Lucas 18:9-14
Parábola --> Histórica simbólica para transmitir uma lição
de moral.
9 – “A uns
que confiavam em si mesmos”
Deus mexe naqueles que confiam em si próprios.
Deus mexe para percebermos que é Ele quem tem de estar no
centro da nossa vida.
Entramos aqui num ponto muito importante. Nós achamos que Deus
criou-nos para a nossa realização pessoal e nunca vemos tal acontecimento
escrito na Palavra de Deus. Deus criou-nos para a Sua glória para vivermos para
Ele (I Cor. 10, Col. 1)
Deus nos chega? Será que Deus é suficiente para nós?
É para estas pessoas que o texto fala.
Obviamente que todos nós achamos que Deus nos chega. No
entanto, como vimos a semana passada, muitas das nossas atitudes e
comportamentos não revelam isso.
“Crendo que
eram justos”
Rectos; Adequados; Gentis; tudo do melhor.
Isto é, para aqueles que se achavam bons.
Quantas das vezes não nos achamos bons? Quantas das vezes não
nos achamos auto-suficientes?
Eu sou o que quero ser ou sou aquilo que Deus quer que eu
seja?
“Desprezavam
outros”
Interessante a ideia que o texto transmite. Achavam-se bons
mas desprezavam outras pessoas. Contra-senso.
Lembre-se que a confiança em si próprio não o leva a lado
nenhum. Destrói relações, traz-lhe angústias e depressões.
A sobranceira cega-nos.
O nosso Ego não permite perceber o que se passa à nossa
volta.
V10 “Dois
homens foram ao templo para orar. Um deles era fariseu e o outro era
publicano”.
Fariseu--> Membro de um grupo religioso judeu. Seguidores
rigorosos do Rei. Não acreditavam que Cristo era o Messias.
Publicano--> Judeu que cobrava impostos para o governo
romano. Eram desprezados por serem desonestos.
11- “Estando
em pé orava consigo desta maneira”
Algo para si próprio. Era uma oração que falava mais de si do
que de Deus. Falava mais das suas capacidades do que de quem Deus era. Vejamos:
“Óh Deus
graças te dou”
Muitas orações até têm as palavras correctas. E toda a oração
deve começar com gratidão.
“Porque não
sou como os demais homens, roubadores, injustos, e adúlteros”.
Era uma oração pela sua exaltação pessoal.
As orações não são para a nossa exaltação pessoal mas para a
exaltação de Deus. Temos exaltado a Deus nas nossas orações*?
Ou agradecemos apenas quando achamos que somos dignos de
receber algo?
A verdadeira gratidão acontece quando estamos encantados com
Deus pela sua pessoa e nos sentimos atraídos a Ele. Agradecemos tudo o que nos
acontece, porque sabemos que Ele é Soberano.
John Piper “Se não somos cativados pela personalidade de Deus
e pelo Seu carácter, todas as nossas declarações assemelham-se à gratidão que
uma esposa expressa ao seu marido pelo dinheiro que recebe dele, para usar no
seu relacionamento com outro homem”. O ponto aqui é agradecer as bênçãos e as
usamos para os nossos deleites (Tiago).
Por outro lado, as orações também não servem para rebaixar as
outras pessoas mas para rebaixarmo-nos a nós próprios, como iremos ver,
combatendo assim o nosso orgulho.
A nossa capacidade para elevarmos a nossa pessoa é por demais
evidente.
Ao dizermos “Não sou como” simplesmente estamos a dizer: Logo eu sou bom, logo em mim há capacidade,
logo eu sou auto-suficiente.
Numa certa discussão com uma pessoa cristã com vários anos de
Igreja, ela dizia que Cristo tinha ido à Cruz porque nós éramos bons.
Se assim fosse, a seguinte pergunta coloca-se:
Então precisamos de Deus para quê?
“Nem sou como
este publicano”
Agradecer a Deus porque não somos como aquela pessoa... Quão
horrível isto soa, quão horrível pode significar esta frase, quão horrível
saber que este tipo de orações existe...
Se pensarmos bem, de forma inconsciente, a fazemos muitas
vezes.
Nós não somos melhores do que ninguém.
A justificação pela fé é a prova evidente que não somos
melhores do que ninguém, porque tivemos que ser inocentados pelos méritos de
Cristo e não pelos nossos méritos.
Nós não podemos valorizar a nossa pessoa em detrimento de
alguém.
Logo eu não tenho que pensar que sou bom. Nem o chegarmos a
Deus é obra nossa. É tudo da Sua iniciativa para que ninguém se possa gloriar.
Pensamos que é pelo cumprimento dos mandamentos que somos salvos
ou que Deus se agrada de nós. Se assim fosse, seríamos bons e aí Deus
agradava-se nas nossas vidas.
Noutra perspectiva, Tim Keller diz “Se fizermos coisas
erradas chama-se pecado. Mas se fizermos tudo certo e não for para a Glória de
Deus também é pecado”.
Rom. 14:23 “Tudo o que não provém da fé é pecado”.
Mostramos essa fé através da obediência à Sua vontade.
“Sereis meus amigos se fizerdes a vontade do meu Pai”.
Há pessoas que pensam que estando a trabalhar para Deus são
automaticamente salvas. “Em teu nome... afastem-se, não vos conheço”.
A nossa obediência é um mero cumprimento ou é algo que brota
da nossa intimidade com Deus?
Precisamos da graça de Deus. Precisamos de ter intimidade com
Ele, mostrando assim quem está no centro da nossa vida, das nossas acções. Por
vezes procuramos fazer as coisas para agradar alguém e não para agradar a Deus,
isso é errado.
Pensamos que Deus enviou o Seu filho para dar-nos uma boa
vida, mas não, Deus enviou o Seu filho para dar-nos Vida e Vida em abundância.
Cristo não foi à cruz com o objectivo de não termos
sofrimento na vida eterna (o que é verdade) mas para termos adoração em
intimidade com o Pai.
Conforme temos visto, ao falarmos com muitos cristãos, eles
apenas desejam o céu porque temem o inferno. Querem ir para o céu, porque lá
não há sofrimento.
Quando assim é, estamos preocupados centrados em quem?
Estamos a valorizar o Eu, em vez de colocar a ênfase do criador e sustentador
de todas as coisas.
Sintomas da valorização do Eu?
(Imagem: Pequeno-almoço início de casado)
Trave e o Cisco.
Sendo assim a maledicência/crítica é um sintoma e é algo que
não é visível porque também, erradamente, não é assumido como pecado, o qual
tem efeitos nefastos.
Normalmente os maledicentes são orgulhosos e batem no peito e
dizem “obrigado Deus porque não sou como os demais”.
É difícil lidar com pessoas que batem com a mão no peito e
dizem que são bons. Prefiro lidar por vezes com um ímpio do que um falso
cristão.
Jesus veio para os doentes e não para aqueles se se acham
sãos.
V.12 “Jejuo
duas vezes por semana”
A lei de Moisés apenas obrigava uma vez por ano a jejuarem,
no dia da Expiação.
O que quis dizer este homem?
Eu sou cumpridor, logo em mim há capacidade.
Deus eu faço mais do que aquilo que tu me pedes, logo tu
deves-me algo. Tu precisas de mim.
Sabem que tipo de pessoa é esta? Aquela pessoa que acha que
Deus tem que fazer tudo à maneira dela, porque é Filho de Deus.
Não somos assim? Porque é que isto está a acontecer a mim? Eu
não sou teu filho?
Expressões como “Isto só me acontece a mim; Parece que o
mundo inteiro se uniu para me tramar” são sintomas disso.
“Dou o dízimo
de tudo o que possuo”
Eu até dou o dízimo... Uma das coisas mais complicadas para
os cristãos (*).
Nós pensamos que é pelo que fazemos que merecemos mais a
graça de Deus (*).
Deus dá-nos quando Ele quer, no Seu tempo, da Sua forma.
Deus tem o melhor para a Sua vida. Nunca se esqueça. Deus é
Bom.
Caímos tantas vezes no erro de dizer “Oh Deus mas eu...”.
Não coloque ênfase nas suas necessidades ou na sua pessoa mas
em Deus.
Rom 1: “Adoração à criatura e não ao criador”.
Quando isso acontece?
Quando damos mais importância áquilo que nós queremos e não
ao que Deus deseja.
V13 “Estando
em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu”.
O publicano, que era rejeitado, tem uma atitude muito
interessante, atitude essa que não era pensada para agradar mas que brotava
dento de si.
Ele reconhecia a santidade de Deus e a sua miserabilidade.
Ele reconhecia que até mesmo falar com Deus não algo que fosse digno.
Reconhecia que nada
era, reconhecia que os seus feitos para nada prestavam, ainda que pudessem ser
bem vistos aos olhos dos seus colegas ou responsáveis.
A ênfase não estava nele mas em Deus.
“Mas batia no
peito dizendo: Óh Deus, tem misericórdia de mim que sou pecador”.
Deus eu nada mereço pois sou pecador. Tem misericórdia de mim
(não me dês o que mereço).
O publicano reconhece assim a sua miserabilidade.
A Justificação pela fé, obriga-nos a este reconhecimento.
O ego era baixo. O eu não reinava na vida deste publicano.
Ele não falava de si (protagonismo) mas da sua necessidade de
Deus.
Interessante que muitas das vezes ao ouvirmos falar um
cristão, percebemos mais os seus feitos (vanglória) do que a exaltação daquele
que lhe deu força para tais coisas.
John Stott “O testemunho não é um sinónimo de autobiografia.
Quando estamos realmente a testemunhar, não falamos de nós mesmos, mas de
Cristo”.
Não fale dos seus feitos mas dos feitos de Deus.
Não fale dos aspectos positivos de si mas o que Deus fez em
si e através de si.
O Evangelho é Deus e não nós. O centro do Evangelho é Cristo
e não nós.
V14 “E Jesus
concluiu: «Afirmo-vos que o cobrador de impostos foi para sua casa justificado
aos olhos de Deus”.
Foi justificado - Declarado inocente. Absolvido diante o
tribunal mesmo sendo culpado. Temos visto o que significa isso.
“Aquele que
se exalta será humilhado”
Não exalte a sua pessoa ou os seus feitos.
Não pense que é melhor do que o irmão que está ao seu lado.
Se pensar Deus o humilhará.
“Aquele que
se humilha, Deus o exaltará”
Reconheça a sua pequenez, reconheça que falha. Se o irmão ao
seu lado falhar, lembre-se que também falha.
A justificação pela fé obriga-nos a entender que todos
falhamos e que por isso todos necessitamos da Graça de Deus.
A cruz de Cristo mostra que todos nós pecámos.
Nada que alguém lhe tivesse feito se compara áquilo
que fez ao Senhor Deus*.
Não há um justo (perfeito), nem um sequer.
Não fale mal dos outros ou da vida dos outros, dizendo que
não era capaz de fazer tal coisas, pois assim está a ser um fariseu e não um
publicano.
Perceba que as pessoas precisam da graça de Deus mas
principalmente o principalmente necessitados somos nós (individual).
Aplicando…
1º Na justificação pela fé percebemos que todos nós falhamos
e precisamos da Graça de Deus.
Então, serei misericordioso com quem falhar, porque eu também
falho noutras áreas. Não significa isto permissão para viver no pecado,
conforme vimos na semana passada, significa sim que entendemos que as pessoas
também falham.
2º Quando achamos que somos alguém por causa de algo que
tenhamos feito, ou pelo nosso estatuto social ou pelo nosso nível de
conhecimentos, mostramos apenas que ainda não percebemos a mensagem da cruz.
Como saber disso?
É muito fácil cair no gozo barato sobre alguém. Exemplos: Ou
porque tem poucos estudos, ou porque não sabe falar e o português é fraco, ou
porque pecou… Tantas coisas que poderíamos dizer.
Ser Igreja é entender a justificação pela fé e perceber que
estamos todos no mesmo barco.
Por isso, somos contra qualquer tipo de gozo para com alguma
pessoa.
Demonstrar Graça na forma como nos relacionamos.
3º As nossas vidas devem apontar a Cristo reconhecendo assim
a nossa fraqueza face àquele a quem adoramos.
I Cor. 12 --> Ser forte, ser fraco, poder na fraqueza.
Viva para a Glória de Deus em tudo o que fizer.
É um fariseu ou um publicano?
Reconheço que era melhor pensarmos que somos fariseus mas com
vontade e desejo de sermos publicanos.
Que Deus nos possa abençoar.
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