sábado, 28 de junho de 2014

Jesus Cristo no Antigo Testamento... Miqueias.

Miqueias significa “Quem é como o Senhor?”
Não temos informação da sua linhagem mas o significado do seu nome mostra que pertencia a uma família temente a Deus*.
Miqueias viveu na cidade de Moresete perto dos montes de Judá. Ou seja, era do interior. No entanto, Deus escolheu-o para uma tarefa importante. Este aspecto terá a sua relevância para a compreensão do texto.
A mensagem tem como destinatário os dois reinos, mas a ênfase está no Reino do Sul.
Conforme vimos a semana passada, não havia guerras embora a paz estivesse quase a acabar por causa do pecado do povo.
Quando derrotaram o reino do Norte, muitas pessoas fugiram para o Sul e isso fez com que o povo do Sul aprendesse com os costumes pagãos do Norte.
Percebemos também, a semana passada, que os líderes de Judá eram corruptos e cometiam crimes hediondos contra o povo.
O objectivo do livro passa por repreender as práticas pecaminosas e advertir contra a falta de valores pessoais e sociais.
Miqueias advertiu o povo, durante a primeira parte do livro, dizendo que o julgamento de Deus estava para vir, só que, para eles, nada fazia sentido porque viviam numa paz completa, embora fosse circunstancial.
Quando tudo está bem, muitas vezes não ouvimos as chamadas de atenção que nos são dadas. E o povo não ouvia Miqueias.
Percebemos, este tipo de coisas, constantemente, em todo o AT. A paz fazia com que as pessoas não ouvissem as advertências de Deus.
Muitas vezes houve sofrimento para que, então, ouvissem a voz de Deus.
O livro de Miqueias divide-se em 3 partes: Os pecados do povo; O anúncio do Juízo contra o povo; Promessa de bênção no Messias.
O tema do livro de Miqueias é “Em Deus há esperança”.
Miqueias 5:1 Quanto a ti, Belém, no clã de Efrata, embora sejas tão pequena entre as terras de Judá, de ti farei sair aquele que vai ser o guia de Israel; ele descende duma família, cuja origem vem dos tempos mais antigos.
Depois de Miqueias ter sido usado por Deus para expor os pecados e o consequente juízo de Deus sobre os pecadores, o profeta fala da esperança que há no próprio Deus.
Para o pecador arrependido existe sempre Esperança.
Esta Esperança vem de Belém que significa “Casa do Pão” e Efrata que significa “Fertilidade”.
Ou seja, vem de um sítio considerado frutífero.
Miqueias quis dar a ênfase à Esperança e mostrar que a mesma vem de um sítio insignificante de uma pequena aldeia ou vila.
Percebemos isso quando não encontramos este nome nas cidades importantes de Judá descritas em Josué 13 e Neemias 11.
Belém era a terra de David e também a terra de Noemi e por conseguinte a terra onde Rute foi viver (vimos isso há pouco tempo).
Deus faz a Sua obra através de coisas pequenas, sem muito valor e através dessa obra nasce alguém de imenso valor que muda a nossa história de uma tal maneira que mexe com toda a eternidade.
No original encontramos o pronome “me” que se revela importante e dá uma ênfase ainda maior à origem de tudo o que vai acontecer.
Diz o texto no original, “De ti me sairá”. Isto mostra que a vinda da Esperança tem como fim cumprir os propósitos de Deus e vem do próprio (pessoa) Deus.
Vem da vontade do Pai para realizar o plano do próprio Pai.
Esta Esperança é Jesus.
O interessante, é que esta profecia foi feita 700 anos antes da sua concretização e foi cumprida em todos os seus detalhes.
Se repararmos em Mateus 2:5-6, Maria não viveu em Belém.
No entanto, por decreto do imperador, José e Maria viajaram até a cidade de Belém, onde Jesus então nasceu.
Aparentemente havia várias dificuldades, mas no fim de tudo, percebeu-se que tudo o que aconteceu foi por decreto de Deus.
Não por causa da Sua presciência, mas porque Deus ordenou e controlou cada momento. Isto dá-nos confiança sobre a veracidade das Escrituras.
Vale a pena confiar a Deus os reveses da nossa vida.
Percebemos ainda no texto que esta Esperança vem desde os tempos antigos, ou seja, a Esperança não está circunscrita ao tempo.
A ideia, no original, passa por mostrar que Cristo, a nossa Esperança, existiu desde sempre e agiu e agirá em todos os momentos da nossa vida.
Alguém que existiu desde sempre e que vai nascer em Belém. O ponto aqui também é dar ênfase à divindade da pessoa de Jesus Cristo e à Sua humanidade aquando a Sua chegada até nós.
100% Humano e 100% divino. Chama-se a esta união, união hipostática.  
V2 Por isso, o SENHOR abandonará o seu povo, mas só até que dê à luz a mulher que espera um filho. Os que tiverem sobrevivido ao exílio hão-de juntar-se então aos outros israelitas.
Num momento catastrófico para o povo, Deus traz Esperança. Não um alento qualquer.
Esta Esperança não são frases de motivação ou de auto-ajuda. Esta Esperança é a vida do Seu próprio filho.
Jesus Cristo é o cumprimento de todas as promessas do Antigo Testamento.
Ao confiarmos em Cristo, estamos a confiar que n’Ele iremos herdar as promessas.
Romanos 15:8 – “Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais”.
2 Coríntios 1:20 – “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós”.
Então, o que vemos aqui, é que num momento difícil o qual podia eliminar de vez o povo de Israel, Deus promete que a linhagem de Davi iria continuar.
O reino do Norte foi destruído e o Reino do Sul estava quase a receber o julgamento de Deus.
No meio do caos, por causa da desobediência a Deus, o próprio Deus traz uma mensagem de paz e de Esperança. Maravilhosa Graça.
No entanto, o povo ainda ia passar por um momento de sofrimento (700 anos), como se fossem as dores de parto* antes de dar à luz o Libertador.
Vale a pena confiar nas promessas de Deus.
Vale a pena termos Esperança no meio das adversidades.
Jeremias 29:11 “Pois eu sei os planos que tenho para vós. São planos de prosperidade e não de desgraça, planos que se concretizarão num futuro de esperança”.
Ainda confiamos nesta Esperança?
V3 Quando esse guia vier, conduzirá o seu povo com firmeza, graças ao seu poder e à presença gloriosa do SENHOR, seu Deus. O seu povo viverá em segurança, porque a grandeza do SENHOR será reconhecida até aos confins da terra;
O povo já estava perdido e sem rumo nesta fase. O livro de Miqueias contempla algumas fases.
No entanto, o profeta Miqueias disse que iria chegar aquele que iria guiar o povo a pastos verdejantes (Salmos 23).
Imaginemos o que é, estar no meio do caos e mesmo assim sentir a Esperança em alguém sabendo que essa pessoa está no controlo e, face a isso, guia-nos diariamente.
Como seria bom e confortante ouvir estas palavras?
Se confiamos em Cristo, esta promessa é para nós também.
Diz-nos o texto que não é de uma forma qualquer.
Essa Esperança estará connosco e irá apascentar-nos na força do próprio Deus. Saber disto faz-nos andar seguros porque a Sua grandeza não tem limites.
Tendo ainda a certeza e que o Seu nome será conhecido em todas as nações (Podemos ver aqui as referências a Filipenses).
Refere ainda o texto que Cristo irá apascentar-nos e dar-nos assim o que nós precisamos.
Significa isso, que não vai haver necessidade alguma que não esteja satisfeita em Cristo. Que gloriosa promessa.
Então, este texto remete-nos para a esperança que veio em Cristo, aquando a Sua primeira vinda pronunciando assim a Sua Segunda vinda.
V4 E assim vai reinar a paz.
Num contexto de guerra, perturbação e onde aparentemente não havia futuro, Miqueias diz que virá a paz sobre aqueles que confiam nessa Esperança.
Nos versículos a seguir, percebemos que para uns será sinal de julgamento eterno face aos desígnios de Deus.
Apenas uma nota, antes de haver esta paz plena na terra, podemos ter a paz com o nosso Deus no imediato.
Se nos arrependermos dos nossos pecados, a Sua irá será retirada de nós e ser-nos-á dada a Sua justiça. E isso traz-nos paz.
Romanos 5:1 “Portanto, uma vez que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo.”
Como é bom sabermos que no meio da tribulação na nossa vida haverá um dia em que viveremos numa plena paz com Deus e com o mundo (Shalom)?
Sentimos esta Esperança?
Em Deus há Esperança… É o tema de Miqueias.

Com Miqueias podemos aprender 4 lições:
Precisamos de ouvir a voz de Deus.
O povo estava a viver em paz e não percebia os avisos de Deus. Por isso, sofreu o cativeiro e por causa disso sofreu imenso.
Em certo sentido, quando as circunstâncias da nossa vida aparentemente estão bem, há alguns avisos da parte de Deus que não são atendidos.
Daí, e nem sempre essa é a causa, há situações que nos acontecem para que os nossos olhos possam ter o foco que precisamos para a nossa vida.
Precisamos escutar a Deus*. Necessitamos de sentir o poder da Cruz de Cristo*. Carecemos do discernimento do Espírito Santo*.
Nos bons e nos momentos mais difíceis da nossa vida tudo tem que apontar a Cristo.
Por isso, precisamos de ouvir o que Ele tem para nos dizer.
Ainda anseia pela voz de Deus? Ainda sente prazer nisso?
Deus usa coisas inesperadas e insignificantes para salientar que Ele é todo-poderoso. Também para percebermos que toda a Glória deve ser dada a Ele.
Da vila pequena de Belém nasceu o Redentor. Não da capital mas de um lugar que ninguém depositava confiança.
Ser vaso nas mãos de Deus é compreender que Ele faz de nós, não aquilo que desejamos, mas aquilo que Ele quer e da forma que pretender.
Não são as coisas grandiosas que chamam a atenção a Deus e muito menos a nossa pseudo majestade.
II Crónicas 16:9É que o SENHOR está atento ao que se passa na terra, para dar força aos que confiam nele com todo o coração.”
Salmos 34:18-19O SENHOR atende o clamor dos justos e livra-os de todas as suas angústias. O SENHOR está perto dos que têm um coração contrito; ele salva aqueles que já não têm esperança”.
Às vezes podemos desejar ser como os outros ou ter o que os outros têm, no entanto, temos que saber que pela Graça de Deus somos aquilo que somos (I Cor. 15:10) e a Sua Graça nos basta (II Cor. 12:9).
Deus usa as nossas vidas independentemente da nossa pequenez.
Podemos sentir paz mesmo no meio da adversidade olhando para Cristo.
Miqueias 7:7, 18-20 Eu, porém, tenho esperança no SENHOR, ponho a minha confiança em Deus*, que me salva*; e o meu Deus ouvirá o meu apelo*.
Ó Deus, não há outro deus como tu*, que esqueces e perdoas a rebeldia e os pecados do que ainda resta do teu povo! Tu não manténs a tua ira para sempre* e nos mostras com agrado o teu amor.
Mais uma vez, tem compaixão de nós; esquece os nossos crimes e lança os nossos pecados no fundo do mar!
Manifesta o teu amor e fidelidade para com os descendentes de Abraão e de Jacob, como prometeste aos nossos antepassados, desde os tempos mais antigos”.
Pecado confessado*, Deus o atira para o mais fundo do abismo.
Deus não nos julga segundo o nosso pecado mas segundo o que Cristo fez na Cruz.
Conforme diz Tim Keller no livro “A Cruz do Rei”: “Na cruz Jesus recebeu aquilo que nós merecíamos: O pecado, a culpa e a condição decaída do mundo recaíram sobre Ele. Ele amou-nos tanto, que tomou sobre Si a Justiça divina para que pudéssemos ter livre passagem, para sempre”.
Podemos sentir Esperança, mesmo nos momentos de desânimo, olhando para o Futuro que temos em Cristo.
O povo estava desalentado e Miqueias dá Esperança.
Não livrou o povo dos problemas mas mostrou-lhe que esses problemas dentro de pouco tempo deixariam de fazer sentido.
Esta é a promessa que temos em Cristo - II Cor. 4:17-18 As aflições do momento presente são leves, comparadas com a grande e eterna glória que elas nos preparam. Não fixamos a nossa atenção nas coisas que estão à vista, mas naquelas que ainda se não vêem. Pois o que se vê é passageiro, mas o que ainda se não vê é eterno”.
Temos Esperança na Eternidade mesmo não sabendo nada sobre o amanhã. E temos esperança porque essa esperança em parte já se revelou em Cristo e em breve irá revelar-se novamente.
Para onde olhamos nos momentos mais duros da nossa vida? Para onde nos viramos quando o desânimo nos bate à porta?
Descansemos porque Deus é Deus.
Descansemos porque Ele age na Sua graça e não pelos nossos merecimentos.
Vivamos pois as verdades do Evangelho. Conforme disse Moody, “Um dos grandes problemas que temos é o tráfico de verdades não vividas”.
Nos momentos difíceis, lembre-se de Apocalipse 21:4 E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.

Que Deus nos ajude.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Jesus Cristo no Antigo Testamento... Amós

Amós…
Contexto Histórico
No ano 930AC tinha havido a divisão de Israel em 2 partes.
O Reino Norte, com o Nome de Israel (10 tribos). Rei Jeroboão.
No Reino Sul, com o Nome de Judá (2 tribos – Judá e Benjamim). Rei Roboão.
Havia bastante rivalidade e as pessoas não se comunicavam.
A história no livro de Amós acontece cerca de 175 anos após esta divisão.
Amós era um pastor de ovelhas e agricultor (colhedor de Sicómoros – Figos mais pequenos). Era de Tecoa, perto de Jerusalém, ou seja, do Reino do Sul.
É chamado por Deus para proclamar a Sua Palavra no Reino Norte. Os líderes da nação (juízes e conselheiros) vivam tempos de grande prosperidade em contraste com o povo que eles lideravam.
Esses líderes estavam jubilosos com o luxo e com a tranquilidade como consequência do reinado do Rei Jeroboão II.
Viviam também em tempos de paz porque a Assíria já não os ameaçava. Isto aconteceu, provavelmente, devido ao arrependimento do povo de Nínive, mediante a pregação de Jonas (Jonas 3:10).
Achavam-se por isso no auge do poder.
Por outro lado, viviam num tempo de corrupção espiritual, arrogância, opressão dos pobres e numa decadência moral.
Deus, na Sua Graça, já tinha enviado alguns profetas (Oseias, Jonas, Isaías, Miqueias e Amós) durante 40 anos para pregarem o arrependimento.
Tudo isto aconteceu antes da grande calamidade no Século VIII.
Este livro tem como grande tema “Deus é Senhor” e salienta assim dois aspectos importantes:
A Soberania de Deus sobre todas as coisas;
O povo de Deus deve deleitar-se somente em Deus;
Amós prega contra todo o tipo de corrupção existente em Israel e, principalmente, para aqueles que dirigiam o seu reino.
6:1-2 -> “Ai dos que vivem sossegados em Sião, e dos que vivem sem receio no monte de Samaria, homens notáveis da principal das nações, e aos quais vem a casa de Israel! Passai a Calne, e vede; e dali ide à grande Hamate; e depois descei a Gate dos filisteus; sois melhores que estes reinos? Ou será maior o seu território do que o vosso território?
O sentimento de estabilidade financeira e social fazia com o que os líderes do povo de Israel sentissem a sua vida por garantida.
Os sonhos concretizavam-se e as conquistas eram coisas frequentes.
O futuro, na óptica dos líderes de Israel, só podia ser sorridente.
A confiança no poder e nas riquezas, fazia com que não temessem o dia de amanhã. *
A corrupção dos líderes era uma constante.
Não conseguiam perceber, por isso viverem conforme queriam, que Deus é Senhor sobre tudo e todos.
Confundiram liberdade com libertinagem.
A conformidade com o mundo cegou-os para as coisas de Deus, assim como, de sentirem prazer de estar na Sua presença.
Deus, na Sua graça, queria alertá-los. A palavra no original é mesmo rugir - Amós 1:2 contra o orgulho deles.
Há então a necessidade de avisar o povo que nada, nem ninguém, é capaz de deter a ira de Deus.
Amós refere então a necessidade de olharem para os reinos vizinhos (Calne, Hamate e Gate).
Estes povos eram maiores do que o povo de Israel, faziam também o que queriam e, mesmo assim, receberam o castigo de Deus. Foram completamente dizimados.
A Soberania de Deus estende-se por todo o lado.
A preguiça para com as “coisas do alto” (Paulo a Filipenses) corrompeu-os… Ficando assim orgulhosos e confiantes no seu poder e, para além disso…
V3 -> “Vós que imaginais estar longe do dia mau e fazeis chegar o trono da violência”.
Viviam como se o Dia do Senhor (julgamento) estivesse distante. Por isso faziam o que queriam porque achavam que nada os detinha.
A violência para com os mais fracos, no reinado de Jeroboão II, era uma constante, porque achavam que as suas acções nunca iriam ser julgadas por um Deus Santo e Justo.
Os juízes eram corruptos porque roubavam o povo em julgamentos imparciais.
Os líderes eram tiranos para com o povo. Relembrar que foi por causa da tirania que o Reino se dividiu em dois (Norte e Sul).
A libertinagem surgiu porque achavam que não tinham que prestar contas perante o Criador de todas as coisas… Deus.
Com isto tudo, provocavam a ira de Deus porque governavam o Seu povo de modo corrupto.
A soberba era tanta que desprezavam todos os avisos de Deus. 40 Anos a serem constantemente alertados para o pecado.
Achavam, como diz o texto, que podiam afastar o dia do julgamento quando na verdade ainda o apressavam mais.
A apatia para com as “coisas do alto” levou-os a desprezar a voz de Deus.
V4-V6 -> “Que dormis em camas de marfim, e vos espreguiçais sobre o vosso leito, e comeis os cordeiros do rebanho e os bezerros do cevadouro; Que cantais à toa ao som da lira e inventais, como Davi, instrumentos músicos para vós mesmos; que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente óleo”.
Os prazeres dos líderes de Israel mostravam a quem serviam logo a quem pertenciam.
As escolhas deles revelavam os seus ídolos.
A forma como se relacionavam com o povo, expunha a relação que tinham com Deus*.
A auto-satisfação era notória e isso era evidente na forma luxuosa com que viviam a vida e tratavam com arrogância o povo.
Usavam rituais e símbolos desprovidos da presença de Deus.
A apatia para com as “coisas do alto” levou-os a corromperem-se usando símbolos espirituais para satisfazerem-se a si próprios e não a Deus.
Vida extravagante e descuidada no meio da opressão que cometiam sobre o povo, povo esse que vivia em miséria.
Usavam a música e os instrumentos (associados sempre a Louvor a Deus) como forma de se alegrarem e fazerem letras à toa dizendo que estavam a ser como Davi.
A procura do Luxo e do prazer passou a ser uma prioridade e uma obsessão para aqueles líderes.
Como reagir às tentações que o mundo e o nosso “Eu” fomentam na nossa vida?
Começamos a abrir a estrada para Jesus.
Quando olhamos mais para o “eu” alguma coisa acontece na nossa relação com o próximo…
V6 -> “Mas não se afligem pela ruína de José;”
Quando a vida é feita pela procura incessante de luxo e do prazer pessoal, o coração fica endurecido para com os outros.
O foco dos líderes revelava um puro egoísmo a tal ponto que não se importavam como os seus liderados estavam e muito menos como se sentiam.
Amós repreende severamente os líderes de Israel por se entregarem aos deleites e prazeres pessoais enquanto existiam pessoas na pobreza.
A apatia apenas existia na acção para com os outros. Porque as forças para a busca do prazer pessoal, essas nunca acabavam.

Aplicando…
Aprendemos no livro de Amós, quatro lições:
1- A apatia que por vezes acontece na nossa vida, não é sinal que descansamos no Senhor mas de desleixo para com as coisas do Senhor.
Não temos apatia para com aquilo que nos satisfaz.
A apatia é sinal de corrupção porque nos satisfazemos onde não devemos.  
É preciso analisar a nossa vida para perceber se ansiamos as coisas que Deus criou para Si. Isto é, se procuramos buscar a nossa satisfação pessoal em vez de buscarmos a satisfação que há em Cristo Jesus e essa é eterna.
É o alerta de Romanos 1… Adorar a criatura em vez do Criador.
Quando a satisfação está em outro lado que não em Deus, simplesmente estamos a dizer a Deus que Ele não nos chega
Quando Deus não nos satisfaz, a corrupção com o mundo é garantida. A conformidade com o mundo (Rom. 12:2) existirá.
Às vezes poderemos achar que vale a pena colocar certos valores em causa à procura de “sucesso”. O problema, é que não são os nossos valores que estão em causa, é o próprio Evangelho que está em causa.
Tudo em nós deve apontar a Cristo.
Romanos 11:36: “Porque dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente.”
2- Reparemos o que diz Amós 3:2 “De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi”.
Esta é uma das grandes lições que eu, de forma intencional, desejei passar para a Igreja da Graça: Devemos viver a vida não pelo que conquistámos ou podemos conquistar mas porque já fomos conquistados por Cristo.
O mais importante para Deus, está relacionado com a transformação que está a acontecer na nossa vida (Santificação), em vez do que estamos a realizar ou a conquistar.
Muitas das vezes até, a transformação que existe pela acção de Deus na nossa vida, leva-nos a perder muitos dos nossos sonhos.
Nota: Perder sonhos não é sinal de punição. É sinal sim da Graça de Deus que define o nosso rumo para cumprirmos o propósito para o qual fomos criados. (salmos 37:5).
barreiras que aparecem na nossa vida que no final se percebe que são simples auto-estradas para Deus*.
3- Quando o nosso coração não tem como tesouro a Deus, é porque está fixado nos prazeres desta vida (Israel). E quando assim é, ficamos cegos, desonestos e de coração endurecido para com os mais necessitados.
Daí, talvez, ainda pouco fazemos por aqueles que nada têm.
Tal como vimos a semana passada, quando o nosso coração não está em Deus, chegamos ao ponto de usarmos actos exteriores de adoração que são apenas máscaras de um coração ligado ao mundo e ao nosso conforto.
Os líderes do povo de Israel manifestavam preguiça para com Cristo porque caíram na tentação do Luxo e das riquezas.
Devemos analisar a nossa vida e perceber se os nossos momentos de apatia espiritual não estão associados a corrupção espiritual, seja ela de que tipo for.
Os líderes corromperam-se
Este texto de Amós aponta-nos a Cristo e ao momento que ele viveu no deserto aquando a tentação.
Cristo deixou-nos a medida certa para não termos apatia espiritual.
Mateus 4:1-10
Saber que é o Senhor que providencia
Só em Deus nos devemos deleitar.
O nosso reino não é deste mundo. Vivamos como tal.
Notemos que o Senhor Jesus perante a tentação respondeu sempre com a Palavra.
É a Palavra que tem de dominar as nossas vidas. (Salmos 119:11).
Como temos reagido à tentação? Com apatia ou com a Palavra?
Com Amós o povo não respondeu à Graça de Deus com Arrependimento.
Qual vai ser a história da nossa vida?
A história de Paulo está resumida em II Timóteo 4:7 “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”
Actos 20:24 “Mas para mim a minha vida não tem valor. O que interessa é que eu chegue ao fim da carreira e cumpra o ministério que o Senhor Jesus me deu, de dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.
Gálatas 2:20 “Por isso, já não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim. E a minha vida presente vivo-a por meio da fé no Filho de Deus que me amou e deu a sua vida por mim”.
Lemos em Amós 1:2 que o Senhor ruge
Por isso, deixemos a corrupção que é apenas um sinal de que não buscamos o Senhor Deus em primeirolugar.
O Senhor rugeQue o arrependimento possa surgir no nosso meio e tudo isto para a Glória de Deus.

Que Deus nos ajude. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Jesus Cristo no Antigo Testamento... II Reis.

Hoje vamos encontrar a pessoa de Jesus Cristo no livro de II de Reis com a vida de Josias.
Contexto Social
Israel tinha sido dividido em dois. Reino do Norte (Israel) e o reino do Sul (Judá).
Israel já tinha sido levado em cativeiro pelos Assírios.
Josias foi Rei de Judá entre 629ac a 609ac e era bisneto de Ezequias e filho de Manassés, os quais foram também reis de Judá (13 e 14º).
O rei Ezequias, bisavô de Josias, procurou viver para Deus, destruindo todos os ídolos e procurou defender Judá da Assíria.
O seu problema foi que confiou no Egipto para assegurar a vitória dos ataques que estava a ter.
Ou seja, não confiou no Senhor e foi repreendido severamente pelo profeta Isaías.
O rei Manassés foi um dos piores reis de Judá. Reinou durante 55 anos. Foi o rei mais sangrento, chegando ao ponto de sacrificar o seu próprio filho ao deus Moloc.
Foi nesta altura que Judá ficou completamente idólatra e ligada ao ocultismo.
Por causa deste reinado, o Senhor Deus prometeu que Judá iria ser julgado levando assim com a Sua Ira (cativeiro).
No entanto, no fim da sua vida, Manassés arrependeu-se e reconheceu que apenas o Senhor é Deus.
Deus o perdoou na Sua maravilhosa Graça, mas, no entanto, o povo iria ter as suas consequências.
Depois de Manassés, chega Amon, o qual reinou dois anos e morreu logo. Imitou em tudo o seu pai.
O tema de Reis é: “A Graça gera o arrependimento e o pecado gera a ira”.
Hoje iremos perceber a “Estrada para Jesus” na vida do Rei Josias.
II Reis 22:1 “Josias tinha oito anos de idade quando subiu ao trono. Reinou durante trinta e um anos, em Jerusalém. A sua mãe chamava-se Jedida e era filha de Adaías e natural de Bocecat.”
Há uma diferença que analisando não é muita, mas em Crónicas refere que o Rei Josias procurou logo fazer reformas.* Tudo isto aconteceu quando Josias tinha 8 anos.
É neste ambiente que surge a preocupação de Josias com o Templo, pois este tinha sido desprezado durante muito tempo, desde 813ac.
Ou seja +- 200 anos sem fazerem qualquer obra.
O templo significava a presença de Deus em todo o seu esplendor. Ao não cuidarem do templo, revelavam o tipo de relação que tinham para com Deus.
Desprezar o templo, era desprezar a Deus.
Josias mandou então reconstruir o templo…
V8 a 10 Depois de ter recebido a mensagem, o sumo sacerdote informou Chafan de que tinha encontrado no templo o livro da lei e entregou-lho. Chafan leu-o, depois foi prestar contas ao rei da missão que lhe tinha confiado e disse-lhe: «Os sacerdotes esvaziaram o cofre do templo e entregaram o dinheiro aos encarregados das obras de reparação no templo do SENHOR.» Depois acrescentou: «O sumo sacerdote Hilquias entregou-me este livro.» E leu-o em voz alta para o rei.
O sumo-sacerdote achou o Livro da Lei e fez com que chegasse até Josias.
Durante 200 Anos, sensivelmente, os sacerdotes andavam a fazer o seu trabalho sem a Palavra de Deus.
Mantinham as actividades religiosas sem lerem as Escrituras.
Como é que é possível…? Alguns comentaristas sugerem que fora deixada de lado pois sabiam que a Lei obrigava-os a mudarem de estilo de vida. Outra possibilidade que podia ter acontecido, pensa-se que pelo facto de não a usarem, a Lei tinha-se perdido em algum lado.
Os líderes e por conseguinte o povo de Judá, só queriam as bênçãos e a protecção de Deus.
Não estavam dispostos a mudarem as suas vidas conforme a aliança feita com Abraão.
Por isso, Deus houvera dito que a Sua Ira iria recair sobre eles caso não se arrependessem.
V11-13 Sucedeu, pois, que, ouvindo o rei as palavras do livro da lei, rasgou as suas vestes. E o rei mandou a Hilquias, o sacerdote, a Aicão, filho de Safã, a Acbor, filho de Micaías, a Safã o escrivão e a Asaías, o servo do rei, dizendo: Ide, e consultai o Senhor por mim, pelo povo e por todo o Judá, acerca das palavras deste livro que se achou; porque grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós; porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem conforme tudo quanto acerca de nós está escrito.
Ao ouvir as Escrituras o Rei Josias rasgou as suas vestes. Sinal de profunda tristeza e pesar, mas também de humilhação pública.
Ele reconhece assim, que a sua posição (a mais alta do Reino) de nada vale. Quando se rasgavam as vestes era sinal também de arrependimento face ao que estavam a ouvir.
Josias compreendeu assim a razão pela qual o povo estava a sofrer com as derrotas constantes… Simplesmente porque estavam desligados de Deus e da Sua Palavra.
Relembremos que Deus já tinha dito que Judá ia ser aniquilado (cativeiro) e mesmo assim eles continuaram com o estilo de vida que até então tinham.
Josias mandou alguém falar com a profetisa Hulda, para perceber melhor o que tinha a fazer, para alterar o rumo da situação. Percebeu claramente que não estava a glorificar a Deus.
Por causa desta atitude de arrependimento, vejamos o que aconteceu.
V19 E arrependeste-te e humilhaste-te diante de mim, quando ouviste o que eu disse a respeito de Jerusalém e dos seus habitantes. Tu arrependeste-te, rasgaste as tuas roupas em sinal de tristeza e choraste. Por isso, eu escutei a tua oração.
O Senhor ouve as orações daqueles que se humilham perante Ele. E mais, Deus transmite paz a esses corações.
Deus prometeu também a Josias, que enquanto ele fosse vivo, o povo de Judá seria protegido da Sua ira.
Josias apazigou assim a Ira de Deus sobre o povo.
Começamos a perceber a estrada para Jesus.
23:3 De pé, junto da coluna real, o rei renovou a aliança com o SENHOR, devendo cada um comprometer-se a ser fiel ao SENHOR, a obedecer de todo o seu coração e de toda a sua alma aos seus mandamentos, às suas instruções e preceitos, e a pôr em prática tudo o que está escrito no livro da aliança. E todo o povo aceitou o compromisso.
Josias, depois do arrependimento, agiu.
O arrependimento não leva a vidas estagnadas mas sim a vidas dinâmicas, em busca de Deus e na procura incessante de santidade.
Interessante notar que Josias não mudou a Palavra de Deus e nem tentou encontrar uma explicação para o erro do povo.
Em vez de justificar o pecado, Josias arrependeu-se.
Do Versículo 4 ao 23 vemos todas as reformas que ele fez e podemos ver um resumo das mesmas no V24.
V24 “Para obedecer às ordens do livro da lei, encontrado pelo sumo-sacerdote Hilquias no templo, Josias eliminou de Jerusalém e do resto de Judá todos os que praticavam espiritismo e bruxaria, os ídolos familiares e outros ídolos e outras coisas igualmente detestáveis que por ali se viam.”
Josias destruiu e mandou queimar (vestígios) todos os ídolos.
Acabou com o crematório para que ninguém mais queimasse os seus filhos.
Demoliu altares, santuários, todo o tipo de espiritismo e tudo o resto que fosse dedicados a deuses, quer em Judá como ainda o fez em Israel (Depois da morte do Rei da Assíria, Israel ficou ao abandono e daí ele ter podido ir mais longe). Ninguém o parava.
Josias eliminou tudo o que desagrava a Deus e que, por sua vez, tinha sido construído pelo seu pai Manassés.
Por causa da Graça de Deus, não houve ciclos familiares de pecado, porque a Graça (tema do livro) gera arrependimento.
Vemos também que Josias renovou a aliança com o Senhor e por conseguinte, leu as Escrituras em voz alta.
Temos de dar graças a Deus pela Igreja Baptista da Graça, porque temos prazer em ler as sagradas escrituras em voz alta. Esperemos que seja assim também com a Oração.
Em certo sentido, o prazer que acontece na nossa vida espiritual em privado (oração e leitura da Palavra) nota-se e reflecte-se na nossa adoração pública.
O Rei Josias ordenou que o povo o tinha que seguir e viver as reformas que por ele tinham sido ditas. Iremos depois perceber se o povo o seguiu de coração ou foi apenas um mero cumprimento.
O povo voltou a celebrar a Páscoa a qual tinha sido abandonada desde os tempos dos juízes. Ou seja, 400 Anos sem celebrarem a Deus pela libertação que tiveram os seus antecessores.
Como temos percebido, temos mente curta na celebração (lembramo-nos muito pouco daquilo que Deus fez) e uma mente grande na petição (na concretização da nossa vontade).
Deus houvera prometido e cumpriu.
Josias apazigou a Ira de Deus por causa daquilo que fez, melhor dizendo, por causa daquilo que Deus fez na Sua vida através da Sua Palavra.
O que será que aconteceu depois?
A seguir veio um rei quase tão mau como Manassés, Rei Jeoquim. Ele leu a Lei e a rasgou (contraste com Josias).
O povo também, a seguir à morte de Josias, voltou às práticas de idolatria, pois as suas mudanças verificaram-se no exterior e não no interior.
Por mais mudanças que possam existir, mesmo após sendo clamadas pelo pastor ou por alguém, se não formos transformados pela Palavra, tudo se torna em vão.
Todas as mudanças têm que estar baseadas em quem Deus é e não no “vou fazer porque acho que é bom”.
Depois de Josias morrer, a ira de Deus manifestou-se contra o povo de Judá.
Com Josias aprendemos 3 lições:
1ª Lição: As nossas vidas têm de apontar a Cristo
Na vida de Josias percebemos então o caminho para o Senhor Jesus. Toda a Bíblia aponta para Cristo conforme temos visto.
Uma leitura ou interpretação errada deste texto podia dizer que se fizermos todas as reformas necessárias na nossa vida vamos ser vitoriosos em tudo. Ou seja, basta sermos como Josias...
Josias não é o significado daquilo que pode obter de Deus mas sim de como tem que viver para Ele.
A verdade é que este texto mostra que Josias acalmou a Ira de Deus mostrando assim o que iria acontecer mais tarde.
Isto é, Josias apazigou a Ira de Deus, no entanto, Cristo levou sobre si essa ira.
Josias abençoou com a sua vida ao fazer as reformas que percebeu que tinham de ser feitas. A sua vida foi importante apenas enquanto esteve vivo.
Por outro lado, Jesus não só abençoou com a Sua vida mas também deu a Sua vida para nós termos Vida. A vida de Jesus teve impacto tanto naquele momento como para todo o sempre. Teremos uma eternidade para o comprovar.
Conforme vimos em Filipenses, na vida e na morte é Cristo quem dá significado. É Cristo que dá Vida na vida e dá Vida na Morte.
O nosso foco só pode ser Jesus. A nossa vida tem de ser sobre Jesus.
Toda a nossa vida tem de ser sobre Jesus. Mais uma vez, não podemos compartimentar as áreas da nossa vida.
Onde estiver o nosso prazer, aí estará o nosso foco.
2ª Lição: A nossa maior necessidade é do Evangelho.
O povo de Judá esteve 200 anos sem escutar a Palavra.
Como é que uma congregação se mantém fiel ao Senhor ao longo dos anos? Alimentando-se da Palavra. Da pregação do Verdadeiro Evangelho.
O Evangelho é a nossa maior necessidade e é dele que nos temos de alimentar (nutrir*) e partilhar.
Não há como estar cheio e deixar de partilhar.
Muitas vezes não somos intencionais nos nossos relacionamentos e na forma como vivemos a vida.
A Palavra de Deus tem de estar no centro das nossas vidas porque são as Escrituras que apontam o caminho.
Em certo sentido, quem quer apenas Deus e rejeita a Sua Palavra, no sentido que não a lê e nem a estuda, deseja apenas ser abençoado, talvez achando que merece as bênçãos de Deus, e não deseja ver a sua vida modificada.
Precisamos de ler a Palavra e a estudar em família*.
Precisamos de ensinar aos nossos filhos que a Palavra é muito importante e por isso tem de ser lida*.
Voltemos à boa prática do culto doméstico.
Como foi bom, há 15 dias atrás, vermos o Miguel a ter o desejo de orar publicamente.
Se a Palavra não está no centro do nosso lar, é porque Deus ainda não é o Senhor.
Tal como vimos, o prazer que acontece na nossa vida espiritual em privado, nota-se e reflecte-se na nossa adoração pública.
No entanto, quando o nosso coração não está em Deus, chegamos ao ponto de usarmos actos exteriores de adoração que são apenas máscaras de um coração ligado ao mundo e ao nosso conforto.
3ª Lição: O arrependimento envolve acção.
As reformas de Josias são o sinal da santificação que um “Nascido de Deus” tem que realizar na sua vida através da força e da vontade concedidas pelo Espírito Santo.
Percebemos que o arrependimento não gera vidas estagnadas, gera sim vidas dinâmicas em busca de Deus e na procura incessante de santidade.
Em certo sentido, o pecado é igual a um tipo de político em altura de eleições, promete mundos e fundos, e no entanto nunca cumpre essas promessas.
Então, o pecado promete apenas aquilo que Cristo tem poder para fazer na nossa vida. Dar o verdadeiro prazer e a real liberdade.
Conforme vimos em Josias, não há elos pecaminosos que não possam ser quebrados em Cristo.
Ser como Cristo deve ser o nosso desejo e tudo começa no arrependimento.
Ainda há arrependimento nas nossas vidas?
Quando o nosso pecado é confrontado, é natural que surja dor, no entanto, o perdão é suave.
Não tente explicar as suas falhas. Arrependa-se.
Enquanto acharmos que são os nossos egos que estão em causa, e não o Evangelho, o arrependimento nunca irá surgir.

Jesus veio dar àquele a quem o Pai lhe deu (João 10) a maior mudança que pode haver --> Dar vida àqueles que estavam mortos espiritualmente (Ef.2:1). 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Jesus Cristo no livro de Génesis...

Vamos entrar numa nova série temática depois de termos estado a estudar sobre “Justificação pela Fé”.
Durante 9 domingos iremos encontrar a pessoa de Jesus Cristo no Antigo Testamento.
Cada domingo iremos perceber o contexto geral de um Livro, o seu tema, e o estudo de uma personagem bíblica.
O objectivo passará por percebermos que toda a Bíblia reflecte unidade e essa unidade é Cristo.
Achamos muitas vezes que a Bíblia é um livro de histórias de heróis, os quais devemos imitar. Histórias de sucesso para sermos vitoriosos na nossa vida tal como eles foram.
Colocamos a nossa vida em cada pessoa e colocamos a ênfase naquilo em que se pode obter da nossa vivência com Deus. Ou seja, percebemos a nossa vida e vemos a vida do personagem mais parecido connosco para tentarmos saber qual o nosso fim.
Não acreditamos em horóscopos porém alguns acreditam que são as personagens bíblicos que vão ditar o seu fim. Tem é que se perceber qual é a vida mais parecida connosco.
No entanto, quem deseja saber o dia de amanhã é porque não acredita que aquele que começou a boa obra, a terminará também.
Rapidamente a nossa alegria depende das bênçãos que recebemos de Deus e não o Deus que está atrás de todas as bênçãos.
Temos que saber que as histórias que acontecem na Bíblia não são sobre nós e sobre o que vai acontecer connosco (David/Golias), mas sim como Deus se reconciliou com a humanidade (Davi/Golias).
Então, tudo no AT aponta para a pessoa de Jesus Cristo.
Ele é o cumprimento e a plenitude do AT.
Quer Jesus, quer os apóstolos e os outros escritores do NT, enfatizam que o AT é sobre a pessoa de Jesus Cristo.
João 5:46-47 “De facto, se cressem naquilo que Moisés disse, creriam em também em mim, pois Moisés escreveu a meu respeito. Mas se não crêem naquilo que ele escreveu, como podem crer naquilo que eu vos digo?”.  
Quem somos nós então para pensarmos o contrário?
Temos que mudar a pergunta “O que é que esta passagem fala sobre mim?”, para “O que esta passagem fala sobre Cristo?”.
Por isso, acreditamos na inerrância da Palavra, na infabilidade da mesma e na veracidade de todos os seus actos.
Hoje entraremos no livro de Génesis.
De Génesis 1 a 11 vemos a criação do mundo e da raça humana, de uma forma literal e não simbólica.
A partir do capítulo 12 até ao 50 (fim) percebemos que Deus escolheu um povo específico para Si, com o propósito de o salvar (Regenerar, Justificar, Santificar e o Glorificar).
É um livro que tem como grande tema “Vivendo em obediência e fé perante a Soberania de Deus”.
Podemos perceber isso em cada secção deste livro.
A história de Abraão com o seu filho Isaque revela esse tema e transporta-nos à pessoa de Jesus Cristo.
A vida de Abraão tem muitos episódios. Desde a sua chamada (12), à relação dele com Ló, ao envolvimento dele com Agar, à velhice dele e da sua esposa, sendo que Sara não conseguia ter filhos. Depois, nasce finalmente o seu filho Isaque.
Face ao tempo de espera enorme por um filho (era o cumprimento da promessa), Isaque era tudo o que Abraão desejava.
Não apenas para criar linhagem com Sara, já tinha tido Ismael, mas também porque Deus lhe tinha prometido uma grande descendência.
Isaque era então o cumprimento dos seus sonhos e da promessa de Deus.
Génesis 22
V1 “Sucedeu, depois destas coisas, que Deus provou a Abraão, dizendo-lhe: Abraão! E este respondeu: Eis-me aqui.”
“Deus pôs à prova”.
Qual a razão de Deus ter feito um “exame ao coração” de Abraão?
Será que Deus não sabia o resultado? Claramente que Deus sabia até porque Ele é omnisciente, mas Abraão não sabia.
Todo tempo de espera que Abraão teve até o nascimento de Isaque, serviu para que Deus moldasse o seu carácter.
Talvez se uma prova desta dimensão acontecesse antes, Abraão não iria reagir da mesma maneira.
No entanto, as provações na nossa vida servem, tal como a leitura em Tiago 1:2-4, para aumentar a nossa força e a qualidade da nossa fé.
Deus chama Abraão e ele responde “Eis-me aqui”, “Estou disponível”, “está aqui o teu servo pronto para servir”.
Deus fala, ele disponibiliza-se.
V2 “Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei-de mostrar”.
Reparemos no pormenor destas palavras: “Toma o teu filho… O único filho… A quem amas… E oferece-o em holocausto”.
Teu… Único, Amas e Oferece…
No fundo Deus está a dizer a Abraão: “Aquilo que é teu e amas, tudo isso é meu e por conseguinte para a minha Glória”.
Lembre-nos destas palavras…
“Vai à terra de Moriá”.
Interessante perceber que este é o lugar no qual o templo de Salomão seria construído (II Cron. 3:1).
A estrada está completamente aberta para a pessoa de Jesus.
Estamos a descobrir como um episódio bíblico aponta para a grande esperança que há em Cristo.
V3 “Levantou-se, pois, Abraão de manhã cedo, albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e, tendo cortado lenha para o holocausto, partiu para ir ao lugar que Deus lhe dissera”.
Deus faz um desafio a Abraão. Dos mais duros que alguém pode fazer a um pai. Perder um filho.
Sabemos, porque a Palavra o diz em Hebreus 11, que Abraão acreditava tanto na promessa de Deus, que se Deus matasse o seu filho, o ia ressuscitar para que houvesse então descendência.
Esta certeza está descrita nos versículos a seguir.
V4-5 “Ao terceiro dia levantou Abraão os olhos, e viu o lugar de longe. E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá; depois de adorarmos, voltaremos a vós”.
Abraão levou todas as coisas para fazer o sacrifício e depois disse “voltaremos (plural) a vós”.
V6 Tomou, pois, Abraão a lenha do holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho; tomou também na mão o fogo e o cutelo, e foram caminhando juntos.
Colocou a lenha sobre Isaque… Esta expressão foi usada em João 19:17 “Tomaram eles, pois, Jesus; e Ele próprio, carregando a Sua cruz, saiu para um lugar chamado Calvário”.
Depois disto foram até Moriá. Este local era bastante perto do Calvário.
Mais uma vez a estrada completamente aberta para Jesus.
Como disse Spurgeon “O AT é a estrada para Cristo”.
V7-8 Então disse Isaque a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? Respondeu Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. E os dois iam caminhando juntos.
Reparemos na pergunta de Isaque*… A resposta de Abraão*… E como eles seguiram o caminho*.
Deus chama… Deus capacita… Deus providencia. Não há como deixar de caminhar lado-a-lado com Ele.
V9/11 “Havendo eles chegado ao lugar que Deus lhe dissera, edificou Abraão ali o altar e pôs a lenha em ordem; o amarrou, a Isaque, seu filho, e o deitou sobre o altar em cima da lenha. E, estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar a seu filho. Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão, Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui.”
A mesma pergunta e a mesma resposta. Mesmo quase a chegar ao desenlace final.
Imagino o sofrimento de Abraão nesta altura. No entanto, respondeu com a mesma fé de sempre. “Eis-me Aqui”.
Lembremos do tema deste livro “Vivendo em obediência e fé perante a Soberania de Deus”.
A vida de Abraão mostra a certeza plena desse tema. Deus é soberano e por isso apenas lhe restava viver em obediência e fé.
Interessante também perceber que Isaque nada diz e nada faz. Plena confiança no pai e, acima de tudo, sabia que o tinha de honrar em todos os aspectos, mesmo que para isso fosse preciso dar a vida.
V12 Então disse o anjo: Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho.
O anjo disse a Abraão que agora tinha a certeza que ele amava a Deus porque não lhe tinha negado o seu único filho.
Isto é, sabemos que amamos a Deus quando podemos perder tudo o que é mais importante na nossa vida, porque sabemos que Deus é fiel nas Suas promessas.
Aqui a estrada está completamente escancarada para a pessoa de Jesus Cristo…
V13 “Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos. Tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar do seu filho”.
Deus providenciou um carneiro para fazer o holocausto. Aponta claramente a morte vicária/substitutiva de Cristo. Alguém que ia morrer no nosso lugar.
Já não há como dizer que este texto não fala de Cristo.

Aprendemos com Abraão pelo menos 4 lições:
1ª Lição
Deus fala Abraão disponibiliza-se. Abraão compreende que tem de viver em obediência e fé perante a Soberania de Deus.
Eis-me aqui” é algo que devemos estar sempre prontos a responder mesmo que estejamos a passar por um grande sofrimento e, por vezes, até de alguma incompreensão para com o mesmo.
Conseguirá dizer “Eis-me aqui” quando não sabe o roteiro para a sua vida? Conseguirá dizer “Eis-me” mesmo estando a sofrer sem compreender? Conseguirá dizer “Eis-me aqui” mesmo quando os seus desejos ainda não foram realizados?
O nosso “Eis-me aqui” depende de quê?
Respondemos afirmativamente ao Senhor Deus não pela nossa compreensão do que se vai passar mas pela certeza que Ele é fiel.
Aprendamos com Jesus “Pai se possível passa de mim este cálice, contudo não seja feita a minha vontade mas a tua”.
2ª Lição:
Deus disse a Abraão “Aquilo que é teu, e único, que amas, então oferece-me”.
Como percebemos que a nossa vida faz sentido?
Quando entendermos que se deixarmos de ter alguma coisa ou alguém, a nossa vida deixa de fazer sentido. E tudo o que não seja Cristo, conforme diz Tim Keller, é um falso deus.
É Cristo quem dá sentido à nossa vida.
Como perceber se Cristo é o objectivo e ambição na nossa vida? Basta analisarmos a nossa vida e percebermos se a nossa vida, em todas as suas dimensões, falar mais de Cristo do que os nossos desejos e ambições pessoais.
O nosso louvor a Deus não depende do que recebemos (materialmente) ou perdemos mas sim de quem Deus é e naquilo que Cristo fez por nós na Cruz. Por isso a nossa vida será de pleno louvor diário. Daí de Jó dizer “Deus dá, Deus tira, louvado seja sempre o Senhor”.
3ª Lição:
Deus chamou Abraão. Deus capacitou Abraão para a tarefa e Deus providenciou o carneiro para que a tarefa fosse concluída.
Se temos a certeza que Deus chamou-nos para algo, tenhamos a mesma certeza que Ele irá capacitar e providenciar no Seu devido tempo.
O medo gera desconfiança e desconfiança em Deus.
Por vezes podemos achar que a nossa vida está marcada pelo nosso passado, ou por algum “Karma” desta vida e por isso não conseguimos seguir em frente.
Sinclair Ferguson "A sua vida não é determinada pelo seu passado e pela sua vida. A sua vida é determinada pelo passado e pela vida de Cristo."
Por isso, descansamos em Deus que é sem dúvida o lugar mais seguro onde podemos estar.
4ª Lição:
O anjo ficou a saber que Abraão amava a Deus porque não lhe negou o seu único filho, aquele a quem amava.
Nós sabemos que Deus nos amou ao ponto também de dar o Seu filho, o seu único filho, a quem Ele amava tanto, para o dar por pessoas que nada merecem da Sua parte.
Ele fez isso por amor a nós e não por causa de nós, para que as nossas vidas glorificassem o Seu nome para todo o sempre.
Romanos 5:8 “Mas Deus prova o seu amor para connosco, em Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”.
Deus poupou a vida de Isaque porque o seu sacrifício para nada servia.
No entanto, não poupou a vida do Seu filho na Cruz.
Agora sabemos que Deus nos ama, porque não poupou o Seu filho para levar a nossa Ira sobre Ele.
Haverá maior amor do que este?
A alegria / celebração daquele momento não é a da salvação física de Isaque, tanto é que eles não celebram o que não aconteceu mas celebram a Deus colocando um carneiro em sacrifício apontando assim o caminho a Cristo e à Sua morte a qual nos salvará a todos os Seus filhos da morte espiritual eterna.
Houve morte para haver vida…
Percebamos que Deus é digno de confiança e por isso deve ser totalmente obedecido, porque nenhuma bênção que recebemos foi por causa dos nossos merecimentos ou por causa das nossas forças.
Todo o livro de Génesis ensina isso.
Percebemos então como a vida de Isaque e Abraão apontam à vida de Jesus. E iremos fazer uma caminhada ao longo de uns domingos para percebermos que tudo no AT aponta à pessoa de Jesus Cristo.
O nosso crescimento enquanto cristãos acontece quando nos assemelhamos a Cristo e não a outros heróis da fé.
Aprendemos com eles, é certo, mas a verdadeira fonte é Cristo.
Paul Washer… “Se Cristo for removido do Velho Testamento, se tudo que há lá não for uma imagem Dele, então eu não tenho nada, a não ser histórias morais. O animal morto para cobrir a nudez de nossos primeiros pais, aquele era Cristo; a arca que foi usada por Noé, aquilo era Cristo; carneiro travado pelos seus chifres, aquilo era Cristo; o templo e seus sacrifícios, aquilo era Cristo, Ele é a semente de Abraão e maior que Moisés e Josué”.
De quem a nossa vida fala? De quem queremos que fale?

Que Deus nos incomode.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Pregação completa em Filipenses 4:10-20... (última da série)

Resumindo a semana passada
- Ansiedade: Estou à espera daquilo que eu mereço*.
- Descontentamento: Não tenho aquilo que eu mereço*.
Percebamos então que o Evangelho é a prova evidente que temos infinitamente mais do que aquilo que merecemos*.
Devemos então combater a ansiedade com oração de acção de graças, assim como, também, buscando pensamentos do alto para que a nossa mente seja renovada e não sejamos conformados com este mundo. Vimos cada um desses aspectos na semana passada.
Hoje falaremos sobre Contentamento e Ofertas Missionárias.
10 Muito me alegrei no Senhor por me terem manifestado novamente sentimentos de carinho. Não quero dizer que eu pense que me tivessem esquecido, mas não tinham tido ocasião de se manifestarem.
Paulo alegrou-se no Senhor porque aqueles irmãos, mais uma vez, tinham sido amorosos para com ele fazendo-lhe uma oferta para o ajudar em todas as suas dificuldades.
A razão de Paulo se alegrar no Senhor é porque sabia que em última análise, Deus na Sua soberana vontade, providenciou o que ele precisava naquele momento difícil.
Entendeu claramente que foi Deus que cuidou dele ao lhe providenciar uma comunidade para o apoiar financeiramente.
Sabia também que aqueles irmãos face ao contexto em que viviam, muitas dificuldades económicas e várias perseguições, tinham sido bastante generosos para com ele.
Paulo de forma alguma achava que eles tinham sido negligentes para com ele, apenas não tinha acontecido mais cedo porque ainda não tinha chegado a oportunidade e em certo sentido, o tempo de Deus, para a sua provisão.
Os irmãos em Filipos eram agradecidos ao Senhor Deus pela vida do apóstolo Paulo e por isso honraram-no também com as suas ofertas.
Honraram a Deus honrando a vida do Seu servo.
11 Não digo isto por precisar de alguma coisa, pois aprendi a contentar-me com o que tenho.
Mais uma vez lemos que Paulo não se estava a queixar de nada. Aliás, ele faz questão de salientar que não são as circunstâncias a ditarem a sua alegria.
O apóstolo Paulo queria que os filipenses não achassem que ele era de espírito fraco e que cedia face às adversidades da vida.
Paulo mostrava contentamento na sua vida porque vivia contente com Cristo. Não era a riqueza ou a pobreza que lhe iam tirar a alegria porque, conforme ele disse várias vezes, a sua alegria estava enraizada em Cristo.
O contentamento é muito melhor do que a procura incessante pelas riquezas, porque produz satisfação e elimina a ansiedade.
Por isso, Paulo sabia viver com o que tinha.
Não vivia em ansiedade e nem andava desgostoso com a vida.
12 Sei viver na pobreza e também na abundância. Aprendi a viver em toda e qualquer situação: a ter fartura e a ter fome, a ter em abundância e a não ter o suficiente.
Lemos neste versículo que Paulo sabia viver na pobreza, como também na abundância. Sabia viver com muita comida, assim como ter fome. A ter muito e a não ter nada.
Então é possível para o cristão ter muito (a Bíblia não é contra as riquezas, é contra o coração nas riquezas) e não ter nada.
Conforme lemos neste versículo, o cristão pode até passar fome por muito que isso nos custe a entender e até doer.
Isto acontecia porque Paulo sabia viver em toda e qualquer situação na vida.
Qual a razão?
Por todo o contexto da carta, para Paulo bastava ter a certeza que estava no centro da Vontade de Deus fossem quais fossem as circunstâncias. Ou seja, ele percebia que acreditava em Deus que é soberano sobre tudo e se Deus tinha permitido que ele vivesse naquelas circunstâncias, apenas tinha então que aceitar.
A aceitação para com qualquer circunstância da vida, passava por viver em todos os momentos para a  Glória de Deus. I Cor. 10:31.
Interessante notar aqui que a paz de Deus que Paulo sentia, como vimos a semana passada, é uma paz que se mantém em toda e qualquer situação. Porque a paz de Deus não depende de circunstâncias.
A ansiedade que se podia revelar na pobreza ou na fome não existia, isto porque Paulo depositava a sua alegria e confiança no Senhor.
13 Posso enfrentar todas as dificuldades naquele que me fortalece.
Este é um dos versículos que muitas das vezes é mal interpretado e isto acontece quando se retira do contexto em que ele fora dito. Retirando palavras do seu contexto, é possível afirmar que que podemos fazer qualquer coisa e esperar todas as coisas.
A BPT tem uma tradução mais fiel ao original do que “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” de João Ferreira da Almeida.
Podemos então perceber que o versículo não fala de conquistas* ou curas*.
Interpretando à luz do seu contexto, Paulo escreve dizendo que sabia que podia viver em toda e qualquer situação porque era o Senhor que o fortalecia e não as circunstâncias desta vida.
Ele reconhece que não estava nele o poder e muito menos a capacidade para aguentar tais situações.
Cada vez mais temos que estudar a Bíblia de forma expositiva (contexto, interpretação e aplicação) para não cairmos em erros de aplicação.
14 Contudo, fizeram bem em compartilhar as minhas dificuldades.
Podemos, ao ler este versículo, achar que Paulo estava a ser ingrato ou indiferente para tais ofertas porque para ele tanto fazia ter ou não ter dinheiro para as suas despesas. O que não é verdade.
Paulo estava extremamente agradecido, mais uma vez, porque aqueles irmãos fizeram um esforço para que as suas necessidades fossem atendidas.
O ponto aqui é este: Não é por se poder viver em dificuldades que não se deve ajudar essas pessoas. Aliás, deve-se viver em comunidade visando a Glória de Deus e não cada um para e por si.
15 Irmãos filipenses, bem sabem que no início da pregação do evangelho, quando parti da Macedónia, vocês foram a única igreja a ajudar-me. Compartilharam comigo no dar e no receber.
Há quase 3 meses atrás percebemos que o apóstolo Paulo iniciou o seu ministério na cidade de Filipos pertencente à Macedónia (englobava ainda 2 cidades por onde passou: Tessalónica e Bereia).
Crê-se então que Paulo falava de quando tinha partido da Macedónia para Corinto onde aí não recebeu qualquer ajuda.
Vejamos em II Cor. 11:8-9: Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo o salário da parte delas; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedónia supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei.
Mais uma vez, notar o amor que aquela comunidade tinha para com Deus ao ponto de honrarem com as suas ofertas o apóstolo Paulo e o trabalho missionário mesmo estando em dificuldades.
Relembrar o texto lido pela Raquel Úria que o desejo dos irmãos da Macedónia era ajudar outros apesar da sua grande pobreza.
Tinham um coração aberto a missões.
Salientar novamente que nada se faz sozinho. Deus usou uma comunidade para fazer face às necessidades de uma obra missionária.
A Igreja em Filipos sentiu o privilégio de poder participar.
16 Por mais que uma vez, quando eu estava em Tessalónica, me enviaram ajuda para as minhas necessidades.
Quando Paulo estava na Macedónia, depois de ter estado em Filipos, dirigiu-se para Tessalónica.
No entanto, continuaram com as ofertas missionárias para que o trabalho de Deus fosse realizado.
Paulo sente a necessidade de reforçar a sua gratidão para não entenderem mal as suas palavras… Com Deus ele sabia viver em toda e qualquer situação.
Isto não é sinal de ingratidão. Antes pelo contrário, porque ele acreditava que com Deus sabia viver em toda e qualquer situação, também cria que Deus iria providenciar no Seu devido tempo as coisas que eram necessárias para a obra avançar.
Coitado do apóstolo Paulo se achasse que algumas coisas na sua vida dependiam do ser humano.
17 Não é que eu procure ofertas, mas desejo que seja acrescentado o mérito à vossa recompensa.
Para mostrar como estava tão agradecido àquela comunidade, Paulo refere que a sua alegria não estava apenas no facto de ter recebido aquelas ofertas, como estava muito mais ainda no facto de saber que eles iam ser recompensados por Deus por causa daquele gesto de amor.
O desejo de Paulo era aumentar o “crédito” (Usa mesmo termos de contabilidade) deles junto a Deus do que propriamente pela ajuda financeira em si.
Perceber isto deixa-nos de rastos… Que tremendo amor.
18 Eu possuo tudo e em abundância. Agora que recebi tudo o que me enviaram por meio de Epafrodito, tenho mais do que o necessário. Essa oferta foi como o perfume de um sacrifício que Deus aceita e lhe agrada.
Depois daquela oferta, Paulo não tinha mais nenhuma necessidade financeira. Foi claramente suficiente e providencial o valor que ele recebeu.
Interessante notar que numa época em que cada vez queremos mais, Paulo diz que o que tinha já chegava e até era mais do que o necessário.
Paulo passa então de termos de contabilidade para uma linguagem que reflecte expressões de culto a Deus.
Vemos estas palavras a serem usadas em Romanos 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
Contextualizando com o AT, todas as ofertas tinham que ser agradáveis a Deus e Paulo mostra aqui que a ajuda que eles deram foi um aroma suave e por isso aceitável e agradável para Deus.
19 O meu Deus há-de conceder-vos com largueza tudo aquilo de que precisarem, segundo a sua riqueza gloriosa em Cristo Jesus.
Paulo tem a noção que aquela oferta dada com os motivos certos iria ser recompensada por Deus para com aqueles cristãos.
Foi um esforço que eles fizeram pois deram mais do que as suas possibilidades e por isso a certeza que o apóstolo tinha de que Deus iria suprir todas as necessidades deles.
A Bíblia é clara nesse aspecto -> Atos 20:35: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.
20 Glória a Deus, nosso Pai, para sempre. Ámen.
Pensar na sua própria provisão levou o apóstolo a louvar a Deus porque sabia que o seu sustento vindo daqueles irmãos tinha sido iniciativa divina derramada na sua vida devido à maravilhosa Graça de Deus.

Percebemos então 3 aspectos neste texto
Ao entendermos o Evangelho, temos de compreender as suas consequências e uma delas é perceber que o nosso dever enquanto cristãos passa por ajudar outras pessoas que estão a passar por extremas dificuldades.
Não é por sabermos que os cristãos podem viver em dificuldades que não os devemos ajudar.
Enquanto um cristão na sua comunidade estiver a passar por dificuldades, é porque a Igreja não está a ser Igreja.  
Não resolvemos esta questão pensando que já estamos a dar o dízimo* e por isso já chega. Temos esta responsabilidade também.
Pergunta que se coloca: O desejo de termos uma vida financeira mais estável financeiramente tem como objectivo a Glória de Deus ou a nossa Glória?
Por outro lado, onde deve estar a nossa estabilidade? (Exemplo da minha vinda para a Graça).
2º Aspecto – Ofertas Missionárias…
A ânsia pelas conquistas pessoais leva-nos muitas vezes à cegueira para com os missionários que levam a Palavra de Deus às pessoas que precisam de ser conquistadas pelo Evangelho.
Raro encontrar cristãos que procurem ganhar mais apenas para contribuírem mais para a obra missionária.
Quando pensamos no nosso orçamento familiar, contribuir para missões está nos nossos planos?
Quando temos possibilidade de ganhar mais o nosso foco está também em Missões?
Quando temos de fazer ajustes financeiros a nossa prioridade é retirar a importância correspondente à obra do Senhor?
Ainda que se possa cair numa generalização, temos que perceber que quando não temos uma visão financeira sobre as nossas finanças, provavelmente estaremos a dizer a Deus que temos medo que Ele não nos sustente. E por causa disso achamos que podemos não dar o dízimo, ofertas sacrificiais ou missionárias.
O facto de Deus permitir termos mais sustento na nossa vida, não é sinal de que podemos adquirir mais coisas materiais. É sinal sim de que podemos abençoar mais a obra de Deus.
Uma nota apenas… Paul Washer diz: “Deus não precisa de nada vindo de nós. Então, quando Ele nos chama para vir e servi-lo, não é para preencher uma necessidade d’Ele. Simplesmente está a oferecer-nos um privilégio”.
Agarremos este privilégio…

3º Aspecto – Contentamento…
Paulo estava preso por anunciar a Palavra de Deus e continuava satisfeito. Já pensou no que isto significa?
Actos 5:40-41: “E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus”.
Temos tudo o que desejamos? Não… Mas mesmo assim continuamos a ter infinitamente mais do que aquilo que os nossos pecados merecem.
Contentamento revela uma plena satisfação em Cristo e, como tal, em Cristo conseguimos viver em toda e qualquer situação na nossa vida. Sem murmuração. Apenas com gratidão.
Contentamento não revela apenas satisfação em Cristo como também plena satisfação pelo que Cristo fez. E isso nos basta.
Fil. 4:13 Não fala de alcançar para termos satisfação. Fala sim de que como fomos alcançados então temos satisfação.
Fazemos as nossas escolhas pela Verdade ou pelo prazer? Se o nosso prazer for Cristo, então as nossas escolhas serão feitas pela Verdade.
A ansiedade, conforme já percebemos, corrói a nossa alma.
Quem vive em ansiedade simplesmente espera o que acha que merece. Isso é totalmente destrutivo.
Combatamos isso com o ContentamentoTendo ou não tendo coisas nós somos felizes é com Jesus.
A ansiedade é vencida com o Evangelho.
Apenas uma nota: Estamos tão "habituados" à Providência Divina, que já damos isso como dado adquirido quando na verdade Deus não nos deve nada. É tudo devido à Sua maravilhosa graça.
3 Meses de estudo na carta aos Filipenses…  

Ser como Cristo é o tema central deste livro. Que Deus nos ajude a vencer este desafio.