quinta-feira, 20 de novembro de 2014

I Coríntios 4:7-13

I Coríntios 4:7 Quem é que te diz que és mais do que os outros? Que tens tu que não tenha sido recebido? E, se o recebeste, por que é que te orgulhas como se não tivesses recebido?
Nos versículos anteriores, Paulo mostrou toda a sua humildade ao considerar-se como ministro. Relembrar que esta palavra era usada para os marinheiros mais servis de todos sendo até desprezados pelos outros por terem um trabalho tão subserviente.
Paulo considerou-se ministro de Deus logo um mero servo d’Ele e do Seu povo, ou seja, da Sua Igreja.
Nestes versículos, percebemos que Paulo estava mais uma vez a combater o orgulho existente naquela comunidade em Corinto. Por quê? Porque eles faziam de tudo para se mostrarem superiores aos outros.
Paulo usou algumas perguntas irónicas como quem diz:
Como é que alguém se pode achar superior ao outro sendo que tudo o que nós temos foi dado por Deus? E se recebemos de Deus, porque é que há orgulho como se fosse algo gerado por nós?
Estas perguntas retóricas têm a finalidade de mostrar que homem nenhum tem algo de bom em si mesmo sem a acção de Deus na sua vida, e quando há transformação de coração foi apenas como fruto da Graça de Deus.
No fundo, os cristãos em Corinto estavam a orgulhar-se por algo que lhes tinha sido dado pela Graça de Deus através de homens. E onde há Graça não há merecimento.
O Evangelho faz-nos humildes e livra-nos do orgulho. Retira a nossa vida do centro do Evangelho e mostra-nos que Deus é o Evangelho. Ele sim é a boa nova.
Nós somos apenas receptores dessa Graça e, por conseguinte, proclamadores da mesma.
V8 Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco.
Esta é precisamente a crítica que vemos à Igreja de Laodiceia em Apocalipse 3:17Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que afinal és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”.
Neste versículo Paulo repreende-os de forma severa como quem diz “Vocês acham-se os maiores. Pensam que já têm maturidade espiritual e afinal andam aí em guerras uns com os outros. Acham que já têm tudo e não precisam de mais nada. Basta-vos terem conforto para acharem que estão no centro da vontade de Deus”.
A palavra “fartos” tem precisamente esta conotação de saciedade e sentimento de satisfação. Consideravam-se ainda ricos e como se reinassem neste mundo. Ou seja, sentiam-se plenamente seguros e sem carência de nada.
Os coríntios afirmavam algo que nem mesmo os apóstolos tinham a ousadia de dizer.
Percebemos também que Paulo desejava na verdade que eles tivessem maturidade espiritual e que fossem ricos em Cristo, mas a verdade é que isso ainda não tinha acontecido.
A forma como viviam mostrava a mentira das suas palavras. A incoerência era total.
Notemos agora a mudança de perspectiva…
Os cristãos em Corinto achavam-se donos e senhores de tudo, como quem diz: “já estamos a reinar em plenitude neste mundo”, no entanto, os apóstolos tinham outra percepção sobre o lugar que ocupavam neste mundo.
Será muito interessante notarmos este contraste.
V9 Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espectáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens.
Ao dizer estas palavras, Paulo não estava num registo de autocomiseração, como quem diz “Ai coitadinho de mim que estou aqui a sofrer por amor a Deus, logo sou o maior”.
Ele usa a imagem dos prisioneiros condenados que são levados em último lugar para a arena romana para serem mortos no combate e assim serem usados como espectáculo para o ser humano. Ele mostra até a abrangência total “Tanto a anjos como a homens”.
No entanto, o que depreendemos destas palavras é que Paulo aceitou de uma forma humilde e serena o que Deus tinha destinado. Como quem diz, “Se é para sofrermos ou morrermos, vamos a isso”.
Ou seja, a nossa vida é para ser vivida como Deus quer que ela seja e não como nós queremos que ela seja.
Reparemos na veracidade destas palavras na vida de outros apóstolos.
Actos 5:40-42
O CASTIGO – “Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los e deram-lhes ordens para não falarem mais no nome de Jesus. Depois soltaram-nos”.
A REACÇÃO AO CASTIGO – “Os apóstolos saíram do tribunal muito contentes por Deus os ter achado dignos de sofrerem por causa de Jesus”.
A CONSEQUÊNCIA DE PERCEBEREM O SEU LUGAR EM CRISTO – “E não se cansavam de ensinar todos os dias no templo, e de casa em casa, e de pregar a boa nova de que Jesus é o Messias”.
Estar em Cristo é o lugar mais seguro onde podemos estar, mesmo no meio da nossa dor ou sofrimento.
V10 Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis.
Paulo usou outra vez a sua ironia*.
Com estas palavras ele estava a dizer simplesmente que ao pensarem daquela forma - estamos satisfeitos e saciados - no fundo estavam a chamar os apóstolos de loucos. Eles sim, os cristãos em Corinto, eram sábios porque viviam uma vida calma e tranquila.
Se os cristãos em Corinto fossem confrontados com o que fora dito anteriormente nesta carta, perceberiam que os loucos seriam eles mesmos porque para Deus a sabedoria e o conforto deste mundo são loucura.
Eles achavam loucos os apóstolos porque estes viviam a “loucura da Cruz de Cristo”. Achavam que eram fracos por estarem a sofrer por amor a Deus. Como quem diz “Cristão a sofrer? É porque é fraco”.
Como é que se pode considerar alguém fraco por estar a sofrer por amor a Deus?
É um grande privilégio sofrer por amor a DeusE a maior loucura é não perceber isto. E atenção, muitas vezes eu sou este louco!
Eles viviam numa pura acomodação espiritual porque estavam preocupados apenas em perceber quem era maior do que quem e também porque não estavam também interessados em saber o que era pecado ou não - iremos perceber isso mais à frente.
1111 Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos.
Nós que tanto desejamos ter as contas certas, comida e bebida na mesa, ter um belo conforto e uma habitação boa e certa, ao lermos estas palavras ficamos completamente estarrecidos.
Provavelmente, alguns de nós, nem compreendemos ao pormenor o que isto possa significar.
Atenção que Paulo não se estava a queixar ou a usar este argumento para mostrar superioridade em relação aos outros.
Ele simplesmente queria dizer que o seu conforto e a sua estabilidade apenas podiam estar no Senhor, independentemente dos custos físicos ou sociais que isso podia ter.
Servir a Deus é o mais importante, independentemente se vamos ter que comer ou beber, se vamos ser injuriados ou não, ou se vamos dormir em boas casas.  
Se analisarmos com os olhos deste mundo, estas palavras de Paulo são loucura. Mas nós somos chamados a viver esta aparente loucura se assim o Senhor quiser.
Vejamos mais sinais de maturidade cristã…
V12 Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos;
Paulo é muito claro… Vocês acham que estão satisfeitos e que Deus está feliz? Então como é que vivem em guerras constantes uns com os outros? Acham que isso é ter maturidade espiritual? Acham que quem se acha superior ao outro é sinal de maturidade?
Neste versículo ele virou o foco… Olhem para o que Deus nos chama a fazerSomos injuriados e temos de orar por essas pessoas.
Não com o sentimento de fazer justiça com as próprias mãos, mas sim para que Deus possa converter os corações de quem nos faz mal.
É bem mais fácil pedir a Ira de Deus sobre a vida de quem nos chateia, do que pedir que Deus salve a vida de quem nos incomoda.
V13 “Quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos”.
Nestes versículos, Paulo toca em quase todos os pontos que nós menos queremos que Deus mexa na nossa vida.
Ele relembra-os que eles como cristãos mesmo quando são caluniados têm que procurar a reconciliação.
Reparemos neste pormenor. Para eles não era importante se eram culpados ou inocentes. A procura da reconciliação é obrigatória.
O ponto é claro… Fomos caluniados (usaram de mentiras) mas procurámos a reconciliação. Logo eles eram inocentes.
Assim, os inocentes são obrigados a procurarem a reconciliação, não para mostrar quem tem razão mas para Deus ser glorificado.
Quem é o exemplo máximo para a nossa vida? É a partir de quem que as nossas vidas ganham significado? Qual é o nosso fundamento?
V14 Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados.
Paulo não tem como objectivo envergonhá-los ao comparar vidas, até porque, se ele aguentava o que aguentava, era porque Deus queria que assim fosse. E se aguentava era na força que Deus supre. Logo, ele não era maior do que ninguém.
Percebemos também aqui que corrigir alguém não é sinal de punição, é sinal sim da busca da restauração, muito mais do que uma simples cura, da parte de Deus na vida das pessoas.
Muito interessante este ponto… Eu repreendo-vos porque vos amo.
Assim, ao longo destes versículos podemos tirar algumas aplicações…
1º Devemos investir em quem não merece porque Deus investiu em nós quando nós nada merecíamos.
De facto nós nada merecemos.
Deus criou as coisas para a Sua glória e para o Seu Louvor.
Contudo falhámos pois quisemos buscar o nosso prazer pessoal longe da pessoa de Deus. Por isso pecámos.
Todo o pecado mostra profunda insatisfação com aquilo que Deus tem para nos oferecer.
No entanto, o Evangelho oferece esperança.
Deus enviou o Seu filho até à Cruz para levar sobre si a ira de todos aqueles que responderem com arrependimento e fé para que então Cristo possa habitar em nós e aí possamos ter a certeza da vida eterna.
Ao sabermos disto, entendemos que a vida não acaba aqui mas que há algo muito melhor à nossa espera. A comunhão plena e perfeita com Deus para todos aqueles que reconhecerem que precisam d’Ele na sua vida.
Já reconhecemos o nosso pecado?
Já reconhecemos que buscámos o nosso próprio prazer em vez de fazer aquilo que agrada a Deus e assim obter a alegria que vem do próprio Deus?
Acreditamos que Cristo foi à Cruz no nosso lugar?
Já percebemos que Cristo é a solução para o nosso maior problema que é o pecado?
Não importa de onde veio e nem importa o que fez. Deus ama-o e quer transformá-lo numa nova criatura.
Diga a Deus que não consegue viver mais sozinho e que a Sua vida não é aquilo que Ele quer que seja.
Reconheça a sua incapacidade para resolver o seu problema da eternidade e entregue-se a Ele em todas as áreas da sua vida.
Em Cristo sabemos para onde vamos e quando morrermos, morreremos felizes porque sabemos para onde vamos.
2º A forma como vivemos mostra a veracidade das nossas palavras.
Os cristãos em Corinto achavam que estava tudo bem com eles. Achavam que estava tudo bem com Deus, mas viviam a vida da forma que queriam. Seguiam homens e não o próprio Deus.
Muitos de nós provavelmente já reconhecemos que somos pecadores e percebemos até a obra que Cristo fez por nós na Cruz.
No entanto, pode acontecer que as nossas vidas mostrem incompreensão para com essa dádiva ao mostrarmos que afinal houve apenas um entendimento mental, mas não uma vivência total do Evangelho.
Vida cristã não significa que não pecamos, significa sim que se pecarmos, temos que nos arrepender. E arrepender significa confessar e mudar.
Acharmos que estamos a pecar e não fazermos nada para mudar essa situação, não tem significado algum para Deus. É preciso reconhecer o pecado e mudar o mais rapidamente possível. Os remorsos não chegam.
Não podemos estar a servir a Deus e ao mesmo tempos servir os nossos sonhos ou desejos carnais.
Quem queremos fazer felizes com a nossa vida? A Deus ou a nós mesmos?
Preferimos ouvir dizer “Muito bem” da boca do mundo, ou até da nossa consciência, ou preferimos ouvir “Muito bem” da boca do nosso Deus?
Vivemos a vida pela compreensão da mensagem da Cruz ou com base na sabedoria deste mundo?
A mensagem da Cruz leva-nos até Cristo e a sabedoria do mundo separa-nos de Cristo.
Somente em Cristo há Esperança. E este é o tempo.
Não importa o que fez, nem como está a viver. Deus quer recebê-lo de braços abertos para transformá-lo completamente. Tem este desejo de mudar?
Para Deus não há pecado que não possa ser perdoado. Arrependa-se.
3º Em certo sentido, não importa onde estamos, importa sim quem somos.
Aqueles que são cristãos já não vivem para conquistar em busca do contentamento, mas vivemos porque já fomos conquistados por Cristo e isso nos satisfaz.
O impossível já aconteceu e por isso não precisamos de fazer mais nada para que as nossas vidas possam fazer sentido.
Nessa medida, os planos que Deus tem para nós são muito superiores aos nossos planos.
O apóstolo Paulo percebeu que o seu lugar era o lugar que Deus tinha para ele.
É inconcebível fazermos planos e não pensarmos como Deus pode ser mais glorificado naquilo que pretendemos fazer.
A conquista de Cristo chega-nos para vivermos a vida que Deus tem para nós?
Se a nossa satisfação estiver em Cristo, nós podemos passar por necessidades, por difamações, por dores, até perdermos tudo e mesmo assim conseguimos dizer “Posso viver em toda e qualquer situação porque é Deus quem me fortalece”.
Os filhos de Deus vivem com contentamento porque é Deus que os satisfaz.
O orgulho é uma ilusão. Faz-nos pensar que o que temos materialmente é suficiente ou que ainda precisamos de ter para sermos felizes.
O orgulho não permite ver o perdão que Deus tem para oferecer, porque faz-nos achar que somos perfeitos.
O orgulho não permite buscar a reconciliação com o outro mesmo podendo ser inocentes.
O orgulho não permite fazermos mudanças drásticas na nossa vida, porque faz-nos achar que há sempre tempo para as fazer.
Nós não sabemos o dia de amanhã.
Percebamos que os filhos de Deus não vivem no pecado, apesar de poderem pecar.
Em certo sentido, a questão não está na queda, mas no que fazemos após a queda.
Temos vivido a nossa vida com satisfação?

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

I Coríntios 4:1-6

V1 “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”.
Num contexto de divisão causada pelo sectarismo, isto é, por seguirem os homens e não a Cristo, no sentido de apontarem mais as suas vidas a eles do que à Palavra, Paulo vem dizer o que realmente importa, tanto para o povo de Deus, como também para aqueles que o lideram.
Desta forma, os cristãos devem olhar para os seus líderes espirituais não como os seus ídolos mas sim como aqueles que levam as suas vidas até Cristo.
O povo de Deus deve perceber que aqueles a quem Deus chamou para liderarem o Seu povo, são apenas ministros e despenseiros dos mistérios de Deus e que estão investidos de autoridade quando as suas vidas e as suas palavras são um reflexo da autoridade de Deus relatada na Sua Palavra.
Duas definições encontramos neste texto para os líderes da Igreja.
1º A palavra “ministro” era usada num contexto das embarcações dos navios para o “remador subordinado” a todos os outros. Estes eram aqueles que tinham que puxar mais pelos remos.
Eram os mais desprezados dentro do navio, pois tinham uma posição mais servil de todas.
Dessa forma, Paulo mostrou toda a sua humildade ao dizer “Olhem sim para os vossos líderes. Eles são servos mas servos de Cristo”.
Ou seja, Paulo não diz que os líderes da Igreja são servos da própria Igreja e por isso empregados daquilo que a Igreja decidir.
Ele é muito claro neste ponto, os homens a quem Deus chamou para cumprirem os ofícios na Igreja são meros servos de Jesus Cristo porque na verdade é a Deus que têm de prestar contas do seu serviço.
Servos de Deus servindo a Igreja.
2º Os líderes da Igreja são despenseiros dos mistérios de Deus
A palavra “despenseiros” era usada para alguém que cuidava de todas as responsabilidades domésticas do senhor a quem servia. Eram simples criados ou escravos.
Os mistérios de Deus, lembrando o que fora dito ao longo destas semanas, são a mensagem de Deus que antes era oculta e que fora revelada em Jesus Cristo, o qual foi crucificado tendo depois ressuscitado.
Embora também aqui, e entendendo todo o contexto que vimos na semana passada, inclui também todo o conselho de Deus.
Desta forma, os ministros servem apenas Cristo. Estão também investidos de autoridade apenas quando são despenseiros ou proclamadores de todo o conselho de Deus e isto é a forma mais sublime de servir o povo de Deus.
Assim, Paulo disse aos cristãos para verem os seus líderes como servos de Cristo e proclamadores da Sua Palavra. Logo, não são proclamadores das suas ideias pessoais ou da sabedoria do mundo.
Poderão os irmãos pensar… Mas não somos todos servos de Cristo e também proclamadores da Sua Palavra?
Com toda a certeza que sim, no entanto, a responsabilidade primária, o que não anula a responsabilidade de todo o cristão, é dos líderes da Igreja. Eles devem ser o exemplo de como servir a Deus com a boca e com a sua vida.
Os pastores são chamados para pastorearem e não para serem pastoreados pelo rebanho, ainda que Deus use o Seu rebanho para ministrar pontualmente os Seus pastores.
Aliás, e olhando para as qualificações dos presbíteros, em I Timóteo 3, há aspectos que são responsabilidade de todos os cristãos. Por exemplo, os cristãos não devem ser dados ao vinho, como devem ser sóbrios, hospitaleiro, etc. Há apenas 2 aspectos que são diferentes: 1º Apto para ensinar. 2º Não ser um novo na fé.
Significa então isto, que os líderes que são servos de Cristo e proclamadores de todo o conselho de Deus devem ser apenas instrumentos visíveis de como as vossas vidas devem apontar a Cristo.
Este ponto não eleva os presbíteros a um nível de superioridade mas sim a um nível de responsabilidade e de uma responsabilidade servil. Apenas dizer isto as minhas pernas tremem!
2 Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel.
Naquela altura, os despenseiros eram os escravos e eram escolhidos para esta tarefa apenas aqueles que fossem mais fieis, tal era a responsabilidade que tinham.
Olhando para a Igreja, os líderes têm que ser fiéis a Deus e isto é tudo o que uma Igreja pode desejar face ao seu pastor.
Uma Igreja que ame o seu pastor, deve desejar e orar para que ele tenha tempo para orar, estudar e meditar nas Escrituras para que possa ministrar ao rebanho de Deus. Por isso, deve ajudá-lo a não ter outras tarefas que retirem este foco.
É precisamente o que vimos a semana passada e o que mais eu anseio ouvir da parte de Deus… Mateus 25:21E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
A fidelidade a Deus é o mais importante na vida do Cristão e a vida dos líderes, como responsabilidade primária, é espelharem essa fidelidade na forma como vivem e falam.
3 Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo.  
Paulo ao dizer estas palavras simplesmente mostrava que a função de um líder não é ter um grupo de seguidores ou fans mas um servir um rebanho para que este seja um seguidor de Cristo.
Ao dizer estas palavras, mostrou que não estava preocupado com o julgamento das pessoas, nem de algum tribunal humano ou até mesmo sobre o que Ele pensasse.
3 Aspectos podemos perceber para todos os cristãos:
Quando queremos ser fiéis a Deus, pouco importa o que as pessoas ao nosso lado possam dizer.
Isto não revela arrogância até porque devemos ouvir irmãos com mais maturidade cristã.
O que Paulo estava a dizer era que o padrão para a nossa vida encontramos na Palavra e por isso não importa o que outros possam dizer que não seja revelado na Palavra.
2º Talvez, daqui a uns anos – isto não é uma profecia – talvez compreendamos muito melhor o que Paulo está a dizer com o tribunal humano.
Aliás, falarmos contra certas coisas, quase que já somos julgados em praça pública.
3º Um dos nossos maiores ídolos e por isso a quem mais queremos agradar, é a nossa pessoa.
Quando fazemos as coisas para agradarmos o nosso ego, aumentar a nossa “auto-estima” ou fazer como se fossemos o fim último de todas as coisas, estamos a pecar.
Por isso, não pode ser também a nossa consciência a julgar a quem nós desejamos ser fiéis.
É a Palavra que nos julga e é a ela que temos de ser fiéis.
Um dia falaremos também sobre a importância, em certa medida, da nossa consciência (Romanos 14).
Com estas palavras Paulo simplesmente perguntou:
A quem querem agradar com as vossas palavras e com a nossa vida? Vocês querem ser fiéis a quem? Estão preocupados com o julgamento de quem?
V4 Porque, embora em nada me sinta culpado, nem por isso sou justificado; pois quem me julga é o Senhor.  
Percebemos neste texto que Paulo não tinha qualquer pecado que não tivesse sido confessado ou, por outro lado, que vivesse de forma habitual nele.
No entanto, não é a sua consciência que o vai julgar, logo não é por isso que será considerado inocente.
É o Senhor através da Sua Palavra que o irá julgar.
Assim, Paulo considerou que a nossa consciência pode ser enganosa logo não poderemos pensar “A minha consciência em nada me acusa”.
É o Senhor que nos julga meus irmãos ainda que nós possamos julgar com recta justiça.
João 7:24Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a recta justiça”, isto é, julgar se algo é certo ou errado mas sempre com a Palavra.
Ao dizer estas palavras, Paulo mostrou que não procurava a aprovação dos membros da Igreja para proclamar todo o conselho de Deus. Ele sempre foi um proclamador fiel.
Quando assim acontece, mostra-se que não se procura um “grupos de fans”, procura-se sim pessoas que através do anúncio da Palavra de Deus sejam fiéis ao próprio Deus.
A mensagem de Cristo pode ser considerada loucura mas a maior loucura é não a proclamarmos.
V5 Portanto nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará à luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o seu louvor.  
A Bíblia é um livro de tensões. Este versículo e ao lermos o capítulo a seguir podemos perceber isso.
Paulo disse para não julgarem antes do tempo, mas no capítulo 5, ele repreendeu a Igreja severamente por deixar de agir ou julgar com disciplina um caso de imoralidade.
Neste versículo, ele não anula a responsabilidade dos cristãos de analisarem todo o ensino ministrado pelo Pastor segundo as Escrituras.
Seguir o que o pastor diz apenas porque ele é o pastor da Igreja, sem se perceber se o conteúdo tem respaldo bíblico, simplesmente está-se a seguir o líder e não a Cristo. E foi isso que Paulo condenou nos primeiros capítulos desta carta.
O ponto é: Não julguem os vossos líderes segundo os vossos gostos pessoais, ou até pelas diferenças teológicas na forma de resolver algumas tensões existentes na Palavra de Deus e muito menos os julguem nas intenções com que eles fazem determinadas coisas.
Isto não é só do rebanho para o pastor, é também do pastor para o rebanho.
É Deus quem mostrará as nossas reais intenções no ministério.
Estava a ler a biografia de George Whitefield que tinha sido colega de John Wesley. Eram grandes amigos. Em 1741 começaram a discordar teologicamente mas continuaram a falar sempre com grande respeito. Antes de morrer, George Whitefield pediu que o seu grande amigo John Wesley fizesse o seu funeral mesmo tendo visões contrárias quanto à Salvação.
John Wesley aquando a morte do seu amigo George Whitefield disse “Hoje morreu um grande homem de Deus”.
Ainda esta semana dizia ao pastor Sabino. Apesar de pensarmos diferente em alguns aspectos, se eu morrer, quero que sejas tu a fazer o meu funeral.
Tudo isto acontece quando percebemos que a nossa ligação em Cristo é muito superior a qualquer outra coisa que possa até ser importante.
Voltando ao texto, Paulo escreveu estas palavras porque as pessoas estavam a desprezar-se umas às outras por serem seguidoras de homens diferentes “Eu sou de Paulo, eu sou Apolo, eu sou de Pedro, etc”.
Percebendo o contexto de Corinto podemos perceber o que Paulo quis dizer… “Podemos ter afinidades teológicas, congregacionais ou outras quaisquer, mas a única afinidade que realmente importa é a ligação que todos temos à pessoa de Jesus. Por isso, é que em Cristo somos um”.
Deus é quem dá o louvor às pessoas e nós honramos as pessoas na medida daquilo que Deus faz nelas e através delas.
V6a Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós;
Paulo disse de uma forma muito clara e humilde… Aquilo que eu vos falo, foi aquilo que eu apliquei para o meu ministério.
A responsabilidade primária, não isentando por isso as outras pessoas - daí ter escrito esta carta – tem que começar nos líderes da Igreja.
Tudo é de Cristo e para Cristo. Toda a Glória deve ser dada a Ele.
Assim meus irmãos podemos tirar algumas aplicações:
1º Como ministro de Deus, as únicas coisas importantes que tenho para vos dizer são quando as mesmas têm respaldo bíblico.
Eu não tenho um novo alimento para vos dar. Eu apenas vos dou o alimento que já nos fora dado.
Apenas preparo o alimento com os ingredientes bíblicos e o sirvo a vós para que cheguem ao bom pastor.
Este é o meu compromisso com Deus e convosco. Pregar com fidelidade todo o conselho de Deus.
Tudo o que precisamos está na Palavra.
Todo o crescimento que não seja sustentado pela Palavra tem os dias contados.
SALMOS 127:1 Se não for o Senhor a edificar a casa, em vão trabalham os construtores. Se não for o Senhor a guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas”.
Eu não tenho revelações especiais, porque se as tivesse, estaria a dizer que o que está nas Escrituras não é Suficiente.
Prego expositivamente e sequencialmente para não fugir de todo o conselho de Deus.
Isto é a forma de os irmãos perceberem que o meu objectivo no ministério, não digo que quem não o faça não o seja, é de ser fiel às Escrituras.
A mensagem de Cristo pode ser considerada loucura mas a maior loucura é se não a proclamarmos.
Não tenho como objectivo ser popular entre os irmãos ou no meio baptista, ainda que possa ser tudo tentador, mas tenho como objectivo ser fiel à Palavra. É aqui que invisto maior parte do meu tempo.
Estou aqui para servir a igreja e isso só acontece quando imito o supremo pastor: Cristo.
Algumas perguntas…
Jesus disse que “veio para servir”. Mas será que serviu segundo os interesses das pessoas à Sua volta ou até mesmo daqueles que lhe eram mais próximos?
O que faria Jesus se tivesse seguido as expectativas da multidão?
O que teria feito Jesus se seguisse os conselhos de Pedro e não fosse em direcção à cruz?
Nós não estamos na Igreja para discutir e promover a nossa "primazia", mas sim para exaltar a primazia de Cristo nas nossas vidas.

Que Deus nos ajude!

I Cor. 3:9-26

I Coríntios 3:9b “ Vós sós o edifício de Deus”.
Paulo usou a analogia da construção de um edifício para perceberem os fundamentos e a razão da existência da Igreja.
Naquela altura construir um edifício demorava centenas de anos. Era um processo muito lento porque ainda não havia máquinas que levantassem os materiais mais pesados, como por exemplo, as gruas.
Dessa forma, as grandes catedrais demoravam cerca de 4 a 5 séculos para serem construídas.
No entanto, ao relembrarmos que na Igreja havia divisões, Paulo falou-lhes que todos eram o edifício de Deus.
Ou seja, a Igreja não é sinal de vários edifícios, mas sim de um edifício.
V10 “Eu procurei lançar os alicerces, como faz um construtor ajuizado e conforme a capacidade que Deus me deu, e outro vem continuar a construção. Mas cada um deve prestar bem atenção ao modo como constrói”.
Percebemos aqui 4 coisas:
1º Paulo considerou-se como construtor do edifício de Deus.
Ele percebeu que o seu ministério passava apenas por fazer os alicerces do edifício, isto é, da Igreja.
Investiu o seu tempo no ensino correcto do Evangelho e das doutrinas de Cristo.
Tanto era um evangelista como um doutrinador. Esta carta é um dos vários exemplos de como Paulo se importava com o correcto ensino da doutrina.
2º Paulo fazia o que fazia porque Deus o tinha capacitado.
Para uma comunidade orgulhosa, Paulo revelou que fez o que fez, porque Deus o houvera capacitado.
Quando ele reconheceu isso, mostrou toda a sua humildade.
Ninguém pode estar ao pé da Cruz de peito inchado.
Aliás, a Cruz de Cristo humilha-nos, no entanto, o próprio Cristo levanta-nos com o Seu poder.
Não é pelas nossas forças, é na força do nosso Deus.
3º Não há pessoas mais ou menos importantes numa obra. Todos são servos.
Esta era uma ideia que já vinha dos versículos anteriores.
Um edifício pode demorar muitos anos a ser feito. Uns projectam, outros fazem as bases, outros constroem, outros fazem os acabamentos e outros irão habitar nele.
O mesmo se passa na vida da Igreja… Uns fizeram os alicerces, outros construíram, outros fazem os acabamentos e outros habitam ou colhem aquilo que foi feito.
Todos os pastores desta comunidade tiveram e têm a mesma importância porque tudo aquilo que foi feito, foi feito na força e sabedoria de Cristo.
4º Cada um faz a sua parte, no entanto, cada um é responsável diante de Deus pelo que faz.
Todos são responsáveis pelo que fazem, no entanto, os que fazem parte do presbitério têm responsabilidades diferentes ou melhor, terão um julgamento muito mais rigoroso sobre as suas acções e sobre o ensino ministrado à Igreja.
Em Tiago 3:1 lemos “Meus irmãos, são poucos os que devem ser mestres. Saibam que nós, os que ensinamos, teremos um julgamento mais rigoroso”.
Por isso, o ministério que tem mais responsabilidade dentro da Igreja é o ministério do ensino.
Daí percebermos que os presbíteros devem ter dupla honra porque o presbitério (liderança espiritual) é responsável por todo o ensino ministrado nesta comunidade, desde o berçário até aos adultos.
11 Ninguém pode colocar outro alicerce além daquele que já existe e que é Jesus Cristo.
O fundamento da Igreja, como pudemos ver, foi a pessoa de Jesus Cristo e a Sua obra na Cruz. Percebemos isso durante 5 domingos.
Paulo não desenhou um novo projecto para os alicerces da Igreja. Ele estabeleceu aquilo que Deus houvera dado, isto é, o ensino sobra a vida do próprio Senhor Jesus Cristo.
A Igreja não é aquilo que Paulo quis que fosse.
A Igreja é aquilo que Deus quer que ela seja, Ele assim o transmitiu pela boca do Apóstolo Paulo e de todos os outros escritores da Sua Palavra.
A Bíblia é inerrante e não nos podemos esquecer disto, porque toda ela é a Palavra de Deus, não apenas partes.
Ninguém pode acrescentar ou retirar nada à Palavra de Deus, mesmo sendo afectados por uma cultura corrompida pelo pecado.  
O nosso padrão é Cristo.
Por isso, sendo Deus o dono da Obra, ninguém pode estabelecer outro fundamento na Igreja que não seja o ensino de Cristo, o qual podemos ver em toda a Palavra de Deus.
Não há outro fundamento… Mesmo que digam que tiveram uma revelação especial de Deus.
É nesta medida que Martinho Lutero disse “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias”.
Por isso, se alguém quiser abrir uma Igreja, que não tenha como base o Evangelho da Cruz de Cristo, esta não poderá ser considerada uma igreja bíblica, por muito que nos custe.
Não há Igreja sem Cristo. O que pode haver são espectáculos religiosos, os quais, dando glória ao homem, nunca poderão dar Glória a Deus. É isso o que acontece quando colocam o ser humano como o centro do Evangelho.
Precisamos de ter cuidado com o humanismo. Faz-nos bem ao ego, mas é totalmente ineficaz.
V12 “Sobre esse alicerce, cada um é livre para construir com materiais de ouro, prata ou pedras preciosas, ou ainda madeira, feno ou palha”.
É essencial para um edifício ter bons alicerces. Talvez seja o mais importante, pois mexe com a estabilidade e durabilidade do mesmo.
No entanto, é necessário que esse edifício também tenha bons materiais de construção e bons acabamentos. Apenas com este conjunto completo podemos dizer se um edifício é bom ou mau.
O edifício pode estar muito bonito, mas vindo as tempestades os problemas (Casa Lisboa) ficam logo a descoberto.
É isso que encontramos em Mateus 7:24-27Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.
Voltando ao texto de Coríntios… O ouro, a prata e as pedras preciosas são dos materiais mais valiosos, no que diz respeito à sua resistência. Aliás, foram os materiais mais usados no templo de Salomão.
Por outro lado, a madeira, o feno e a palha são materiais que não têm resistência nenhuma face às adversidades que possam surgir.
Isto, na vida da Igreja, significa tão somente: “Tenham cuidado com tudo o que fazem lembrando-vos que a base de todas as vossas acções é Cristo”. Porquê? Porque o alicerce da Igreja é sempre a pessoa de Jesus. Não pode haver outro alicerce. Jesus Cristo é a medida de todas as coisas.
Será que saber disto muda a nossa perspectiva quando servimos a Igreja? 
No V9 percebemos que quem fez os alicerces foram os evangelistas e os pastores. Por outro lado, aqui percebemos a abrangência do ministério na Igreja.
Na versão JFA diz mesmo “Se o que alguém edifica”. Então, esta mensagem não é apenas para os presbíteros da Igreja, esta mensagem é para todos os membros que estão envolvidos no serviço a Cristo, servindo a Sua Igreja.
Todos os cristãos são chamados a servirem na Igreja lembrando-se que Cristo é a base e a medida de todas as coisas.
Tudo o que fazemos é para Deus! Em todas as nossas acções temos de espelhar a pessoa de Jesus Cristo.
Em Efésios 4:11-16 percebemos…
Deus deu os construtores… E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
Temos um bom alicerce e materiais Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
Objectivo: Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.
Então meus irmãos: Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas (Importância de todos e não de alguns), segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor”.
Temos tudo o que precisamos para sermos uma Igreja de Cristo e para Cristo! Vivamos como tal.
V13 “Mas a obra de cada um há-de ver-se. No dia do juízo, vai ficar à vista de todos, pois esse dia será como o fogo que vai pôr à prova o trabalho de cada um conforme o valor que tiver”.
Paulo sentiu a necessidade de mostrar-lhes que tudo aquilo que eles iriam fazer, iria ficar exposto.
As motivações com que eles faziam o trabalho de Deus serão reveladas nos últimos tempos, ou seja, no “Dia do Senhor” onde tudo ficará claro.
Este fogo não é o purgatório. Este fogo será o julgamento do Senhor e onde finalmente se perceberá que tipo de materiais temos usado.
14 Se o edifício construído por alguém resistir, essa pessoa receberá um prémio.
Tudo o que for feito e realizado através de Cristo e para Cristo, isso permanecerá.
Como será bom ouvir… Mateus 25:21E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
Diz o texto que essa pessoa receberá o prémio.
Ou seja, não é o julgamento no sentido se é condenado ou salvo.
A sentença para os cristãos já está dada porque Cristo pagou o preço. Este texto fala-nos do galardão prometido para aqueles que servem a Igreja de Cristo.
Não fazemos com o fim último de receber o galardão, porque se assim fosse, estaríamos preocupados connosco. Então, fazemos todas as coisas para a Glória de Deus, sabendo que se assim fizermos, iremos receber o galardão.
Ao dizer estas palavras e num contexto de divisão, Paulo mostrava assim que o galardão não estava aqui na terra mas no céu.
A ideia não é criar discípulos dos homens, mas de Cristo. Não é exaltar a pessoa, mas Deus pelo que faz através da pessoa.
Paulo apelava assim para que fossem humildes no serviço a Deus.
Mateus 23:12E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”.
15 Se o edifício arder, essa pessoa fica sem prémio. Todavia será salva, mas como que pelo fogo.
Este texto não fala de perder a salvação. A pessoa que é cristã e serve na Igreja será de facto salva, quanto mais não seja, toda chamuscada pelo fogo.
Pergunta: Será que aqueles que são salvos, embora chamuscados, são aqueles que disseram que fizeram uma decisão e nunca mais quiseram saber de Deus ou da Sua Igreja?
É que por vezes ouvimos dizer “Aquela pessoa será salva, mas será mesmo toda chamuscada. Será por um triz”.
Voltemos ao texto… Este versículo aponta para os cristãos que edificam a Igreja, logo não estão ausentes dela. Fala para aqueles que servem a Cristo.
Por isso, nunca podemos dizer que alguém que tomou uma decisão, mas vive afastado do Evangelho, será salvo por um triz. Não há base bíblica para tal. Temos é de perguntar se ela de facto é cristã.
A perseverança é a marca dos cristãos!
16-17 Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita no vosso interior? Se alguém destrói o templo de Deus, também Deus o destruirá. De facto, o templo de Deus é santo e vocês são esse templo.
Esta é uma grande advertência para quem quer ter outro fundamento que não o Evangelho de Cristo. É também uma advertência para que quem quiser destruir a Igreja de Cristo.
Paulo exorta os cristãos em Corinto para que deixem a sabedoria deste mundo de lado para que então Cristo seja o alicerce e a medida para todas as coisas que venham a seguir.
Ao haver divisões na comunidade em Corinto, a Igreja de Deus estava a ser destruída e Ele é muito claro com aqueles que provocam tais coisas.
Destes versículos podemos tirar algumas aplicações…
1º Tudo o que tira a primazia a Cristo é pecado!
Paulo advertiu os cristãos em Corinto da importância de Cristo ser o fundamento da Igreja, assim como, também, de todas as outras coisas serem feitas mediante aquilo que Cristo deixou à Sua Igreja, quer nos Evangelhos, quer nos restantes livros da Bíblia.
Assim, a vida da nossa Igreja tem de espelhar a Cristo, mais do que as nossas personalidades que são diferentes umas das outras.
Em certo sentido, as divisões surgem quando achamos que são as nossas vidas que estão em causa e não o Evangelho.
Servimos para que as pessoas nos adorem ou adorem a Cristo?
Ainda servimos pela fé? Ainda servimos com fé?
Tudo o que exalta a Cristo é precioso. Tudo o que não exalta a Cristo para nada serve.
Por isso meus irmãos, a necessidade de pregar todo o conselho de Deus. Primeiro a mim e depois a cada um de vós para que assim possamos ser quem Deus deseja que sejamos e não quem nós desejaríamos ser.
Eu desejo e luto diariamente para que possa dizer o mesmo que o apóstolo Paulo Atos 20:26-27 “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus”.
A minha fonte de autoridade não é este púlpito, nem a minha sabedoria ou, muito menos, as minhas experiências.
As minhas palavras têm autoridade apenas quando forem uma repetição e aplicação correcta das Escrituras.
Encontro-me investido de autoridade somente quando estou sob a autoridade da Palavra. Afinal, a Bíblia é a única regra de Fé e de Prática.
Nada tem mais poder para transformar a Igreja do que a pregação do Evangelho, porque é a Palavra que dá Vida.
A Igreja é a Imagem do Deus vivo e não a imagem do pastor Jónatas ou de outra pessoa.
Cristo é a razão da nossa existência.
Que as nossas vidas possam resplandecer a Palavra através da nossa boca mas também com a nossa vida.
2º Nós queremos pessoas convertidas ao Evangelho e não pessoas amigas do Evangelho.
Mais do que vidas, Deus deseja que haja Vida na vida da Igreja e essa só acontece mediante a pregação da Palavra.
Deus não está interessado que as Igrejas estejam cheias de pessoas convertidas ao pastor ou às actividades sociais da Igreja.
Nós queremos pessoas convertidas a Cristo e não convertidas às nossas personalidades. Era isto que a Igreja em Corinto não tinha percebido.
Nós temos que ter o desejo de crescer em santidade mas também em número. Não para sermos uma Igreja grande, mas para que Cristo seja mais exaltado através de mais vidas!
Quem não deseja crescer em número é porque está acomodado, porque crescer acarreta responsabilidades e serviço e faz-nos sair da nossa zona de conforto.
Por vezes, chegamos ao ponto de dizer que as pessoas não querem nada com o Evangelho, quando nem sequer as evangelizamos, ou se evangelizamos desistimos logo.
Desejamos crescer em santidade e em número enquanto Igreja?
O que temos feito enquanto Igreja para engrandecer a pessoa de Cristo?
Se nada, então vamos parar tudo o que estamos fazer, dobremos os nossos joelhos, arregacemos as nossas mangas, e coloquemos as nossas mãos à obra.
Pensemos… Somos Igreja ou um grupo de amigos que se encontram apenas para ouvir a Palavra de Deus?
A Igreja é a imagem do Deus vivo e às vezes as Igrejas estão “tão mortas” que parece que o nosso Deus está morto.
3º Servimos a Cristo quando servimos a Sua Igreja
Não servimos a Igreja apenas quando temos tempo disponível.
Nós servimos a Igreja porque essa é a nossa obrigação e mais do que obrigação devemos encarar como um privilégio.
Deus não deseja os restos e nem aquilo que nos sobeja!
Servir a Cristo e servir a Igreja estão intimamente ligadas. Não podemos dizer que somos de Cristo e não ligarmos nada à Igreja, mesmo que possamos vir todos os Domingos.
Quando assim é, parecemos aqueles casais que estão casados mas vivem a vida como se fossem dois amigos, que estão na mesma casa mas não têm nada em comum e nem sequer há qualquer tipo de relacionamento.
Daí dizermos que entender a Igreja é também entender o casamento.
4º Investimos nas pessoas porque Deus investiu em nós.
Paulo advertiu os cristãos em Corinto para viverem em unidade, porque o próprio Jesus ensinou-nos isso. O próprio relacionamento trinitário mostra isso.
O Evangelho obriga-nos enquanto cristãos a viver em unidade mesmo havendo diversidade.
O mundo ensina-nos que devemos investir nas pessoas que querem ou que merecem. A mensagem da Cruz ensina-nos que Deus investiu em quem não quis e em quem nada mereceu.
O melhor investimento que pode haver é através do ensino correcto e fiel da Palavra de Deus.
Quando saímos da Igreja, o nosso coração e a nossa boca falam de quê? Do Evangelho ou de outra coisa qualquer?
Quando estamos juntos, o nosso coração e a nossa boca falam de quê? Do Evangelho ou de outra coisa qualquer?
Claro que pode ser outra coisa qualquer, estranho é quando não falamos do Evangelho uns com os outros! E se não falamos uns com os outros, será que falamos com aqueles que não são cristãos?
Nós somos guiados pela cultura, mas pela cultura da Palavra de Deus.
Estamos mais preocupados em pedirmos bênção ou em sermos bênção?
Cristo estará satisfeito com o investimento, com o tipo de materiais que temos usado na Igreja?
A Igreja é de Cristo e Ele é a medida de todas as coisas.

Que Deus nos use e nos faça bênção e tudo isto para a Sua Glória.