Celebramos o Advento para nos prepararmos para a celebração do nascimento de Jesus.
Só haverá festa, porque Jesus nasceu. É Ele quem é
o verdadeiro sentido do Natal.
Curiosamente todos os anos dizemos as mesmas
coisas mas será que os nossos hábitos se mantêm?
Nesse sentido, queremos fazer
esta caminhada juntos para que nos possamos lembrar diariamente da razão pela qual nós festejamos.
O tema da
mensagem de hoje é “Junta-te à festa”.
Estas são as perguntas a que vamos tentar
responder…
Qual festa? O que celebramos? Quem
merece estar nesta festa? Quem vai
de facto estar presente? Será que a IEBGraça olha para as pessoas com o
desejo que as mesmas pertençam a
esta festa? Ou, por outro lado, achamos que nós é que podemos convidar apenas aqueles que são dignos de tal?
Quando falamos em festa
ou celebração, temos sempre em vista aquilo que nos diz Apocalipse 21:1
“E vi um novo céu e uma nova terra” onde
tudo será perfeito e onde não haverá qualquer tipo de sofrimento e,
acima de tudo, estaremos juntos de Deus para
todo o sempre.
Tendo isto em perspectiva, o reconhecimento que temos da nossa situação
espiritual irá ditar a forma como olharemos
para a festa… Isto é, se vamos olhar com
corações agradecidos por tão grande dádiva ou se vamos apenas encará-la como um reconhecimento natural pela
vida que tivemos.
Mateus 9:9-13
Jesus estava no início do Seu ministério
quando se deu este momento…
V9 Quando Jesus ia a sair dali, viu um homem sentado no posto
de cobrança de impostos. O seu nome era Mateus. Jesus chamou-o: «Segue-me.» Ele
levantou-se e foi com Jesus.
Noutras versões aparece o nome de Levi. Segundo
vários comentários, esta pessoa era a mesma sendo que tinha dois nomes – Mateus
e Levi*.
Os cobradores
de impostos eram muito mal vistos na época…
1º Eram judeus que
estavam ao serviço de Roma – só por isso já eram considerados traidores – e que
cobravam juros aos próprios judeus.
2º Além disso, podiam
cobrar quanto quisessem – Zaqueu – e o lucro que tinham – face à “taxa”
dada por Roma – ficava para eles*. Normalmente eram pessoas muito abastadas precisamente por causa das taxas que cobravam a mais do que Roma exigia.
Tempos muito mais difíceis que os de hoje*.
Por estas duas razões, os cobradores de impostos eram muito mal vistos por traírem e roubarem o seu povo. Estar apenas
ao pé deles era, em certa medida, considerado um
acto impuro para os judeus.
No entanto, quando Jesus passou no meio
daquela multidão, Ele chamou
apenas Mateus, ou seja, a pessoa
menos amada pelos homens e até a mais detestável.
Jesus chamou aquele que nunca ninguém chamaria
para mostrar que Ele é o dono da festa.
Percebemos também neste versículo, que quando
Jesus chamou Mateus, ele levantou-se
logo e seguiu a Jesus. As ordens
dadas por Jesus devem sempre ser obedecidas.
A palavra “levantar” tem o sentido de deixar tudo para seguir alguém.
Tal como vimos antes, Mateus era um homem rico.
Ao seguir Jesus, ele deixou tudo o que tinha.
Ele não se preocupou como ia ser o dia
seguinte e nem como ia sustentar os seus.
Mateus achou simplesmente que seguir a Jesus era o melhor para a sua vida.
Reparemos ainda neste pormenor… Mateus ainda não sabia o que Jesus ia fazer e
nem tinha a prespetiva do plano divino como nós hoje temos. Ele respondeu somente
à voz do dono da festa. João 10:27 “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu
conheço-as, e elas me seguem”. Mateus seguiu por fé.
Quem quer ir a esta festa, tem de perceber que tem de estar disponível para seguir a Jesus independentemente dos custos pessoais que isso possa ter.
Lutero tinha
esta percepção quando escreveu o hino Castelo Forte “Se temos
de perder, os filhos, bens, mulher, embora a vida vá, por nós Jesus está, e
dar-nos-á seu Reino”.
Estas palavras mostram o significado de seguir
a Jesus. Precisamos de responder em fé ao convite para a festa… Independentemente
dos custos pessoais…
Será que é fácil? Que barreiras nos têm impedido de seguirmos a Jesus? Ou será que
dizemos que vivemos pela fé mas na verdade queremos viver na certeza do dia de
amanhã?
Relembremos…
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
10 Jesus estava sentado à mesa em casa de Mateus e vieram
muitos outros cobradores de impostos e mais gente pecadora sentar-se à mesa com
ele e os discípulos.
Vemos aqui uma
característica de Jesus em todo o Seu ministério. Ele dava-se com todo o
tipo de pessoas mesmo aquelas que não
eram bem vistas na sociedade.
Quando lemos “gente pecadora” muito provavelmente refere-se às pessoas que não tinham a mesma
conduta que os fariseus mas também incluía
pessoas não respeitáveis pela sociedade… Como os cobradores de impostos,
prostitutas, etc..
Jesus e os seus discípulos corriam o risco de serem tidos como impuros por estarem em contacto
com essas pessoas. No entanto, para
falarmos do Evangelho precisamos de estar ao pé das pessoas.
Nesta atitude de Jesus percebemos que quando sabemos para onde vamos, temos o desejo de estar ao pé de pessoas que não O
conhecem para as convidarmos, em
nome de Jesus, para a festa!
Temos tido relacionamentos
com pessoas que não acreditam em Jesus? Será que temos falado com as
pessoas que não são bem vistas na
sociedade? Como poderemos evangelizar alguém se não temos relacionamentos de amizade com pessoas descrentes? Será que olhamos
para os nossos relacionamentos com espírito de
Missão tal como Jesus? Ou apenas queremos esses relacionamentos para
tirarmos momentos de lazer?
Seria muito redutor não fazermos de cada contacto uma
missão!
Vamos reparar como a atitude farisaica é vista
nos relacionamentos…
11 Ao verem isso, os fariseus perguntavam aos discípulos:
«Por que é que o vosso Mestre se senta à mesa com os cobradores de impostos e
gente pecadora?»
Os fariseus tinham
receio de estar perto dos pecadores pois podiam ficar contaminados. Eles
achavam que a sua moral seria suficiente
para serem salvos e que por isso não se podiam misturar com quem não tinha
um certo nível de moral. Eles achavam que não precisavam de um salvador porque
podiam salvar-se a si mesmos.
Os religiosos
acham sempre que a sua moral é boa demais para poderem estar ao pé de pessoas pecadoras pois acham que são dignos de participarem da festa ao contrário dos
“pecadores”.
Vejamos a resposta de Jesus…
12 Jesus ouviu isso e explicou: «Não são os que têm saúde que
precisam de médico, mas sim os que estão doentes.
Jesus mostrou-lhes que aquilo que contamina o homem não é estar com os pecadores. O que contamina o homem é precisamente não estar ao pé
dos pecadores para transmitir as verdades do Evangelho as quais têm poder
para salvá-los!
Percebemos também que aqueles que eram rejeitados tinham
mais consciência de que estavam em pecado e que por isso precisavam de
ser curados.
É muito difícil falar com alguém que se acha um valor supremo a nível moral não
precisando por isso de um Salvador… “Salvador de quê se eu sou bom?”
Nota: Jesus não está a dizer que os fariseus
eram sãos e que não precisavam de
cura. Jesus usou esta imagem para mostrar
que eles eram na verdade uns hipócritas porque o verdadeiro
doente espiritual é aquele que não reconhece a sua doença.
Uma pessoa
doente tem de procurar um médico. Tendo esta
perspectiva, só quando reconhecemos o
nosso pecado, é que entendemos que
precisamos de um Salvador. É precisamente aqui que entra o arrependimento.
O que podemos depreender destas palavras de Jesus para a nossa vida pessoal? E
para a vida da nossa Igreja?
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
3º A resposta é dada através do arrependimento.
13 Vão aprender o que significam estas palavras da Escritura:
Prefiro a misericórdia e não os sacrifícios. Eu não vim chamar os justos, mas
sim os pecadores.»
Jesus disse aos fariseus – àqueles que tinham
sempre algo a ensinar aos outros - que fossem
aprender o que estava escrito em Oseias 6:6 e percebessem o seu
significado. Muitos deles até sabiam estas palavras de cor mas não as viviam.
Jesus
aponta ao AT para mostrar que as acções ou sacrifícios
sem qualquer tipo de devoção, para nada servem.
Não vemos Jesus a desvalorizar os sacrifícios
até porque Ele mesmo iria ser depois o supremo Sacrifício*.
Jesus convida
os seus ouvintes a terem devoção naquilo que faziam.
Para ficar mais fácil a nossa compreensão,
aquilo que Jesus menos quer são atitudes feitas
de forma mecânica tendo o nosso coração
longe das mesmas.
Isaías 29:13 “Por isso o Senhor disse: Pois que este povo
se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem
afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em
mandamentos de homens, aprendidos de cor”.
Temos sentido o prazer de podermos desde já fazer parte do início desta festa?
Haverá alegria nas nossas vidas por sabermos a quem pertencemos e para onde
vamos? Haverá satisfação em Cristo para que as coisas possam sempre ser coisas?
Como podemos analisar a nossa vida para sabermos se há satisfação? Qual o perigo que pode
haver se as nossas acções não forem
motivadas pela satisfação que existe em Deus?
John Piper
“Deus é mais glorificado em Nós, quando estamos mais satisfeitos nele”.
O prazer
que temos em Deus revela simplesmente se já nos vimos como participantes dessa
festa.
Nesse sentido podemos tirar 4 aplicações práticas para as nossas vidas e por conseguinte
para a vida da nossa Igreja.
1º Jesus é quem convida para a festa.
Jesus convidou Mateus para a festa. Assim
sendo, temos que saber que só há algo a celebrar porque Jesus convida-nos
para tal porque sem esse convite não
haveria hipótese de festejarmos.
Não é em vão
que Jesus fez o seu primeiro milagre num casamento para indicar que um novo casamento iria acontecer entre
Ele e a Sua Igreja! Não tenhamos dúvidas que haverá uma grande festa quando
tudo for restaurado.
No entanto, convém não esquecer isto… Para existir
festa teve que haver um custo muito
grande na vida de Jesus.
Ele veio até nós – daí celebrarmos o Natal - para dar a Sua vida naquela Cruz levando o
castigo de Deus sobre Ele.
Há um provérbio português que diz “Quem paga
adiantado, é sempre mal servido”.
No entanto, não é essa lição que aprendemos
com o Evangelho… Cristo pagou adiantado –
saldou a nossa dívida para com Deus - para sermos bem servidos… Não porque
Ele acreditasse em nós, mas sim no que Ele pode
fazer em nós, como também através de nós.
Graça é não pagarmos o que devemos a Deus, aceitando simplesmente o que Cristo fez na Cruz.
Como?
2º A resposta é dada por meio da fé.
Mateus respondeu
ao convite por meio da fé. Ele largou tudo para seguir a Jesus.
Este convite não surgiu pelo merecimento de
Mateus, pois ele traía o seu povo ao trabalhar para Roma e ainda roubava nas taxas que cobrava.
O convite foi feito pela Graça – Dom imerecido
– e respondido pela fé – seguir sem olhar para trás.
Nesse sentido, aqueles que se vão juntando à
festa não se juntam porque têm virtudes para
fazer parte dessa celebração, mas sim porque reconhecem
que as virtudes de Cristo são o meio pelo qual eles têm acesso a esta festa.
Para isso, temos que reconhecer que não nos conseguimos salvar a nós mesmos… Precisamos de Jesus… Pois Ele é que é o caminho, a verdade e a vida, ninguém pode
ir ao Pai se não for por meio d’Ele.
Aquilo que Jesus
fez na Cruz deve eliminar todo o tipo de medos que temos.
Será que temos medos?
Vamos fazer um mero exercício com o dinheiro
podendo fazer o mesmo exercício para outras áreas…
Tem medo de perder
o dinheiro que tem? Será que tem medo de dar
dinheiro porque tem medo que lhe faça falta?
Noutra perspectiva, será que olhamos para os outros que têm dinheiro e ficamos com inveja?
O sucesso dos outros traz-lhe
aborrecimento? Será que o seu desejo seria
não ter que fazer contas para chegar ao fim do mês?
Se a resposta for sim a alguma destas perguntas,
o dinheiro já passou a ser a medida de todas as coisas na sua vida… Logo, resta-lhe buscar com confiança e fé a satisfação que há em Cristo porque quando perdemos este prazer fazemos os maiores
erros na nossa vida.
Temos que
viver com satisfação não com aquilo que a vida nos
traz, mas sim com a Vida que há em
Cristo. Ele é a razão do nosso viver. Aquilo
que Jesus fez na Cruz deve eliminar qualquer medo que tenha.
A nossa fé não pode estar naquilo que
possuímos ou conquistámos. A nossa fé tem que estar naquilo que nos foi dado
pela Graça e de graça.
Muitas vezes Deus retira aquilo que não precisamos para compreendermos que em Jesus temos muito mais do que necessitamos.
Temos de colocar os nossos olhos em Jesus pois
Ele abriu mão de tudo para nos salvar e amar tornando-nos participantes da festa.
II Coríntios 8:9 “Conhecem bem o amor de nosso Senhor
Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vossa causa, para que vocês
pudessem tornar-se ricos pela sua pobreza”.
Como não responder em fé a este gesto de amor
tão grande?
3º A resposta é dada através do arrependimento
As pessoas
“doentes” são aquelas que reconhecem o seu pecado e que por isso entendem
que não são dignas de participarem na festa. Jesus
veio precisamente para essas pessoas.
É verdade que
podemos cair mas a grande diferença é que não permaneceremos caídos. Em Jesus há sempre Esperança para um
novo começo.
As pessoas que se acham “sãs” – provavelmente
nenhuma pessoa aqui presente diz isso apesar de as nossas atitudes por vezes mostrarem
o contrário – têm o desejo de tentar
mostrar que de certa forma há algum mérito pessoal em ser salvo. E é
precisamente por causa de acharmos que há algum mérito pessoal na nossa
salvação que muitas vezes não compreendemos e nem
vivemos a mensagem da Cruz.
Enquanto Igreja, temos que viver esta
realidade. Temos de estar prontos a receber todo o tipo de pessoas sendo que
para isso precisamos de estar junto delas.
Temos que
estar preparados para receber pessoas que chegam até nós na miséria – não falo apenas do ponto de vista económico – e dar-lhe o medicamente certo, que elas precisam. E esse medicamento é o Evangelho.
Temos também que estar prontos para entender que cada
um de nós pode cair em pecado e nesse sentido temos que ajudar essas
pessoas a serem restauradas por Deus*.
Quando desvalorizamos
o pecado de alguém ou até nem
queremos receber pessoas com
vidas cheias de pecado, pois dá trabalho, é porque, em certo sentido, não compreendemos que nós somos pessoas doentes e
que, tal como elas, precisamos da Graça de Deus.
Na Igreja as únicas virtudes que temos a
celebrar são as virtudes de Cristo
e o que Ele faz nas nossas vidas. A Glória é sempre d’Ele.
Nesse sentido, a IEBGraça tem que ser uma
comunidade redentora mais do que uma comunidade terapêutica*.
Não é o nosso objectivo primário que as pessoas sejam curadas dos seus problemas
pessoais. Nós oramos e desejamos que as
pessoas sejam curadas do seu maior problema… O pecado e esse apenas pode
ser tratado com o Evangelho.
Temos de orar pela conversão de pessoas porque
uma Igreja que não sabe orar, também não sabe festejar!
4º O nosso prazer revela se estamos com vontade de estar
na festa.
Jesus deixou bem claro que gestos de adoração
desprovidos de qualquer tipo de devoção para nada serviriam.
Sabemos que iremos estar nesta festa, quando
já vivemos com prazer em Deus nesta terra.
Além disso, quando temos prazer em Deus, estamos ao mesmo tempo a celebrar e a
evangelizar.
Não acredito
em celebração sem evangelização!
Quanto
mais percebermos a nossa incapacidade para estarmos na festa, mais desejaremos que outros se
juntem porque não iremos para lá para festejar as nossas acções mas as acções
de Cristo.
Por isso saibamos… Isaías 64:4 “Porque desde a antiguidade não se
ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti
que trabalha para aquele que nele espera”.
Junte-se à festa… Tenha fé… Mostre
arrependimento… Viva com plena satisfação em Cristo… Celebre e transmita esta
Boa-Nova a outros…
Deus é bom... Feliz aquele que n’Ele espera.
A nossa Igreja é uma comunidade de pecadores
mas de pecadores salvos pela Graça de Deus.