento face à necessidade da Graça de Deus diária para que a mudança em nós possa acontecer através da acção do Espírito Santo.
A lei de Deus obriga-nos a ter responsabilidades para com Deus e para com o próximo.
Nunca na Bíblia o Amor serve para aceitar todas as situações como se nada fosse.
A “doutrina do Amor”, mal interpretada, é capaz de ser uma das ideias mais perigosas no seio da Igreja.
O verdadeiro amor confronta o pecador.
Lemos também nestes versículos que Paulo refere que nós já morremos para o pecado e por isso essa não pode ser a nossa vivência. O que significa isto?
A palavra “morremos”, o tempo do verbo no original, está no Aoristo. Significa isto que é uma acção que está completa, acabada.
Então, como sabemos que Cristo morreu no nosso lugar, percebemos que em Cristo também morremos para o pecado.
A justificação, como vimos na semana passada, é a prova disso.
Logo, não estamos escravizados.
Somos capazes de resistir ao pecado e lutar para que a nossa vida espelhe a pessoa de Jesus Cristo.
V3 Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos baptizados em Cristo Jesus fomos baptizados na Sua morte?
Sabemos que não é o baptismo que salva porque quem salva é Cristo. No entanto, o baptismo representa o verdadeiro baptismo que houve aquando a nossa conversão.
Isto é, fomos “imersos”, sentido figurado, na pessoa de Jesus Cristo e a consequência disso passará por estarmos unidos a Ele, existindo assim uma identificação com a Sua pessoa.
Nota: Daí entendermos o texto em Marcos 16:16 “Quem crer e for baptizado será salvo”. Ou seja, não é o baptismo nas águas mas o baptismo (união) na pessoa de Jesus.
V4 “Fomos, pois, sepultados com Ele na morte pelo baptismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentro os mortos para a Glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.
V5 Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição;  
V6 Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.”.
A condição prévia para andarmos em novidade de Vida (santificação) é a justificação.
Apesar de a Justificação acontecer uma vez e a Santificação ser um processo, com altos e baixos (terminando apenas com a nossa partida para o céu), uma coisa gera a outra.
Na Justificação começa imediatamente a Santificação. Não há como contornar esta verdade perante este texto bíblico.
Se houver justificação estaremos certos e seguros que vamos ser santificados (presente) e glorificados (futuro).
O baptismo na água representa aquilo que aconteceu connosco em Cristo. 3 Acções aquando a nossa justificação. Morrer para o pecado (entrada); Sepultar o pecado (dentro de água); Ressuscitar para uma nova vida (Saída da Água).
Mais uma vez vimos a ideia que não servimos ao pecado mas servimos a Cristo.
Servimos a quem nos satisfaz. Ou a Cristo ou ao pecado.
V7 Pois quem está morto para o pecado está justificado do mesmo.  
Sendo assim, Deus vê-nos mortos com Cristo na cruz e por causa disso, somos considerados e tratados comos inocentes embora sendo culpados.
V8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos.  
Em Cristo temos a certeza que morremos para o pecado e também que iremos viver com Ele, quer aqui como também para todo o sempre.
Ou seja, enquanto formos vivos e estivermos aqui, devemos viver a vida como Cristo viveria.
Face ao que é escrito nos capítulos anteriores, Paulo demonstra através destes versículos que mesmo aqueles que já têm a sua alma com Cristo, o corpo também irá ressurgir.
A verdade é que não sabemos muito bem como vai ser tudo, mas de algumas coisas temos já a certeza e essas acalmam o nosso coração…
Quem já morreu a sua alma já está com Cristo.
Quando Cristo vier novamente virá buscar os Seus filhos que estão vivos.
Os corpos dos que já morreram irão ressurgir.
Iremos todos juntos viver a eternidade.
Podemos ler sempre mais no livro de Tessalonicenses e I Coríntios 15.
V9 Sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre ele.  
V10 Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus.  
V11 Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. 
Mais uma vez vimos uma certeza que nos acalma o coração.
Cristo morreu para o pecado em 3 sentidos:
Cristo cumpriu as exigências da santidade de Deus no lugar do pecador. Foi 100% eficaz.
Destrui o efeito que o pecado tem sobre nós.
Cristo morreu uma vez e esse sacrifício nunca mais precisará de se repetir.
Então, mostramos que já morremos para o pecado quando vivemos a nossa vida buscando Santificação. Não desistindo nunca desta luta.
A Santificação é a prova evidente de que morremos com Cristo para o pecado, porque a justificação é eficaz começando aí o processo da nossa Santificação.
V12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas paixões;  
13 Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.   
Todo o pecado mostra uma profunda insatisfação com Deus, porque o pecado tem o objectivo de nos retirar a alegria e o prazer de viver com Deus.
O pecado, por vezes, é associado apenas a coisas más e chocantes. No entanto, o pecado é, muitas vezes, belo, saboroso e oferece coisas que estão fora da vontade de Deus para nós.
O pecado cega porque faz-nos apaixonar por ele. De tal forma, que, muitas vezes, somos confrontados com essa realidade e a negamos de imediato, porque intimamente desejamos esse pecado.
Como lutar contra o pecado?
Oração, leitura da Palavra, cânticos e evangelização.
No entanto, a principal forma, e à luz destes versículos, passa por olhar para o que Cristo fez por nós na Cruz.
Na sua luta com o pecado olhe para a Cruz.
Cristo amou-nos ao ponto de dar a sua vida e nós amamos ao ponto de quê?
Precisamos de buscar, cada vez mais, a santidade…
14 Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
Estamos libertos do pecado… Do seu domínio e da sua condenação. Fomos libertos por Deus para vivermos para Deus através da Obra de Cristo.
Como não amar a Deus?

Aplicando…
Apesar de o pecado não nos dominar, nós temos de dominar o pecado, isto é, temos de lutar contra ele. É uma luta constante, mas em Cristo temos liberdade e força para a vencer.
O pecado na vida do cristão deve ser considerado a excepção e não a regra.
Se tratamos o pecado por tu (Intimidade) é porque já estamos a tratar o Espírito Santo por você.
É o fruto do Espírito Santo que nos domina e não o nosso temperamento.
Em 1975 surgiu uma novela chamada Gabriela e uma parte da letra dizia “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim”.
O complexo Gabriela existe muitas vezes na nossa vida.
Não é por acharmos que somos de determinada forma, que não estamos em pecado.
O Espírito Santo habita em nós para nos transformar diariamente dando-nos força para lutarmos. Não estamos sós.
Não devemos dizer que estamos livres de pecar mas também não devemos desistir de lutar.
A luta contra o pecado é sinal da santificação a operar nas nossas vidas por causa da justificação que existiu.
É porque nos consideramos fracos que precisamos da Graça de Deus para não pecarmos.
Todo o pecado diz a Deus que não está satisfeito Nele.
Se o nosso conhecimento da Palavra não redundar em santificação, para nada vale.
Olhe para a Cruz e seja cada vez mais como Cristo…
Termino com um trecho do Padre António Vieira, conhecido como o Sermão do 4º domingo da Ascensão:

"A mim a imagem dos meus pecados comove-me muito mais que essa imagem do Cristo crucificado. Diante dessa imagem do Cristo crucificado eu sou levado a ensoberbecer-me por ver o preço pelo qual Deus me comprou. Diante da imagem dos meus pecados é que eu me apequeno por ver o preço pelo qual eu me vendi. Por ver que Deus me comprou com todo o seu sangue, eu sou levado a pensar que eu sou muito, que eu valho muito. Mas quando noto que eu me vendo pelos nadas do mundo, aí eu vejo que eu sou nada. Eu valho nada."

Somente a Graça de Deus…

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