segunda-feira, 7 de julho de 2014

Nova Série... "Justificação pela Fé" .

Hoje: Justificação pela Fé e o seu significado
Justificação e a Santificação
Justificação e o Próximo
Justificação e a Justiça Social

Romanos 3:21 Mas agora Deus mostrou-nos como é que as pessoas são justificadas por Ele, sem ser por meio da lei.
O apóstolo Paulo ao longo do capítulo 1 e 2 tem como objectivo mostrar que nenhum homem jamais poderá justificar-se diante de Deus.
Por quê? Nenhum homem seja judeu ou gentio, conseguirá observar toda a lei para ser considerado inocente diante de Deus.
Em Tiago 2:10 lemos o seguinte: “Pois aquele que cumpre os mandamentos da lei, mas despreza um só deles, é como se os tivesse desprezado a todos”.
Então, basta falhar uma vez para com a Lei e é como se tivéssemos falhado com toda a Lei dada por Deus. Isto é, basta pecarmos uma vez e estamos logo em rebelião para com Deus.
Paulo sente a necessidade de mostrar claramente a depravação total do homem e, por conseguinte, a sua rebelião para com Deus.
Deus criou-nos para a Sua Glória, no entanto, a rebelião mostra de uma forma evidente, que o homem em vez de adorar o criador adora a própria criatura. E, por causa disso, Deus os entregou às suas próprias paixões (pior coisa).
Se tivermos esta noção na nossa vida, teremos a prova inequívoca da acção do Espírito Santo em nós. Apenas perceberemos quem Deus é quando compreendermos a nossa falência espiritual.
Paulo, nestes versículos, muda o seu discurso para um plano que traz Esperança e, por conseguinte, conforto.
Ele usa a expressão “mas agora” para salientar essa mudança.
É como se fosse dada uma notícia terrível, mas depois se ouvisse o seguinte: “Calma. Há Esperança. Há Segurança e Conforto”.
Essa esperança e conforto passava por saber que as pessoas, independentemente da sua nacionalidade, não são justificadas pelo cumprimento da Lei, mas são justificadas pelo próprio Deus.
Ao saberem disto, perceberiam então a sua falência espiritual para com Deus, ao não cumprirem a Lei.
No entanto, significa isto que a Lei não mais interessa? Que não temos que observar a Lei? Será que no AT as pessoas eram salvas pela observância da Lei?
Comecemos por perceber que no AT ninguém foi salvo pelo cumprimento da Lei isto porque ninguém jamais foi perfeito.
Então, mesmo no AT as pessoas eram salvas pela Graça de Deus e não pela observância da Lei.
No entanto, tinham de observar 3 Leis: A lei cerimonial, civil e moral.
Será que as 3 continuam nos dias de hoje?
A “Lei Civil” terminou quando o povo de Israel deixou de ser o da própria raça e passou a ser o Israel espiritual. Ou seja, nós hoje somos Israel espiritual. Então, as leis civis daquele tempo terminaram ainda que possamos aprender várias lições com as mesmas.
A Lei cerimonial foi completa em Jesus Cristo.
O Livro de Hebreus é uma excelente lição para nós de que já não precisamos observar a lei cerimonial (ex: animais) porque Cristo é o cumprimento dessa lei e a satisfez plenamente.
E a lei moral?
Romanos 6:14: Diz que já não estamos debaixo da Lei, mas sim da Graça. O que significa isso?
Para o cristão, a Lei já não é mais instrumento de condenação porque fomos libertos por Cristo Jesus, porque Cristo cumpriu a lei integralmente no nosso lugar.
No entanto, apesar de ter terminado a lei cerimonial em Cristo, Ele não aboliu a lei moral do AT.
Nós agora temos liberdade, dada pelo Espírito Santo, para vivermos uma vida que agrada ao próprio Deus.
Como sabemos se estamos a agradar a Deus? Quando cumprimos a Sua vontade.
Como conhecemos a Sua Vontade? Através da Lei moral que é uma expressão do próprio carácter de Deus.
Esta lei, segundo Salmos 1, é algo que traz alegria aos filhos de Deus e por isso temos prazer em meditar nela.
Jesus não veio dar uma nova lei mas uma nova interpretação da Sua lei que era equivocada na sua interpretação.
Jesus não veio abolir mas cumprir a lei no nosso lugar (Mateus 5:17).
não estamos debaixo da Lei porque a Lei já não nos traz condenação, e sabemos, porque a Palavra o diz em Rom. 8:1, que nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus.
No entanto, servirá para condenação para aqueles que não estão em Cristo Jesus. Porque é impossível sermos justificados (declarados inocentes) pela observância da Lei. Daí a vinda de Cristo até nós.
Sabemos que a Lei moral se mantém nos dias de hoje e que não podemos ser justificados pela própria Lei.
No entanto, ainda há um problema a resolver.
Deus justifica quem e como? Por meio de quê? Por causa de quem?
22 Deus faz com que as pessoas sejam justificadas por meio da fé em Jesus Cristo. É assim para todos os que crêem em Jesus Cristo, sem haver diferença de pessoas.
Como ser justificado diante de Deus? Será que todos sem excepção serão justificados? Será que Cristo cumpriu a Lei por todos? Como resolver estas questões?
Como Deus justifica as pessoas?
Foi através destes versículos que Lutero chegou à fé e foi a partir dos mesmos que chegou à compreensão que a justificação só acontece por meio da fé.
Vimos que ao não conseguirmos cumprir a Lei estamos manifestamente em rebelião contra Deus e por isso todos somos considerados pecadores.
Face a essa rebelião, e porque Deus é justo, a Sua ira tinha que se manifestar sobre todos os que não cumprem a Lei.
Diante do tribunal, todos somos considerados culpados e merecedores da condenação/Ira de Deus (relembrar que no início do texto mencionámos que estas palavras traziam esperança).
Onde começa a Esperança? A Esperança começa por se perceber que Cristo cumpriu a Lei. Diante de Deus, Ele foi achado inocente.
Diz-nos o texto, que Deus faz com que as pessoas sejam consideradas inocentes, embora sendo culpadas, por meio da fé em Jesus Cristo.
Então, a forma que temos para sermos salvos é acreditarmos que Cristo cumpriu a Lei no nosso lugar e que levou sobre Si, a Ira de Deus que estava destinada a nós. Isto é Fé. Já falaremos um pouco mais à frente sobre a Fé.
No AT os sacerdotes tinham que pôr as suas mãos sobre o cordeiro que estava a ser sacrificado.
A simbologia deste acto mostrava que os pecados do povo estavam a ser lançados sobre o animal.
Tudo isto aponta à pessoa de Jesus, que de facto é o verdadeiro Cordeiro de Deus.
Ao manifestarmos fé em Jesus e no Seu sacrifício, estamos a lançar então sobre Ele os nossos pecados.
II Cor. 5:21 “Cristo não tinha cometido pecado, mas Deus, para nosso bem, tratou-o como pecador para que nós, em união com Ele, pudéssemos ser considerados justos/inocentes por Deus”.
23 Todos pecaram e estão privados da glória de Deus.
O tempo verbal da palavra “pecaram” no grego está no Aoristo, tempo que não existe no nosso português. Expressa uma acção completa. Então, em Adão todos somos culpados (Pecado Original).
No entanto, a palavra “privados” ou “carecem”, cujo tempo no original está no presente, transmitem a ideia de continuidade.
Qual a diferença? O pecado é algo real e completo que aconteceu anteriormente. Porém, a necessidade da Glória e presença de Deus continua bem presente nos nossos dias…
Sendo assim, todos temos a necessidade incessante da Glória de Deus porque a Sua Glória satisfaz-nos plenamente
Normalmente esta é a minha oração… “Bom Deus, enche-nos com a tua Glória”.
24 Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.
A justificação, pela qual Deus nos considera inocentes por causa de Cristo, será sempre por causa da Sua Graça (Deus dá-nos o que não merecemos).
Isto é Amor…. Do mais sublime que há.
Em Cristo temos então Redenção.
A imagem desta palavra, no original, vem do antigo mercado de escravos e significava o pagamento do resgate necessário para obter a libertação do prisioneiro ou escravo.
Então, nós que éramos escravos do pecado por causa de não cumprirmos a Lei, fomos comprados por Cristo, com a Sua vida.
Foi pago um resgate… Com o Seu sangue (Ouvir dizer “É meu”).
Fomos resgatados de quê? Da escravidão do pecado.
25 Ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos;  
Lemos neste versículo “Ao qual Deus propôs”. O que significa isto? A iniciativa é do próprio Deus que planeou tudo isto antes da fundação dos mundos. Entregar o Seu filho Jesus para ser a propiciação pelos nossos pecados.
Conforme vimos quando estudámos Filipenses, no Antigo Testamento, a palavra “Propiciação” era usada para o topo da Arca da Aliança no dia da expiação, quando o sangue do boi e da cabra eram derramados, para apaziguar e afastar a ira de Deus. Deus tinha ordenado esse sacrifício para isso.
Contudo, será que o sangue dos animais satisfaria a Ira de Deus no AT? Porque não o fazemos agora? Porque teve que vir Cristo em vez de continuarmos a sacrificar os animais?
Segundo Hebreus 10:4 Porque é impossível que o sangue de touros e bodes remova os pecados.
Não era possível porque isso não satisfazia a Ira de Deus, apenas a apaziguava.
Para pagar a dívida e tornar Deus favorável ao ser humano, era preciso sangue de um Homem que fosse perfeito e Santo (Sem pecado) - Hebreus 9:22.
Então a lei serviu de aio (caminho), segundo Gálatas 3:24, para mostrar os nossos pecados.
Ao termos essa noção pela Lei, sentimos a necessidade de termos um Salvador porque precisamos que Deus seja propício, favorável, para connosco.
Os animais eram apenas uma estrada para a pessoa de Jesus Cristo. Ele sim era o Supremo Cordeiro sem qualquer mácula.
Em João 1:29 lemos como João Batista fala de Cristo: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
No entanto, a Ira de Deus também tinha de ser satisfeita como manifestação da Sua própria Justiça. Sem Ira manifestada não há justiça.
Sem compreendermos a noção da Ira de Deus, nunca iremos compreender a Sua Graça.
Por isso, Cristo foi à cruz sofrer a Ira de Deus no nosso lugar para que nós pudéssemos ter acesso ao pai com a Justiça (perfeição) do próprio Cristo.
Além de Deus nos tratar como justos, ele age connosco como tal, por causa dos méritos de Cristo.
No entanto, conforme lemos no versículo, a justificação acontece por meio da fé e não por causa da fé.
Qual o resultado disto? Não basta dizer que Deus é amor e então por causa disso todos serão salvos (Universalismo).
Diz o versículo “daquele que tem fé”. O que é a fé?
A fé não é um mero conhecimento da verdade e muito menos acreditar que aquilo que mais desejamos irá acontecer.
A fé não é acreditar que o poder está em nós, porque se o fosse, teríamos motivos para nos orgulharmos.
A Fé é uma verdadeira confiança em Cristo e no que Ele fez por nós e pela nossa Salvação.
A fé é acreditar que somos pecadores e por isso precisamos da Graça de Deus.
Fé é acreditar que sem Cristo não teríamos hipótese alguma de sermos salvos.
Fé é perceber que é pelos méritos de Cristo e não pelos nossos.
Se fossemos salvos por causa da nossa fé e não por meio da nossa fé, a razão da nossa salvação éramos nós e não Cristo. Seria por causa das nossas obras e não por causa de Cristo.
Por isso, não temos nada que nos gloriar em nós mesmos. Apenas temos que nos gloriar em Cristo Jesus.
2 Coríntios 10:17 “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor”.
Como diz R. C. Sproul “Nós fomos salvos pelas obras, pelas obras de Jesus Cristo”.
Este é o meio pela qual podemos ter a justiça de Cristo e por conseguinte a “Paz com Deus” – Rom. 5:1.
Como ansiamos esta paz com Deus… (Diferente de paz de Deus*).
26 Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus.  
Deus não podia inocentar os culpados sem manifestar a Sua Ira, caso contrário, não seria justo e não satisfazia a Sua Justiça.
A Santidade de Deus nunca pode pactuar com o pecado e por conseguinte, com o pecador não regenerado por Ele.
Mais uma vez o versículo refere que a Justificação acontece por meio da fé.
Será isso motivo para nos orgulharmos?
Novamente a pergunta, será a fé a causa ou o meio?
Se for a causa há lugar para o orgulho. E se é o meio, é porque a fé nos foi dada pela Graça de Deus (Efésios 2).
Vejamos…
27 Onde está logo a jactância? Foi excluída. Por que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.  
28 Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.  
29 É porventura Deus somente dos judeus? Não é também dos gentios? Também dos gentios, certamente,  
30 Se é que Deus é um só, que pela fé há de justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão.
Já percebemos que não é pelo cumprimento da Lei porque todos nós perante a Lei somos culpados. Logo não deve haver orgulho.
Já entendemos que não é por causa da fé e nem a fé a razão da nossa justificação.
A fé é simplesmente o instrumento ou o canal pela qual a justiça de Cristo vem até nós.
Não é a fé que nos Salva mas é Cristo quem nos salvou por causa do que aconteceu na Cruz.
O objecto da fé é sempre o Senhor Jesus. Mesmo quando lemos “A tua fé te salvou” nunca vem separado da crença no poder do Senhor Jesus Cristo.
Por isso não há motivo para o orgulho. Apenas para uma vida de plena gratidão e obediência ao Senhor.
31 Quer isto dizer que, por causa da fé, nós negamos todo o valor à lei? De modo nenhum. Pelo contrário, reconhecemos à lei o seu verdadeiro valor.
Conforme vimos, a Lei mostra-nos o carácter e a expressão moral do próprio Deus.
A questão não é cumprirmos a Lei para sermos salvos, mas porque fomos salvos então queremos cumprir a Lei.
A certeza disto obriga-nos a mudar toda uma perspectiva face à nossa vida. Este mês de Janeiro iremos perceber isso.
O que nos ensina a Justificação pela Fé?
Nós somos salvos pelos méritos de Cristo e tudo devido à Graça de Deus.
Em nós não há qualquer coisa boa para que Deus dissesse “Eu quero salvar aquela pessoa. Ela tem bom coração. Eu preciso dela para cumprir o meu plano. Por isso, estou aqui à Sua espera”.
A lei moral continua para os dias de hoje.
Sabermos que somos justificados pela fé, obriga-nos a cada vez mais sermos como Cristo e andar como Ele andou.
Quando há pecado há uma quebra do relacionamento. Por isso, deve haver arrependimento.
No entanto, a questão não é mais se de facto eu sou salvo por ter pecado. A questão é, o quanto eu tenho amado a Deus por causa do meu pecado.
Por causa de Cristo não temos condenação. Isto é, não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus.
Então, não existem maldições hereditárias que vêm dos nossos antepassados por não terem obedecido a Deus.
Também não precisamos de ter medo por termos falhado no passado, e pensarmos que por isso toda a nossa vida vai ser de sofrimento.
O sofrimento na Bíblia raramente é sinal de pecado.
Lembro-me de pensar que por causa do meu pecado algumas coisas não aconteciam porque eu tinha falhado, mesmo após o meu arrependimento. Ou ter medo que Deus já não me quisesse mais.
Tinha medo de olhar para Deus com medo que Ele já não me amasse mesmo depois de ter pedido perdão.
O amor de Deus por nós é incondicional e isso é tremendo.
Lembremo-nos… Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
A justificação pela fé faz-nos humildes.
Deus declara-nos e trata-nos como inocentes apesar de termos pecado. Isto faz mudar a nossa perspectiva na forma como nos relacionamos com os outros (Já estamos abrir caminho para as próximas semanas).
Faz-nos ser gratos…
Se nos compararmos com algumas pessoas estaremos melhores. Com outras, estaremos piores. Mas se nos compararmos com aquilo que os nossos pecados merecem, estamos infinitamente melhores.
Tenhamos confiança em Cristo e naquilo que Ele fez.
No livro de João lemos que o bom pastor chama as suas ovelhas pelo nome… Isto mostra intimidade.
No NT lemos que nós que somos salvos somos chamados de santos (separados para Deus). Isso traz-nos alegria…
Como sabemos se de facto fomos Justificados?
Para a semana responderemos a esta pergunta.
Que Deus nos incomode para que as nossas vidas reflictam cada vez mais a Sua imagem.


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