(Não temos o estudo de Tiago 1:12-15 em virtude de o pregador ter sido um pastor convidado de outra Igreja. Pedimos desculpas por isso).
Tal como temos visto até agora, as provações exteriores
são enviadas por Deus até nós com um propósito.
Ao sabermos disso, o nosso coração deve alegrar-se.
No entanto, as tentações
interiores são desejos incontroláveis que nos fazem pecar.
Sendo assim, Deus não pode ser o autor desse mesmo
desejo/tentação pecaminosa mas é o nosso coração que os fabrica.
O problema é que o homem, desde Adão, tem sempre o desejo
de atribuir aos outros a culpa do seu pecado em vez de se arrepender.
Génesis
1:12-13 “E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de
que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por
companheira, ela me deu da árvore, e comi”.
Há aqui uma projecção clara das responsabilidades do pecado.
1º Foi a mulher que me levou a isto.
2º Foi a mulher, sim, mas foi a que tu me deste.
Em última análise, o que Adão disse era que a culpa era de
Deus pois tinha sido ele a dar-lhe a sua mulher.
Quando pecamos, a nossa tendência é sempre culpar alguém*.
É muito difícil ouvir logo “Falhei, pequei, a culpa foi minha”.
Há sempre desculpas
e o pior é que muitas vezes atribuímos a Deus a falha pelos nossos pecados…
“Sim falhei… mas também estava numa situação muito complicada… Era uma provação
muito difícil”.
Em vez de se desculpar, arrependa-se do seu pecado e irá ver como Deus é bom e cuidado dos
Seus filhos.
Tiago 1:16 “Não se deixem enganar, meus queridos irmãos:”
Tiago continua assim o seu argumento provando que Deus não pode ser acusado pelos maus
desejos humanos. Antes pelo contrário, Deus é o
criador de todo o bem.
Ele começa então por explicar quem Deus é, o que fez no passado,
está a fazer no presente e fará no futuro por nós pecadores.
1:17 a) “Tudo o que recebemos de bom e perfeito vem do céu,
do Pai, fonte de toda a luz.”
A nível teológico
chamamos a este ponto de “Graça Comum”.
Isto é, Deus na Sua Graça dá inumeráveis bênçãos a todas
as pessoas indiscriminadamente, ou seja, algo que não é restrito aos Seus
filhos.
Em toda a escritura, AT e NT, encontramos exemplos da
Graça comum sobre todos os povos.
Actos
14:16-17 “O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus
próprios caminhos. E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho,
beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de
mantimento e de alegria os vossos corações.”
Tudo aquilo que há de bom na criação (ar, paisagem*, chuvas,
sol, etc.) deve-se à bondade do nosso
Deus, à Sua Graça* e à Sua
maravilhosa misericórdia (Não nos dá o que nós merecemos).
Podemos ver também a “Graça comum” ao percebermos que todas
as pessoas têm uma percepção da existência de Deus.
No entanto, nem todas acreditam e algumas das que acreditam
não o seguem.
Calvino refere-se a esta crença como o “Sensus Divinitatis”,
ou seja, o “Senso Divino”. Já iremos falar do “Senso Redentor”.
Percebemos também a “Graça Comum” quando ainda existem boas acções neste mundo. Notamos isso quando
percebemos que pessoas não regeneradas por Deus praticam boas obras.
Se elas actuassem sempre de acordo com a sua natureza
pecaminosa, praticariam apenas actos hediondos. E aqueles que praticam
apenas essas acções fariam muito pior.
Tudo e todos
estão sujeitos a Deus e por conseguinte à Sua soberania.
Como podemos achar que Deus é o responsável pelo pecado?
Como podemos, por vezes até inconscientemente, culpar
Deus pelo nosso pecado?
No entanto, ao falarmos com certas pessoas, sejam elas cristãs
ou não, ouvimos muitas vezes o seguinte “Nós não
merecemos isto que nos está a acontecer”.
Como lidar com esta pergunta? Como responder a isso?
A melhor forma de responder é mudar esta pergunta para “Como é que Deus,
que é Santo e Justo, não nos destruiu com a Sua Ira por causa do nosso pecado?
Como é que nós, sendo pecadores e merecedores da Sua ira, ainda vemos tanta
coisa boa a acontecer?”.
Quando esta mudança na pergunta acontecer, talvez achemos
algumas respostas a algumas indagações nossas.
Lembre-se… Deus é bom…
Se está aqui e ainda nada de mal lhe aconteceu, acha que
é pelo seu merecimento? Ou pela bondade de Deus?
Não use as provações
como prova da falta de bondade de Deus. Esse princípio já foi rebatido nos
primeiros versículos deste capítulo.
A prova cabal de que Deus é bom, e por isso não poder ser
acusado da nossa tentação interior, é conhecermos quem Ele de facto é.
Assim, Tiago fala da bondade e da imutabilidade de Deus.
V17 “Nele não há mudança nem sombra alguma.”
Saber disto traz-nos segurança no nosso dia-a-dia.
Deus não deve nada a ninguém porque Ele é dono de tudo.
Ele é Soberano.
Deus não depende e, por isso, não precisa de nada de ninguém,
tanto é, que quando vemos Deus a relacionar-se com o povo, isto não
acontece por uma necessidade Sua mas por causa da Sua maravilhosa Graça.
Tudo o que Deus decreta, Ele cumpre.
Quando Deus promete algo, Ele cumpre.
Percebamos o alcance do que poderia acontecer se Deus mudasse
de opinião em relação a nós? Seria o caos.
Deus é fiel, daí a sua imutabilidade, e por ser fiel a Si
próprio, Ele nunca pode negar-se a Si mesmo.
Deus não muda o Seu amor por nós porque o Seu amor é
incondicional. Além de que não tem limite de intensidade e não tem limite
de tempo. Jeremias
31:3 “Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te
amei, por isso com benignidade te atraí.”
O ser humano, em termos gerais, é que muda muitas vezes o
seu relacionamento com o seu próximo devido àquilo que o outro tem ou não para
oferecer.
Deus é
imutável. Nele não há sombra de mudança alguma.
Qual a razão? Deus não pode mudar porque qualquer mudança
implicaria que ele se tornasse mais, ou menos perfeito. E Ele é sempre
Perfeito.
Nem a oração* e nem o arrependimento* mudam a Deus. Afinal, estes são alguns dos meios usados por Deus
para a concretização do Seu propósito o qual é eterno e imutável.
Confiamos neste atributo (imutabilidade) de Deus? Valorizamo-lo?
Deus é bom e todo o bem tem origem n’Ele.
A Salvação é boa logo só pode ter origem em Deus. Tiago
mostra precisamente isso.
V18 A) “Pela sua própria decisão trouxe-nos à luz da vida”.
Tiago apresenta mais uma grande verdade sobre a bondade do
nosso Deus, a Sua “Graça Salvífica”.
Diz o texto… “Pela sua própria decisão”. A palavra no
original significa “Querer
deliberadamente”.
Então, a regeneração (acto de dar um novo coração)
não é algo que nasce do desejo humano mas
da vontade deliberativa de Deus. E, tal como vimos anteriormente, o que
Deus decreta, Ele cumpre.
1
João 5:1 “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo
aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.”
O tempo do verbo crer está no presente.
O tempo do verbo nascer (no original) está no pretérito perfeito (Passado).
Logo, podemos concluir que, alguém que crê foi porque nasceu
de novo.
O presente (crer) é uma consequência do que aconteceu no
passado (nascer).
Que Deus maravilhoso.
Nós merecíamos a Sua ira e Deus mesmo assim escolheu-nos, para que lhe dessemos Glória para todo o
sempre. Para isso acontecer, enviou o Seu filho Jesus para morrer por nós
naquela cruz e assim levar sobre Si a nossa Ira e nós recebermos por meio da fé
a Sua justiça.
Acreditamos nesta
mensagem poderosa?
Qual será o meio pelo qual o Espírito Santo age em nós
para a regeneração acontecer e assim manifestarmos fé?
V18 “Por meio da sua palavra de verdade”.
Não há outra forma de entrarmos no Reino de Deus a não ser por meio do Evangelho.
A necessidade de ouvir o Evangelho é por demais evidente nas
Escrituras.
Não há outra forma de chegar ao Evangelho a não ser por
meio da Palavra. Foi assim que
Deus decretou.
Em Ezequiel percebemos que é a Palavra que dá vida no vale
dos ossos secos.
Não há como ser salvo sem ouvir falar de Cristo e daquilo
que Ele fez na cruz.
Não há salvação sem arrependimento e fé.
Romanos
10:13-15 “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como,
pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não
ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem
enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho
de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”.
Analisando estas palavras e percebendo o que foi dito anteriormente,
todos nós conhecemos algo sobre Deus e por isso, segundo Romanos 1, todos somos
indesculpáveis perante Deus. Quer aqui como em qualquer parte do mundo mesmo
onde não tenha chegado a Palavra.
No entanto, há uma rejeição clara de todos nós a esse
conhecimento. A consequência disso é a morte (Rom. 6:23).
Antigamente eu achava que as pessoas eram salvas
na medida do conhecimento que tinham. Ou seja, nos lugares onde a Palavra
não era conhecida, essas pessoas seriam salvas ou não face ao que conheciam,
mesmo que não tivessem oportunidade de
ouvir falar de Jesus.
Logo, se não tinham
conhecimento do Evangelho não poderiam ser responsabilizadas. Logo
iriam para o Céu.
Pensemos e meditemos um pouco sobre isto…
Se de facto esta ideia fosse verdade, ser-lhes-ia garantido que
iriam para o Céu apenas por nunca terem ouvido o evangelho, então porque
é que quereríamos levar-lhes a Palavra? Se não têm conhecimento e são salvos,
então mais valia não levarmos a Palavra, pois ouvindo podiam-na rejeitar de
forma consciente e aí iriam para o Inferno. Isto seria um contra-senso*.
Qual a razão da Evangelização?
Nós evangelizamos porque este foi o meio pelo qual Deus decretou que os Seus fossem salvos.
Evangelizamos pelo privilégio que temos de servir a Deus,
sendo que isso é a nossa obrigação, além disso quem está cheio da Graça de Deus
não tem como evitar partilhar esta boa nova.
Evangelizamos para tornar Deus conhecido em todo o Seu
esplendor.
Esta era a razão pela qual Paulo estava disposto a sofrer na
prisão. Ele queria partilhar a Palavra de Deus. 2 Timóteo 2:10 “Por esta razão, tudo
suporto por causa do eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está
em Cristo Jesus, com eterna Glória”.
Há 15 dias falávamos precisamente sobre isto… “Deus e a Sua
Palavra permanecerão para sempre. E é a Sua Palavra, através da acção do
Espírito Santo, que tem poder para dar vida eterna a quem Ele escolheu.
Lembremo-nos, também, que essa Sua acção
é eficaz.”
Deus é bom e a Sua benignidade revela-se na Sua “Graça
Salvífica” derramada sobre os Seus.
V18 “Para sermos os primeiros frutos do seu mundo novo”.
Uma expressão usada no AT para mostrar quais as colheitas
que Deus desejava para Si. As primeiras colheitas do povo porque essas eram as
melhores.
Entregar as primeiras colheitas a Deus era um acto de fé porque
assim acreditavam que no futuro iriam ter uma colheita farta.
Provérbios
3:9-10 “Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os
teus ganhos; E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus
lagares.”
Por isso, a acção de Deus em nós serve para revelar como
será a nova criação que há-de vir. Percebemos assim, tal como mostra
Efésios 1, que fomos salvos para a Glória de Deus e por conseguinte para a
nossa santificação.
Entendemos algumas coisas neste texto:
1º Deus é bom e esta verdade nunca mudará.
Tiago relembra esta verdade aos irmãos que estavam a sofrer.
Será isto importante? Com certeza que sim.
Deus sabe o que faz porque Ele é bom. Não há como não
depender d’Ele. Ele é Soberano em todas as situações.
Voddie Baucham “Se eu tenho um Deus omnipotente mas não
Soberano, eu posso comandar o Seu poder. Mas se Deus é omnipotente e Soberano
então eu dependo da Sua misericórdia”.
Todos nós dependemos da misericórdia de Deus.
Deus declara-nos justos e trata-nos como tal. Esta verdade
nunca mudará.
Não podemos dizer que Deus é Soberano e depois acharmos que
temos a última palavra a dizer.
2º Deus é Suficiente para nós
Tiago lembra ao povo de Deus que Ele é Suficiente porque
d’Ele vem toda a bondade.
Será que isso é suficiente para nós?
Aquilo que nos chega é aquilo para o qual fomos
conquistados. Se foi para Cristo, Ele então será suficiente para nós.
Se fomos conquistados por Cristo e para Cristo então teremos
o desejo de viver para Ele.
Se fomos alcançados pela Graça de Deus, então teremos toda a
satisfação na nossa vida mesmo que as tormentas sejam grandes.
Deus está a favor de nós e nunca contra nós. Esta verdade
nunca mudará.
3º A Sua Palavra é suficiente para salvar.
Vivemos numa época em que alguns ambientes são criados para
que as pessoas aceitem Cristo.
Por exemplo, era comum num determinado evento baixar as
luzes, colocar a luz a meio termo, alguém tocar uma música de fundo, enquanto o
apelo era feito.
Se acreditarmos que a Palavra é Suficiente, então deixaremos
de criar todos esses mecanismos humanos controlando assim as emoções humanas.
O Evangelho é claro… Arrepende-te do teu pecado e tem fé em
Cristo Jesus. Esta verdade é poderosa para salvar e nunca mudará.
Mais do que uma comunidade que ri junta, precisamos de ler,
estudar, falar da Palavra, orarmos juntos e partilhar esta boa-nova a todos os
nossos conhecidos.
Que Deus nos ajude.
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