terça-feira, 23 de setembro de 2014

I Cor. 1:10-17

10 Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.
Paulo começou esta carta a falar daquilo que Deus fez por eles em Cristo Jesus.
Os cristãos em Corinto viviam em desunião com Deus mas, pela Sua Graça, viviam assim em Paz com Deus. É isso que percebemos em Romanos 5:1…
É interessante notar, que ao olharmos para este texto, percebemos que quando estamos ligados a Deus, haverá consequências naturais nos nossos relacionamentos horizontais. É impossível termos um encontro com Deus e viver como se isso não fosse.
Deus transforma todo o nosso ser. Deus não muda alguns aspectos da nossa vida. Ele transforma-nos em novas criaturas.
A ênfase deste texto está precisamente na procura da Verdade para que então possa surgir a Unidade. E a verdade é Cristo o qual liberta, une vidas a Deus e une pessoas.
A união é uma consequência da Verdade e não o contrário.
Quando lutamos pela unidade sem preocuparmo-nos com a Verdade as divisões irão surgir. A unidade não pode ser o fim último. A Verdade é.
A unidade surge quando estamos todos ligados à verdade, em termos de crença mas também de vivência.
Diz-nos o texto que “faleis todos a mesma coisa”.
Vemos aqui mais uma vez a importância da Verdade.
O apóstolo Paulo reforça a ideia que aquela comunidade devia ter o forte desejo de buscar unidade na doutrina, naquilo que é essencial à fé.
Então, a doutrina não afasta pessoas, traz sim a verdadeira união, a qual, segundo o texto, surge pela correcta pregação da Verdade e não com histórias com uma moral no fim. O moralismo está a entrar ou já entrou na vida de algumas igrejas.
Diz-nos ainda o texto que eles deviam ser “inteiramente unidos”. Porquê? Por que primeiramente, como vimos a semana passada, há um entendimento da ligação a Cristo.
A palavra no original é usada para “consertar redes, ossos e utensílios quebrados”.
Significa isso que a Igreja é chamada a viver em união e se tiver problemas, que era o caso da Igreja de Corinto, eles têm de ser tratados, não pela via da separação, mas pela reconciliação.
Percebendo a ligação dos versículos, quando a reconciliação não é possível, é porque as pessoas ainda não perceberam aquilo que Cristo fez por elas. Quando há grupos, não pode haver corpo.
Quando percebemos a Graça (dom imerecido) de Deus derramada nas nossas vidas, todas as outras reconciliações são consideradas menores face à reconciliação que tivemos em Cristo. Daí, Paulo começar esta carta precisamente para dizer que nada fizemos, antes pelo contrário, para termos a posição que temos em Cristo.
Deus é Santo, por isso devemos ser Santos.
Deus ensina-nos a viver em união na Sua relação trinitária. Logo, a Igreja é chamada a viver em unidade.
Nos dias de hoje, vivemos numa sociedade individualista e pluralista. Apesar disso, a Igreja é chamada a viver em Verdade e não em verdades. É chamada a viver em Unidade e não em partidarismos.
A palavra Unidade, em termos bíblicos, reconhece que pode haver diversidade num caminho único que é percorrido.
Há assuntos que podemos não concordar. Aliás, não conheço ninguém que tenha a mesma visão do que eu em todos os assuntos*.
Tal como falei no retiro da Igreja, é normal haver pessoas que pensem de outra forma. Sempre respeitei e respeitarei quem pense diferente de mim dento da Igreja. Aliás, somos chamados a respeitar e a ouvir opiniões diferentes dentro de certos limites.
Como pastor é a minha responsabilidade pastorear o rebanho de Deus mesmo sabendo que possam haver opiniões diferentes. É a minha responsabilidade indicar o caminho, em todas as áreas bíblicas, sabendo que tenho sempre que ministrar com amor e mansidão.
Lembrem-se que sobre os pastores recai uma grande responsabilidade… Tiago 3:1 “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo”.
11 Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós.
Muito interessante um aspecto deste versículo. Normalmente o que acontece é “Nós ouvimos umas coisas*”, “Há alguém que pensa assim*”, etc.
Paulo credibiliza os seus argumentos revelando pessoas concretas que deram a cara.
Supõe-se que a família de Cloe era considerada como uma família que revelava maturidade cristã para que Paulo tivesse em conta a sua opinião e usasse também o nome.
12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
Dentro da comunidade havia quem se achasse mais importante que os outros por causa das pessoas que exerceram autoridade espiritual nas suas vidas.
Não era apenas por haver opiniões diferentes, dentro dos membros, mas porque consideravam-se superiores por alguma coisa.
Uns diziam que eram de Paulo.
Relembrar que Paulo era o fundador da Igreja e, por isso, estas pessoas achavam que tinham mais autoridade do que as outras. Aliás, segundo William Barclay, estas pessoas estavam a usar este argumento para transformarem a liberdade em libertinagem.
Outros diziam que eram de Apolo.
Apolo era tido como homem de grande sabedoria e eloquência. Ele era da cidade de Alexandria, a qual era considerada como o centro da actividade intelectual do mundo. Aqueles que estavam do lado de Apolo, queriam intelectualizar o cristianismo e por isso valorizavam bastante os discursos eloquentes em detrimento da mensagem da cruz.
Diz ainda o texto que outros diziam que eram de Pedro.
Segundo alguns comentaristas seriam os cristãos judaizantes e, segundo William Barclay, eram os que achavam que tinham que obedecer à Lei para serem salvos. Os legalistas. Acredita-se que seria um núcleo bem pequeno.
Por fim, ainda existiam aqueles que diziam que eram de Cristo.
Provavelmente os moralistas, presume-se, que fossem problemáticos. Achavam que eram os cristãos verdadeiros e que quem não fosse do grupo deles, não era um cristão na verdade. Não se submetiam à autoridade espiritual dos presbíteros por acharem que eles eram a fonte de toda a autoridade. Segundo Barclay, eram intolerantes e beatos.
Será que é este ensino que aprendemos das Escrituras?
13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, baptizados em nome de Paulo?
Muito interessante este versículo. Cristo não está dividido e, por isso, é a Ele que devemos ser fiéis. Ele é o nosso sumo-pastor. Logo, Ele é a cabeça da Igreja.
Reparem no argumento do apóstolo para criticar os seus seguidores… “Será que foi Paulo que foi crucificado por vós?”.
Os cristãos são baptizados em nome de quem? De Cristo. Logo, é a Ele que devemos seguir.
No dia em que o pastor começar a ter seguidores seus, é porque não está a levar ou não levou o rebanho até Cristo.
14 Dou graças [a Deus] porque a nenhum de vós baptizei, excepto Crispo e Gaio;
15 Para que ninguém diga que fostes baptizados em meu nome.
16 Baptizei também a casa de Estéfanas; além destes, não me lembro se baptizei algum outro.
Nestes versículos o que percebemos é que para Paulo não importa quem baptiza, importa sim em quem fomos baptizados.
Aliás, há pessoas que foram baptizadas por pastores que hoje em dia já nem no ministério estão e outros que até mesmo desviaram-se da fé. Será que estas pessoas são menos importantes do que os outros?
Obviamente que não. Todos os cristãos foram baptizados em nome de Cristo Jesus.
17 Porque não me enviou Cristo para baptizar, mas para pregar o evangelho;
Poderíamos achar, à primeira vista, que Paulo estava a anular a importância do baptismo, quando o próprio baptismo é uma das duas ordenanças dadas à Igreja.
Mesmo a Missão dada por Jesus em Mateus 28, diz para fazermos discípulos como? Indo, ensinando e baptizando.
O que quereria dizer então o apóstolo Paulo?
Vejamos o desafio que lhe foi dado por Deus em Atos 26:16-18Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; Livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim”.
Entendemos assim que o baptismo não foi o objectivo primário da sua chamada, mas sim a pregação do Evangelho. Desta forma, ele realça a tarefa primária para o qual fora chamado.
 Mais ainda e percebendo o contexto, Paulo mostrou claramente que não foi chamado a fazer um clube de fans à volta de si, mas sim para fazer discípulos de Jesus Cristo.
A missão da Igreja é “fazer discípulos de Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo, para a Glória de Deus”.
Percebemos então que Paulo combate aqueles que diziam que eram seguidores seus.
Nós seguimos a Cristo porque fomos conquistados por Ele, o que não invalida podermos honrar e respeitar quem Deus usou como mensageiro do Evangelho ou até mesmo quem Deus usou para que nós crescêssemos na Fé.
V17 Não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo.
Percebemos então que Paulo foi chamado para fazer discípulos de Jesus Cristo.
Quando o objectivo é fazer seguidores de líderes e não de Cristo, valoriza-se mais a eloquência do discurso do que a proclamação clara do Evangelho. Quando isto acontece, é natural haver divisões na Igreja.
Temos que valorizar o Evangelho da Cruz. Não nos importemos com a eloquência. Proclame simplesmente o Evangelho. O poder não está em si, mas no Espírito Santo.
Na Igreja não podemos valorizar alguém em detrimento de outro. Temos de ser corpo. A dignidade que temos é a dignidade que Cristo dá.
Quando fala da sabedoria humana, nesta parte do versículo, Paulo combate os seguidores de Apolo.
Crê-se, segundo alguns comentaristas, que provavelmente estes seriam os dois “principais grupos” na Igreja.
Os que usavam a vida de Paulo para valorizarem-se dentro da Igreja, como aqueles que usavam a sabedoria de Apolo para considerarem-se a si próprios.
Paulo mostrou assim de uma forma muito clara que a Cruz não revela a nossa beleza, revela sim a beleza da glória de Jesus Cristo.
Concluímos então…
1º Vivemos em união porque o Senhor fez-nos viver em união com Ele.
Quando há separação é porque ainda não compreendemos o ministério da reconciliação.
2º Vivemos em união reconhecendo que possa haver diversidade de interpretações sobre certos assuntos.
Não há pessoas mais importante do que as outras. Não importa o que pensa sobre um assunto, se é membro há mais ou menos tempo, ou se foi baptizado ou discipulado por um pastor diferente. Somos um.
Somos todos iguais aos olhos de Deus, reconhecendo, porém, que há diferentes funções dentro do corpo, no entanto, isso não faz de alguém mais ou menos importante.
Cristo fez-se homem submetendo-se assim à vontade do Pai. E Ele não é inferior ao Pai. Ele, o Pai e o Espírito Santo são um. Aprendamos com esta relação trinitária.
Somos quem somos pela Graça de Deus.
Quando usamos o nosso currículo para a valorização do “eu”*, é porque já deixamos de lado o entendimento da Graça de Deus.
Eu como pastor comprometo-me a ensinar o evangelho e ensinarei segundo o entendimento que Deus me concedeu. Reconheço, com todo o amor, que os irmãos possam pensar diferente.
Se sou superior a alguém? Com toda a certeza que não, não ouso sequer pensar que sou superior a alguém. Longe de mim gloriar-me. No entanto, sou o pastor da Igreja e serei responsabilizado, conforme lemos em Tiago, por todo o ensino dado às pessoas que foram colocadas ao meu cuidado. Esta é a minha função.
Somos um corpo. Cada qual com a sua responsabilidade. Tudo isto para a Glória do nosso Deus.
Que cada um de nós se considere um servo inútil de Deus que não faz mais do que a sua obrigação.
A igreja da Graça é um corpo. Somos um em Cristo.
Termino com uma frase do Pastor Augustus Nicodemus… “O verdadeiro crescimento na maturidade é inversamente proporcional à imagem que temos de nós próprios. Quanto mais perto de Deus estamos, mais iremos ver que nada valemos”.
Tudo é pela Graça de Deus.
Somos um, porque em Cristo somos um.
Que Deus nos ajude.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

I Coríntios 1:1-9

Hoje entramos na 1ª Carta aos Coríntios.
É importante conhecermos o contexto da cidade para percebermos a dimensão e os objectivos com que a carta foi escrita pelo apóstolo Paulo.
Sendo assim, percebemos em Actos 18 (Leitura feita) que foi Paulo quem fundou a Igreja e permaneceu lá durante 1 ano e meio. Foi precisamente no final da sua segunda viagem.
Depois da saída de Corinto foi para Éfeso e foi certamente lá que escreveu esta carta.
A cidade de Corinto era muito importante. Estava na principal rota entre Roma e o Oriente. Era, naquela altura, um centro de negócios, comércios e cultura. Consideravam-se todos muito sábios.
Tinha um porto muito importante e, por isso, era uma cidade estratega para a proclamação do Evangelho.
A ideia de Paulo era que as pessoas ouvissem o Evangelho e depois quando fossem para as suas terras proclamassem a outras.
Era uma cidade relativamente nova porque em 146 AC fora destruída totalmente pelos romanos e apenas em 46 AC fora reconstruída por César Augusto.
Em Corinto confundia-se religião com a prática sexual. Por exemplo, tinham um templo, na parte mais alta da cidade, onde adoravam uma deusa (Afrodite) e tinham cerca de mil sacerdotisas, as quais se envolviam com os frequentadores daquele sítio e chegavam ao ponto de ir até à cidade à procura de pessoas para se relacionarem. Este pormenor será importante para depois compreendermos certos aspectos nesta carta.
Era uma cidade também marcada pelo homossexualismo, bebedeira e glutonarias.
Paulo escreve esta carta, acredita-se que esta tenha sido a segunda, como resposta ao que ouviu de Cloé sobre aquilo que se estava a passar na comunidade.
Assim, o apóstolo tem a necessidade de reafirmar como a Igreja deve ser e por que deve ser assim.
I Coríntios 1:1 Da parte de Paulo, chamado por Deus para ser apóstolo de Cristo Jesus, e o irmão Sóstenes,
Partindo da certeza de que a sua vida é Deus, Paulo, no início desta carta, mostra quem ele é.
Ou seja, não são as circunstâncias que o definem. Em Deus ele tem a sua identidade.
Vejamos… Paulo chamado por Deus. Então, ele é quem é não pelo seu mérito, mas porque Deus o chamou.
Quando Paulo percebeu a chamada de Deus, entendeu que essa convocatória era uma tarefa que lhe estava a ser destinada.
Dessa forma, Paulo fez o que fez não por causa dele ou das suas ideias, mas fez por causa de quem o chamou.
Diz-nos o texto, Paulo foi chamado por Deus para ser apóstolo.
Isto é, alguém enviado por Deus com autoridade dada pelo próprio Deus.
Paulo sabe assim quem era e o que devia fazer até Deus o chamar para Si.
A definição da vida de Paulo e do que ele fazia era sempre em relação a Deus e não às coisas. A sua vida tinha significado sempre a partir de Deus.
Por outro lado, certas coisas que Paulo antes considerava como importantes, deixaram de o ser depois de ele definir a sua identidade a partir de Deus.
Vejamos… Filipenses 3:7 “Mas todas essas coisas, que eu julgava proveitosas, considero-as agora como esterco por amor a Cristo” ou por estar em Cristo.
Vivemos hoje numa sociedade que procura que as pessoas arranjem significado para a sua vida pelo que têm ou por aquilo que podem obter.
O mundo actual obriga-nos a pensar que somos alguém quando temos certas coisas, que devemos agir de acordo com o nosso coração ou até mesmo por aquilo que nos parece que irá trazer felicidade.
É curioso notar que o desespero ou a angústia tomam conta de nós quando não é possível adquirirmos tais coisas ou percebermos que determinada acção apenas nos trouxe felicidade momentânea e que, afinal, a angústia ainda toma conta de nós.
Quem procura significado nas coisas ou naquilo que pode fazer, é porque a posição que tem em Cristo, para si, não é suficiente e satisfatória.
Lembremo-nos… Não são as coisas que nos definem, nós é que, a partir da identidade que temos em Cristo, devemos perceber na verdade o que essas coisas devem significar para nós.
É apenas possível viver neste mundo, que procura apenas a sua definição no prazer momentâneo não pensando nas consequências, quando percebemos o verdadeiro valor de termos a nossa definição garantida em Cristo.
Daí o conselho muito prático que não nos devemos conformar com este mundo.
Foque o seu olhar para Cristo que é o autor e consumador da nossa fé (Heb. 12:2) e assim irá viver a vida com um objectivo claramente definido.
Resultado? Não precisará de obter nada para encontrar paz para si, ou para a sua família, ou até mesmo para a nossa Igreja.
Somos muito hábeis a comparar a nossa vida com os outros, em vez de olharmos para a vida com a perspectiva de que já fomos conquistados por Cristo. E isso nos chega.
Paulo é muito claro. Sei quem sou em Cristo e sei para onde vou. Sou santo… Separado para Deus.
É nesta perspectiva que ele escreve para a Igreja de Corinto,
V2 “À Igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome do nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”.
Neste versículo percebemos os destinatários da carta. A Igreja de Corinto e também a todos os cristãos espalhados pelo mundo fora.
Percebamos primeiro o que Paulo diz sobre Igreja…
“À Igreja de Deus”.
Atos 20:28 – “Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue”.
A Igreja é de Deus porque Ele comprou-a a Si mesmo com o seu próprio sangue, o sangue do Seu filho Jesus.
É tendo esta noção que podemos perceber quem Deus é e o que Ele deseja para as nossas vidas.
Não iremos obedecer a Deus com alegria, enquanto não percebermos o valor desta conquista.
Tal como vimos, é apenas olhando para Deus que percebemos quem somos. É apenas olhando para Deus que percebemos a nossa missão. É apenas olhando para Deus que sabemos para onde vamos. Por isso… Temos Esperança.
Dessa forma, a Igreja Baptista da Graça deve reflectir em tudo aquilo que faz a imagem do Deus vivo.
Deus tem plena liberdade de decidir o que quer fazer da nossa Igreja porque a Igreja é d’Ele. Comprou-a a Si mesmo.
Isso é o melhor para nós porque também sabemos que toda a Sua vontade é Santa e boa para nós. Ou confiamos ou não. Ou fazemos com alegria ou não.
Se Deus nos comprou, então é porque nós estamos separados para Ele. Logo somos santos.
estamos livres da escravidão do pecado. Já temos liberdade para fazer aquilo para o qual fomos chamados.
Para entendermos este versículo e os versículos a seguir, temos que perceber que Paulo fala aqui da, como chamamos em Teologia, “Santificação Posicional” a qual acontece apenas uma vez.
No entanto, o texto diz que somos santos e chamados para ser santos.
O que significará isto? Então estamos ou não estamos com a nossa posição definida? Será que ainda temos que fazer algo? Afinal somos legalistas?
Apesar de a nossa posição já estar definida em Cristo e sabermos que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, a Igreja (todos nós) somos chamados a viver uma vida de santidade.
A verdade é que é um processo que é longo e quando vencermos algumas etapas, lembremo-nos que podemos voltar a cair.
Esta é a santificação progressiva a qual termina apenas quando partirmos ou então quando Jesus vier.  
A santificação não é a maneira pela qual Deus sabe o quanto nos deve amar*. Serve sim, para mostrarmos o quanto amamos a Deus no nosso dia-a-dia. E a melhor forma, caso erremos, é através do arrependimento.
Deus ama-nos incondicionalmente, poderosamente e eternamente.
Deus amou-nos antes da fundação do mundo.
Ele chamou-nos para sermos santos (separados) e nós respondemos a esse chamado em Santidade.
Deus é Santo e por isso nós também o devemos ser (I Ped. 1:16).
Devemos ser sempre na medida em que Deus é*.
Somos chamados cada vez mais a reflectir a imagem do Deus vivo e assim espelhar a imagem de Cristo no mundo.
Isto tudo acontece, tal como diz o texto, porque invocaram o nome do Senhor Jesus. Isso foi consequência da Graça do nosso Deus que transformou os corações de pedra.
Ezequiel 11:19-20E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; Para (consequência) que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus”.
Tal como percebemos neste versículo de Coríntios, 3 coisas aconteceram… Fomos santificados/separados para Cristo Jesus; Somos chamados a ser santos; Invocámos o nome do Senhor Jesus (Rom. 10).
V3 Que Deus, nosso Pai, e Jesus Cristo, nosso Senhor, vos dêem graça e paz.
V4 Sempre dou graças a Deus a vosso respeito, a propósito da Sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus;
Depois de termos percebido que as nossas vidas estão definidas em Cristo Jesus, percebemos neste versículo o propósito do chamado de Deus… Sermos santos.
Através desta oração de gratidão de Paulo iremos perceber os verdadeiros motivos pelos quais devemos ser santos e o porquê de isso ser possível.
Tudo muda quando percebemos que, tal como lemos neste versículo, somos salvos pela Graça de Deus e não pelos nossos méritos.
O que Deus fez com o nosso pecado, em Cristo, é poderoso*.
Saber disto muda a nossa visão, faz com percebamos que em Cristo temos tudo, devido ao Seu amor por nós.
Deus não precisava de nós, Ele não se sentia sozinho, mas decidiu partilhar o amor que tinha com o Seu filho connosco. Por isso, podemos chamar Deus de Pai.
Entender e ter Deus como Pai é a melhor bênção que pode haver. É sinal de termos tudo.
V5 Pela união com Ele tornaram-se ricos em tudo:
Quando estamos em Cristo temos tudo. Nada nos faltará enquanto Igreja.
Paulo saudou aqueles irmãos da Igreja de Corinto e saudou-os na medida em que Deus estava a actuar na vida deles.
A questão não era tanto o que eles estavam a fazer (mais tarde iremos ver várias repreensões sobre as suas acções) mas sim aquilo que Deus estava a conceder-lhes em Cristo.
Diz-nos o texto que, em Cristo, todos os cristãos são ricos. Nada lhes faltará.
Mesmo podendo não ter dinheiro, eles continuavam a ter tudo o que era necessário em Cristo.
A vida do cristão tem de apontar sempre em Cristo. Sempre!
Percebemos também que os cristãos são capacitados por Deus, através de dons, para realizarem o ministério para o qual foram chamados. “Fazer discípulos de Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo, para a Glória de Deus.”
Na Igreja também nada nos faltará.
Aliás, se faltar, é porque algum de nós, por exemplo, não está a colocar os seus dons ao serviço para o qual lhes foram concedidos*. Edificar o corpo de Cristo.
Somos ricos em quê?
V5 Na capacidade para comunicar e para entender a mensagem divina.
Muito interessante este texto… Pelo facto de estarem ligados a Cristo, eles eram ricos.
Receberam 2 bênçãos muito especiais as quais estavam relacionadas com a Palavra de Deus.
 A verdadeira riqueza está na Palavra de Deus. É através dela que temos conhecimento da verdade (EBD).
Vejamos…
Eles eram ricos porque Deus deu-lhes a capacidade de partilhar a Palavra.
Já alguma vez associámos a riqueza a este aspecto?
Os cristãos são capacitados por Deus quando testemunham da Sua Palavra*.
O poder não está nas nossas palavras mas naquilo que o Espirito Santo faz através delas. Não estamos sós. Não tenhamos medo de evangelizar. O poder não está em nós.
Então devemos orar para que Deus nos capacite antes de falarmos. Não vai ser o medo que nos vai dominar mas sim o Espírito Santo que nos vai orientar.
Efésios 6:18-19:Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho”.
Eram ricos pela capacidade de entender a mensagem.
A verdade é que também precisamos de meditar e conhecer a Palavra, para que o Espírito Santo use a nossa mente (Catecismo).
Quando assim é, o Espírito dar-nos-á entendimento e percepção do poder da Palavra de Deus, caso contrário, acharíamos que era tudo loucura (Ler 1:18).
Mais para a frente iremos perceber que o apóstolo Paulo repreende-os por causa do abuso destes dons. Vamos deixar isso para depois.
Nota: Somos ricos porque podemos falar e entender a Palavra que é poderosa.
V6-7 Uma vez que o testemunho de Cristo está arraigado no vosso meio, já nenhum dom vos faltará, enquanto esperarem a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
As pessoas em Corinto eram muito orgulhosas pela sabedoria humana que mostravam.
Isso fazia com que não dessem valor àquele que é poderoso para actuar na vida deles… Deus.
Quando achavam que era pela sabedoria humana é porque já tinham deixado de lado ou nem sequer conheciam a sabedoria de Deus.
Daí Paulo dizer que tudo isto aconteceu não por causa da sabedoria deles mas por causa da Palavra de Deus que estava arraigada nos seus corações.
Analisando com o V2, a Palavra chegou até eles e assim puderam invocar o nome do Senhor, isto é, por meio da fé.
Deus é poderoso e Paulo garantiu-lhes que nenhum dom lhes iria faltar até à vinda de Cristo. Ou seja, nenhum dom nos irá faltar.
Em Cristo temos tudo o que precisamos, quer a nível pessoal quer a nível de Igreja. Sentimos este poder?
V8 Ele há-de fazer com que continuem firmes até ao fim, de modo que ninguém tenha de que vos acusar no dia da sua vinda.
V9 Deus chamou-vos a viver em comunhão com o seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor. E Deus cumpre a sua palavra.
Até agora percebemos que pela Graça de Deus somos santos (separados), lutando para ser santos (santificação) e que somos enriquecidos n’Ele enquanto Igreja para abençoar outras vidas com a Palavra de Deus.
Nestes dois versículos vemos algo poderoso e edificante para nós enquanto cristãos.
A perseverança não é o sinal da nossa fidelidade ou da nossa força. É sim sinal de fidelidade de Deus a Ele mesmo para connosco.
Significa isso que aquilo que nos fará aguentar até ao fim, não são as nossas forças ou capacidades, daí cairmos, mas sim o agir de Deus em nós, através do Seu Santo Espírito, dando-nos a capacidade e a vontade de arrepender.
Desistir não é de Deus*. Se caímos, lá está Deus para nos levantar.
Se nós merecíamos perder a Salvação? Oh sim… Com toda a certeza que sim. Quantas vezes?
Se nós iremos perder a Salvação? Temos a certeza absoluta que não, porque pela Sua Graça Ele irá ajudar-nos a perseverar até ao fim.
Se nós perdêssemos a Salvação, era porque o amor e a fidelidade do nosso Deus eram falíveis. E isso… É impossível.
Estamos na luta… Não desistamos. Deus é por nós e a favor de nós. Ele é o nosso Pai.
Lutemos para enquanto Igreja sermos santos para que, em tudo aquilo que fizermos, as pessoas possam render glórias ao nome de Deus.
Há pessoas vivas que na verdade estão mortas*. Há pessoas mortas que afinal estão vivas*.
Se nos arrependermos dos nossos pecados e acreditarmos que Jesus foi à Cruz no nosso lugar, poderemos dizer com toda a segurança que estamos duplamente vivos. Sentimos esta alegria?
Olhemos para as coisas não no sentido do que elas têm para nos oferecer, mas no sentido do que Deus pode oferecer por meio delas*.
Então meus irmãos, a Igreja é chamada a ser Santa porque Deus é Santo. Somos sempre na medida em que Deus é. A Igreja deve ser a imagem do Deus vivo.
Não é em vão que quando dou aconselhamento às pessoas pergunto-lhes “Qual a lição que aprendem do Evangelho?” antes de fazer determinada coisa.
Nós não fazemos para conseguir o merecimento de Deus (legalismo). Nós fazemos na medida em que já fomos aceites por Deus (Evangelho).
Logo, o problema do Legalismo é vencido com o Evangelho.
Termino apenas com uma frase do Kevin DeYoung… “Santificação, portanto, será marcada por mais arrependimento do que perfeição”*.