quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Unidade

Igreja centrada no Evangelho… Este é o tema da nossa série de sermões tendo como base o livro de Gálatas escrito pelo apóstolo Paulo aos cristãos da Galácia.
Começámos por perceber que só existe um Evangelho. Todos os outros ensinos que não preguem Jesus como o único caminho para a Salvação são puras heresias, as quais têm apenas o objectivo de retirar Jesus do centro da nossa vida colocando lá o ser humano fazendo assim o Homem o centro de todas as coisas.
Depois percebemos que só há Evangelho porque há Graça.
Nada do que recebemos e podemos vir a receber será fruto do nosso merecimento. Tudo o que nos acontece surge como dádiva do nosso bom Deus, a qual transforma qualquer tipo de pessoa independentemente do seu passado.
Vivemos descansados porque quando Deus olha para nós, olha por aquilo que Cristo fez no passado e não pelo que nós fizemos. No entanto, temos de responder com fé a esta Maravilhosa Graça.
Depois de Deus ter criado tudo para a Sua glória, o Homem pecou e por isso Deus enviou o Seu filho Jesus para que nós também pudéssemos ser Seus filhos por meio da fé.
Como filhos de Deus devemos viver em Unidade uns para com os outros porque todos nós somos um com Cristo.
O que significa unidade? Muitas definições têm existido…
Será que é baixar a fasquia para que todos se sintam bem? Será que significa que todas as pessoas têm que pensar igual e terem ministérios iguais? Será que é o cumprimento de umas determinadas regras?
Vamos tentar responder a estas e a outras perguntas.
O tema da pregação de hoje é “Unidade”.
Gálatas 2:1-10
Conforme já vimos antes, a Igreja estava a sofrer com os falsos ensinos dos profetas os quais obrigavam os cristãos gentios, por exemplo, a circuncidarem-se para serem salvos.
Acreditavam em Jesus como o Messias mas continuavam com os rituais cerimoniais para que a salvação fosse completa.
O apóstolo Paulo era um homem que tinha amor pela evangelização porque tinha um grande amor pelo Evangelho e, nesse sentido, face ao que Deus lhe disse, ele foi a Jerusalém para enfrentar esses falsos profetas.
V1 Catorze anos mais tarde, voltei a Jerusalém. Fui com Barnabé e também levei Tito comigo.
Apesar de haver alguma dificuldade para se saber ao certo o momento em que Paulo se está a referir na sua ida a Jerusalém, há uma grande probabilidade de ter sido depois da sua segunda ida precisamente antes do concílio que depois houve nessa cidade.
No livro de Actos vemos que era um hábito seu visitar frequentemente Jerusalém.
Paulo menciona neste versículo o nome de Tito e Barnabé por causa da importância que estas duas pessoas tinham na conversa que ia ter para que pudesse mostrar-lhes o verdeiro sentido do Evangelho.
Barnabé era um judeu e era muito rico sendo que vendeu os seus bens para ajudar os cristãos que estavam a passar por muitas dificuldades por causa da perseguição que estavam a sofrer.
Este pormenor torna-se importante para depois compreendermos melhor o texto. Além disso, foi companheiro de Paulo durante a sua primeira visita missionária.
Tito era grego e por isso era considerado gentio. Ao ser gentio, não era circuncidado. Este aspecto torna-se também importante para a compreensão e aplicação da verdade bíblica. Ele era “filho espiritual” como também cooperador no ministério do apóstolo Paulo.
Paulo nesta viagem levou 2 pessoas, não para arranjar confusões – ao levar um gentio -, mas para explicar que o Evangelho tanto é para judeus como para gentios sendo que ambos são aceites por Deus pela Sua Graça mediante a fé.
V2 Fui lá porque Deus me tinha dado a conhecer que devia ir. Numa reunião particular com os responsáveis, expliquei-lhes o evangelho que eu anuncio aos não-judeus. Não queria que aquilo que tinha feito e continuo a fazer fosse inútil.
Nota: Paulo não foi designado apóstolo pelos outros apóstolos. Ele foi reconhecido apóstolo pelos outros apóstolos. Ele não precisava de ir lá para promover a sua identidade, mas sim para promover a Verdade.
Isto é uma lição para nós… Passamos muito tempo a tentar defender a nossa identidade, em vez de passarmos esse tempo a defender a identidade de Cristo porque, tal como vimos na EBD, já não é o nosso pecado que nos define, mas sim aquilo que Cristo fez na Cruz.
Como apóstolo, Paulo tinha revelações especiais da parte de Deus e numa dessas revelações, Deus enviou-o até Jerusalém. Ele não foi até a esta cidade à procura da aprovação dos homens. Ele foi em plena obediência à voz de Deus para defender o verdadeiro e único Evangelho.
Os falsos profetas acusavam-no de ele pregar outro Evangelho e por isso tentavam criar divisão dentro das Igrejas ao dizerem que Paulo pregava outra coisa que não a mensagem de Deus, mas Deus ao ter mandado Paulo a Jerusalém, sabia que era a maneira de mais portas se abrirem para que a missão de ministrar aos gentios – não judeus - continuasse.
Ao olharmos para a expressão final “Não queria que aquilo que tinha feito e continuo a fazer fosse inútil”, Paulo sente que ao colocarem em causa o seu ensino, estavam a colocar em causa tudo o que Deus tinha feito na vida dele, como também através da sua vida.
Contudo, os apóstolos reconheceram que o ensino de Paulo era exactamente o mesmo que o ensino de Jesus. No entanto, Deus tinha chamado Paulo para ministrar aos não judeus enquanto, por exemplo, Pedro tinha o seu ministério com os judeus.
Significa isso que podemos ter personalidades distintas, como também dons, talentos e ministérios diferentes mas a única coisa que não pode ser diferente é o conteúdo da mensagem.
Existe unidade quando a mesma verdade é pregada!
V3-4a) Ora bem, Tito, que estava comigo e que não é judeu, não foi obrigado a receber a circuncisão, embora alguns que se faziam passar por irmãos e se tinham juntado a nós quisessem que ele se circuncidasse.
Paulo quando levou consigo Tito serviu de exemplo para mostrar como o Evangelho era e é suficiente para salvar qualquer tipo de pessoa – judeu ou gentio - como também era e é suficiente para salvar o ser humano sem qualquer tipo de acção feita por ele. Nada pode ser acrescentado ao que Cristo fez!
Os falsos profetas bem tentaram que Tito fosse circuncidado, dizendo eles, para que fosse salvo a fé em Jesus não bastaria.
Com isto, estavam a dizer que o cumprimento de regras mais aquilo que Cristo tinha feito tornava o homem salvo. Resumidamente… Obras mais fé.
Podemos perceber o motivo da irritação de Paulo perante esta heresia.
Paulo era um homem flexível no seu dia-a-dia. Coisas que ele podia exigir mas que, para Ele, por amor a Cristo, eram coisas sem qualquer tipo de valor.
No entanto, havia uma coisa que o tirava do sério… Todos os ensinos ou acções que mostrassem que o sacrifício que Jesus fez na Cruz não tinha sido suficiente…
Não se pode nem tirar e nem acrescentar nada à mensagem de Jesus.
Esses falsos profetas propunham uma perversão completa da obra da Cruz e Paulo levou Tito para mostrar que ele não tinha que cumprir normas culturais ou moralistas para ser salvo. Se assim fosse, a salvação não seria por Graça, mas sim como recompensa perante um gesto feito.
Que tipo de exigências nós colocamos para dizermos que as pessoas são salvas? Haverá algum tipo de exigência que nós fazemos?
Só existirá unidade quando percebermos que foi Cristo que nos uniu. Porque se a salvação fosse pelos nossos méritos ou por acções nossas, certamente deixaria de haver unidade porque acharíamos superiores aos outros… (Fariseu e publicano). 
4b) -5 Esses tinham lá entrado como espiões para verem a liberdade que nós temos em Jesus Cristo, a fim de nos fazerem novamente escravos da lei. Mas nem por um momento nos deixámos levar por eles, para que a verdade do evangelho pudesse chegar intacta até vós.
Quando se tratava do Evangelho, Paulo não brincava e nem cedia. Para ele, era muito claro que todo aquele que distorcesse a mensagem da cruz era um anátema.
Neste versículo, no original percebe-se melhor, vemos mesmo Paulo a dizer àquelas pessoas que elas não eram cristãs. Ele usou a expressão “falsos irmãos”.
Logo, todos aqueles que se opõem à justificação por meio da fé, não poderão ser considerados cristãos.
Ao compreendermos a mensagem da Cruz, podemos sentir a liberdade que há em Jesus. Não para fazermos o que queremos, mas para vivermos para a pessoa que nos libertou… Jesus Cristo.
Cristo libertou-nos para quê? Para vivermos como queremos?
Sejamos claros biblicamente… Nós não temos liberdade para vivermos como queremos. Os 10 mandamentos ainda têm valor para nós e servem para sabermos como devemos viver, no entanto, não servem como sistema de salvação…
Isto é, são a nossa linha orientadora mas não são a razão da nossa salvação*.
Quando sentirmos a liberdade que há em Cristo, seremos gratos. Quando houver gratidão, então haverá obediência.
Livres para obedecer em amor por aquilo que Cristo fez! Esta é a mensagem do Evangelho.
A preocupação do apóstolo Paulo estava centrada no ensino da Verdade porque sabia que o fruto era a unidade.
Unidade entre os cristãos existirá quando soubermos que existe apenas uma Verdade a ser vivida. Por isso, não acreditar em nenhum tipo de ecumenismo.
Logo, a unidade bíblica não é fruto de acções de convívio. A unidade bíblica é fruto de uma vivência diária da Verdade a qual nos faz estar em comunhão com os nossos irmãos.
Nós não somos chamados para entreter, mas para evangelizar.
É a verdade do Evangelho que nos une. Não existe Unidade quando a Verdade é posta de parte.
Quanto mais próximo estamos de Cristo, mais próximo estaremos dos nossos irmãos.
V6-9 Aqueles que eram reconhecidos como responsáveis não alteraram em nada a minha mensagem. Na verdade, a mim nem me importa o que eles eram, pois Deus não julga pelas aparências. Pelo contrário, eles reconheceram que Deus me tinha encarregado de anunciar o evangelho aos não-judeus, tal como tinha encarregado Pedro de anunciar o evangelho aos judeus. Tal como Deus actuou por meio de Pedro, em favor dos judeus, actuou por meu intermédio para os não-judeus. Tiago, Pedro e João, que eram os mais considerados, reconheceram que Deus me tinha confiado esta missão e deram-nos as mãos, a mim e a Barnabé, em sinal de acordo. E assim, concordámos em que nos dirigíssemos aos não-judeus, e eles aos judeus.
Paulo refere que os apóstolos reconheceram o seu ensino como sendo o verdadeiro Evangelho. Não porque ele precisasse dessa autorização, mas como forma, tal como vimos, de poder levar a Palavra ainda mais longe.
Paulo não estava preocupado com o julgamento dos homens e se eles gostavam ou não da Palavra. A sua preocupação era ser fiel à mensagem de Deus.
Tanto é que ele não estava preocupado quando disse “Deus não julga pelas aparências”.  Ele menciona isso porque para aqueles judeus, a aparência era importante para mostrar aquilo que Deus e o homem tinham feito.
Estas palavras de Paulo transportam-nos para o AT - II Samuel 16:7 “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.”
Nesse sentido, tal como a circuncisão não define o povo de Deus, da mesma forma a aparência externa não define quem são os filhos de Deus. E muitas vezes julgamos pessoas ou coisas pela aparência.
A semana passada referi que o meu objectivo enquanto pastor não é pretender ser “amoroso*” naquilo que digo, mas sim amoroso na forma como falo porque o verdadeiro amor proclama sempre a verdade em amor.
Vimos isso também no chamado capítulo do amor… I Coríntios 13:1 “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.”
Saibamos que muitas vezes há verdades que ficam perdidas por se dizerem da forma errada.
Não julguemos pelas aparências, mas pela fidelidade à Palavra.
Por isso, só existirá unidade quando houver fidelidade à Palavra de Deus. Este deve ser o nosso compromisso.
Isto tanto pode ser aplicado à Igreja, como também nos nossos lares. Onde há divisões, não há vivência do Evangelho. Porque em Jesus, todas as reconciliações são possíveis.
Unidade sem fidelidade à Palavra acontecerá quando os gostos forem iguais.
Unidade como consequência da fidelidade à Palavra haverá mesmo com os gostos diferentes e opiniões até contrárias.
V10 Só nos recomendaram que nos lembrássemos dos pobres, coisa que eu sempre tenho procurado fazer.
Os apóstolos fizeram apenas uma única recomendação ao apóstolo Paulo. Que nunca se descurasse dos pobres. No entanto, como podemos ver neste versículo e também no livro de Actos, ele já fazia isso antes. Eles apenas disseram isso porque havia uma preocupação muito grande com a necessidade que os cristãos estavam a passar.
Significa isto que quando temos o coração em Deus, teremos a boca aberta para falar d’Ele às pessoas e a carteira pronta para ajudar os pobres.
Se de facto o nosso coração foi convertido pelo Espírito Santo, isso será também visível no nosso bolso. Por isso, devemos estar prontos a ajudar quem não pode.
A unidade existirá quando tivermos uma cultura de preocupação com o próximo. Qual a razão? Porque deixamos de ter a vida centrada em nós próprios e desejaremos mais viver como Cristo.
É por amor a Cristo que investimos na vida das outras pessoas!
Resumidamente…
Em Cristo somos livres não para vivermos como queremos, mas para vivermos como Ele quer e à medida que isso acontece mais união haverá entre as pessoas.
Somente em Cristo haverá verdadeira unidade e assim seremos um, como Cristo é um com o Pai e com o Espírito Santo.
Que Deus nos ajude a sermos uma comunidade onde exista unidade e isso só acontecerá quando o Evangelho for pregado como também vivido.
Onde houver falta de unidade, foi porque houve falta de Evangelho.
Que Deus nos ajude.


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Maravilhosa Graça

Não há como ser cristão e não entender a mensagem de Cristo. Não há como ser cristão e não se viver a mensagem do Evangelho em todos os momentos e em todas as áreas da nossa vida.
Quando se tem um encontro com Cristo e, por conseguinte, com a Sua Palavra, toda a nossa vida será transformada para que a nossa existência fale do Evangelho.
Tal como vimos a semana passada, Deus não quer os buracos da nossa vida. Deus quer sim a nossa vida!
Esta mensagem torna-se especialmente extraordinária ao percebermos como Deus é Santo e mesmo assim deseja relacionar-se com pessoas pecadoras como nós.
Este relacionamento de Deus que é Santo com pessoas pecadoras só é possível por causa da Sua “Maravilhosa Graça” e este é o tema da mensagem de hoje... “Maravilhosa Graça”.
Gálatas 1:10-24
10 Porventura procuro eu mais a aprovação dos homens do que a de Deus ou procuro agradar aos homens? Se procurasse agradar-lhes não seria verdadeiro servo de Cristo.
Quando Jesus está no centro da nossa vida, tudo deve convergir à volta dele. O nosso objectivo não é fazer a vontade dos homens e muito menos falar daquilo que eles gostam de ouvir porque um homem que não conhece a Cristo, não sabe as suas reais necessidades.
Por vezes, a mensagem é dura e implica fazermos mudanças. Isto, obviamente, mexe com tudo aquilo que as pessoas acham que é seu por direito próprio achando que entra num campo “pessoal”.
Por outro lado, no meio cristão, cada vez mais vejo pessoas apenas a dizerem “Amém” à Bíblia quando a mesma diz “Amém” ao seu estilo de vida porque quando a Bíblia não diz “Amém” ao que fazem afirmam logo: “Não é bem assim” ou “Isso é farisaísmo ou fundamentalismo”.
O nosso objectivo deve ser apenas agradar a Cristo e falar aquilo que ele mandou proclamar independentemente do que as pessoas possam pensar. Talvez hoje possa ser um exemplo disso.
Temos de pregar o Evangelho e quando deixarmos de pregar sobre Jesus, estamos a deixar de pregar sobre aquilo que realmente é importante e que tem poder para transformar vidas.
V11-12 Meus irmãos, fiquem a saber que o evangelho que eu vos anunciei não é de origem humana. Pois não o recebi nem o aprendi de qualquer pessoa, mas foi Jesus Cristo quem mo revelou.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo.
O objectivo de Paulo, ao pregar o Evangelho, era agradar a Deus porque foi do próprio Cristo que ele recebeu esse Evangelho o qual tem poder para salvar todo o tipo de pessoas.
Este argumento torna-se muito importante, devido ao momento em que esta carta foi escrita, porque aqueles falsos profetas tinham recebido o seu ensino através de tradições humanas, as quais, muitas vezes, deturpavam o ensino original dado por Deus, como também eram ditas coisas em nome de Deus as quais Ele nunca houvera dito.
Vejamos isso precisamente em Marcos 7:13 “Desta maneira, anulam a palavra de Deus trocando-a pelas tradições que receberam dos vossos pais. E fazem muitas outras coisas deste género.”
O Evangelho não é algo que nós desejamos de forma natural. Nós só desejamos o Evangelho se houver a intervenção do Espírito Santo. Não podemos manipular a verdade e nem criar ambientes para que seja mais fácil aceitarem a Cristo.
Exemplo: Tondelar – Velas com cheiro a chocolate – Mais fácil a venda.
Quando tentamos manipular a Palavra ou deixamos de afirmar certas verdades na tentativa de tornar mais fácil a aceitação de Cristo da parte da pessoa, estamos com isso a afirmar que talvez o Espírito não tenha tanto poder assim para salvar as pessoas…
Os judaizantes ajustaram o Evangelho às suas próprias inclinações orgulhosas porque o homem natural – não salvo – fala daquilo que o seu coração anseia conquistar.
O pior que pode acontecer, quando estamos a ler a Bíblia, é darmos a nossa opinião/interpretação pessoal. A Bíblia interpreta-se a si mesma.
Nesse sentido, enquanto pastor, eu não pretendo ser “amoroso*” no que digo mas sim amoroso na forma como falo.
O verdadeiro amor é aquele que proclama a verdade em amor.
Efésios 4:14-15 “Assim já não nos comportaremos como crianças que andam ao sabor do vento e das ondas. Não nos deixaremos enganar por artimanhas inventadas pela esperteza daqueles que se armam em mestres. Mas proclamando a verdade com amor (…)”
É verdade que podemos ser chamados de intolerantes ou até de fundamentalistas. Mas a Bíblia é feita de fundamentos essenciais que nos obrigam a mudar posturas para vivermos como Cristo.
Contudo isso nem sempre é bem recebido por todos. No meio evangélico, quando as pessoas são confrontadas com a verdade bíblica por vezes dizem “Não tenho eu o direito a ser feliz e a escolher o que é melhor para mim? Deus certamente quer ver-me feliz”.
Com isto, as pessoas estão a dizer que o fim último da sua vida é a sua realização pessoal e não a Glória do nosso bom Deus.
Se a vida fosse feita com base nos nossos feitos, certamente Paulo seria um feliz contemplado porque a sua vida, aos olhos humanos, era de grande valor.
O humanismo aponta ao homem porque vem do homem e tem como objectivo glorificar o homem. O Cristianismo aponta a Cristo porque vem de Cristo e tem como objectivo glorificar a Cristo.
Por isso, quando Paulo é chamado a dar testemunho, ele não partilha os seus feitos – até os desvaloriza – partilha sim os feitos de Cristo.
Este é um dos aspectos que precisamos de saber… Muitas vezes quando as pessoas são chamadas a testemunhar, elas não falam daquilo que Deus faz nas suas vidas, mas sim daquilo que elas fazem.
Paulo falava com muito vigor sobre Cristo porque tinha a noção de quem ele era antes da conversão. Ele seguia os costumes judeus e por ser um fariseu acérrimo, ele perseguia os cristãos
13-14 Certamente já ouviram falar do modo como eu vivia quando seguia a religião judaica. Sabem como eu perseguia com violência a igreja de Deus e procurava destruí-la. Estava a ultrapassar muitos outros judeus do meu tempo devido ao grande zelo pelas tradições dos meus antepassados.
Nestes dois versículos percebemos de uma forma clara, quem era Paulo e o que ele fazia. Tanto é, que quando ele chegava a determinadas cidades, os cristãos tinham receio dele.
Actos 9:26 “Quando Saulo chegou a Jerusalém quis juntar-se aos discípulos, mas todos tinham medo dele, pois não se convenciam que também ele fosse discípulo de Jesus”.
Para termos uma noção, Paulo perseguia e matava mesmo os seguidores de Jesus. Entrava na casa dos cristãos e prendia-os. Entrava nas sinagogas para castigar quem lá estava.
Ele sabia quem era sem Deus… Quando ele falava sobre isso, falava com um misto de dor, mas também com puro agradecimento porque a Graça de Deus o alcançou
I Timóteo 1:13 “A mim, que dantes fui blasfemo, e perseguidor, e injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.”
Teremos nós esta percepção? Quem nós seríamos sem Deus?
Muitas vezes podemos não nos lembrar da nossa conversão, o antes e o após, com as devidas mudanças a acontecerem.
Por vezes, até parece que a nossa conversão só aconteceu mais tarde, mas isso apenas está relacionado com maturidade e não com a conversão salvífica.
O mais importante é sabermos quem seríamos sem Cristo e, quanto a mim, essa imagem seria terrível e é um forte incentivo para ter que dobrar os meus joelhos todos os dias.
Ao ter esta percepção, Paulo percebeu que só poderia ter sido salvo pela “Maravilhosa graça de Deus” que o alcançou, não pelo seu mérito – ele era um assassino - mas pela vontade de Deus.
15-16 a) Mas Deus, pela sua graça, escolheu-me ainda antes de eu nascer e chamou-me para o servir. E, quando Deus assim o quis, deu-me a conhecer o seu Filho para que fosse anunciá-lo aos não-judeus.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida.
Paulo teve a noção clara que a Salvação vinha do Senhor, como nos diz em Jonas 2:9.
Ele entende também que esta graça é maravilhosa porque o atingiu mesmo antes de ele ter nascido pois ocorreu, tal como ele diz nos diz em Efésios 1:4, antes da fundação do mundo.
É esta a noção que vemos em Isaías 49:1, em Jeremias 1:5, em vários Salmos como no 139:13…
No entanto, queria salientar aqui um texto que resume como esta Salvação ocorre antes mesmo de termos sido feitos, como também, mostra-nos que a Salvação não ocorreu por algum mérito nosso, mas simplesmente porque Deus quis…
Deuteronómio 7:6-7 “Tu és um povo consagrado ao SENHOR, teu Deus. O SENHOR, teu Deus, escolheu-te* para seres o seu povo particular, dentre todos os povos que existem no mundo. O SENHOR interessou-se por vós e escolheu-vos*, não por serem um povo maior do que os outros (não ao mérito ou à capacidade deles), pois, de facto, são um povo bem pequeno no meio dos demais.
Por isso meus irmãos, tenhamos a noção que Deus foi buscar-nos quando estávamos na nossa miséria espiritual e partilhou todos os Seus bens connosco em Cristo.
A conversão de Paulo mostra-nos que Deus salva quem quer independentemente do seu passado*. Não há barreiras que não possam ser vencidas pela Soberania do nosso Deus.
Por isso, nós oramos e evangelizamos todas as pessoas porque sabemos que para Deus não há barreiras que não possam ser ultrapassadas. Se houvesse barreiras intransponíveis, não valeria a pena orar.
Charles Spurgeon, com base nestas palavras de Paulo disse (uma das minhas frases favoritas): “Eu creio na escolha de Deus, porque estou bem certo que, se Deus não me tivesse escolhido, eu nunca O teria escolhido; e tenho certeza que Ele me escolheu antes de eu nascer, ou, caso contrário, Ele nunca ter-me-ia escolhido depois; e Ele deve ter-me escolhido por razões desconhecidas por mim, porque eu nunca pude encontrar qualquer razão em mim mesmo pela qual Ele devesse olhar-me com especial amor”.
Deus salva por causa da Sua Maravilhosa Graça. E se é Graça é porque é imerecida. Sejamos agradecidos. Se hoje conseguimos ver a Deus, foi porque o Seu Espírito Santo abriu os nossos olhos.
A graça de Deus é maravilhosa porque nos atinge de uma forma inexplicável. Eu, sinceramente, não entendo como Deus salvou uma pessoa como eu… Por isso, só me resta viver em gratidão, com fé e em arrependimento.
Entendendo isto, só poderemos celebrar os feitos de Cristo e não os nossos.
A transformação que Deus opera nas nossas vidas tem sempre como objectivo levar a Palavra a outros, como também a praticar boas obras
A salvação tem que ter sempre um objectivo comunitário… Vejamos como aquilo que Deus fez serviu de testemunho a outras pessoas…
23 Apenas ouviam dizer: «Aquele que dantes nos perseguia agora anda a pregar a fé que primeiro queria destruir.»
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer tipo de pessoa.
As pessoas ficaram surpresas com aquilo que Paulo estava a fazer e a falar.
Percebamos que não foi uma simples mudança. Algo incrível aconteceu… Paulo estava pronto a matar cristãos e agora estava pronto a morrer como cristão.
A Graça de Deus alcança todo o tipo de pessoas independentemente do que fizeram, como também nos mostra que sem esta Graça nós éramos pessoas perdidas.
Apenas uma nota: nunca devemos pensar que há um certo tipo de pecado que nunca iremos cometer, porque se pensarmos assim, estamos a achar que somos perfeitos quando não o somos. O nosso coração é enganoso e, por isso, devemos reconhecer sempre a nossa fraqueza seja em que área for e desconfiarmos sempre daquilo que estamos a fazer. No entanto, à medida que isto acontece, lembremo-nos também que não estamos sós… O Espírito Santo habita connosco e ajuda-nos a sermos fortes.
Logo, nunca diga “Este pecado nunca cometerei”. Tenha sempre cuidado com os caminhos que trilha, porque o mundo tem muitas seduções escondidas em máscaras de inocência. Isto já vem desde o jardim do Éden.
Desconfiarmos das nossas atitudes é reconhecermos que precisamos do Espírito Santo em todos os momentos das nossas vidas.  
Paulo passou muito tempo com Deus – V17 a 22 – para poder falar durante muito tempo de Deus aos homens.
Quanto mais tempo passarmos de olhos fechados perante Deus (oração), mais vezes abriremos a nossa boca perante os homens (evangelização).
A oração revela-se sempre numa atitude de evangelização. Porque quando há comunhão com Deus, não poderemos deixar de partilhar esta boa-nova com outras pessoas.
Em certo sentido, todos têm uma “boa-nova” para partilhar, mas a “boa-nova” do Evangelho é a única que tem poder para transformar vidas.
Custa-me, como pastor, ouvir muitas vezes pregarem coisas que não estão relacionadas com Cristo como filosofias, políticas ou passos para ser bem sucedidos neste mundo.
Tudo é acerca de Cristo… Do que Ele fez por nós… E como nós devemos viver para Ele.
Quando vivemos assim… Vejamos o que acontece…
24 E davam glória a Deus por causa de mim.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer tipo de pessoa; 4º Porque nos leva a testemunhar.
Pela forma como Paulo vivia e falava as com as pessoas, elas davam glória a quem? A Deus. Por quê? Porque todas as palavras de Paulo, como também toda a sua vida, apontavam à pessoa do nosso bom Deus.
Ele reconheceu – ao dizer “por causa de mim” - que foi usado por Deus como meio para que as pessoas dessem glória àquele que é digno de toda a Glória.
Ao dizer isto, admitiu que foi um grande privilégio ser instrumento nas mãos de Deus.
Se as pessoas olharem para a nossa vida e para aquilo que fazemos, irão dar glória a quem?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Um só Evangelho

Queremos cada vez mais reconhecer que Cristo é tudo para nós, não apenas na forma como verbalizamos esta verdade mas também na forma como a vivemos.
Quando Cristo é tudo para nós, tudo o resto serão sempre coisas porque aquilo que é essencial para nós, Cristo já o conquistou. Sabendo disso seremos as pessoas mais felizes à face da terra independentemente das circunstâncias que possamos estar a passar e que, por vezes, são bastante dolorosas.
Nós, cristãos, somos os únicos que podemos afirmar que temos Esperança naquilo que não vemos porque sabemos para onde vamos e, além disso, estaremos ao lado de quem muito amamos.
O tema da mensagem de hoje é “Um só Evangelho”.
Gálatas 1:1-10
Contexto
O apóstolo Paulo foi um plantador de várias Igrejas. Por onde passava permanecia sempre algum tempo – mais ou menos entre 2 a 3 anos - e plantava Igrejas. Mais tarde, ele orientava essas Igrejas através de cartas que ele escrevia regularmente, principalmente aos presbíteros e aos diáconos da Igreja.
Esta carta foi escrita sensivelmente no ano 50 DC, ou seja, 15 a 20 depois de Cristo ter ascendido aos céus. Pouco tempo se tinha passado e tudo ainda devia estar muito fresco na memória dos cristãos.
Passado esses anos, as Igrejas começaram a receber gentios – não judeus - nas suas comunidades. No entanto, os líderes dessas Igrejas estavam a ensinar os velhos costumes da Lei cerimonial de Moisés… Isto é, para serem aceites por Deus tinham que aceitar Jesus como seu Salvador e Senhor mas também tinham que ser circuncidados, por exemplo.
Muitas confusões estavam a haver dentro da Igrejas e, normalmente, isso acontece devido ao desconhecimento da natureza do Evangelho.
Onde o Evangelho é pregado e vivido não pode haver confusões!
1-3 Da parte de Paulo, designado apóstolo, não pelos homens nem por qualquer intermediário humano, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que ressuscitou Jesus da morte, e da parte de todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia. Que Deus, nosso Pai, e Jesus Cristo, nosso Senhor, vos dêem graça e paz.
Neste versículo podemos ver Paulo a dizer que Jesus estava no centro da sua vida e por isso Ele estava no centro do seu ensino.
Ao dizer que era apóstolo, ele mostrou que isso aconteceu não porque esse tivesse sido o seu desejo ou de algum homem, mas sim porque essa tinha sido a vontade de Deus.
Pela vontade de Deus, Paulo fez o que fez
Entender o Evangelho é compreender que as nossas acções devem ser feitas segundo a vontade de Deus e não a nossa ou até de quem nos rodeia.
Como compreender qual a vontade de Deus? Através da Bíblia. Ela é a revelação completa e absoluta!
Quando a nossa vida está centrada no Evangelho simplesmente fazemos o que Deus nos chama a fazer independentemente dos custos emocionais, físicos, sociais ou materiais.
Uma nota apenas aqui sobre “Apóstolo”… Para alguém ter o ofício de Apóstolo ele tinha que ter tido contacto com Jesus ressuscitado, além disso, tudo o que essa pessoa dissesse da parte de Deus era tido como autoridade para a Igreja.
Então, porque já ninguém tem contacto pessoal com Jesus Cristo e também porque a revelação directa terminou com a Bíblia, devemos afirmar convictamente que já não existe apóstolos nos dias de hoje.
Apóstolos existiram apenas 13/14 e os outros nomes que aparecem na Bíblia como sendo apóstolos não eram os oficiais da Igreja, eram sim enviados da Igreja a alguma missão. Ou seja, tinham o dom de apostolado.
4 Foi Jesus Cristo que se entregou à morte, por causa dos nossos pecados, para nos libertar deste mundo mau em que estamos cumprindo assim a vontade de Deus, nosso Pai.
Neste versículo vemos quem está no centro do Evangelho… Quem é de facto importante para a nossa vida.
Se dúvidas houvesse perante aqueles irmãos, o apóstolo Paulo esclarece, de uma vez por todas, que o Evangelho é Cristo e tudo aquilo que Ele fez foi completo e perfeito.
Ao percebermos o que nos diz esta parte do versículo “Foi Jesus que se entregou à morte” teremos que entender que a iniciativa da ida à Cruz foi do próprio Jesus. Ele podia ter desistido, mas, em plena obediência ao Pai, submeteu-se ao levar sobre Si a Ira/castigo que estava destinado a todos aqueles que n’Ele crêem.
Jonathan Edwards escreveu “Aquelas gotas de sangue que caíram no chão eram a manifestação de um oceano de amor no coração de Cristo”.
No momento mais doloroso da Sua vida, Jesus disse “Deus meu”… E este é um ensino tremendo para cada um de nós para podermos também dizer "Deus meu" nos melhores momentos da nossa vida, como também nos momentos mais difíceis.
Temos de saber que a morte de Jesus não foi uma recompensa porque se o fosse, haveria mérito da nossa parte. A morte de Jesus foi sim uma dádiva que nunca poderá ser recompensada.
Jesus viveu a vida que nós devíamos ter vivido, como também sofreu a morte que nós devíamos ter sofrido. Não podemos ouvir isto de ânimo leve…
Qual o objectivo?
Este versículo 4 diz-nos que foi para nos libertar das forças deste mundo… A ideia passa por mostrar que Jesus veio para libertar-nos da corrupção que vem através do pecado. Ou seja, Jesus veio para que já não fossemos considerados perversos diante de Deus. Veio para dar vida aqueles que estavam mortos espiritualmente.
Eduardo Mano: “Só pela Graça é que alguém morto poderá tornar a viver”.
Nesse sentido, e porque a Bíblia assim o afirma, o homem sem Deus é imoral pois não tem moralidade suficiente para chegar até Deus.
O Homem só não faz coisas piores porque Deus é Soberano sobre tudo e todos. E, tendo isto em mente, devemos também saber que há coisas que acontecem para percebermos que há um juízo maior à espera… E foi por causa desse julgamento que Cristo veio para dar absolvição a todos aqueles que n’Ele crêem e que, por isso, vivem de acordo com a Sua vontade.
Pensemos novamente neste texto pois o mesmo dá-nos uma confiança enorme… Se a Ira de Deus não fez Jesus desistir de nós, então nada mais fará porque “estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:38,39).
Esta é a razão da nossa alegria e o motivo pelo qual nos pomos de pé diariamente.
Perder a visão da Cruz, é perder tudo o que há de mais importante na nossa vida.
Nota: Muitas vezes, nos aconselhamentos que dou, sejam pessoais ou familiares, costumo dizer às pessoas “Qual a lição que aprendemos na Cruz?”. Ao termos essas respostas, tenho a certeza que iremos perceber como devemos agir na maior parte das vezes!
5 Glória lhe seja dada para sempre. Ámen.
Paulo teve sempre esta preocupação em todas as suas cartas… 2 Coríntios 10:17 “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor.”
Não é a nossa glória que nos tem que subir à cabeça, mas sim a glória do Pai.
Será que isto é uma realidade na nossa vida? Será que o objectivo máximo da nossa vida é querermos viver para mostrar o quanto Deus nos ama e quanto nós o amamos?
Por outro lado, quantas vezes já desistimos ou tentamos desistir de lutar ou falar porque a nossa reputação estava a ser colocada em jogo?
Quantas vezes já achámos que Deus não nos ama porque certas coisas não acontecem? Será que achamos que Ele nos deve algo para fazermos tantas exigências? Exemplo: Se tu me deres, então eu…
Não se esqueça… Por vezes, seguir a Jesus, é perder toda a reputação diante dos homens mas, por outro lado, saibamos que teremos toda a reputação diante do Pai.
Se compreendermos quem nós somos em Cristo e que n’Ele somos mais do que vencedores, conseguiremos enfrentar os fracassos desta vida, como também a não aceitação da parte dos homens sem, contudo, perdermos a nossa alegria de viver.
Mesmo que os medos ou ansiedades possam surgir, o que é normal, tenhamos coragem de afirmar isso a Deus porque foi numa altura dessas que Maria, na sua oração, ouviu um anjo a dizer “Para Deus não há impossíveis”.
Apesar de não sabermos nada do amanhã, de uma coisa temos a certeza… Deus é bom e a Sua vontade irá prevalecer. Glória seja sempre dada a Ele.
6 Admiro-me muito que estejam a abandonar tão depressa aquele que vos chamou pela graça de Cristo e que estejam a seguir um evangelho diferente.
Estas palavras revelam muita dureza no discurso de Paulo.
Tal como vimos antes, estes falsos ensinos diziam que para as pessoas serem aceites diante de Deus, tinham que fazer certos rituais para então serem agradáveis… No fundo, o que estavam a dizer, era que a morte de Jesus não tinha sido nem plena e nem perfeita. Era preciso acréscimos da nossa parte.
Se assim fosse, a salvação deixaria de ser pela Graça e seria uma recompensa…
Se há coisa em que nós não devemos ser brandos, é precisamente quando tentam deturpar o verdadeiro e único Evangelho.
Nesse sentido, Paulo é claro… Como é que podem estar a abandonar o ensino sobre a Graça de Deus? Foi Ele que vos chamou pela Sua iniciativa e vontade. Como é que podem estar a seguir falsos mestres? Eles dizem que é preciso fazerem alguma coisa para serem salvos? Há que rejeitá-los de forma linear.
Se a Graça nos alcança sem merecimento da nossa parte, é porque nós não precisamos de adicionar nada àquilo que Jesus já fez na Cruz, a não ser responder com fé e em arrependimento.
A salvação foi do início ao fim obra do nosso bom Deus!
Poderemos pensar que esta mensagem não se aplica aos dias de hoje em virtude de ter pouca expressão, pelo menos no nosso país, a prática de exigir aos homens serem circuncidados para serem aceites por Deus…
Como podemos aplicar esta mensagem para os dias de hoje? Será que não há outras coisas a serem anunciadas como sendo Evangelho?
Será que não há outros aspectos que tentam adicionar ao Evangelho deturpando assim a verdade que está reflectida na Palavra? Vejamos alguns exemplos…
1º Mensagens de auto-salvação…
“Cumpres regras e receberás bênçãos de Deus”; “Dás e receberás”; “Só precisas de ter fé e aí verás bênçãos a caírem do céu”; “Levanta o teu braço e serás salvo”.
2º Mensagens de auto-ajuda…
“Se não estás feliz, muda o que tens de mudar”; “Nunca te arrependas daquilo que te faz feliz”; “Tens de te encontrar contigo para descobrires a pessoa maravilhosa que és”; “Só precisas de te amar”; “Tens de encontrar a tua alma gémea para seres feliz”; “Com certeza que Deus quer a minha felicidade e se algo me faz feliz, Deus fará então”; “Tu és importante. Por isso, Jesus foi à Cruz”; “Deus nunca iria fechar uma porta que me trouxesse felicidade, afinal Ele é amor”; “Deus quer a minha felicidade e se isto não me faz feliz então tenho de mudar”.
3º Mensagens de confissão positiva
“Dizes e Deus fará”; “Fala o que diz o teu coração”; “Se disseres coisas positivas, coisas positivas acontecerão”; “As palavras têm poder para mudar vidas”; “O melhor está para vir. Basta acreditares”.
Contudo o Evangelho diz-nos…
“Somos impotentes para sermos aceites por Deus. Por isso, precisamos de um salvador que nos venha buscar independentemente do nosso passado. Deus não está para preencher buracos na tua vida. Ele tem de ser a razão do teu viver. Reconhece que és pecador e acredita que Cristo foi à Cruz no teu lugar. Vive como Jesus viveu, não importa os custos que isso tenha. A obediência à Sua Palavra é a forma de mostrares o quanto és grato por aquilo que Ele fez”.
Muitos mais haveria para dizer… Mensagens Light* ou da prosperidade*…
Não sei se repararam, eu não disse “Evangelho da auto-ajuda ou Evangelho da prosperidade” porquê?
Vejamos…
7 Não é que exista outro evangelho, mas a verdade é que há umas certas pessoas que vos causam confusão e que querem modificar o evangelho de Cristo.
Parece que há aqui um contra-senso com o que foi afirmado antes até porque Paulo, no versículo anterior, disse que estavam a afirmar um Evangelho diferente…
Contudo, ele coloca as coisas nos termos certos… Podem dizer muitas coisas, mas na verdade só há um Evangelho e esse é o Evangelho de Jesus Cristo, o qual nos diz que Ele morreu e ressuscitou por todo aquele que se arrepender dos seus pecados e tiver fé n’Ele para andarem segundo a boa vontade de Deus, ou como nos diz em Romanos 6:4 “Em novidade de vida”.
O nosso coração gosta de fabricar o desejo de merecimento na nossa salvação, tanto é, que quando algo não nos acontece temos o desejo/sentimento que Deus nos deve algo. E isto não é Evangelho porque essa pessoa está convertida não a Cristo, mas a si própria.
O único Evangelho é o da mensagem da Cruz o qual, para nós cristãos, é o poder para a nossa salvação. Tudo o resto é loucura. Não há meio termo na mensagem do Evangelho!
As réplicas falsas do Evangelho tendem a mostrar que há salvação sem arrependimento e fé. Além disso, entretêm as pessoas e levam-nas a pensar que são salvas apenas porque gostam de ouvir falar sobre Jesus…
Só um falso Evangelho propõe salvação sem santidade!
Nunca vimos tanto show em alguns cultos e tão pouco Evangelho nos mesmos.
Estas réplicas são simplesmente heresias - afirmarmos, por exemplo, “Evangelho da prosperidade” é errado porque isso não é Evangelho, é uma falácia - que tem como único objectivo agradar aos homens – já iremos confirmar isso no V10 - e não a Deus porque o centro do Evangelho, conforme vimos, é Jesus Cristo.
O povo costuma dizer que todos os caminhos vão dar a Roma. Hoje em dia, também já ouvimos falar sobre a pluralidade nos caminhos que vão dar a Deus, contudo, em João 14:6, Jesus diz “Eu sou O caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não por mim”.
Jesus é o único caminho e a fé e o arrependimento são os meios para chegarmos a esta Graça.
8-9 Que seja maldito quem vos anunciar um evangelho diferente daquele que vos anunciámos. Ainda que fôssemos nós próprios ou mesmo um anjo do Céu! Repito o que acabo de dizer: se alguém vos anunciar um evangelho diferente daquele que receberam, seja maldito!
Paulo ficava mesmo furioso com qualquer ensino que retirasse a premência de Cristo na salvação ou então algo que dissesse que a Sua salvação não era uma obra completa e que, por isso, teríamos que fazer algo.
Ele chegou mesmo ao ponto de chamar essas pessoas de malditas, ou noutras versões, de anátema.
Paulo vai ainda mais longe… Ele tinha autoridade para ensinar ao povo apenas o que tinha recebido da parte de Deus… I Cor. 11:23 confirma isso “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei”.
Paulo não podia ir mais longe do que aquilo que ele tinha recebido como revelação directa da parte de Deus. A sua autoridade vinha da autoridade máxima…
Nesse sentido, não há autoridade na Igreja que não venha da Palavra de Deus porque a revelação especial terminou!
Se há coisa que nunca podemos aceitar são ensinos falsos, apesar de poderem ser bonitos aos ouvidos, elevarem os nossos egos, prometerem muita coisa, não nos exigirem nada e garantirem tudo aquilo que nós queremos.
O Evangelho é Cristo e Cristo é tudo para nós.
Vamos achar sempre que nos falta alguma coisa até percebermos que em Cristo temos tudo.
Este era o compromisso de Paulo.
Eu, Jónatas Lopes, desejo reafirmar cada vez mais diante de Deus e dos irmãos, que o meu compromisso não é convosco, mas com Deus. É verdade que posso correr o risco de não agradar a todos com a Palavra mas o meu compromisso não é com os irmãos mas sim com o dono da Palavra…
Espero, convictamente, se algum dia me desviar das verdades do Evangelho que os irmãos me possam disciplinar e, caso não me arrependa, seja mandado embora… Porque o vosso compromisso também não é comigo, mas com o Senhor da Igreja… Jesus Cristo.
10 Porventura procuro eu mais a aprovação dos homens do que a de Deus ou procuro agradar aos homens? Se procurasse agradar-lhes não seria verdadeiro servo de Cristo.
Estas palavras de Paulo deviam andar sempre no nosso coração para que as nossas acções sejam transformadas pelas mesmas.
O nosso objectivo é agradar a Deus porque se fosse agradar aos homens, nunca seríamos servos de Jesus Cristo
Temos de pregar o Evangelho e quando deixarmos de pregar sobre Jesus estamos a deixar de pregar sobre aquilo que realmente é importante e que tem poder para transformar vidas.
Nota final
Para aqueles que ainda não reconheceram Jesus como seu Salvador e Senhor
Não é apenas quando estiver preparado que deve olhar para Jesus. É precisamente quando reconhece que não está preparado que deve olhar para Ele. Porque sem Jesus nunca está preparado!
Não é pelo nível da nossa fé que somos salvos, mas sim por meio da fé! Na morte de Jesus há lugar para siAcredite nisso e diga-lhe o quanto precisa dele.
Para aqueles que são cristãos… Não sinta o peso de ter que ser perfeito para ser aceite por Deus. Jesus já fez isso no seu lugar. Viva uma vida por amor a Deus e seja grato vivendo em obediência
Pense em Cristo e em como Ele viveu e “não ligue ao que o mundo faz, defende ou pensa”.
Não tente arranjar significado, para a sua vida, nas criaturas ou nas coisas… Em Jesus a sua vida tem todo o significado. Quando perder esta noção, irá fazer os maiores erros da sua vida.  E isto só acontece quando temos orgulho porque o orgulho é a marca da rejeição clara do Evangelho.

Estávamos a falar sobre este assunto no culto doméstico e o meu filho explicou isto de uma forma simples "Sempre que cometemos pecado, Deus está lá ao nosso lado para nos ajudar a deixar de pecar".