quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Necessitados da Graça - Vida de Tamar

“Necessitados da Graça” é uma nova série até ao final do ano.
Em Mateus 1 percebemos que existem 5 mulheres na linhagem da pessoa de Jesus.
Não é nada comum virem mulheres citadas nas genealogias, no entanto, ao contrário do que era expectável, aparece o nome destas 5 mulheres. Qual será a razão?
Neste e nos próximos domingos iremos falar sobre a vida de Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba e Maria.
Vamos ler todo o capítulo 38 de Génesis. Vamos então por partes.
V1-2 Por aquela altura, Judá separou-se dos seus irmãos e foi viver em casa de um dos descendentes de Adulam, chamado Hira. Ali Judá conheceu a filha de um cananeu, chamado Chua, e casou-se e dormiu com ela.
Contexto: Esta história aparece no meio da história de José. Lembrar apenas que os irmãos queriam matá-lo, no entanto, decidiram antes vendê-lo aos ismaelitas e estes depois venderam-no para a casa de Potifar que era o oficial de Faraó.
Alguns críticos colocam em causa este texto porque aparece no meio do nada dentro da história que se estava a desenrolar na vida de José.
No entanto, podemos perceber pelas palavras do V1 “Por aquela altura” que este texto está escrito de uma forma cronológica e, por isso, no seu lugar certo.
É um capítulo cheio de maldade e de imoralidade sexual.
Judá, filho de Jacób, teve a ideia de vender José em vez de matá-lo e depois separou-se dos irmãos sendo que casou com uma mulher cananeia.
Logo aqui podemos perceber que a vida de Judá não estava bem. Era muito claro para o povo hebreu que não podiam casar com pessoas que não fossem hebreias, ou seja, que não seguissem a Deus.
Em toda a Escritura percebemos que Deus sempre quis e quer que os Seus filhos casem com pessoas tementes a Ele.
V3-6 Ela ficou grávida e deu à luz um filho, ao qual Judá deu o nome de Er. Depois ficou novamente grávida e deu à luz outro filho a quem pôs o nome de Onan. Algum tempo depois, deu à luz mais outro filho, ao qual pôs o nome de Chela, que nasceu quando Judá se encontrava em Quezib. Judá casou o filho mais velho, Er, com uma mulher chamada Tamar.
Desta relação não permitida com uma mulher cananeia, nasceram 3 filhos.
O mais velho casou com Tamar. Este era o primogénito da família e, por isso, aquele que continuaria a linhagem da família.
V7 Mas o SENHOR não gostava do mau comportamento de Er e fez com que ele morresse.
Deus não estava ausente desta confusão e da pecaminosidade existente nesta família.
Ele matou Er pelo seu mau comportamento. Não se sabe ao certo o que se passou mas a verdade é que também não precisamos de saber.
Deus é sempre justo naquilo que faz e não precisamos de explicações d’Ele face às Suas acções. E há actos Seus que nos parecem injustos mas quem somos nós para criticarmos ou examinarmos as acções de Deus?
V8 Então Judá disse a Onan: «Casa com a viúva do teu irmão, para que o teu irmão possa ter descendentes, pois essa é a tua obrigação como cunhado.
Aqui vemos uma primeira referência ao costume antigo do Levirato. Segundo esta lei, o irmão daquele que tinha morrido teria que casar com a viúva, porque esta não tinha tido filhos.
Os descendentes eram considerados filhos e herdeiros do morto. Em Deuteronómio 25 temos mais informações relativamente a esta lei.
Ou seja, segundo o texto bíblico, Onan tinha a obrigação de dar filhos a Tamar.
9 Mas Onan sabia que o filho que nascesse não seria considerado seu. Por isso, cada vez que tinha relações com a viúva do seu irmão, ele derramava no chão o sémen, e assim evitava dar descendentes ao seu irmão.
Onan sabia que se tivesse um filho com Tamar, ele não era considerado seu. Dessa forma, simplesmente fazia com que as coisas não acontecessem.
Mais ainda porque ao ter um filho, esse filho seria considerado o primogénito na família tendo por isso a liderança na família recebendo ainda herança dupla.
Mais uma vez, outro filho de Judá que não estava a cumprir aquilo que Deus tinha ordenado.
Interessante notar a cadeia de desobediência a Deus. Judá desobedece e casa com uma mulher cananeia, tem filhos e eles desobedecem ao Senhor.
10 Aquele procedimento desagradou muito ao SENHOR, e o SENHOR fez com que também ele morresse.
Dois aspectos rápidos que podemos perceber aqui:
Deus não está ausente desta confusão toda.
Deus agiu contra o pecador.
Assim, meus irmãos, podemos ver que Deus matou 2 filhos a Judá por causa do pecado cometido.
11 Judá disse à sua nora Tamar: «Volta para casa do teu pai como viúva, até que o meu filho Chela cresça.» O que Judá na realidade pensava era evitar que ele morresse também como os irmãos. E assim Tamar foi-se embora e foi viver para casa do seu pai.
Das duas uma… Ou Judá sabia que Deus não pactuava com o pecado e por isso tinha medo que a cadeia do pecado alastrasse para o filho mais novo, ou então, também podia achar que era a sua nora Tamar que trazia grande infortúnio à família.
A verdade é que o pecado cega e não permite ter o discernimento necessário perante as situações.
Face a isso, Judá disse a Tamar que fosse para casa do seu pai. Talvez achasse que ela assim esquecer-se-ia da ideia de ter filhos e então protegeria o seu filho mais novo.
Ao fazer isso, Judá estava também a desobedecer a Deus e a fugir das suas responsabilidades segundo a lei do Levirato.
Também colocava a vida de Tamar em risco, pois uma mulher sem filhos, naquela cultura, era a mesma coisa que deixá-la ao abandono e sem condições algumas para o seu sustento.
Seria uma mulher sem nome e isolada de todos.
12 Passado bastante tempo, morreu a mulher de Judá, a filha de Chua. Terminado o período de luto, Judá foi a Timna com o seu amigo Hira, de Adulam, para ir ver os que faziam a tosquia do seu gado.
Judá ficou viúvo. Não se sabe os motivos da morte da sua mulher.
V13-14 Alguém foi comunicar a Tamar: «O teu sogro vai a caminho de Timna para assistir à tosquia do gado.» Ela tirou os seus vestidos de viúva, cobriu o rosto com um véu e sentou-se à entrada de Enaim, que está no caminho para Timna; porque ela sabia que Chela já era crescido e ainda a não tinham casado com ele.
Quando diziam que alguém ia assistir à “tosquia do gado” era a mesma coisa que dizer que iam a festas pagãs as quais promoviam comportamentos devassos em honra da fertilidade.
Mais uma vez, Judá ia a sítios que Deus não permitia que os Seus filhos fossem como locais que promovam a promiscuidade.
Mais uma vez o pecado gera pecado.
Tamar percebeu que algo estava errado. O filho prometido já era um homem e ainda não a tinham chamado para casar-se com ele e assim suscitar descendência.
Crê-se por isso que tenham passado vários anos.
15 Judá viu-a e pensou que se tratava de uma prostituta, pois ela tinha o rosto coberto.
Como Judá vinha de um sítio promíscuo onde haviam muitas meretrizes, ele achou que ao encontrar uma mulher com o rosto coberto, esta fosse uma meretriz cultual.
Nota: Relembrar que em Coríntio ainda havia também esta prática. 
V16 Desviou-se um pouco do seu caminho, para passar junto dela, e disse-lhe: «Deixa-me dormir contigo.» Ele não sabia que era a sua nora. Então ela perguntou: «Que é que me dás para dormires comigo?»
Judá mostrou toda a sua iniquidade espiritual.
17-19 Ele respondeu: «Mando-te depois um dos cabritos do meu rebanho.» Ela replicou: «Mas tens que me dar alguma coisa como garantia de que mo vais mandar.» Ele perguntou-lhe: «Que é que queres que eu te dê como garantia?» Ela respondeu: «O teu anel de selar mais o cordão e o cajado. Depois disso, ela foi-se embora, retirou o véu com que se cobria e voltou a vestir as roupas de viúva.
Tamar queria uma prova cabal que tinha estado com Judá. Por isso, pediu-lhe o anel que era usado para assinar os contractos, o cordão que prendia o anel ao pescoço e o cajado que indicava que Judá era o primogénito de uma família muito importante.
Este era um costume normal em Cananeia de pedir 3 objectos para comprovar a veracidade de algum acontecimento. Tamar tinha-os.
V20-23 Judá mandou o cabrito pelo seu amigo, de Adulam, para que aquela mulher lhe restituísse a garantia, mas não a encontraram. Então perguntaram à gente daquele lugar: «Onde está a prostituta de Enaim que costuma estar à beira do caminho?» Mas eles reponderam: «Aqui não há nenhuma prostituta.» Ele foi de novo ter com Judá e disse-lhe: «Não consegui encontrá-la e a gente daquela localidade respondeu-me que não havia nenhuma prostituta naquele sítio.» Judá respondeu: «Deixa-a lá ficar com as coisas para não cairmos em ridículo. Tu bem sabes que eu procurei enviar-lhe o cabrito, mas tu não a conseguiste encontrar.»
Percebemos aqui Judá a tentar cumprir o seu acordo, mas na verdade foi informado que não havia nenhuma prostituta cultual naquela zona.
V24 Uns três meses depois, foram dizer a Judá: «A tua nora Tamar está grávida; deve ter andado na prostituição.» Judá respondeu: «Condenem-na à morte na fogueira!»
Judá mandou queimar a sua nora por ter cometido o mesmo pecado que ele, o qual foi cometido até com ele. Incoerência total.
Mais tarde, na Legislação de Moisés, os sacerdotes que praticassem estes actos de prostituição ou tivessem actos de incesto seriam mandados para a fogueira.
V25-26 Mas quando a levaram para ser condenada, ela mandou dizer ao seu sogro: «Eu estou grávida do homem a quem pertencem estas coisas. Procura saber, por favor, a quem pertencem este anel de selar com os cordões e este cajado.» Judá reconheceu que eram seus e disse: «Ela é que tem razão e não eu, pois eu devia ter-lhe dado o meu filho Chela em casamento e não o fiz.» E não voltou a dormir com ela.
Judá reconheceu assim o seu erro ao não ter dado o seu filho a Tamar como deveria ter feito. E, face a isso, nunca mais tocou em Tamar.
Tamar estava grávida. No entanto, isso não a isentou do seu pecado duplo: Ter tido relações com o seu sogro. Esta acção de Levirato com o sogro apenas era aceite por culturas pagãs. Ao estar com o sogro e ao pedir-lhe os 3 objectos, este deve ser considerado um acto promíscuo e premeditado, mesmo sabendo que tinha um objectivo.
Tamar fez isto para dar continuidade a esta linhagem e também para prover sustento para si.
Apesar do objectivo final de Tamar ser bom não a isenta do pecado que cometeu no meio para atingir o seu alvo.
Abraão também pecou ao ir ter com a sua escrava para ter descendência. Ele tinha até boas intenções mas eram intenções pecaminosas, porque no fundo não acreditava que Deus realizasse a Sua obra.
V27-30 Chegou o tempo e ela deu à luz dois gémeos! Ao nascerem, um deles estendeu primeiro a mão e a parteira agarrou-lha e atou nela uma fita vermelha e disse: «Este será o primeiro a nascer.» Mas ele voltou a recolher a mão e quem nasceu primeiro foi o outro e a parteira disse: «Anda! Conseguiste abrir passagem para ti!» E deu-lhe o nome de Peres. Depois saiu o irmão que trazia na mão a fita vermelha e deram-lhe o nome de Zera.
O primeiro dos gémeos foi Perez. Estava para ser Zera, até a parteira colocou a fita no seu pulso para saber quem era o primogénito.
No entanto, Deus soberanamente decretou como seria e escolheu a Perez para ser o descendente e assim continuar esta linhagem messiânica.
Qual a razão de ter sido Perez e não Zera? Não sabemos e nem nos compete saber. O que sabemos é que Deus sempre foi, é, e continuará a ser justo em tudo o que faz.
Deus escolheu soberanamente este filho, fruto de uma relação incestuosa, para dar continuidade à linhagem da qual vinha o Seu filho Jesus.
Qual a razão? Deus sempre desejou mostrar que tudo o que acontece, acontece de acordo com a Sua vontade.
Lendo Mateus 1:3 percebemos que a linhagem veio sempre do homem, mas Mateus fez questão de colocar o nome de algumas mulheres.
Judá gerou de Tamar a Perez e a Zera e Perez gerou Edom. Ou seja, quem deu continuidade à linhagem de Judá foi Perez.
Qual a razão de Deus colocar na Sua Palavra o nome de Tamar na linhagem do Seu filho Jesus? Não era normal e nem era necessário.
No entanto, acredito que Tamar está na linhagem de Jesus por alguns motivos:
1º Para salientar que a Graça de Deus cobre qualquer multidão de pecados.
O pecado de Judá fez com que surgissem outros pecados, quer na sua vida pessoal, quer na dos seus mais próximos.
É um ciclo porque o pecado gera pecado. No entanto, há Esperança.
Não há nada que possamos ter feito que não possa ser perdoado por Deus porque os Seus olhos estão com aqueles que têm o seu coração contrito, mostrando assim arrependimento.
Há Esperança para este ciclo de pecado.
As pessoas ao nosso lado podem acusar-nos de termos pecado, mas se realmente houver arrependimento, tenhamos a certeza que a Graça de Deus estendeu-se sobre nós porque a Graça de Deus gera arrependimento.
Tamar não foi abençoada pelo que fez. Ela foi abençoada apesar do que fez. E isto é Graça.
Todo o capítulo contrasta a depravação humana com aquilo que Deus está a fazer no meio daquela confusão.
Houve Esperança porque o olhar de Deus estava sobre eles e quebrou este ciclo.
A Graça de Deus reina sobre o pecado seja ele qual for e Mateus, propositadamente menciona mulheres – não é normal e por isso salientarmos esta ênfase – que tiveram vidas chocantes aos nossos olhos.
2º Em Jesus temos um novo nome.
Deus matou os filhos de Judá por causa dos seus pecados, no entanto Deus entregou o Seu filho por causa dos nossos pecados.
Na linhagem de Jesus poderíamos ver apenas vidas de homens ou mulheres que fossem cheios de fé apesar de poderem pecar em algum momento. No entanto, vemos vidas que mostram quem nós somos na realidade.
Ao olharmos para a linhagem de Jesus vemos que pessoas como Judá ou Tamar tiveram um novo nome porque se arrependeram.
Para todos aqueles que se arrependem dos seus pecados e crêem que Cristo foi à Cruz no seu lugar, há a certeza que em Cristo temos um novo nome e damos assim continuidade, em certo sentido, à Sua “linhagem”.
João 1:12Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”.
3º Em Tamar percebemos que todos nós somos necessitados da Graça.
Mark Driscoll, o qual recentemente mostrou que era necessitado da Graça de Deus, tal como todos nós, disse o seguinte “Tamar aparece na linhagem de Jesus para mostrar que as melhores famílias são famílias pecadoras e que precisam de Cristo”.
Então meus irmãos, não pensemos que o pecado afecta apenas os outros. Ele afectou toda a raça humana.
Não pensemos que um certo tipo de pecado acontece só aos outros. Todos nós podemos cometê-lo. Por isso, temos que ter uma vida de intimidade com Deus para que possamos vencer as tentações.
Tamar é o exemplo que o pecado pode ser cometido por qualquer um de nós, no entanto, em Cristo há esperança.
Tem sentido esta esperança?
Tem sentido o perdão do nosso Deus?
1 Crónicas 16:11 “Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente”.*4º Em Tamar percebemos que por nós mesmos não conseguimos chegar até Deus. É impossível.
Cheguemo-nos com confiança até Deus mesmo sabendo que podem vir mais tempestades.
Em Cristo sabemos que eternamente estas tempestades acabarão e conseguiremos viver finalmente uma vida de pleno louvor a Deus.
Lembre-se que a sua vida pode ser marcada mais pelo arrependimento do que pela perfeição, mas, mesmo assim, Deus o ama.
Precisamos uns dos outros para que possamos chegar até ao fim de uma forma que honre a Deus.
Hebreus 3:13 “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;”.
Não deixemos então de chamar pecado àquilo que é pecado, mas se houver pecado, que possamos procurar a restauração, a qual começa com o arrependimento.
Em certo sentido, seria muito mais fácil se os meus momentos de arrependimento se resumissem apenas a esta oração "Deus perdoa todos os meus pecados".
No entanto, Deus quer que cada um de nós confesse/discrimine o seu pecado para que então possa surgir o verdadeiro arrependimento.
Este momento começa com dor mas acaba com uma paz tremenda.
Todos nós somos “Necessitados da Graça” e graças a Deus que temos esta percepção.

Que Deus nos ajude.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

I Coríntios 4:7-13

I Coríntios 4:7 Quem é que te diz que és mais do que os outros? Que tens tu que não tenha sido recebido? E, se o recebeste, por que é que te orgulhas como se não tivesses recebido?
Nos versículos anteriores, Paulo mostrou toda a sua humildade ao considerar-se como ministro. Relembrar que esta palavra era usada para os marinheiros mais servis de todos sendo até desprezados pelos outros por terem um trabalho tão subserviente.
Paulo considerou-se ministro de Deus logo um mero servo d’Ele e do Seu povo, ou seja, da Sua Igreja.
Nestes versículos, percebemos que Paulo estava mais uma vez a combater o orgulho existente naquela comunidade em Corinto. Por quê? Porque eles faziam de tudo para se mostrarem superiores aos outros.
Paulo usou algumas perguntas irónicas como quem diz:
Como é que alguém se pode achar superior ao outro sendo que tudo o que nós temos foi dado por Deus? E se recebemos de Deus, porque é que há orgulho como se fosse algo gerado por nós?
Estas perguntas retóricas têm a finalidade de mostrar que homem nenhum tem algo de bom em si mesmo sem a acção de Deus na sua vida, e quando há transformação de coração foi apenas como fruto da Graça de Deus.
No fundo, os cristãos em Corinto estavam a orgulhar-se por algo que lhes tinha sido dado pela Graça de Deus através de homens. E onde há Graça não há merecimento.
O Evangelho faz-nos humildes e livra-nos do orgulho. Retira a nossa vida do centro do Evangelho e mostra-nos que Deus é o Evangelho. Ele sim é a boa nova.
Nós somos apenas receptores dessa Graça e, por conseguinte, proclamadores da mesma.
V8 Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco.
Esta é precisamente a crítica que vemos à Igreja de Laodiceia em Apocalipse 3:17Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que afinal és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”.
Neste versículo Paulo repreende-os de forma severa como quem diz “Vocês acham-se os maiores. Pensam que já têm maturidade espiritual e afinal andam aí em guerras uns com os outros. Acham que já têm tudo e não precisam de mais nada. Basta-vos terem conforto para acharem que estão no centro da vontade de Deus”.
A palavra “fartos” tem precisamente esta conotação de saciedade e sentimento de satisfação. Consideravam-se ainda ricos e como se reinassem neste mundo. Ou seja, sentiam-se plenamente seguros e sem carência de nada.
Os coríntios afirmavam algo que nem mesmo os apóstolos tinham a ousadia de dizer.
Percebemos também que Paulo desejava na verdade que eles tivessem maturidade espiritual e que fossem ricos em Cristo, mas a verdade é que isso ainda não tinha acontecido.
A forma como viviam mostrava a mentira das suas palavras. A incoerência era total.
Notemos agora a mudança de perspectiva…
Os cristãos em Corinto achavam-se donos e senhores de tudo, como quem diz: “já estamos a reinar em plenitude neste mundo”, no entanto, os apóstolos tinham outra percepção sobre o lugar que ocupavam neste mundo.
Será muito interessante notarmos este contraste.
V9 Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espectáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens.
Ao dizer estas palavras, Paulo não estava num registo de autocomiseração, como quem diz “Ai coitadinho de mim que estou aqui a sofrer por amor a Deus, logo sou o maior”.
Ele usa a imagem dos prisioneiros condenados que são levados em último lugar para a arena romana para serem mortos no combate e assim serem usados como espectáculo para o ser humano. Ele mostra até a abrangência total “Tanto a anjos como a homens”.
No entanto, o que depreendemos destas palavras é que Paulo aceitou de uma forma humilde e serena o que Deus tinha destinado. Como quem diz, “Se é para sofrermos ou morrermos, vamos a isso”.
Ou seja, a nossa vida é para ser vivida como Deus quer que ela seja e não como nós queremos que ela seja.
Reparemos na veracidade destas palavras na vida de outros apóstolos.
Actos 5:40-42
O CASTIGO – “Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los e deram-lhes ordens para não falarem mais no nome de Jesus. Depois soltaram-nos”.
A REACÇÃO AO CASTIGO – “Os apóstolos saíram do tribunal muito contentes por Deus os ter achado dignos de sofrerem por causa de Jesus”.
A CONSEQUÊNCIA DE PERCEBEREM O SEU LUGAR EM CRISTO – “E não se cansavam de ensinar todos os dias no templo, e de casa em casa, e de pregar a boa nova de que Jesus é o Messias”.
Estar em Cristo é o lugar mais seguro onde podemos estar, mesmo no meio da nossa dor ou sofrimento.
V10 Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis.
Paulo usou outra vez a sua ironia*.
Com estas palavras ele estava a dizer simplesmente que ao pensarem daquela forma - estamos satisfeitos e saciados - no fundo estavam a chamar os apóstolos de loucos. Eles sim, os cristãos em Corinto, eram sábios porque viviam uma vida calma e tranquila.
Se os cristãos em Corinto fossem confrontados com o que fora dito anteriormente nesta carta, perceberiam que os loucos seriam eles mesmos porque para Deus a sabedoria e o conforto deste mundo são loucura.
Eles achavam loucos os apóstolos porque estes viviam a “loucura da Cruz de Cristo”. Achavam que eram fracos por estarem a sofrer por amor a Deus. Como quem diz “Cristão a sofrer? É porque é fraco”.
Como é que se pode considerar alguém fraco por estar a sofrer por amor a Deus?
É um grande privilégio sofrer por amor a DeusE a maior loucura é não perceber isto. E atenção, muitas vezes eu sou este louco!
Eles viviam numa pura acomodação espiritual porque estavam preocupados apenas em perceber quem era maior do que quem e também porque não estavam também interessados em saber o que era pecado ou não - iremos perceber isso mais à frente.
1111 Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos.
Nós que tanto desejamos ter as contas certas, comida e bebida na mesa, ter um belo conforto e uma habitação boa e certa, ao lermos estas palavras ficamos completamente estarrecidos.
Provavelmente, alguns de nós, nem compreendemos ao pormenor o que isto possa significar.
Atenção que Paulo não se estava a queixar ou a usar este argumento para mostrar superioridade em relação aos outros.
Ele simplesmente queria dizer que o seu conforto e a sua estabilidade apenas podiam estar no Senhor, independentemente dos custos físicos ou sociais que isso podia ter.
Servir a Deus é o mais importante, independentemente se vamos ter que comer ou beber, se vamos ser injuriados ou não, ou se vamos dormir em boas casas.  
Se analisarmos com os olhos deste mundo, estas palavras de Paulo são loucura. Mas nós somos chamados a viver esta aparente loucura se assim o Senhor quiser.
Vejamos mais sinais de maturidade cristã…
V12 Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos;
Paulo é muito claro… Vocês acham que estão satisfeitos e que Deus está feliz? Então como é que vivem em guerras constantes uns com os outros? Acham que isso é ter maturidade espiritual? Acham que quem se acha superior ao outro é sinal de maturidade?
Neste versículo ele virou o foco… Olhem para o que Deus nos chama a fazerSomos injuriados e temos de orar por essas pessoas.
Não com o sentimento de fazer justiça com as próprias mãos, mas sim para que Deus possa converter os corações de quem nos faz mal.
É bem mais fácil pedir a Ira de Deus sobre a vida de quem nos chateia, do que pedir que Deus salve a vida de quem nos incomoda.
V13 “Quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos”.
Nestes versículos, Paulo toca em quase todos os pontos que nós menos queremos que Deus mexa na nossa vida.
Ele relembra-os que eles como cristãos mesmo quando são caluniados têm que procurar a reconciliação.
Reparemos neste pormenor. Para eles não era importante se eram culpados ou inocentes. A procura da reconciliação é obrigatória.
O ponto é claro… Fomos caluniados (usaram de mentiras) mas procurámos a reconciliação. Logo eles eram inocentes.
Assim, os inocentes são obrigados a procurarem a reconciliação, não para mostrar quem tem razão mas para Deus ser glorificado.
Quem é o exemplo máximo para a nossa vida? É a partir de quem que as nossas vidas ganham significado? Qual é o nosso fundamento?
V14 Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados.
Paulo não tem como objectivo envergonhá-los ao comparar vidas, até porque, se ele aguentava o que aguentava, era porque Deus queria que assim fosse. E se aguentava era na força que Deus supre. Logo, ele não era maior do que ninguém.
Percebemos também aqui que corrigir alguém não é sinal de punição, é sinal sim da busca da restauração, muito mais do que uma simples cura, da parte de Deus na vida das pessoas.
Muito interessante este ponto… Eu repreendo-vos porque vos amo.
Assim, ao longo destes versículos podemos tirar algumas aplicações…
1º Devemos investir em quem não merece porque Deus investiu em nós quando nós nada merecíamos.
De facto nós nada merecemos.
Deus criou as coisas para a Sua glória e para o Seu Louvor.
Contudo falhámos pois quisemos buscar o nosso prazer pessoal longe da pessoa de Deus. Por isso pecámos.
Todo o pecado mostra profunda insatisfação com aquilo que Deus tem para nos oferecer.
No entanto, o Evangelho oferece esperança.
Deus enviou o Seu filho até à Cruz para levar sobre si a ira de todos aqueles que responderem com arrependimento e fé para que então Cristo possa habitar em nós e aí possamos ter a certeza da vida eterna.
Ao sabermos disto, entendemos que a vida não acaba aqui mas que há algo muito melhor à nossa espera. A comunhão plena e perfeita com Deus para todos aqueles que reconhecerem que precisam d’Ele na sua vida.
Já reconhecemos o nosso pecado?
Já reconhecemos que buscámos o nosso próprio prazer em vez de fazer aquilo que agrada a Deus e assim obter a alegria que vem do próprio Deus?
Acreditamos que Cristo foi à Cruz no nosso lugar?
Já percebemos que Cristo é a solução para o nosso maior problema que é o pecado?
Não importa de onde veio e nem importa o que fez. Deus ama-o e quer transformá-lo numa nova criatura.
Diga a Deus que não consegue viver mais sozinho e que a Sua vida não é aquilo que Ele quer que seja.
Reconheça a sua incapacidade para resolver o seu problema da eternidade e entregue-se a Ele em todas as áreas da sua vida.
Em Cristo sabemos para onde vamos e quando morrermos, morreremos felizes porque sabemos para onde vamos.
2º A forma como vivemos mostra a veracidade das nossas palavras.
Os cristãos em Corinto achavam que estava tudo bem com eles. Achavam que estava tudo bem com Deus, mas viviam a vida da forma que queriam. Seguiam homens e não o próprio Deus.
Muitos de nós provavelmente já reconhecemos que somos pecadores e percebemos até a obra que Cristo fez por nós na Cruz.
No entanto, pode acontecer que as nossas vidas mostrem incompreensão para com essa dádiva ao mostrarmos que afinal houve apenas um entendimento mental, mas não uma vivência total do Evangelho.
Vida cristã não significa que não pecamos, significa sim que se pecarmos, temos que nos arrepender. E arrepender significa confessar e mudar.
Acharmos que estamos a pecar e não fazermos nada para mudar essa situação, não tem significado algum para Deus. É preciso reconhecer o pecado e mudar o mais rapidamente possível. Os remorsos não chegam.
Não podemos estar a servir a Deus e ao mesmo tempos servir os nossos sonhos ou desejos carnais.
Quem queremos fazer felizes com a nossa vida? A Deus ou a nós mesmos?
Preferimos ouvir dizer “Muito bem” da boca do mundo, ou até da nossa consciência, ou preferimos ouvir “Muito bem” da boca do nosso Deus?
Vivemos a vida pela compreensão da mensagem da Cruz ou com base na sabedoria deste mundo?
A mensagem da Cruz leva-nos até Cristo e a sabedoria do mundo separa-nos de Cristo.
Somente em Cristo há Esperança. E este é o tempo.
Não importa o que fez, nem como está a viver. Deus quer recebê-lo de braços abertos para transformá-lo completamente. Tem este desejo de mudar?
Para Deus não há pecado que não possa ser perdoado. Arrependa-se.
3º Em certo sentido, não importa onde estamos, importa sim quem somos.
Aqueles que são cristãos já não vivem para conquistar em busca do contentamento, mas vivemos porque já fomos conquistados por Cristo e isso nos satisfaz.
O impossível já aconteceu e por isso não precisamos de fazer mais nada para que as nossas vidas possam fazer sentido.
Nessa medida, os planos que Deus tem para nós são muito superiores aos nossos planos.
O apóstolo Paulo percebeu que o seu lugar era o lugar que Deus tinha para ele.
É inconcebível fazermos planos e não pensarmos como Deus pode ser mais glorificado naquilo que pretendemos fazer.
A conquista de Cristo chega-nos para vivermos a vida que Deus tem para nós?
Se a nossa satisfação estiver em Cristo, nós podemos passar por necessidades, por difamações, por dores, até perdermos tudo e mesmo assim conseguimos dizer “Posso viver em toda e qualquer situação porque é Deus quem me fortalece”.
Os filhos de Deus vivem com contentamento porque é Deus que os satisfaz.
O orgulho é uma ilusão. Faz-nos pensar que o que temos materialmente é suficiente ou que ainda precisamos de ter para sermos felizes.
O orgulho não permite ver o perdão que Deus tem para oferecer, porque faz-nos achar que somos perfeitos.
O orgulho não permite buscar a reconciliação com o outro mesmo podendo ser inocentes.
O orgulho não permite fazermos mudanças drásticas na nossa vida, porque faz-nos achar que há sempre tempo para as fazer.
Nós não sabemos o dia de amanhã.
Percebamos que os filhos de Deus não vivem no pecado, apesar de poderem pecar.
Em certo sentido, a questão não está na queda, mas no que fazemos após a queda.
Temos vivido a nossa vida com satisfação?

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

I Coríntios 4:1-6

V1 “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”.
Num contexto de divisão causada pelo sectarismo, isto é, por seguirem os homens e não a Cristo, no sentido de apontarem mais as suas vidas a eles do que à Palavra, Paulo vem dizer o que realmente importa, tanto para o povo de Deus, como também para aqueles que o lideram.
Desta forma, os cristãos devem olhar para os seus líderes espirituais não como os seus ídolos mas sim como aqueles que levam as suas vidas até Cristo.
O povo de Deus deve perceber que aqueles a quem Deus chamou para liderarem o Seu povo, são apenas ministros e despenseiros dos mistérios de Deus e que estão investidos de autoridade quando as suas vidas e as suas palavras são um reflexo da autoridade de Deus relatada na Sua Palavra.
Duas definições encontramos neste texto para os líderes da Igreja.
1º A palavra “ministro” era usada num contexto das embarcações dos navios para o “remador subordinado” a todos os outros. Estes eram aqueles que tinham que puxar mais pelos remos.
Eram os mais desprezados dentro do navio, pois tinham uma posição mais servil de todas.
Dessa forma, Paulo mostrou toda a sua humildade ao dizer “Olhem sim para os vossos líderes. Eles são servos mas servos de Cristo”.
Ou seja, Paulo não diz que os líderes da Igreja são servos da própria Igreja e por isso empregados daquilo que a Igreja decidir.
Ele é muito claro neste ponto, os homens a quem Deus chamou para cumprirem os ofícios na Igreja são meros servos de Jesus Cristo porque na verdade é a Deus que têm de prestar contas do seu serviço.
Servos de Deus servindo a Igreja.
2º Os líderes da Igreja são despenseiros dos mistérios de Deus
A palavra “despenseiros” era usada para alguém que cuidava de todas as responsabilidades domésticas do senhor a quem servia. Eram simples criados ou escravos.
Os mistérios de Deus, lembrando o que fora dito ao longo destas semanas, são a mensagem de Deus que antes era oculta e que fora revelada em Jesus Cristo, o qual foi crucificado tendo depois ressuscitado.
Embora também aqui, e entendendo todo o contexto que vimos na semana passada, inclui também todo o conselho de Deus.
Desta forma, os ministros servem apenas Cristo. Estão também investidos de autoridade apenas quando são despenseiros ou proclamadores de todo o conselho de Deus e isto é a forma mais sublime de servir o povo de Deus.
Assim, Paulo disse aos cristãos para verem os seus líderes como servos de Cristo e proclamadores da Sua Palavra. Logo, não são proclamadores das suas ideias pessoais ou da sabedoria do mundo.
Poderão os irmãos pensar… Mas não somos todos servos de Cristo e também proclamadores da Sua Palavra?
Com toda a certeza que sim, no entanto, a responsabilidade primária, o que não anula a responsabilidade de todo o cristão, é dos líderes da Igreja. Eles devem ser o exemplo de como servir a Deus com a boca e com a sua vida.
Os pastores são chamados para pastorearem e não para serem pastoreados pelo rebanho, ainda que Deus use o Seu rebanho para ministrar pontualmente os Seus pastores.
Aliás, e olhando para as qualificações dos presbíteros, em I Timóteo 3, há aspectos que são responsabilidade de todos os cristãos. Por exemplo, os cristãos não devem ser dados ao vinho, como devem ser sóbrios, hospitaleiro, etc. Há apenas 2 aspectos que são diferentes: 1º Apto para ensinar. 2º Não ser um novo na fé.
Significa então isto, que os líderes que são servos de Cristo e proclamadores de todo o conselho de Deus devem ser apenas instrumentos visíveis de como as vossas vidas devem apontar a Cristo.
Este ponto não eleva os presbíteros a um nível de superioridade mas sim a um nível de responsabilidade e de uma responsabilidade servil. Apenas dizer isto as minhas pernas tremem!
2 Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel.
Naquela altura, os despenseiros eram os escravos e eram escolhidos para esta tarefa apenas aqueles que fossem mais fieis, tal era a responsabilidade que tinham.
Olhando para a Igreja, os líderes têm que ser fiéis a Deus e isto é tudo o que uma Igreja pode desejar face ao seu pastor.
Uma Igreja que ame o seu pastor, deve desejar e orar para que ele tenha tempo para orar, estudar e meditar nas Escrituras para que possa ministrar ao rebanho de Deus. Por isso, deve ajudá-lo a não ter outras tarefas que retirem este foco.
É precisamente o que vimos a semana passada e o que mais eu anseio ouvir da parte de Deus… Mateus 25:21E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
A fidelidade a Deus é o mais importante na vida do Cristão e a vida dos líderes, como responsabilidade primária, é espelharem essa fidelidade na forma como vivem e falam.
3 Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo.  
Paulo ao dizer estas palavras simplesmente mostrava que a função de um líder não é ter um grupo de seguidores ou fans mas um servir um rebanho para que este seja um seguidor de Cristo.
Ao dizer estas palavras, mostrou que não estava preocupado com o julgamento das pessoas, nem de algum tribunal humano ou até mesmo sobre o que Ele pensasse.
3 Aspectos podemos perceber para todos os cristãos:
Quando queremos ser fiéis a Deus, pouco importa o que as pessoas ao nosso lado possam dizer.
Isto não revela arrogância até porque devemos ouvir irmãos com mais maturidade cristã.
O que Paulo estava a dizer era que o padrão para a nossa vida encontramos na Palavra e por isso não importa o que outros possam dizer que não seja revelado na Palavra.
2º Talvez, daqui a uns anos – isto não é uma profecia – talvez compreendamos muito melhor o que Paulo está a dizer com o tribunal humano.
Aliás, falarmos contra certas coisas, quase que já somos julgados em praça pública.
3º Um dos nossos maiores ídolos e por isso a quem mais queremos agradar, é a nossa pessoa.
Quando fazemos as coisas para agradarmos o nosso ego, aumentar a nossa “auto-estima” ou fazer como se fossemos o fim último de todas as coisas, estamos a pecar.
Por isso, não pode ser também a nossa consciência a julgar a quem nós desejamos ser fiéis.
É a Palavra que nos julga e é a ela que temos de ser fiéis.
Um dia falaremos também sobre a importância, em certa medida, da nossa consciência (Romanos 14).
Com estas palavras Paulo simplesmente perguntou:
A quem querem agradar com as vossas palavras e com a nossa vida? Vocês querem ser fiéis a quem? Estão preocupados com o julgamento de quem?
V4 Porque, embora em nada me sinta culpado, nem por isso sou justificado; pois quem me julga é o Senhor.  
Percebemos neste texto que Paulo não tinha qualquer pecado que não tivesse sido confessado ou, por outro lado, que vivesse de forma habitual nele.
No entanto, não é a sua consciência que o vai julgar, logo não é por isso que será considerado inocente.
É o Senhor através da Sua Palavra que o irá julgar.
Assim, Paulo considerou que a nossa consciência pode ser enganosa logo não poderemos pensar “A minha consciência em nada me acusa”.
É o Senhor que nos julga meus irmãos ainda que nós possamos julgar com recta justiça.
João 7:24Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a recta justiça”, isto é, julgar se algo é certo ou errado mas sempre com a Palavra.
Ao dizer estas palavras, Paulo mostrou que não procurava a aprovação dos membros da Igreja para proclamar todo o conselho de Deus. Ele sempre foi um proclamador fiel.
Quando assim acontece, mostra-se que não se procura um “grupos de fans”, procura-se sim pessoas que através do anúncio da Palavra de Deus sejam fiéis ao próprio Deus.
A mensagem de Cristo pode ser considerada loucura mas a maior loucura é não a proclamarmos.
V5 Portanto nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará à luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o seu louvor.  
A Bíblia é um livro de tensões. Este versículo e ao lermos o capítulo a seguir podemos perceber isso.
Paulo disse para não julgarem antes do tempo, mas no capítulo 5, ele repreendeu a Igreja severamente por deixar de agir ou julgar com disciplina um caso de imoralidade.
Neste versículo, ele não anula a responsabilidade dos cristãos de analisarem todo o ensino ministrado pelo Pastor segundo as Escrituras.
Seguir o que o pastor diz apenas porque ele é o pastor da Igreja, sem se perceber se o conteúdo tem respaldo bíblico, simplesmente está-se a seguir o líder e não a Cristo. E foi isso que Paulo condenou nos primeiros capítulos desta carta.
O ponto é: Não julguem os vossos líderes segundo os vossos gostos pessoais, ou até pelas diferenças teológicas na forma de resolver algumas tensões existentes na Palavra de Deus e muito menos os julguem nas intenções com que eles fazem determinadas coisas.
Isto não é só do rebanho para o pastor, é também do pastor para o rebanho.
É Deus quem mostrará as nossas reais intenções no ministério.
Estava a ler a biografia de George Whitefield que tinha sido colega de John Wesley. Eram grandes amigos. Em 1741 começaram a discordar teologicamente mas continuaram a falar sempre com grande respeito. Antes de morrer, George Whitefield pediu que o seu grande amigo John Wesley fizesse o seu funeral mesmo tendo visões contrárias quanto à Salvação.
John Wesley aquando a morte do seu amigo George Whitefield disse “Hoje morreu um grande homem de Deus”.
Ainda esta semana dizia ao pastor Sabino. Apesar de pensarmos diferente em alguns aspectos, se eu morrer, quero que sejas tu a fazer o meu funeral.
Tudo isto acontece quando percebemos que a nossa ligação em Cristo é muito superior a qualquer outra coisa que possa até ser importante.
Voltando ao texto, Paulo escreveu estas palavras porque as pessoas estavam a desprezar-se umas às outras por serem seguidoras de homens diferentes “Eu sou de Paulo, eu sou Apolo, eu sou de Pedro, etc”.
Percebendo o contexto de Corinto podemos perceber o que Paulo quis dizer… “Podemos ter afinidades teológicas, congregacionais ou outras quaisquer, mas a única afinidade que realmente importa é a ligação que todos temos à pessoa de Jesus. Por isso, é que em Cristo somos um”.
Deus é quem dá o louvor às pessoas e nós honramos as pessoas na medida daquilo que Deus faz nelas e através delas.
V6a Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós;
Paulo disse de uma forma muito clara e humilde… Aquilo que eu vos falo, foi aquilo que eu apliquei para o meu ministério.
A responsabilidade primária, não isentando por isso as outras pessoas - daí ter escrito esta carta – tem que começar nos líderes da Igreja.
Tudo é de Cristo e para Cristo. Toda a Glória deve ser dada a Ele.
Assim meus irmãos podemos tirar algumas aplicações:
1º Como ministro de Deus, as únicas coisas importantes que tenho para vos dizer são quando as mesmas têm respaldo bíblico.
Eu não tenho um novo alimento para vos dar. Eu apenas vos dou o alimento que já nos fora dado.
Apenas preparo o alimento com os ingredientes bíblicos e o sirvo a vós para que cheguem ao bom pastor.
Este é o meu compromisso com Deus e convosco. Pregar com fidelidade todo o conselho de Deus.
Tudo o que precisamos está na Palavra.
Todo o crescimento que não seja sustentado pela Palavra tem os dias contados.
SALMOS 127:1 Se não for o Senhor a edificar a casa, em vão trabalham os construtores. Se não for o Senhor a guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas”.
Eu não tenho revelações especiais, porque se as tivesse, estaria a dizer que o que está nas Escrituras não é Suficiente.
Prego expositivamente e sequencialmente para não fugir de todo o conselho de Deus.
Isto é a forma de os irmãos perceberem que o meu objectivo no ministério, não digo que quem não o faça não o seja, é de ser fiel às Escrituras.
A mensagem de Cristo pode ser considerada loucura mas a maior loucura é se não a proclamarmos.
Não tenho como objectivo ser popular entre os irmãos ou no meio baptista, ainda que possa ser tudo tentador, mas tenho como objectivo ser fiel à Palavra. É aqui que invisto maior parte do meu tempo.
Estou aqui para servir a igreja e isso só acontece quando imito o supremo pastor: Cristo.
Algumas perguntas…
Jesus disse que “veio para servir”. Mas será que serviu segundo os interesses das pessoas à Sua volta ou até mesmo daqueles que lhe eram mais próximos?
O que faria Jesus se tivesse seguido as expectativas da multidão?
O que teria feito Jesus se seguisse os conselhos de Pedro e não fosse em direcção à cruz?
Nós não estamos na Igreja para discutir e promover a nossa "primazia", mas sim para exaltar a primazia de Cristo nas nossas vidas.

Que Deus nos ajude!

I Cor. 3:9-26

I Coríntios 3:9b “ Vós sós o edifício de Deus”.
Paulo usou a analogia da construção de um edifício para perceberem os fundamentos e a razão da existência da Igreja.
Naquela altura construir um edifício demorava centenas de anos. Era um processo muito lento porque ainda não havia máquinas que levantassem os materiais mais pesados, como por exemplo, as gruas.
Dessa forma, as grandes catedrais demoravam cerca de 4 a 5 séculos para serem construídas.
No entanto, ao relembrarmos que na Igreja havia divisões, Paulo falou-lhes que todos eram o edifício de Deus.
Ou seja, a Igreja não é sinal de vários edifícios, mas sim de um edifício.
V10 “Eu procurei lançar os alicerces, como faz um construtor ajuizado e conforme a capacidade que Deus me deu, e outro vem continuar a construção. Mas cada um deve prestar bem atenção ao modo como constrói”.
Percebemos aqui 4 coisas:
1º Paulo considerou-se como construtor do edifício de Deus.
Ele percebeu que o seu ministério passava apenas por fazer os alicerces do edifício, isto é, da Igreja.
Investiu o seu tempo no ensino correcto do Evangelho e das doutrinas de Cristo.
Tanto era um evangelista como um doutrinador. Esta carta é um dos vários exemplos de como Paulo se importava com o correcto ensino da doutrina.
2º Paulo fazia o que fazia porque Deus o tinha capacitado.
Para uma comunidade orgulhosa, Paulo revelou que fez o que fez, porque Deus o houvera capacitado.
Quando ele reconheceu isso, mostrou toda a sua humildade.
Ninguém pode estar ao pé da Cruz de peito inchado.
Aliás, a Cruz de Cristo humilha-nos, no entanto, o próprio Cristo levanta-nos com o Seu poder.
Não é pelas nossas forças, é na força do nosso Deus.
3º Não há pessoas mais ou menos importantes numa obra. Todos são servos.
Esta era uma ideia que já vinha dos versículos anteriores.
Um edifício pode demorar muitos anos a ser feito. Uns projectam, outros fazem as bases, outros constroem, outros fazem os acabamentos e outros irão habitar nele.
O mesmo se passa na vida da Igreja… Uns fizeram os alicerces, outros construíram, outros fazem os acabamentos e outros habitam ou colhem aquilo que foi feito.
Todos os pastores desta comunidade tiveram e têm a mesma importância porque tudo aquilo que foi feito, foi feito na força e sabedoria de Cristo.
4º Cada um faz a sua parte, no entanto, cada um é responsável diante de Deus pelo que faz.
Todos são responsáveis pelo que fazem, no entanto, os que fazem parte do presbitério têm responsabilidades diferentes ou melhor, terão um julgamento muito mais rigoroso sobre as suas acções e sobre o ensino ministrado à Igreja.
Em Tiago 3:1 lemos “Meus irmãos, são poucos os que devem ser mestres. Saibam que nós, os que ensinamos, teremos um julgamento mais rigoroso”.
Por isso, o ministério que tem mais responsabilidade dentro da Igreja é o ministério do ensino.
Daí percebermos que os presbíteros devem ter dupla honra porque o presbitério (liderança espiritual) é responsável por todo o ensino ministrado nesta comunidade, desde o berçário até aos adultos.
11 Ninguém pode colocar outro alicerce além daquele que já existe e que é Jesus Cristo.
O fundamento da Igreja, como pudemos ver, foi a pessoa de Jesus Cristo e a Sua obra na Cruz. Percebemos isso durante 5 domingos.
Paulo não desenhou um novo projecto para os alicerces da Igreja. Ele estabeleceu aquilo que Deus houvera dado, isto é, o ensino sobra a vida do próprio Senhor Jesus Cristo.
A Igreja não é aquilo que Paulo quis que fosse.
A Igreja é aquilo que Deus quer que ela seja, Ele assim o transmitiu pela boca do Apóstolo Paulo e de todos os outros escritores da Sua Palavra.
A Bíblia é inerrante e não nos podemos esquecer disto, porque toda ela é a Palavra de Deus, não apenas partes.
Ninguém pode acrescentar ou retirar nada à Palavra de Deus, mesmo sendo afectados por uma cultura corrompida pelo pecado.  
O nosso padrão é Cristo.
Por isso, sendo Deus o dono da Obra, ninguém pode estabelecer outro fundamento na Igreja que não seja o ensino de Cristo, o qual podemos ver em toda a Palavra de Deus.
Não há outro fundamento… Mesmo que digam que tiveram uma revelação especial de Deus.
É nesta medida que Martinho Lutero disse “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias”.
Por isso, se alguém quiser abrir uma Igreja, que não tenha como base o Evangelho da Cruz de Cristo, esta não poderá ser considerada uma igreja bíblica, por muito que nos custe.
Não há Igreja sem Cristo. O que pode haver são espectáculos religiosos, os quais, dando glória ao homem, nunca poderão dar Glória a Deus. É isso o que acontece quando colocam o ser humano como o centro do Evangelho.
Precisamos de ter cuidado com o humanismo. Faz-nos bem ao ego, mas é totalmente ineficaz.
V12 “Sobre esse alicerce, cada um é livre para construir com materiais de ouro, prata ou pedras preciosas, ou ainda madeira, feno ou palha”.
É essencial para um edifício ter bons alicerces. Talvez seja o mais importante, pois mexe com a estabilidade e durabilidade do mesmo.
No entanto, é necessário que esse edifício também tenha bons materiais de construção e bons acabamentos. Apenas com este conjunto completo podemos dizer se um edifício é bom ou mau.
O edifício pode estar muito bonito, mas vindo as tempestades os problemas (Casa Lisboa) ficam logo a descoberto.
É isso que encontramos em Mateus 7:24-27Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.
Voltando ao texto de Coríntios… O ouro, a prata e as pedras preciosas são dos materiais mais valiosos, no que diz respeito à sua resistência. Aliás, foram os materiais mais usados no templo de Salomão.
Por outro lado, a madeira, o feno e a palha são materiais que não têm resistência nenhuma face às adversidades que possam surgir.
Isto, na vida da Igreja, significa tão somente: “Tenham cuidado com tudo o que fazem lembrando-vos que a base de todas as vossas acções é Cristo”. Porquê? Porque o alicerce da Igreja é sempre a pessoa de Jesus. Não pode haver outro alicerce. Jesus Cristo é a medida de todas as coisas.
Será que saber disto muda a nossa perspectiva quando servimos a Igreja? 
No V9 percebemos que quem fez os alicerces foram os evangelistas e os pastores. Por outro lado, aqui percebemos a abrangência do ministério na Igreja.
Na versão JFA diz mesmo “Se o que alguém edifica”. Então, esta mensagem não é apenas para os presbíteros da Igreja, esta mensagem é para todos os membros que estão envolvidos no serviço a Cristo, servindo a Sua Igreja.
Todos os cristãos são chamados a servirem na Igreja lembrando-se que Cristo é a base e a medida de todas as coisas.
Tudo o que fazemos é para Deus! Em todas as nossas acções temos de espelhar a pessoa de Jesus Cristo.
Em Efésios 4:11-16 percebemos…
Deus deu os construtores… E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
Temos um bom alicerce e materiais Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
Objectivo: Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.
Então meus irmãos: Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas (Importância de todos e não de alguns), segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor”.
Temos tudo o que precisamos para sermos uma Igreja de Cristo e para Cristo! Vivamos como tal.
V13 “Mas a obra de cada um há-de ver-se. No dia do juízo, vai ficar à vista de todos, pois esse dia será como o fogo que vai pôr à prova o trabalho de cada um conforme o valor que tiver”.
Paulo sentiu a necessidade de mostrar-lhes que tudo aquilo que eles iriam fazer, iria ficar exposto.
As motivações com que eles faziam o trabalho de Deus serão reveladas nos últimos tempos, ou seja, no “Dia do Senhor” onde tudo ficará claro.
Este fogo não é o purgatório. Este fogo será o julgamento do Senhor e onde finalmente se perceberá que tipo de materiais temos usado.
14 Se o edifício construído por alguém resistir, essa pessoa receberá um prémio.
Tudo o que for feito e realizado através de Cristo e para Cristo, isso permanecerá.
Como será bom ouvir… Mateus 25:21E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
Diz o texto que essa pessoa receberá o prémio.
Ou seja, não é o julgamento no sentido se é condenado ou salvo.
A sentença para os cristãos já está dada porque Cristo pagou o preço. Este texto fala-nos do galardão prometido para aqueles que servem a Igreja de Cristo.
Não fazemos com o fim último de receber o galardão, porque se assim fosse, estaríamos preocupados connosco. Então, fazemos todas as coisas para a Glória de Deus, sabendo que se assim fizermos, iremos receber o galardão.
Ao dizer estas palavras e num contexto de divisão, Paulo mostrava assim que o galardão não estava aqui na terra mas no céu.
A ideia não é criar discípulos dos homens, mas de Cristo. Não é exaltar a pessoa, mas Deus pelo que faz através da pessoa.
Paulo apelava assim para que fossem humildes no serviço a Deus.
Mateus 23:12E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”.
15 Se o edifício arder, essa pessoa fica sem prémio. Todavia será salva, mas como que pelo fogo.
Este texto não fala de perder a salvação. A pessoa que é cristã e serve na Igreja será de facto salva, quanto mais não seja, toda chamuscada pelo fogo.
Pergunta: Será que aqueles que são salvos, embora chamuscados, são aqueles que disseram que fizeram uma decisão e nunca mais quiseram saber de Deus ou da Sua Igreja?
É que por vezes ouvimos dizer “Aquela pessoa será salva, mas será mesmo toda chamuscada. Será por um triz”.
Voltemos ao texto… Este versículo aponta para os cristãos que edificam a Igreja, logo não estão ausentes dela. Fala para aqueles que servem a Cristo.
Por isso, nunca podemos dizer que alguém que tomou uma decisão, mas vive afastado do Evangelho, será salvo por um triz. Não há base bíblica para tal. Temos é de perguntar se ela de facto é cristã.
A perseverança é a marca dos cristãos!
16-17 Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita no vosso interior? Se alguém destrói o templo de Deus, também Deus o destruirá. De facto, o templo de Deus é santo e vocês são esse templo.
Esta é uma grande advertência para quem quer ter outro fundamento que não o Evangelho de Cristo. É também uma advertência para que quem quiser destruir a Igreja de Cristo.
Paulo exorta os cristãos em Corinto para que deixem a sabedoria deste mundo de lado para que então Cristo seja o alicerce e a medida para todas as coisas que venham a seguir.
Ao haver divisões na comunidade em Corinto, a Igreja de Deus estava a ser destruída e Ele é muito claro com aqueles que provocam tais coisas.
Destes versículos podemos tirar algumas aplicações…
1º Tudo o que tira a primazia a Cristo é pecado!
Paulo advertiu os cristãos em Corinto da importância de Cristo ser o fundamento da Igreja, assim como, também, de todas as outras coisas serem feitas mediante aquilo que Cristo deixou à Sua Igreja, quer nos Evangelhos, quer nos restantes livros da Bíblia.
Assim, a vida da nossa Igreja tem de espelhar a Cristo, mais do que as nossas personalidades que são diferentes umas das outras.
Em certo sentido, as divisões surgem quando achamos que são as nossas vidas que estão em causa e não o Evangelho.
Servimos para que as pessoas nos adorem ou adorem a Cristo?
Ainda servimos pela fé? Ainda servimos com fé?
Tudo o que exalta a Cristo é precioso. Tudo o que não exalta a Cristo para nada serve.
Por isso meus irmãos, a necessidade de pregar todo o conselho de Deus. Primeiro a mim e depois a cada um de vós para que assim possamos ser quem Deus deseja que sejamos e não quem nós desejaríamos ser.
Eu desejo e luto diariamente para que possa dizer o mesmo que o apóstolo Paulo Atos 20:26-27 “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus”.
A minha fonte de autoridade não é este púlpito, nem a minha sabedoria ou, muito menos, as minhas experiências.
As minhas palavras têm autoridade apenas quando forem uma repetição e aplicação correcta das Escrituras.
Encontro-me investido de autoridade somente quando estou sob a autoridade da Palavra. Afinal, a Bíblia é a única regra de Fé e de Prática.
Nada tem mais poder para transformar a Igreja do que a pregação do Evangelho, porque é a Palavra que dá Vida.
A Igreja é a Imagem do Deus vivo e não a imagem do pastor Jónatas ou de outra pessoa.
Cristo é a razão da nossa existência.
Que as nossas vidas possam resplandecer a Palavra através da nossa boca mas também com a nossa vida.
2º Nós queremos pessoas convertidas ao Evangelho e não pessoas amigas do Evangelho.
Mais do que vidas, Deus deseja que haja Vida na vida da Igreja e essa só acontece mediante a pregação da Palavra.
Deus não está interessado que as Igrejas estejam cheias de pessoas convertidas ao pastor ou às actividades sociais da Igreja.
Nós queremos pessoas convertidas a Cristo e não convertidas às nossas personalidades. Era isto que a Igreja em Corinto não tinha percebido.
Nós temos que ter o desejo de crescer em santidade mas também em número. Não para sermos uma Igreja grande, mas para que Cristo seja mais exaltado através de mais vidas!
Quem não deseja crescer em número é porque está acomodado, porque crescer acarreta responsabilidades e serviço e faz-nos sair da nossa zona de conforto.
Por vezes, chegamos ao ponto de dizer que as pessoas não querem nada com o Evangelho, quando nem sequer as evangelizamos, ou se evangelizamos desistimos logo.
Desejamos crescer em santidade e em número enquanto Igreja?
O que temos feito enquanto Igreja para engrandecer a pessoa de Cristo?
Se nada, então vamos parar tudo o que estamos fazer, dobremos os nossos joelhos, arregacemos as nossas mangas, e coloquemos as nossas mãos à obra.
Pensemos… Somos Igreja ou um grupo de amigos que se encontram apenas para ouvir a Palavra de Deus?
A Igreja é a imagem do Deus vivo e às vezes as Igrejas estão “tão mortas” que parece que o nosso Deus está morto.
3º Servimos a Cristo quando servimos a Sua Igreja
Não servimos a Igreja apenas quando temos tempo disponível.
Nós servimos a Igreja porque essa é a nossa obrigação e mais do que obrigação devemos encarar como um privilégio.
Deus não deseja os restos e nem aquilo que nos sobeja!
Servir a Cristo e servir a Igreja estão intimamente ligadas. Não podemos dizer que somos de Cristo e não ligarmos nada à Igreja, mesmo que possamos vir todos os Domingos.
Quando assim é, parecemos aqueles casais que estão casados mas vivem a vida como se fossem dois amigos, que estão na mesma casa mas não têm nada em comum e nem sequer há qualquer tipo de relacionamento.
Daí dizermos que entender a Igreja é também entender o casamento.
4º Investimos nas pessoas porque Deus investiu em nós.
Paulo advertiu os cristãos em Corinto para viverem em unidade, porque o próprio Jesus ensinou-nos isso. O próprio relacionamento trinitário mostra isso.
O Evangelho obriga-nos enquanto cristãos a viver em unidade mesmo havendo diversidade.
O mundo ensina-nos que devemos investir nas pessoas que querem ou que merecem. A mensagem da Cruz ensina-nos que Deus investiu em quem não quis e em quem nada mereceu.
O melhor investimento que pode haver é através do ensino correcto e fiel da Palavra de Deus.
Quando saímos da Igreja, o nosso coração e a nossa boca falam de quê? Do Evangelho ou de outra coisa qualquer?
Quando estamos juntos, o nosso coração e a nossa boca falam de quê? Do Evangelho ou de outra coisa qualquer?
Claro que pode ser outra coisa qualquer, estranho é quando não falamos do Evangelho uns com os outros! E se não falamos uns com os outros, será que falamos com aqueles que não são cristãos?
Nós somos guiados pela cultura, mas pela cultura da Palavra de Deus.
Estamos mais preocupados em pedirmos bênção ou em sermos bênção?
Cristo estará satisfeito com o investimento, com o tipo de materiais que temos usado na Igreja?
A Igreja é de Cristo e Ele é a medida de todas as coisas.

Que Deus nos use e nos faça bênção e tudo isto para a Sua Glória. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

I Coríntios 3:1-9

Temos percebido nesta caminhada que a sabedoria de Deus não é igual à do homem, na medida em que Deus não age como nós. E ainda bem que assim é.
Percebemos também, que Deus salvou muitas pessoas que a sociedade considera sem importância, para que assim Deus fosse exaltado em todas as coisas.
A prova disso é que na comunidade em Corinto, não havia muitas pessoas ricas, “poderosas” ou sábias.
Em terceiro lugar, temos visto a humildade tocante da vida do apóstolo Paulo. Sendo sábio perante os olhos da sociedade, ele não usou dessa sabedoria para o seu engrandecimento pessoal naquela comunidade. Usou palavras para a compreensão de todos, simples e de fácil digestão para quem era novo na fé.
Em quarto lugar, reparámos que a compreensão da mensagem da Cruz surge nas nossas vidas pela acção do Espírito Santo, o qual tocou nos nossos corações e deu-nos esta maravilhosa oportunidade para crer.
 Hoje iremos perceber como a imaturidade cristã é vista através das divisões que são motivadas pelo orgulho.
Significa isso que os problemas da comunidade em Corinto não eram apenas causados pelo exterior, mas também por problemas surgidos dentro da própria comunidade. Esses sim, em certo sentido, os mais difíceis a serem tratados.
I Coríntios 3:1 Eu, porém irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como carnais, como crianças em Cristo.
Este é um dos versículos muitas vezes usado de forma errada. Isso acontece quando se interpreta sem analisar o contexto.
Por vezes, isto sucede para se tentar justificar que o cristão pode ser do mundo e não ter qualquer comunhão com a Igreja não prestando assim contas a essa mesma comunidade.
A ideia “eu vivo como quero e ninguém tem nada a ver com isso” é uma expressão mundana e sem qualquer respaldo bíblico. Ou seja, é sabedoria do mundo.
Ao começarmos a ler o versículo, percebemos que Paulo reconhece primeiramente que eles são cristãos. Ele chama-os de “Irmãos”.
Nota: Hoje vamos perdendo o valor e o significado de chamarmos de irmãos às pessoas da nossa comunidade.
Quando estudámos o cap. 2, vimos Paulo a afirmar que eles tinham o Espírito de Cristo e, segundo Rom. 8:9, isso é um sinal da salvação.
O que significa então esta expressão “cristão carnal”?
Algumas pessoas daquela comunidade achavam-se que eram maduras espiritualmente. Achavam que por terem o dom de curas, de línguas e profecias, isso seria sinal de maturidade cristã.
Lembremo-nos do que falámos numa EBD, até os ímpios podem fazer milagres…
Mateus 7:22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas”?
Paulo através dos seus argumentos mostrou-lhes que eles na verdade eram ainda cristãos com pouca profundidade. Eles não tinham a compreensão das consequências do Evangelho da Cruz de Cristo.
Podiam ter até o conhecimento, mas a prática revelava outra coisa. A boca afirmava uma coisa, mas a vida deles proclamava outra.
Desta forma, Paulo falou-lhes como se não tivessem maturidade e, assim, apresentou-lhes nos primeiros 2 capítulos as verdades essenciais do Evangelho e os seus elementos mais básicos.
Eles eram crianças em Cristo, porque agiam sem maturidade.
Concluímos então que o cristão carnal é aquele que tem pouca maturidade cristã, apesar de mostrar evidências da Salvação que teve em Cristo.
Volta e meia, ouvimos dizer que o “cristão carnal” é aquele que aceitou Cristo, mas ainda não é uma nova criatura. Vive como se fosse do mundo embora reconheça que Deus exista. Esta teoria foi falada e ensinada por Lewis Sperry Chafer, pela Bíblia de Referência Scofield e pela “Cruzada Campus para Cristo”. No fundo, é o homem natural, o cristão carnal e o cristão espiritual.
No entanto, tal como vimos a semana passada, na bíblia apenas há a pessoa cristã e a não cristã. Claro que dentro dos cristãos, há os que têm mais ou menos maturidade espiritual, mas não há uma classe em si.
2 Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais.
Ao lermos este versículo percebemos que eles receberam a alimentação correcta aquando a permanência de Paulo naquela cidade.
Por isso, a falta de crescimento daqueles cristãos não foi por culpa do alimento que lhes fora dado. Porque se eles tivessem feito bem a “digestão”, na altura em que Paulo lhes escreveu a carta, já poderiam falar com maturidade cristã e não como crianças em Cristo.
Qual a razão de Paulo ainda os considerar cristãos carnais?
3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
Ou na versão BPT “Orientam-se ainda por critérios mundanos. Quando se deixam levar por invejas e rivalidades, não acham que estão a seguir critérios mundanos?”
Paulo é claro no seu argumento… Quando há rivalidades e ciúmes é porque alguém ainda não cresceu na fé.
As contendas e os ciúmes são obras da carne logo não são o resultado de quem já tem maturidade espiritual.
Os cristãos em Corinto vivam num puro sectarismo, isto é, em divisões dentro da própria Igreja. Assim, Paulo afirmou que quem vive assim, não anda segundo os caminhos de Deus.
As contendas, as divisões sejam elas quais forem, ou o “diz que disse”, não devem existir nas pessoas que são guiadas pelo Espírito.
Se queremos saber o nível de maturidade cristã que temos, basta analisar a forma como vivemos a vida comunitária tanto na sua forma visível, como na invisível.
Nota: Este texto é mais uma prova de que a Bíblia não é a favor dos “desigrejados”, daqueles que dizem que podem viver a sua vida cristã sem uma comunidade. Estas pessoas são aquelas que dizem que acreditam em Deus, têm as suas orações e lêem a Bíblia sendo que não precisam de Igreja porque isso é coisa de homens.
Como é que estas pessoas interpretam estas passagens?
Biblicamente as Igrejas são usadas por Deus para a redenção/transformação das nossas vidas, por isso é o local onde devemos resolver os nossos problemas e onde as pessoas oram umas pelas outras, porque o problema de um é o problema do outro. Choramos e rimos, com quem chora e ri.
Ao analisarmos os primeiros capítulos percebemos que Paulo usou “Leite” para com eles ao mostrar-lhes o caminho da Cruz. Isto devia-os fazer humildes para com Deus e para com o próximo. No entanto, eles não digeriram este alimento.
Por outro lado, o que será o alimento sólido? Iremos perceber isso nos versículos a seguir quando Paulo explica a razão da infantilidade cristã e, por outro lado, como é que eles deveriam viver.
4 Quando, pois, alguém diz “Eu sou de Paulo”, e outro “Eu de Apolo”, não é evidente que andais segundo os homens?
5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
6 Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus.
Haver divisões ou partidos dentro da comunidade é sinal evidente da falta da compreensão da “Mensagem da Cruz”.
Já percebemos as razões pelas quais uns diziam que eram de Apolo e outros de Paulo. Resumidamente era uma questão de orgulho e protagonismo.
Paulo diz claramente que os líderes espirituais da Igreja são apenas meros instrumentos para a conversão deles e, lembrando o que fora dito anteriormente, essa conversão não estava baseada na pessoa que eles eram, mas sim em quem o Espírito Santo operava.
As conversões existentes na comunidade não estão em nada ligadas ao mérito do ser humano. Estão sim ligadas ao que Deus conceder à Igreja através da pregação fiel do Evangelho.
Notemos ainda alguns aspectos…
1º Somos chamados a ser pregadores fiéis da Palavra.
Pensemos no profeta Jeremias… Deus chamou-o para o ministério. Ele pregou de forma fiel e ninguém se converteu.
A verdade é que Jeremias entristeceu-se imenso, o que é normal porque lidava com questões eternas mas Deus considerou-o servo fiel.
Nos dias de hoje, provavelmente sabendo o “resultado estatístico” da sua pregação, ninguém o convidaria para pregar em conferências evangelísticas nas Igrejas.
No entanto, Deus considerou-o fiel porque ele pregou com toda a fidelidade a Palavra de Deus.
Ao analisarmos o V6, percebemos que o crescimento é dado por Deus através da pregação do Evangelho.
O homem não tem poder algum para controlar os efeitos da Palavra de Deus na vida do ímpio. Se por acaso controlar, é porque está a pregar outra coisa qualquer que não o Evangelho.
Assim, entendemos que por mais excelente que seja o ministério de alguém, no fim tudo depende de Deus.
Em 2º lugar… Paulo considerou-se “servo”.
A palavra no original significa “escravo”, logo escravo de Deus.
Lembremo-nos que Paulo estava a combater o orgulho o qual nada mais é do que o motor de toda e qualquer divisão ou contenda.
Ao considerarmo-nos escravos, percebemos quem somos diante de Deus. Ao percebermos isso, iremos viver as nossas vidas de forma humilde e não arrogante, porque o arrogante não entende a sua posição diante de Deus.
3º Lugar… Paulo e Apolo tinham diferentes ministérios.
Paulo afirmou que no ministério há diferentes funções. No entanto, todos são servos. Significa isto que ninguém é mais importante do que ninguém.
Paulo diz que plantou, Apolo que semeou mas no fim de contas é Deus quem faz as contas.
Por isso, evitemos comparações de ministérios mediante os resultados, porque em último grau, o aspecto decisivo é a Soberania de Deus.
7 De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento.
A humildade de Paulo é tremenda… Para mim um dos servos mais fiéis em toda a Bíblia, que mais vidas impactou com o Evangelho e no fim quase da sua vida diz “Eu não sou nada. Tudo vem, é e vai para Deus. Eu sou um mero instrumento”.
Deus pode realizar a Sua obra através de pessoas fiéis a Ele.
No entanto, Deus também pode usar pessoas perversas, a nossa dor, ou até mesmo algo que nunca imaginámos. Até uma burra Ele usou para chamar os Seus. Ele é dono de tudo.
Quem somos nós? Nada… Mas mesmo assim Deus nos ama por causa de ser quem Ele é.
No entanto, para aqueles que são usados por Ele podem ter a certeza…
8-9A Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus;
Todos somos um, apesar de termos diferentes funções.
Servimos a Deus como servos apesar de que, segundo o texto, no fim seremos recompensados pela Sua Graça.
Uma coisa é ser recompensado e outra coisa é ser dada Glória e toda a Glória deve ser dada exclusivamente a Deus, porque Ele é o dono dos campos, dos ceifeiros e da ceifa.
Deus é o único que tem poder para fazer a semente germinar.
Então, se ainda não tinham entendido o mais básico da vida cristã – a ligação a Cristo faz-nos ser unidos uns aos outros – como poderiam entender o resto?
Aplicando…
1º Beber leite espiritual não é sinal de humildade, é sinal sim de falta de crescimento na vida cristã.
Aqueles cristãos em Corinto não tinham crescido espiritualmente.
Percebemos isso quando o Apóstolo Paulo ao escrever esta carta lhes disse que ainda tinha que lhes dar o leite espiritual porque ainda não conseguiam digerir o alimento sólido. E tudo isto motivado pelo orgulho.
Será que o “bê-á-bá” ainda nos chega? Será que para nós o leite espiritual é suficiente?
Normalmente estas pessoas são aquelas que gostam apenas de cantar – “Louvorzão sem pregação”. Querem mensagens simples – entretenimento - que não as desafie a pensar e a analisar a sua vida para não as obrigar a fazer escolhas ou resoluções.
Spurgeon afirmou: “O diabo nunca criou algo tão perspicaz como sugerir à igreja que a sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo”.
Estas pessoas sabem que crescer dói, então preferem ser sempre pequenos. São orgulhosas por não quererem crescer e acham que assim estão bem.
 É uma falsa humildade acharmos que seremos sempre pequenos, logo o leite basta. O que não invalida que volta e meia se beba deste leite.
O cristão carnal é aquele que revela imaturidade espiritual. No entanto, temos de ter cuidado ao dizermos que alguém é um cristão carnal, quando essa pessoa não quer saber da Igreja, ainda que tenha seguido a Cristo durante determinado tempo ou até chegado a levantar o braço e a fazer a oração do pecador.
Se vive no pecado, temos que pensar se é de facto cristão e não um cristão carnal.
O filho de Deus não vive no pecado como forma de vida, ainda que possa cair várias vezes.
Quando tratamos o pecado por tu, é porque já tratamos há muito tempo o Espírito Santo por você.
Estes cristãos carnais reuniam-se para adoração e invocavam a Cristo. Não eram “desigrejados”.
2º O orgulho não permite fazer a digestão porém a humildade é o melhor remédio.

Paulo disse claramente que não lhes podia passar o alimento sólido porque eles não o podiam suportar, daí ter-lhes dado apenas o leite espiritual.
Mesmo tendo algum tempo de vida cristã, eles ainda eram bebés na vida espiritual. E nós quem somos? Temos crescido?
Crescer dói… Mas o Evangelho obriga-nos a isso.
Estagnação espiritual é sinal de quem está bem com a vida e não com Deus.
No processo de alimentação*, os alimentos que ingerimos vão para o estomago onde são pré-digeridos e esterilizados, a fim de seguirem para o intestino delgado, onde são absorvidos.
Quando há paragens de digestão, foi porque o estomago não fez a sua função. Isso traz dor e muito mal-estar.
Na vida cristã, quando há orgulho, não conseguimos digerir o que nos é dado e então entramos em “paragem de digestão espiritual”.
Sabemos que a comida é boa – Evangelho - por isso, se não houver uma boa digestão, é culpa de algum elemento que fez com que a digestão não acontecesse – sabedoria do mundo – ou porque o nosso estomago não fez bem o seu processo – existência de orgulho.
A Igreja tem que ser um local que dá o bom alimento mas também que ajuda à digestão do mesmo.
Temos que ser uma comunidade usada por Deus para a restauração de vidas, onde abençoamos e ajudamos as pessoas. É verdade que por vezes a Igreja fere, no entanto, é a mesma que restaura.
Temos sido humildes? Quando há humildade, há união. Quando há humildade, há vontade de fazer mudanças na vida pessoal, familiar, congregacional e até no nosso trabalho.
Por vezes queremos ser apenas alimentados por “leite espiritual” porque se formos mais longe, sabemos que temos que fazer mudanças na nossa vida. E nós não gostamos que mexam na nossa zona de conforto.
Temos feito mudanças ao longo deste tempo? Somos os mesmos desde há um ano atrás? Serei o mesmo do que há 2 meses atrás?
Ou o orgulho está a fazer com que andemos com paragem de digestão espiritual?
Que Deus faça de nós bênçãos.
3º Um dos grandes desafios da vida cristã passa por proclamar com a nossa vida aquilo que a nossa boca afirma.
Paulo pedia aos Coríntios que fossem coerentes. Se falavam do Evangelho de Cristo, se tinham visto exemplos de abnegação, como é que eles podiam viver em contendas e divisões? Tem de haver coerência.
A Igreja tem que ser uma comunidade redentora onde as pessoas afirmam e vivem a mesma coisa. E onde ajudam outros a crescer mesmo na dor.
Muitas vezes os cristãos não partilham os seus problemas na Igreja, para não terem que ouvir o irmão do lado dizer "Eu sempre soube que ele era fraco na fé" ou "Eu tinha razão em relação a ele".
É este tipo de julgamentos que não podemos ter dentro das nossas comunidades. Somos chamados por Deus para sermos comunidades redentoras.
Tem a nossa Igreja sido útil ao Evangelho? Tenho eu sido útil ao Evangelho? Somos uma comunidade que ajuda a digerir o alimento ou apenas ajudamos na paragem de digestão?
4º A procura do sucesso está intimamente ligada à sabedoria do mundo, mas a fidelidade à Palavra está intimamente ligada à confiança na Soberania de Deus.
Não nos preocupemos em ser bem-sucedidos na pregação do Evangelho. Preocupemo-nos sim em pregar com fidelidade. É Deus quem dá o verdadeiro crescimento.
Não fiquemos tristes se outros colherem o que semeámos, porque nem um, nem outro são importantes em si. Deus sim é importante porque é dono de tudo.
Na Igreja há ministérios mais visíveis e menos visíveis.
Preocupemo-nos em fazer todas as coisas com competência e sublimidade.
Estamos nós a dar tudo ao serviço da Igreja? Ou somos procrastinadores* por excelência?
O importante para Deus não está no conhecimento em si, mas num conhecimento que leva a uma vivência.

Que Deus nos use.