segunda-feira, 21 de julho de 2014

Tiago 1:16-18

(Não temos o estudo de Tiago 1:12-15 em virtude de o pregador ter sido um pastor convidado de outra Igreja. Pedimos desculpas por isso).

Tal como temos visto até agora, as provações exteriores são enviadas por Deus até nós com um propósito. Ao sabermos disso, o nosso coração deve alegrar-se.
No entanto, as tentações interiores são desejos incontroláveis que nos fazem pecar.
Sendo assim, Deus não pode ser o autor desse mesmo desejo/tentação pecaminosa mas é o nosso coração que os fabrica.
O problema é que o homem, desde Adão, tem sempre o desejo de atribuir aos outros a culpa do seu pecado em vez de se arrepender.
Génesis 1:12-13 “E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi”.
Há aqui uma projecção clara das responsabilidades do pecado.
1º Foi a mulher que me levou a isto.
2º Foi a mulher, sim, mas foi a que tu me deste.
Em última análise, o que Adão disse era que a culpa era de Deus pois tinha sido ele a dar-lhe a sua mulher.
Quando pecamos, a nossa tendência é sempre culpar alguém*. É muito difícil ouvir logo “Falhei, pequei, a culpa foi minha”.
Há sempre desculpas e o pior é que muitas vezes atribuímos a Deus a falha pelos nossos pecados… “Sim falhei… mas também estava numa situação muito complicada… Era uma provação muito difícil”.
Em vez de se desculpar, arrependa-se do seu pecado e irá ver como Deus é bom e cuidado dos Seus filhos.
Tiago 1:16 “Não se deixem enganar, meus queridos irmãos:”
Tiago continua assim o seu argumento provando que Deus não pode ser acusado pelos maus desejos humanos. Antes pelo contrário, Deus é o criador de todo o bem.
Ele começa então por explicar quem Deus é, o que fez no passado, está a fazer no presente e fará no futuro por nós pecadores.
1:17 a) “Tudo o que recebemos de bom e perfeito vem do céu, do Pai, fonte de toda a luz.”
 A nível teológico chamamos a este ponto de “Graça Comum”.
Isto é, Deus na Sua Graça dá inumeráveis bênçãos a todas as pessoas indiscriminadamente, ou seja, algo que não é restrito aos Seus filhos.
Em toda a escritura, AT e NT, encontramos exemplos da Graça comum sobre todos os povos.
Actos 14:16-17 “O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.”
Tudo aquilo que há de bom na criação (ar, paisagem*, chuvas, sol, etc.) deve-se à bondade do nosso Deus, à Sua Graça* e à Sua maravilhosa misericórdia (Não nos dá o que nós merecemos).
Podemos ver também a “Graça comum” ao percebermos que todas as pessoas têm uma percepção da existência de Deus.
No entanto, nem todas acreditam e algumas das que acreditam não o seguem.
Calvino refere-se a esta crença como o “Sensus Divinitatis”, ou seja, o “Senso Divino”. Já iremos falar do “Senso Redentor”.
Percebemos também a “Graça Comum” quando ainda existem boas acções neste mundo. Notamos isso quando percebemos que pessoas não regeneradas por Deus praticam boas obras.
Se elas actuassem sempre de acordo com a sua natureza pecaminosa, praticariam apenas actos hediondos. E aqueles que praticam apenas essas acções fariam muito pior.
Tudo e todos estão sujeitos a Deus e por conseguinte à Sua soberania.
Como podemos achar que Deus é o responsável pelo pecado?
Como podemos, por vezes até inconscientemente, culpar Deus pelo nosso pecado?
No entanto, ao falarmos com certas pessoas, sejam elas cristãs ou não, ouvimos muitas vezes o seguinte “Nós não merecemos isto que nos está a acontecer”.
Como lidar com esta pergunta? Como responder a isso?
A melhor forma de responder é mudar esta pergunta para “Como é que Deus, que é Santo e Justo, não nos destruiu com a Sua Ira por causa do nosso pecado? Como é que nós, sendo pecadores e merecedores da Sua ira, ainda vemos tanta coisa boa a acontecer?”.
Quando esta mudança na pergunta acontecer, talvez achemos algumas respostas a algumas indagações nossas.
Lembre-se… Deus é bom…
Se está aqui e ainda nada de mal lhe aconteceu, acha que é pelo seu merecimento? Ou pela bondade de Deus?
Não use as provações como prova da falta de bondade de Deus. Esse princípio já foi rebatido nos primeiros versículos deste capítulo.
A prova cabal de que Deus é bom, e por isso não poder ser acusado da nossa tentação interior, é conhecermos quem Ele de facto é.
Assim, Tiago fala da bondade e da imutabilidade de Deus.
V17 “Nele não há mudança nem sombra alguma.”
Saber disto traz-nos segurança no nosso dia-a-dia.
Deus não deve nada a ninguém porque Ele é dono de tudo. Ele é Soberano.
Deus não depende e, por isso, não precisa de nada de ninguém, tanto é, que quando vemos Deus a relacionar-se com o povo, isto não acontece por uma necessidade Sua mas por causa da Sua maravilhosa Graça.
Tudo o que Deus decreta, Ele cumpre.
Quando Deus promete algo, Ele cumpre.
Percebamos o alcance do que poderia acontecer se Deus mudasse de opinião em relação a nós? Seria o caos.
Deus é fiel, daí a sua imutabilidade, e por ser fiel a Si próprio, Ele nunca pode negar-se a Si mesmo.
Deus não muda o Seu amor por nós porque o Seu amor é incondicional. Além de que não tem limite de intensidade e não tem limite de tempo. Jeremias 31:3 “Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.
O ser humano, em termos gerais, é que muda muitas vezes o seu relacionamento com o seu próximo devido àquilo que o outro tem ou não para oferecer.
Deus é imutável. Nele não há sombra de mudança alguma.
Qual a razão? Deus não pode mudar porque qualquer mudança implicaria que ele se tornasse mais, ou menos perfeito. E Ele é sempre Perfeito.
Nem a oração* e nem o arrependimento* mudam a Deus. Afinal, estes são alguns dos meios usados por Deus para a concretização do Seu propósito o qual é eterno e imutável.
Confiamos neste atributo (imutabilidade) de Deus? Valorizamo-lo?
Deus é bom e todo o bem tem origem n’Ele.
A Salvação é boa logo só pode ter origem em Deus. Tiago mostra precisamente isso.
V18 A) “Pela sua própria decisão trouxe-nos à luz da vida”.
Tiago apresenta mais uma grande verdade sobre a bondade do nosso Deus, a Sua “Graça Salvífica”.
Diz o texto… “Pela sua própria decisão”. A palavra no original significa “Querer deliberadamente”.
Então, a regeneração (acto de dar um novo coração) não é algo que nasce do desejo humano mas da vontade deliberativa de Deus. E, tal como vimos anteriormente, o que Deus decreta, Ele cumpre.
1 João 5:1 “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.”
O tempo do verbo crer está no presente.
O tempo do verbo nascer (no original) está no pretérito perfeito (Passado).
Logo, podemos concluir que, alguém que crê foi porque nasceu de novo.
O presente (crer) é uma consequência do que aconteceu no passado (nascer).
Que Deus maravilhoso.
Nós merecíamos a Sua ira e Deus mesmo assim escolheu-nos, para que lhe dessemos Glória para todo o sempre. Para isso acontecer, enviou o Seu filho Jesus para morrer por nós naquela cruz e assim levar sobre Si a nossa Ira e nós recebermos por meio da fé a Sua justiça.
Acreditamos nesta mensagem poderosa?
Qual será o meio pelo qual o Espírito Santo age em nós para a regeneração acontecer e assim manifestarmos fé?
V18 “Por meio da sua palavra de verdade”.
Não há outra forma de entrarmos no Reino de Deus a não ser por meio do Evangelho.
A necessidade de ouvir o Evangelho é por demais evidente nas Escrituras.
Não há outra forma de chegar ao Evangelho a não ser por meio da Palavra. Foi assim que Deus decretou.
Em Ezequiel percebemos que é a Palavra que dá vida no vale dos ossos secos.
Não há como ser salvo sem ouvir falar de Cristo e daquilo que Ele fez na cruz.
Não há salvação sem arrependimento e fé.
Romanos 10:13-15 “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”.
Analisando estas palavras e percebendo o que foi dito anteriormente, todos nós conhecemos algo sobre Deus e por isso, segundo Romanos 1, todos somos indesculpáveis perante Deus. Quer aqui como em qualquer parte do mundo mesmo onde não tenha chegado a Palavra.
No entanto, há uma rejeição clara de todos nós a esse conhecimento. A consequência disso é a morte (Rom. 6:23).
Antigamente eu achava que as pessoas eram salvas na medida do conhecimento que tinham. Ou seja, nos lugares onde a Palavra não era conhecida, essas pessoas seriam salvas ou não face ao que conheciam, mesmo que não tivessem oportunidade de ouvir falar de Jesus.
Logo, se não tinham conhecimento do Evangelho não poderiam ser responsabilizadas. Logo iriam para o Céu.
Pensemos e meditemos um pouco sobre isto…
Se de facto esta ideia fosse verdade, ser-lhes-ia garantido que iriam para o Céu apenas por nunca terem ouvido o evangelho, então porque é que quereríamos levar-lhes a Palavra? Se não têm conhecimento e são salvos, então mais valia não levarmos a Palavra, pois ouvindo podiam-na rejeitar de forma consciente e aí iriam para o Inferno. Isto seria um contra-senso*.
Qual a razão da Evangelização?
Nós evangelizamos porque este foi o meio pelo qual Deus decretou que os Seus fossem salvos.
Evangelizamos pelo privilégio que temos de servir a Deus, sendo que isso é a nossa obrigação, além disso quem está cheio da Graça de Deus não tem como evitar partilhar esta boa nova.
Evangelizamos para tornar Deus conhecido em todo o Seu esplendor.
Esta era a razão pela qual Paulo estava disposto a sofrer na prisão. Ele queria partilhar a Palavra de Deus. 2 Timóteo 2:10 “Por esta razão, tudo suporto por causa do eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna Glória”.
Há 15 dias falávamos precisamente sobre isto… “Deus e a Sua Palavra permanecerão para sempre. E é a Sua Palavra, através da acção do Espírito Santo, que tem poder para dar vida eterna a quem Ele escolheu. Lembremo-nos, também, que essa Sua acção é eficaz.”
Deus é bom e a Sua benignidade revela-se na Sua “Graça Salvífica” derramada sobre os Seus.
V18 “Para sermos os primeiros frutos do seu mundo novo”.
Uma expressão usada no AT para mostrar quais as colheitas que Deus desejava para Si. As primeiras colheitas do povo porque essas eram as melhores.
Entregar as primeiras colheitas a Deus era um acto de fé porque assim acreditavam que no futuro iriam ter uma colheita farta.
Provérbios 3:9-10 “Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.”
Por isso, a acção de Deus em nós serve para revelar como será a nova criação que há-de vir. Percebemos assim, tal como mostra Efésios 1, que fomos salvos para a Glória de Deus e por conseguinte para a nossa santificação.
Entendemos algumas coisas neste texto:
1º Deus é bom e esta verdade nunca mudará.
Tiago relembra esta verdade aos irmãos que estavam a sofrer. Será isto importante? Com certeza que sim.
Deus sabe o que faz porque Ele é bom. Não há como não depender d’Ele. Ele é Soberano em todas as situações.
Voddie Baucham “Se eu tenho um Deus omnipotente mas não Soberano, eu posso comandar o Seu poder. Mas se Deus é omnipotente e Soberano então eu dependo da Sua misericórdia”.
Todos nós dependemos da misericórdia de Deus.
Deus declara-nos justos e trata-nos como tal. Esta verdade nunca mudará.
Não podemos dizer que Deus é Soberano e depois acharmos que temos a última palavra a dizer.
2º Deus é Suficiente para nós
Tiago lembra ao povo de Deus que Ele é Suficiente porque d’Ele vem toda a bondade.
Será que isso é suficiente para nós?
Aquilo que nos chega é aquilo para o qual fomos conquistados. Se foi para Cristo, Ele então será suficiente para nós.
Se fomos conquistados por Cristo e para Cristo então teremos o desejo de viver para Ele.
Se fomos alcançados pela Graça de Deus, então teremos toda a satisfação na nossa vida mesmo que as tormentas sejam grandes.
Deus está a favor de nós e nunca contra nós. Esta verdade nunca mudará.
3º A Sua Palavra é suficiente para salvar.
Vivemos numa época em que alguns ambientes são criados para que as pessoas aceitem Cristo.
Por exemplo, era comum num determinado evento baixar as luzes, colocar a luz a meio termo, alguém tocar uma música de fundo, enquanto o apelo era feito.
Se acreditarmos que a Palavra é Suficiente, então deixaremos de criar todos esses mecanismos humanos controlando assim as emoções humanas.
O Evangelho é claro… Arrepende-te do teu pecado e tem fé em Cristo Jesus. Esta verdade é poderosa para salvar e nunca mudará.
Mais do que uma comunidade que ri junta, precisamos de ler, estudar, falar da Palavra, orarmos juntos e partilhar esta boa-nova a todos os nossos conhecidos.

Que Deus nos ajude. 

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