quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Junta-te à festa

Celebramos o Advento para nos prepararmos para a celebração do nascimento de Jesus.
Só haverá festa, porque Jesus nasceu. É Ele quem é o verdadeiro sentido do Natal.
Curiosamente todos os anos dizemos as mesmas coisas mas será que os nossos hábitos se mantêm?
Nesse sentido, queremos fazer esta caminhada juntos para que nos possamos lembrar diariamente da razão pela qual nós festejamos.
O tema da mensagem de hoje é “Junta-te à festa”.
Estas são as perguntas a que vamos tentar responder…
Qual festa? O que celebramos? Quem merece estar nesta festa? Quem vai de facto estar presente? Será que a IEBGraça olha para as pessoas com o desejo que as mesmas pertençam a esta festa? Ou, por outro lado, achamos que nós é que podemos convidar apenas aqueles que são dignos de tal?
Quando falamos em festa ou celebração, temos sempre em vista aquilo que nos diz Apocalipse 21:1 “E vi um novo céu e uma nova terra” onde tudo será perfeito e onde não haverá qualquer tipo de sofrimento e, acima de tudo, estaremos juntos de Deus para todo o sempre.
Tendo isto em perspectiva, o reconhecimento que temos da nossa situação espiritual irá ditar a forma como olharemos para a festa… Isto é, se vamos olhar com corações agradecidos por tão grande dádiva ou se vamos apenas encará-la como um reconhecimento natural pela vida que tivemos.
Mateus 9:9-13
Jesus estava no início do Seu ministério quando se deu este momento…
V9 Quando Jesus ia a sair dali, viu um homem sentado no posto de cobrança de impostos. O seu nome era Mateus. Jesus chamou-o: «Segue-me.» Ele levantou-se e foi com Jesus.
Noutras versões aparece o nome de Levi. Segundo vários comentários, esta pessoa era a mesma sendo que tinha dois nomes – Mateus e Levi*.
Os cobradores de impostos eram muito mal vistos na época
Eram judeus que estavam ao serviço de Roma – só por isso já eram considerados traidores – e que cobravam juros aos próprios judeus.
Além disso, podiam cobrar quanto quisessem – Zaqueu – e o lucro que tinham – face à “taxa” dada por Roma – ficava para eles*. Normalmente eram pessoas muito abastadas precisamente por causa das taxas que cobravam a mais do que Roma exigia. Tempos muito mais difíceis que os de hoje*.
Por estas duas razões, os cobradores de impostos eram muito mal vistos por traírem e roubarem o seu povo. Estar apenas ao pé deles era, em certa medida, considerado um acto impuro para os judeus.
No entanto, quando Jesus passou no meio daquela multidão, Ele chamou apenas Mateus, ou seja, a pessoa menos amada pelos homens e até a mais detestável.
Jesus chamou aquele que nunca ninguém chamaria para mostrar que Ele é o dono da festa.
Percebemos também neste versículo, que quando Jesus chamou Mateus, ele levantou-se logo e seguiu a Jesus. As ordens dadas por Jesus devem sempre ser obedecidas.
A palavra “levantar” tem o sentido de deixar tudo para seguir alguém. Tal como vimos antes, Mateus era um homem rico. Ao seguir Jesus, ele deixou tudo o que tinha. Ele não se preocupou como ia ser o dia seguinte e nem como ia sustentar os seus.
Mateus achou simplesmente que seguir a Jesus era o melhor para a sua vida. Reparemos ainda neste pormenor… Mateus ainda não sabia o que Jesus ia fazer e nem tinha a prespetiva do plano divino como nós hoje temos. Ele respondeu somente à voz do dono da festa. João 10:27 “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”. Mateus seguiu por fé.
Quem quer ir a esta festa, tem de perceber que tem de estar disponível para seguir a Jesus independentemente dos custos pessoais que isso possa ter.
Lutero tinha esta percepção quando escreveu o hino Castelo ForteSe temos de perder, os filhos, bens, mulher, embora a vida vá, por nós Jesus está, e dar-nos-á seu Reino”.
Estas palavras mostram o significado de seguir a Jesus. Precisamos de responder em fé ao convite para a festa… Independentemente dos custos pessoais…
Será que é fácil? Que barreiras nos têm impedido de seguirmos a Jesus? Ou será que dizemos que vivemos pela fé mas na verdade queremos viver na certeza do dia de amanhã?
Relembremos…
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
10 Jesus estava sentado à mesa em casa de Mateus e vieram muitos outros cobradores de impostos e mais gente pecadora sentar-se à mesa com ele e os discípulos.
Vemos aqui uma característica de Jesus em todo o Seu ministério. Ele dava-se com todo o tipo de pessoas mesmo aquelas que não eram bem vistas na sociedade.
Quando lemos “gente pecadora” muito provavelmente refere-se às pessoas que não tinham a mesma conduta que os fariseus mas também incluía pessoas não respeitáveis pela sociedade… Como os cobradores de impostos, prostitutas, etc..
Jesus e os seus discípulos corriam o risco de serem tidos como impuros por estarem em contacto com essas pessoas. No entanto, para falarmos do Evangelho precisamos de estar ao pé das pessoas.
Nesta atitude de Jesus percebemos que quando sabemos para onde vamos, temos o desejo de estar ao pé de pessoas que não O conhecem para as convidarmos, em nome de Jesus, para a festa!
Temos tido relacionamentos com pessoas que não acreditam em Jesus? Será que temos falado com as pessoas que não são bem vistas na sociedade? Como poderemos evangelizar alguém se não temos relacionamentos de amizade com pessoas descrentes? Será que olhamos para os nossos relacionamentos com espírito de Missão tal como Jesus? Ou apenas queremos esses relacionamentos para tirarmos momentos de lazer?
Seria muito redutor não fazermos de cada contacto uma missão!
Vamos reparar como a atitude farisaica é vista nos relacionamentos…
11 Ao verem isso, os fariseus perguntavam aos discípulos: «Por que é que o vosso Mestre se senta à mesa com os cobradores de impostos e gente pecadora?»
Os fariseus tinham receio de estar perto dos pecadores pois podiam ficar contaminados. Eles achavam que a sua moral seria suficiente para serem salvos e que por isso não se podiam misturar com quem não tinha um certo nível de moral. Eles achavam que não precisavam de um salvador porque podiam salvar-se a si mesmos.
Os religiosos acham sempre que a sua moral é boa demais para poderem estar ao pé de pessoas pecadoras pois acham que são dignos de participarem da festa ao contrário dos “pecadores”.
Vejamos a resposta de Jesus…
12 Jesus ouviu isso e explicou: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os que estão doentes.
Jesus mostrou-lhes que aquilo que contamina o homem não é estar com os pecadores. O que contamina o homem é precisamente não estar ao pé dos pecadores para transmitir as verdades do Evangelho as quais têm poder para salvá-los!
Percebemos também que aqueles que eram rejeitados tinham mais consciência de que estavam em pecado e que por isso precisavam de ser curados.
É muito difícil falar com alguém que se acha um valor supremo a nível moral não precisando por isso de um Salvador… “Salvador de quê se eu sou bom?”
Nota: Jesus não está a dizer que os fariseus eram sãos e que não precisavam de cura. Jesus usou esta imagem para mostrar que eles eram na verdade uns hipócritas porque o verdadeiro doente espiritual é aquele que não reconhece a sua doença.
Uma pessoa doente tem de procurar um médico. Tendo esta perspectiva, só quando reconhecemos o nosso pecado, é que entendemos que precisamos de um Salvador. É precisamente aqui que entra o arrependimento.
O que podemos depreender destas palavras de Jesus para a nossa vida pessoal? E para a vida da nossa Igreja?
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
3º A resposta é dada através do arrependimento.
13 Vão aprender o que significam estas palavras da Escritura: Prefiro a misericórdia e não os sacrifícios. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores.»
Jesus disse aos fariseus – àqueles que tinham sempre algo a ensinar aos outros - que fossem aprender o que estava escrito em Oseias 6:6 e percebessem o seu significado. Muitos deles até sabiam estas palavras de cor mas não as viviam.
Jesus aponta ao AT para mostrar que as acções ou sacrifícios sem qualquer tipo de devoção, para nada servem.
Não vemos Jesus a desvalorizar os sacrifícios até porque Ele mesmo iria ser depois o supremo Sacrifício*.
Jesus convida os seus ouvintes a terem devoção naquilo que faziam.
Para ficar mais fácil a nossa compreensão, aquilo que Jesus menos quer são atitudes feitas de forma mecânica tendo o nosso coração longe das mesmas.
Isaías 29:13 “Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor”.
Temos sentido o prazer de podermos desde já fazer parte do início desta festa? Haverá alegria nas nossas vidas por sabermos a quem pertencemos e para onde vamos? Haverá satisfação em Cristo para que as coisas possam sempre ser coisas?
Como podemos analisar a nossa vida para sabermos se há satisfação? Qual o perigo que pode haver se as nossas acções não forem motivadas pela satisfação que existe em Deus?
John Piper “Deus é mais glorificado em Nós, quando estamos mais satisfeitos nele”.
O prazer que temos em Deus revela simplesmente se já nos vimos como participantes dessa festa.
Nesse sentido podemos tirar 4 aplicações práticas para as nossas vidas e por conseguinte para a vida da nossa Igreja.
1º Jesus é quem convida para a festa.
Jesus convidou Mateus para a festa. Assim sendo, temos que saber que só há algo a celebrar porque Jesus convida-nos para tal porque sem esse convite não haveria hipótese de festejarmos.
Não é em vão que Jesus fez o seu primeiro milagre num casamento para indicar que um novo casamento iria acontecer entre Ele e a Sua Igreja! Não tenhamos dúvidas que haverá uma grande festa quando tudo for restaurado.
No entanto, convém não esquecer isto… Para existir festa teve que haver um custo muito grande na vida de Jesus.
Ele veio até nós – daí celebrarmos o Natal - para dar a Sua vida naquela Cruz levando o castigo de Deus sobre Ele.
Há um provérbio português que diz “Quem paga adiantado, é sempre mal servido”.
No entanto, não é essa lição que aprendemos com o Evangelho… Cristo pagou adiantado – saldou a nossa dívida para com Deus - para sermos bem servidos… Não porque Ele acreditasse em nós, mas sim no que Ele pode fazer em nós, como também através de nós.
Graça é não pagarmos o que devemos a Deus, aceitando simplesmente o que Cristo fez na Cruz.
Como?
2º A resposta é dada por meio da fé.
Mateus respondeu ao convite por meio da fé. Ele largou tudo para seguir a Jesus.
Este convite não surgiu pelo merecimento de Mateus, pois ele traía o seu povo ao trabalhar para Roma e ainda roubava nas taxas que cobrava.
O convite foi feito pela Graça – Dom imerecido – e respondido pela fé – seguir sem olhar para trás.
Nesse sentido, aqueles que se vão juntando à festa não se juntam porque têm virtudes para fazer parte dessa celebração, mas sim porque reconhecem que as virtudes de Cristo são o meio pelo qual eles têm acesso a esta festa.
Para isso, temos que reconhecer que não nos conseguimos salvar a nós mesmosPrecisamos de Jesus… Pois Ele é que é o caminho, a verdade e a vida, ninguém pode ir ao Pai se não for por meio d’Ele.
Aquilo que Jesus fez na Cruz deve eliminar todo o tipo de medos que temos.
Será que temos medos?
Vamos fazer um mero exercício com o dinheiro podendo fazer o mesmo exercício para outras áreas…
Tem medo de perder o dinheiro que tem? Será que tem medo de dar dinheiro porque tem medo que lhe faça falta?
Noutra perspectiva, será que olhamos para os outros que têm dinheiro e ficamos com inveja? O sucesso dos outros traz-lhe aborrecimento? Será que o seu desejo seria não ter que fazer contas para chegar ao fim do mês?
Se a resposta for sim a alguma destas perguntas, o dinheiro já passou a ser a medida de todas as coisas na sua vida… Logo, resta-lhe buscar com confiança e fé a satisfação que há em Cristo porque quando perdemos este prazer fazemos os maiores erros na nossa vida.
Temos que viver com satisfação não com aquilo que a vida nos traz, mas sim com a Vida que há em Cristo. Ele é a razão do nosso viver. Aquilo que Jesus fez na Cruz deve eliminar qualquer medo que tenha.
A nossa fé não pode estar naquilo que possuímos ou conquistámos. A nossa fé tem que estar naquilo que nos foi dado pela Graça e de graça.
Muitas vezes Deus retira aquilo que não precisamos para compreendermos que em Jesus temos muito mais do que necessitamos.
Temos de colocar os nossos olhos em Jesus pois Ele abriu mão de tudo para nos salvar e amar tornando-nos participantes da festa.
II Coríntios 8:9 “Conhecem bem o amor de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vossa causa, para que vocês pudessem tornar-se ricos pela sua pobreza”.
Como não responder em fé a este gesto de amor tão grande?
3º A resposta é dada através do arrependimento
As pessoas “doentes” são aquelas que reconhecem o seu pecado e que por isso entendem que não são dignas de participarem na festa. Jesus veio precisamente para essas pessoas.
É verdade que podemos cair mas a grande diferença é que não permaneceremos caídos. Em Jesus há sempre Esperança para um novo começo.
As pessoas que se acham “sãs” – provavelmente nenhuma pessoa aqui presente diz isso apesar de as nossas atitudes por vezes mostrarem o contrário – têm o desejo de tentar mostrar que de certa forma há algum mérito pessoal em ser salvo. E é precisamente por causa de acharmos que há algum mérito pessoal na nossa salvação que muitas vezes não compreendemos e nem vivemos a mensagem da Cruz.
Enquanto Igreja, temos que viver esta realidade. Temos de estar prontos a receber todo o tipo de pessoas sendo que para isso precisamos de estar junto delas.
Temos que estar preparados para receber pessoas que chegam até nós na miséria – não falo apenas do ponto de vista económico – e dar-lhe o medicamente certo, que elas precisam. E esse medicamento é o Evangelho.
Temos também que estar prontos para entender que cada um de nós pode cair em pecado e nesse sentido temos que ajudar essas pessoas a serem restauradas por Deus*.
Quando desvalorizamos o pecado de alguém ou até nem queremos receber pessoas com vidas cheias de pecado, pois dá trabalho, é porque, em certo sentido, não compreendemos que nós somos pessoas doentes e que, tal como elas, precisamos da Graça de Deus.
Na Igreja as únicas virtudes que temos a celebrar são as virtudes de Cristo e o que Ele faz nas nossas vidas. A Glória é sempre d’Ele.
Nesse sentido, a IEBGraça tem que ser uma comunidade redentora mais do que uma comunidade terapêutica*.
Não é o nosso objectivo primário que as pessoas sejam curadas dos seus problemas pessoais. Nós oramos e desejamos que as pessoas sejam curadas do seu maior problema… O pecado e esse apenas pode ser tratado com o Evangelho.
Temos de orar pela conversão de pessoas porque uma Igreja que não sabe orar, também não sabe festejar!
4º O nosso prazer revela se estamos com vontade de estar na festa.
Jesus deixou bem claro que gestos de adoração desprovidos de qualquer tipo de devoção para nada serviriam.
Sabemos que iremos estar nesta festa, quando já vivemos com prazer em Deus nesta terra.
Além disso, quando temos prazer em Deus, estamos ao mesmo tempo a celebrar e a evangelizar.
Não acredito em celebração sem evangelização!
Quanto mais percebermos a nossa incapacidade para estarmos na festa, mais desejaremos que outros se juntem porque não iremos para lá para festejar as nossas acções mas as acções de Cristo.
Por isso saibamos… Isaías 64:4 “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera”.
Junte-se à festa… Tenha fé… Mostre arrependimento… Viva com plena satisfação em Cristo… Celebre e transmita esta Boa-Nova a outros…
Deus é bom... Feliz aquele que n’Ele espera.
A nossa Igreja é uma comunidade de pecadores mas de pecadores salvos pela Graça de Deus.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Salmos 100 - Celebrai, servi e testemunhai

O nosso país é conhecido pelo fado e, segundo alguns historiadores, este terá tido origem aqui bem perto, na Mouraria. O fado originalmente era marcado pela tristeza e melancolia. Por isso, muitas vezes dizem que o povo português é triste e melancólico.
Contudo, a Bíblia diz-nos que devemos ser alegres e sempre gratos.
Se eu vos perguntasse quais os motivos que vocês têm para celebrar, conseguiriam produzir uma lista? Ou apenas tristezas e saudosismos?
Por outro lado, se eu perguntasse onde podem ver o agir de Deus na vossa vida, tinham facilidade em responder? Se eu vos questionasse sobre aquilo que vos faz feliz, será que Deus entrava na equação e seria o elemento primário?
Salmos 100 – Texto que tem mexido muito comigo nos últimos tempos!
Iremos alterar a ordem dos versículos… Comecemos por analisar o V3 e 5.
V3 e V5 Sabei que o Senhor é Deus! Foi ele quem nos fez, e somos dele; somos o seu povo e ovelhas do seu pasto. Porque o Senhor é bom; a sua benignidade dura para sempre, e a sua fidelidade de geração em geração.
A palavra “saber” tem como significado "experimentar algo para se ficar convencido das qualidades”.
Sendo assim, o salmista desafia ao conhecimento do Senhor pois Ele é o único Deus à face da terra.
Acontece, muitas vezes, que estamos tão habituados à rotina da vida e à consequente vinda à Igreja, que já damos como dado adquirido e não celebrado aquilo para o qual estamos reunidos.
Será que a nossa vida é norteada pelo Evangelho? Ele é visto em todas as áreas da nossa vida?
Dizemos que conhecemos o Senhor Deus, cantamos que o amamos sobre todas as coisas, será que este conhecimento e esta verbalização mostram a realidade das nossas vidas?
Deus é o criador e o sustentador de todas as coisas. Esta é a ideia bem explícita em Salmos 19:1 “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.
Em nenhum momento da nossa vida devemos duvidar de que Deus é Senhor. Ele controla tudo o que acontece porque Ele é Senhor…. Porque Ele é Soberano. É verdade que podem surgir incompreensões*, mas não deve surgir nenhuma dúvida de que Deus é Senhor sobre tudo e todos.
Além de Deus ser o Senhor do Universo, diz-nos este versículo, que Ele é o nosso pastor, logo nós somos Suas ovelhas. Encontramos esta verdade em João 10:11. Deus enviou o Seu filho para dar a Sua vida pelas Sua ovelhas.
Significa isso, e à luz de João 1, que Deus além de Senhor é também nosso Pai por causa daquilo que Cristo fez no nosso lugar.
Enquanto não entendermos a nossa incapacidade para nos tornarmos filhos de Deus, nunca iremos perceber a Graça de sermos chamados Seus filhos.
Por vezes, fazemos os maiores erros da nossa vida para sermos aceites, aprovados e encontrarmos significado para a nossa vida. Contudo, Deus não entra e nem o deixamos dizer nada sobre isso.
É verdade que precisamos que esses aspectos sejam uma realidade na nossa vida porque fomos criados para tal. A verdadeira diferença, é que Deus criou-nos para nós encontrarmos a verdadeira aceitação, aprovação e significado para a nossa vida na Sua própria vida.
Se a nossa “felicidade pessoal” fosse um fim, certamente poderíamos fazer tudo. Se for de facto assim, todas as coisas nos serão lícitas. No entanto, se a nossa felicidade for Cristo, perceberemos que todas as coisas nos serão lícitas mas nem todas nos convêm.
Jesus assegurou-nos que já somos aceites por Deus. Não precisamos de ter “mentalidade do desempenho”, isto é, não fomos aceites pelo que fazemos, mas pelo que Cristo fez. Logo resta-nos crer e obedecer ao que Ele diz.
Quem usa o desempenho para tentar mostrar superioridade ou para mostrar como merece a Graça de Deus, é porque ainda não percebeu a mensagem do Evangelho.
Deus é nosso Pai e por isso não podemos viver a nossa vida com mentalidade de órfãos.
Além disso, só há verdadeiro descanso para as nossas vidas quando descansamos na Paternidade de Deus*. Lembre-se… Deus é Pai… E trata-nos como tal.
Sendo assim, devemos construir a nossa identidade em Deus até pelo amor e confiança que temos n’Ele. Aí certamente que não haverá decepções!
Muitas desilusões acontecem quando achamos que as coisas ou alguém irão dar um novo significado à nossa vida. Assim que o conseguirmos, iremos perceber que continua a faltar algo. Torna-se uma luta incessante até conseguirmos preencher esse vazio.
Qual a razão disto acontecer? Não fomos criados para tal…
Noutra perspectiva, como pode saber se vive como filho de Deus? Qual o exame que pode fazer à sua vida para perceber se vive para conquistar ou vive porque foi conquistado?
Encontraremos a resposta nos versículos a seguir…
V1 Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra.   
Nós celebramos e cantamos não para nos elevarmos até Deus. Nós celebramos e cantamos porque Deus veio até nós na pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo e precisamos de Jesus para adorar a Deus. Vivemos porque fomos conquistados. Não iremos aguentar se vivemos para conquistar o favor de Deus.
Por isso, celebramos com sentido e propósito. Celebramos porque sabemos o que nos espera no futuro.
O mais interessante é que isto não invalida o sofrimento que o amanhã possa trazer, no entanto confiamos que Deus é bom e para sempre bom.
Não será este o maior motivo para andarmos felizes?
Porém, tenho notado, e contra mim falo, que reclamamos muito e celebramos tão pouco. Qual a razão? Porque anda triste muitas vezes a nossa alma?
Os descendentes de Corá, no Salmo 42:5*, fizeram a mesma pergunta “Por que hei-de estar desanimado e preocupado?”. No entanto, na parte final deste versículo, encontraram a resposta “Quero confiar no Senhor e ainda o hei-de louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador!”. Isto não quer dizer que de um dia para o outro tudo tivesse mudado na vida deles. Isso é visível no restante texto.
É uma luta diária colocarmos os nossos olhos no sítio certo.
Esta semana estávamos a falar desta luta no culto doméstico e a ensinarmos como a vida cristã é marcada por isso. No fim diz o Samuel “É como se Deus estivesse a dizer ‘Não desistas. Desta vez certamente que irás conseguir’”. É precisamente este pensamento meus irmãos… Não devemos desistir… E não desistimos quando o nosso foco é Jesus. Hebreus 12:2 “Olhando para Jesus porque Ele é o autor e consumador da nossa fé”.
Certamente o desânimo chegará se não tivermos uma perspectiva Cristológica.
Chego à conclusão que celebramos pouco na vida cristã, porque também conhecemos pouco o que Deus fez, faz e fará.
Na série das “7 cartas à Igreja” víamos as críticas mas também os elogios.
Creio que enquanto Igreja temos que celebrar. Não porque haja uma capacidade inata em nós, mas sim porque temos visto a Obra das Suas mãos. Penso que muito se deve aos cultos de oração.
Ponderando naquilo que Deus tem feito nesta comunidade, creio que celebramos pouco aquilo que Deus tem feito… E isto não é sobre exaltar alguma pessoa, mas sim exaltar a Deus. Ele é o motivo da nossa celebração. A Glória deve ser sempre dada a Ele.
Vejamos…
Temos tido, pela Sua graça, a oportunidade de termos muitas crianças - hoje a apresentação da Emília e, esperamos, que em breve possa haver mais. Isto é uma bênção. Por outro lado, dá-nos uma responsabilidade acrescida a todos nós mas, principalmente, aos pais.
É verdade que podem incomodar com o choro, o barulho, as idas à casa de banho*, mas certamente é preferível ouvirmos uma criança a chorar dentro da Igreja, do que vermos daqui a uns anos os pais a chorarem porque os filhos não vêm à Igreja.
Pela graça de Deus, temos tido baptismos. Vamos ter no próximo Domingo o segundo culto deste ano. Se tudo se confirmar, teremos 6 pessoas baptizadas.
Além disso, temos visto o desejo de vários irmãos de quererem ser membros da nossa comunidade. Hoje à tarde ouviremos o desejo do Tiago. Além disso, já mais pessoas manifestaram esse desejo.
Muito mais haveria para dizer, contudo, estas reflexões servem apenas para dar toda a Glória a Deus e para tornar o Evangelho conhecido.
Sendo assim, a celebração acontece quando estamos tão cheios de gratidão por quem Deus é que a desejamos transmitir a outros. Não há celebração sem transmissão… Já lá iremos*.
Nota: Nós celebramos sempre o que Deus fez. Aliás, celebrar ajuda-nos a não estagnar. No entanto, isto não significa que não celebremos a Deus aquilo que Ele tem feito através de várias pessoas. Creio mesmo, porque é bíblico, que devemos dar honra a quem honra (Rom. 13:7).
V2 Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico.  
Quando percebemos quem Deus é, celebramos a Obra das Suas mãos. Como consequência disso, também O servimos servindo o Seu povo. Está sempre interligado o serviço a Deus e ao próximo!
Recentemente vimos que mostramos que somos gratos não por ficarmos a contemplar e a viver do passado*, mas sim servindo, porque o Deus que foi connosco no passado é o mesmo do presente e do futuro. Então não tenhamos medo de seguir em frente mesmo que tenhamos que sofrer… Ser grato é servir no presente até quando Deus disser “Regressa a casa”.
Será que a nossa Igreja é marcada pelo serviço ao próximo?
Creio que há pessoas que estão a fazer um trabalho muito bom na área social… Algumas famílias estão a ser apoiadas através deste ministério da Igreja. Além disso, temos a irmã Inácia* que é um exemplo e companhia na visitação.
Servir vai para além do que é esperado. Significa sempre mexer com algo que prezamos e, muitas vezes, mexe com o nosso tempo para darmos aos outros porque servir retira-nos momentos que achamos, erradamente, que são nossos por natureza ou até por merecimento.
Quando amamos alguém de verdade, não se fica à espera que essa pessoa a sirva. Quando amamos alguém de verdade, vamos e servimos.
Depois do elogio, vem a parte do desafio…
Nesse sentido, creio que enquanto Igreja podemos servir muito mais e apenas existirá mais serviço, conforme diz o texto, quando houver uma alegria cada vez maior e sempre enraizada na pessoa de Cristo naquilo que Ele fez e fará por nós.
Acredito que podemos servir mais na área da visitação. Caso não possamos ir lá, podemos fazer sempre um telefonema. Esta não é uma tarefa do pastor mas uma responsabilidade de toda a Igreja.
Uma simples questão… Quantas vezes já telefonámos ou visitámos aqueles que estão doentes? Nós queremos que esta seja uma das marcas da Igreja da Graça.
Servimos a Deus também quando mostramos reverência nos cultos, ou EBD, tanto a nível da nossa pontualidade, postura ou assiduidade.
Isto é uma pergunta que nunca ninguém conseguiu responder-me até hoje… Se somos pontuais no nosso trabalho, porque não o somos também na Igreja? Deus merece menos excelência da nossa parte?
Por outro lado, reconheço que a nossa Igreja tem recebido muito bem os visitantes que, pela graça de Deus, têm chegado até nós.
No entanto, desejo mais enquanto pastor… Não fiquemos à conversa com quem já conhecemos muito bem. Talvez até depois tenhamos hipótese de fazer isso ao almoço. Procure a pessoa que não conhece pois pode ser a única hipótese de falar com ela. Mostre que está disponível para ajudar naquilo que puder. Sirva-a com todo o amor.
Ao servimos as pessoas estamos a servir a Deus e, por causa disso, devemos servir com excelência ao único que nos serviu com excelência e perfeição!
Nunca nos esqueçamos que servimos a Deus quando servimos as pessoas.
V4 Entrai pelas suas portas com acção de graças, e em seus átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome.  
Ao nos ser dado a conhecer quem Deus é, teremos o desejo de celebrar os Seus feitos, assim como servi-Lo ao servir a Sua comunidade, como também teremos o desejo de partilhar a Sua boa-nova a toda a criatura.
Este versículo diz-nos precisamente isso… Temos de dizer bem do Seu nome, isto é, temos de testemunhar do Seu amor para com todas as pessoas.
Desculpem a repetição mas é importante… Recentemente vimos que a Evangelização nunca pode ser encarada como um programa, mas sim como um estilo de vida. É uma obrigação nossa.
Não é por falta de “programas evangelísticos” que nós não evangelizamos. Nós simplesmente não evangelizamos por falta de compaixão pelas almas perdidas*.
Evangelizar não é um evento. É sim, a maneira pela qual Deus quer que nós vivamos.
Evangelização é responsabilidade de todo o cristão e não só daqueles que têm o dom de evangelista.
Reparemos neste pormenor que pode servir de exemplo ou não… Se eu perguntasse a alguém aqui presente se estaria disponível para dar o testemunho daquilo que Cristo tem feito na sua vida, será que estaria pronto a dá-lo?
Testemunhar é transbordar daquilo que estamos cheios.
Em certo sentido, nós não cultivamos o testemunho porque temos dificuldade em partilhar aquilo que Deus tem feito ou então, por outro lado, temos receio da reacção das pessoas porque queremos ser aceites.
Noutra perspectiva, quando temos uma vida de oração isso revela-se numa atitude de evangelização. É algo que tenho percebido na minha vida apesar de ainda ter que melhorar muito… Quanto mais falo com Deus, mais desejo tenho de falar d’Ele aos outros.
Quanto à nossa comunidade, creio que podemos fazer muito mais relativamente a este aspecto. Tal como referi antes, Deus tem enviado algumas pessoas até nós e agradecemos-Lhe profundamente por isso.
Contudo, também é verdade que não têm vindo pessoas que não conhecem a Cristo porque, talvez, estejamos à espera que elas venham sozinhas.
A Bíblia é clara… Fazemos discípulos quando vamos e partilhamos a boa-nova.
Há quanto tempo não falamos de Jesus? Quantas oportunidades já desperdiçámos? Há quanto tempo não convidamos alguém para vir cultuar connosco?
Deus salva meus irmãos… Deus tem poder… Nunca duvidem disso.
Oremos também pela salvação de vidas. Oremos para que Deus nos dê oportunidades para testemunhar. Oremos para perdermos a vergonha e sermos ousados.
Enquanto pastor, desejo que a Igreja Baptista da Graça tenha esta cultura enraizada de evangelizar. Para nada importa termos a doutrina certa, se não fazemos nada com ela!
Nota: Por vezes oiço as pessoas a dizerem “Pastor o nosso sofrimento é tanto ou andamos tão cansados que nem temos tempo ou cabeça para pensarmos em falar de Jesus a alguém”. A minha resposta normalmente é esta “Use o seu sofrimento para falar de Jesus. Quanto ao resto… É uma questão de prioridades.”
Nós, os cristãos, somos os únicos que podemos deitar foguetes antes da festa porque temos a nossa vida resolvida, sabemos para onde vamos e ninguém nos pode tirar a essa alegria.
Cristo comprou a nossa vitória. Em Cristo somos mais do que vencedores.
Que cada um de nós possa encontrar o verdadeiro deleite que há em Deus.
Que Ele nos ajude e incomode.