sexta-feira, 25 de julho de 2014

Tiago 2:14-26

Como sabemos se de facto temos fé?
Como sabemos o valor da nossa fé e como a mostramos?
Como percebemos se a nossa fé é viva ou morta?
O livro de Tiago ajuda-nos a encontrar as respostas a essas perguntas.
Sendo assim, primeiro percebemos o valor da nossa fé quando passamos pelo sofrimento. Vimos isso nas duas primeiras pregações.
Segundo, entendemos a importância da nossa fé na forma como reagimos às tentações.
Terceiro, a fé manifesta-se no amor para com todas as pessoas sem fazermos acepção das mesmas.
Hoje iremos perceber se a nossa fé é viva ou morta. E a melhor forma de a analisarmos é através das obras que realizamos.
Tem havido muita discussão na história da Igreja com estes versículos. Alguns acham que há contradições nas palavras ministradas por Paulo.
Se de facto há, a Bíblia deixaria de ser inerrante. Além disso, teríamos de questionar a inspiração das Escrituras.
No entanto a Bíblia alerta-nos de algo em João 10:35 “O que a Sagrada Escritura diz vale para sempre”.
Ainda acreditamos nestas palavras?
Quando lemos as escrituras, devemos saber que é a Palavra que interpreta a própria Palavra e devemos sempre estudar um excerto da Palavra com uma visão holística da mesma.
Será que há então contradições?
Será que o ensino de Paulo e Tiago se complementam?
Será que no Antigo Testamento alguém era justificado pelas obras e no NT pela fé?
Será que Deus justifica as pessoas pela fé ou pelas obras?
Qual o valor da fé na sua relação com as obras?
Vamos então mergulhar perante o texto com toda a humildade pedindo sabedoria ao Senhor para o poder interpretar.
Tiago 2:14 “Que importa, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se a não põe em prática? Será que essa fé lhe trará a salvação?”.
Ao lermos este versículo primeiramente reparamos que Tiago não está a falar de alguém que tem fé embora não o mostre.
O que percebemos aqui, é que é a própria pessoa a dizer que tem fé. Na JFA lemos “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Será que é esta fé que irá salvá-lo”.
O que significa fé?
Quando encontramos a palavra “fé” na Bíblia percebemos que pode ter alguns significados.
A fé não é um mero conhecimento da verdade, apesar também de o ser.
A fé não é acreditar que aquilo que mais desejamos irá acontecer… Ouvimos dizer “É preciso é ter fé que tudo vai correr bem”*… Tudo vai correr como Deus quer.
Olhando para os escritos de Paulo, compreendemos que a Fé é uma verdadeira confiança em Cristo e no que Ele fez por nós para a nossa Salvação.
A fé é acreditar que somos pecadores e por isso precisamos da Graça de Deus.
É acreditar que sem Cristo não teríamos hipótese alguma de sermos salvos porque foi pelos Seus méritos e não pelos nossos que fomos salvos.
Relembrando que, segundo Tiago 1:17, toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm de Deus, a Fé, sendo algo bom e sendo um dom, só pode ter sido dádiva de Deus.
Se fossemos salvos por causa da nossa fé e não por meio da nossa fé, a razão da nossa salvação éramos nós e não Cristo. Seria por causa das nossas obras e não por causa das obras de Cristo.
Por isso, não temos nada que nos gloriar em nós mesmos. Apenas temos que nos gloriar em Cristo Jesus.
Como diz R. C. Sproul “Nós fomos salvos pelas obras, pelas obras de Jesus Cristo”.
Será que o apóstolo Paulo não dava valor às obras?
Efésios 2:8-10 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.
Concluímos então que Paulo disse que fomos salvos por Cristo por meio da fé para as boas obras as quais Deus preparou para que andássemos nelas.
Que obras serão essas?
Gálatas 5:6 e 13 “Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor. (…) Meus irmãos, foram chamados para a liberdade. Que essa liberdade não seja uma desculpa para seguirem os vossos maus instintos. Pelo contrário, ponham-se ao serviço uns aos dos outros, praticando o amor de Cristo.
Percebemos nestes dois versículos que o mais importante para Deus é a Fé n’Ele, a qual, por sua vez, produz amor.
Voltando ao nosso texto, a pergunta que Tiago fez foi se o meio pelo qual somos salvos, a fé, é um meio inoperante, isto é, se é um meio que não produz nada.
2:15 Imaginem que algum irmão ou irmã, não tem nada que vestir e lhe falta o necessário para comer, cada dia.
Mais uma vez vemos Tiago a usar um caso prático para mostrar uma realidade. Faz-nos lembrar a pessoa de Jesus ao usar as parábolas.
Salientar novamente a importância de fazermos este exercício para entendermos como certas verdades podem estar relacionadas connosco mais do que com os outros.
Imaginemos então alguém que não tem nada para vestir e nem para comer.
V16 Poderão dizer-lhes: «Vão em paz! Hão-de encontrar com que se aquecer e matar a fome!» Mas se não lhes dão aquilo de que eles precisam, de que valem essas boas palavras?
Por vezes, as nossas palavras podem ser frias e insensíveis para com alguém que está a sofrer. E muitas vezes isso até acontece, de uma forma inconsciente, porque, provavelmente, não passámos por esse tipo de sofrimento.
Exemplo: Vendedores de porta ou de cartões.
Que tipo de palavras a nossa fé tem produzido?
Que tipo de acções a nossa fé tem manifestado?
De que vale dizermos que temos fé se na prática isso não se traduz em nada? Se assim for, que tipo de fé é esta?
Imagine alguém a chegar-se até si e a dizer: - Estou a passar fome. Se a sua resposta fosse: O Senhor irá providenciar aquilo que está a necessitar. Quão caricato isto seria!
Quando o nosso celeiro está cheio e lidamos com os outros de uma forma despreocupada, é porque, em certo sentido, achamos que cada um tem o que merece ou simplesmente cada um tem conforme o que investiu durante a vida.
As boas palavras, ainda que sejam necessárias, não alimentam ninguém e nem dão, aos irmãos necessitados, aquilo que de facto eles estão a precisar.
Perante a necessidade não basta palavras de consolo. É preciso agir e agir em amor sempre com sentimento de alegria.
Lembre-se… Ao fazer alguma coisa, faça como se tivesse a fazer para Deus.
V17 Do mesmo modo, a fé, se não é posta em prática, está morta.
Ao olharmos para esta comparação, do versículo 16 com o 17, percebemos duas coisas:
1º Palavras sem acções não têm valor
2º Fé sem obras é morta, isto é, não é uma fé salvífica.
V18 Mas alguém poderá ainda dizer: «Tu tens a fé e eu tenho as obras.» Então mostra-me lá se a tua fé é verdadeira, sem obras, que eu mostro-te, pelas obras, a fé que tenho.
O ponto é este… A única prova inequívoca se de facto a fé é verdadeira, são as obras. Não há outra forma.
Será que as pessoas à nossa volta têm visto essas obras?
Ou apenas nos têm ouvido a falar da nossa fé?
19 Tu acreditas que há um só Deus. Muito bem! Os espíritos maus também acreditam e até tremem.
Se a fé fosse apenas o conhecimento da existência de Deus, então seria perigoso, porque até o Diabo e os seus anjos acreditam nisso.
Vejamos o que diz em Marcos 5:7 E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes.
Ou seja, o diabo e os seus anjos acreditam na existência de Deus, afirmam que Jesus era o filho de Deus (texto) e tinham medo dele (texto*).
Obviamente que todos nós acreditamos que eles não são salvos e nem nunca o serão.
Ao falarmos com algumas pessoas sobre Deus, normalmente ouvimos “Eu também acredito” como se isso fosse a prova inequívoca de que são salvas. Como quem diz, já tenho o ticket para ir para o céu e agora vivo conforme eu quero.
A fé salvífica não é demonstrada apenas pela verbalização ou pelo mero acreditar.
20 Ó homem insensato, queres ver como a fé sem obras é inútil?
Este versículo é a prova evidente que este era um problema patente no seio da comunidade.
A palavra “insensato” no original significa “vazio ou defeituoso”.
Sendo assim, quem achar que é possível ter fé sem obras é porque é completamente vazio e o que diz não tem qualquer tipo de valor.
Tiago não estava a comparar 2 métodos de salvação, até porque, só pode haver um meio pelo qual podemos ser justificados.
O que acontece, é que ele comparou 2 tipos de fé… Uma que pode salvar (viva) e outra que não pode salvar (morta).
V21 Não foi o nosso antepassado Abraão justificado pelas obras ao oferecer o seu filho Isaac em sacrifício?
Ao lermos este versículo aparentemente parece que Tiago estava a contradizer-se.
Se as pessoas são justificadas pela fé, como pode ele dizer que Abraão foi justificado pelas obras?
Será que é por causa de Abraão ter vivido antes da pessoa de Jesus Cristo?
Ou será que no Antigo Testamento as pessoas também eram justificadas pela fé?
Teremos aqui a base para aceitarmos a justificação pelas obras?
Se de facto for isso, é contraditório com todo o ensinamento bíblico, além de revelar também, que Tiago era incoerente nos seus próprios argumentos.
Para conseguirmos interpretar, temos de saber que várias palavras no grego bíblico não têm as mesmas definições que as nossas.
Por exemplo, a palavra “conversão”, “mundo”, “todos” têm cada uma em si várias definições. A seu tempo falaremos mais sobre isto.
Assim, a palavra justificação, no grego, tanto pode ser no sentido de declarar justo, o meio pelo qual as pessoas alcançam a justiça de Cristo por meio da fé, como também a palavra justificação pode significar “Demonstrar justiça com o próximo” ou “mostrar que se é justo através de alguma acção”.
Vejamos um exemplo desta dupla definição, apesar de haver mais, da palavra “justificados” em Lucas 16:15 “E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação”.
O que nós vemos neste versículo é que os fariseus não estavam a declarar a sua inocência diante de Deus (primeira definição). Eles estavam sim a mostrar aos outros que eram justos pelas suas acções praticadas (segunda definição).
Peguemos agora na vida de Abraão, tal como Tiago fez, e percebamos se ele foi justificado (declarado inocente – 1ª Definição) por meio da fé ou das obras?
Génesis 15:6 “Abrão teve fé no SENHOR e por isso o SENHOR o declarou justo”.
Tal como lemos, Abraão foi justificado por meio da fé.
Voltando ao texto em Tiago, ele deu como argumento do seu exemplo, o episódio de Abraão e do seu filho Isaac. Esse momento está descrito em Génesis 22.
Então é algo que ocorre posteriormente à declaração de inocência (justificação) do Senhor para com Abraão. E, conforme sabemos, o Senhor Deus apenas declara uma vez a inocência de alguém e essa declaração é tão poderosa que é algo único e inquebrável (Garantia que a salvação não se perde).
Então, percebendo que a palavra Justificação tem também o sentido de mostrar, através dos actos, que se é justo, logo Tiago não fala da “justificação salvífica”. Fala sim do momento em que Abraão mostrou a autenticidade da sua fé através dos seus actos, isto é, da obediência a Deus.
Concluímos então que Tiago não defende a justificação por meio das obras mas defende que a justificação, como evidência exterior, é manifestada pelas obras.
Não há incoerência naquilo que é ministrado por Paulo com aquilo que é ensinado por Tiago porque se fosse, o próprio Tiago seria incoerente no seu próprio ensino.
V22 Deves ver então que a sua fé foi acompanhada pelas obras e que foi por elas que a fé se manifestou.
Vemos aqui a consolidação do argumento do versículo anterior.
John MacArthur sobre este versículo tem uma ilustração interessante. Diz ele que “tal como a árvore frutífera não chegou à meta antes de dar frutos, a fé não alcançou o seu objectivo antes de ser demonstrada por meio de uma vida justa”.
Tem a nossa fé demonstrado algo?
23 Assim se cumpriu a passagem da Sagrada Escritura que diz: Abraão teve fé em Deus e por isso foi considerado justo e foi chamado amigo de Deus.
Mais uma vez a prova que o próprio Tiago acreditava e ensinava que a justificação, como declaração salvífica, acontece por meio da fé (texto*).
24 Vejam, portanto, que é pelas obras que cada um é justificado e não somente pela fé.
Mais uma vez… O cuidado que precisamos ter na interpretação deste versículo para não dizermos que a justificação (declaração da inocência) acontece por meio da fé e das obras.
O que percebemos aqui é que o homem não é justificado pela fé somente, no sentido da evidência (2ª Declaração), por um mero conhecimento de Deus.
Ele é justificado pelas obras no sentido em que a sua justiça é conhecida e provada através da sua fé e das suas obras.
Deixar um desafio para os irmãos com base naquilo que foi dito. Em casa estudem os versículos 25 e 26, com outro exemplo de vida (Raabe), e caso tenham dúvidas venham falar comigo.
Apenas uma nota sobre Raabe… Tiago usou a vida de duas pessoas tão diferentes, um patriarca* e uma prostituta*, com o intuito de mostrar que todos são justificados por meio da fé (dependência e confiança em Cristo somente) sendo que, o resultado disso, será sempre a fé, como conhecimento, e as boas obras (amor com o próximo).
Interessante também a forma como ele usa estas duas personagens para salientar novamente que Deus não fez acepção de pessoas, quando Ele escolheu, antes da fundação dos mundos, quem se iria salvar, conforme lemos em Efésios 1.
Aprendemos aqui 3 lições:
1ª Lição: Palavras bonitas, desprovidas de acções, não têm qualquer tipo de valor.
Tiago diz que se falarmos e nada fizermos para com o próximo (v14) isso será insignificante para Deus e para quem nos ouve. Será algo inócuo.
Quando eu era criança dizia que tinha uma namorada. Os meus pais perguntavam-me se ela sabia que eu namorava com ela. Eu dizia que não.
Por vezes, a nossa vida cristã é assim. Dizemos que temos um relacionamento com Deus, verbalizamos o nosso amor por Ele, mas Ele não sabe de nada. Além disso, esse relacionamento nem é visível para com aqueles que nos rodeiam.
2ª Lição: Se a fé produz amor, logo quem não manifesta amor não pode ter fé.
Tiago é muito claro relativamente à fé quando diz que não há fé se não houver obras (V17).
O que dizer então dos ímpios que fazem boas obras? Será que eles são salvos? Será que é resultado de uma fé que nem eles sabem que têm?
As boas obras não são, por si só, sinal de que alguém é salvo, são sinal sim, da Graça comum de Deus para com todos individualmente. Ele usa pessoas ímpias para fazer o bem.
Nós que somos cristãos, o que temos produzido?
Temos feito algo por alguém como se estivéssemos a fazer para Deus?
Até onde já deixámos o nosso conforto pessoal para ajudar alguém com necessidades?
Não podemos dizer que amamos se não servimos. Servimos a quem amamos.
Não é por acreditarmos na providência divina que vamos ficar insensíveis com o próximo. É precisamente por acreditarmos nessa providência que vamos servir as pessoas com todo o amor.
O Evangelho é a prova evidente que amar é dar. Lembremo-nos do que diz João 3:16… Amou dando.
Se não estamos a realizar boas obras é porque afinal somos religiosos e não cristãos.
Temos servido o próximo?
O Evangelho é a prova evidente que devemos servir a quem não merece.
A fé não é apenas para ser tida no nosso pensamento, também é algo que nos obriga a agir de acordo com ela. Leva-nos a pensar e viver segundo o padrão de Deus.
3ª Lição: A fé salvadora é aquela que nos faz lançar toda a ansiedade sobre Deus, porque Ele cuidará de nós.
O jugo da Lei é duro e o fardo é pesado, no entanto em Cristo encontramos algo diferente… Mateus 11:28-30 “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Não basta dizermos que somos cristãos ou dizermos que lemos a Bíblia.
A fé não é sobre o que eu penso mas sim como eu penso, dependo e vivo.
Tem confiado em Deus?
Vivemos numa sociedade que vive e proclama a auto-ajuda.
- Auto-ajuda: Tu consegues. Evangelho: Tu não vais conseguir.
- Auto-ajuda: Tu mereces. Evangelho: Tu nada mereces.
- Auto-ajuda: Vive para os teus sonhos. Evangelho: É Deus quem define o teu rumo.
- Auto-ajuda: A solução está em si. Evangelho: A solução está em Deus.
- Auto-ajuda: Vai aonde te leva o coração. Evangelho: O coração é enganoso.
A vida cristã não é sobre o que eu desejo ser mas sobre aquilo que realmente Deus deseja que eu seja.
Terminando… Lembre-se que a fé salvadora está sempre ligada ao arrependimento.
Toda a mudança começa aí e não podemos querer separar aquilo que Deu sempre juntou.
Actos 20:21 Tanto aos judeus como aos não-judeus mostrei com firmeza que deviam arrepender-se para Deus e crer em Jesus, nosso Senhor.
A fé não é apenas acreditar ou verbalizar e muito menos o levantar do braço, ter fé é acreditar, verbalizar e confiar plenamente.
Crê nisto?

Que Deus nos ajude. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Tiago 2:1-13

Continuamos a estudar o livro de Tiago.
Livro bastante prático. Percebemos como a nossa fé se relaciona com o nosso viver diário. Não há como separar aquilo que sempre esteve unido.
A nossa fé tem de resultar em santidade. Se tudo o que sabemos não redundar em santidade, para nada vale.
Tal como viram a semana passada, a vida cristã não é apenas ouvir a Verdade, mas também praticar o que essa verdade diz.
No entanto, a nossa santidade não serve de sinal de superioridade em relação ao próximo*. A nossa santidade serve sim, em certo sentido, para revelarmos aquilo que Deus já fez em nós.
Tiago 2:1 Meus irmãos, pela fé que têm em Jesus Cristo, nosso glorioso Senhor, não tratem as pessoas com medidas diferentes!
Tiago escreve aos judeus que estavam dispersos.
Tinham as suas próprias comunidades embora vivessem em tempos de perseguição. Ter um espírito de verdadeira comunidade seria muito importante no dia-a-dia deles.
No entanto, havia um grave problema e por isso tinha de ser tratado.
Muito interessante notar que certos aspectos que achamos irrelevantes, a Palavra é muito clara para a correcção dos mesmos para que saibamos como convém andar na Igreja de Deus.
A palavra “Fé”, neste versículo, envolve todas as áreas da nossa vida, sendo que as mesmas devem ser vividas na dependência de Deus para reflectirmos a Sua glória em tudo o que fizermos (I Cor. 10:31).
Se de facto há uma vivência cristã, isso tem que ser visível nos nossos relacionamentos. E um dos aspectos importantes passa por não nos tratarmos uns aos outros com medidas diferentes, caso contrário estaremos a fazer acepção de pessoas.
A palavra no original, para acepção de pessoas, significa “Levantar o rosto em favor de alguém afastando-se do outro” ou também “Exaltar alguém por motivos visíveis aos nossos olhos” por causa da aparência*, conhecimento*, raça* ou classe social*.
A enfâse que temos neste versículo está no próprio Cristo, isto porque Ele foi imparcial em todos os seus relacionamentos, pois não se importava com o estatuto social das pessoas com quem interagia.
As coisas aparentes aos nossos olhos não O influenciavam na forma como Ele julgava o próximo.
Várias vezes Ele foi criticado por causa disso mesmo. A evidência era clara tanto é que as pessoas notavam essa imparcialidade.
Reparemos no que diz… Mateus 22:16 “E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens”.
Cristo é a nossa medida no relacionamento com as pessoas.
2 Imaginem, por exemplo, que entram dois homens na vossa sinagoga, um com anéis de ouro e ricamente vestido e outro pobre e muito mal vestido.
Tiago dá um exemplo do que isso significa na prática.
Nota: Este exercício é importante. Por vezes não compreendemos certas verdades por acharmos que certas lições são apenas para os outros e não para nós*.
A palavra “sinagoga” significa ajuntamento ou congregação. Uma palavra que traduz o que hoje comumente chamamos de Igreja. Precisamos de resgatar o verdadeiro sentido da palavra “Igreja” e não abandoná-lo.
Esta história falava acerca de dois homens que tinham anéis de Ouro.
Naquele tempo era normal os homens usarem anéis. No entanto, era raro usarem anéis de ouro.
Ao usarem anéis de ouro, esses homens mostravam que tinha muitas posses. Essas pessoas usavam anéis em todos os dedos menos no dedo médio.
Diz o texto que além dos anéis, um homem estava também vestido com roupas muito caras, tanto é que reflectiam o brilho com a luz do sol que batia.
A palavra que define a roupa deste homem foi usada também para a referência às roupas do anjo (Actos 10:30) e também à roupa que os guardas de Herodes colocaram sobre Jesus para gozarem com Ele (Luc. 23:11).
Por outro lado, nesta história, entrou também um homem cuja aparência era completamente antagónica à outra pessoa. Roupas sujas e extramente pobre.
Apenas uma nota, em lado nenhum na Bíblia vemos que Deus é contra as riquezas, é sim contra o coração que está dependente dessas riquezas. E um sinal evidente disso é notado quando as pessoas vivem para ostentar aquilo que têm. Vivem para conquistar e não porque foram conquistados por Cristo.
3 Dirigem-se ao que vem ricamente vestido e dizem-lhe: «Senta-te aqui no lugar de honra!» Depois dizem ao pobre: «Tu fica aí de pé ou senta-te no chão junto ao meu estrado.»
Nas sinagogas normalmente as pessoas sentavam-se de pernas cruzadas no chão ou então ficavam de pé. Havia poucos lugares de honra (bancos) e normalmente quem desejava esses lugares eram os fariseus, como podemos ver em Marcos 12:38-39.
Ao entrar o homem rico disseram logo para ele se sentar no lugar de honra e ao homem pobre disseram para se sentar num outro sítio sem qualquer tipo de importância.
O problema não estava no rico sentar-se naquele lugar, o problema era não terem dito o mesmo à pessoa pobre.
Duas medidas diferentes…
4 Não vêem que desta maneira estão a fazer diferenças entre pessoas e a julgá-las por critérios errados?
Tiago foi directo ao ponto como é a sua marca neste livro.
Ao darem lugar especial a um e a outro não, favorecendo o rico e discriminando o pobre, estavam a julgar as pessoas por critérios diferentes.
Sempre que vemos na Bíblia que não devemos fazer “acepção de pessoas”, há uma ligação ao julgamento para com o próximo. Isto é, ao nível diferente de importância que damos às pessoas.
Por exemplo, a Bíblia reconhece géneros diferentes (Homem e Mulher) mas isso não faz com que um ou outro sejam mais importantes porque para Deus somos todos iguais. Achar que um ou outro são mais importantes é, em certo sentido, fazer acepção de pessoas.
Quais os critérios com que nos relacionamos com as pessoas?
Serão exactamente iguais para com todos?
Os nossos relacionamentos são estabelecidos com base em padrões humanos ou espirituais?
5 Ouçam bem, meus queridos irmãos. Como sabem, Deus escolheu aqueles que são pobres aos olhos do mundo para lhes dar a riqueza da fé e os fazer herdeiros do reino que ele prometeu a quem o ama.
Mais uma vez neste texto encontramos a medida para os nossos relacionamentos.
Deus, sendo rico em Sua Glória, escolheu pessoas também pobres para lhe dar a maior riqueza que podia haver… A fé.
Neste texto não vemos uma restrição apenas aos pobres no que concerne à Salvação, lemos sim que Deus, na Sua Graça, salvou também pessoas pobres. Porquê? Porque, tal como lemos em Gálatas, apesar de Deus ter criado diferenças, no bom sentido do termo, de género*, raciais*, sociais* e sexuais*, essas mesmas distinções não implicam desigualdade espiritual perante Ele.
Em Cristo somos um e é nessa unidade que devemos agir uns para com os outros.
Se Deus mostrou a Sua bondade para com os pobres quem somos nós para fazermos diferença naquilo que Deus igualou?
6 No entanto, desprezam os pobres. Mas não são porventura os ricos que vos oprimem e que vos levam a tribunal?
No contexto em que o povo vivia, os ricos desprezavam e oprimiam os pobres.
Como tinham dinheiro para levá-los a tribunal e por conseguinte tinham bons advogados, conseguiam ganhar processos indevidamente, além da corrupção existente.
Os ricos humilhavam os pobres fazendo-se valer da riqueza para ainda terem mais benefícios.
7 Não são eles que blasfemam contra o maravilhoso nome que foi invocado em vosso benefício?
Segundo o texto, essas pessoas ricas também blasfemavam em tribunal o nome de Jesus Cristo e o próprio ensino que Ele deixou.
8 Portanto, procedem bem, se cumprirem o mandamento fundamental do reino, que está na Escritura: Amarás o teu semelhante como a ti mesmo.
A palavra “Portanto” é uma conjunção conclusiva. Liga uma oração à outra dando-lhes uma conclusão ou consequência.
Quando Tiago se referiu ao “mandamento fundamental do Reino”, ele simplesmente queria dizer que o que iria escrever devia ser a forma ou a regra para o viver deles.
Qual seria essa conclusão?
Tiago usa palavras de Jesus descritas em Mateus.
Mateus 22:37-40 “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.
Sendo assim, a conclusão desta lição passava por ensinar que a Igreja tem que mostrar o mesmo amor, aceitação, cuidado e respeito demonstrado por Cristo a todos os homens.
Logo, todas as pessoas devem ser tratadas com a mesma medida. E qual é essa medida? A que Cristo nos deixou.
Mais ainda, a forma como nos relacionamos deve ser a forma como queríamos que os outros se relacionassem connosco.
O mundo diz “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”. A Bíblia diz “Faz aos outros o que queres que te façam a ti”. Qual a razão? A Bíblia obriga-nos a ser dinâmicos no nosso viver.
Tiramos ainda outra conclusão, Tiago não estava a defender que a Igreja devia cuidar apenas dos pobres e desprezar os ricos, porque isso seria também fazer acepção de pessoas. Ele estava sim a dizer que essas medidas mundanas não devem ser usadas nos nossos relacionamentos.
9 Mas se fazem diferenças entre as pessoas, isso é pecado e a lei de Deus condena-vos como transgressores.
O tempo no original (Presente - no grego mostra continuidade) revela que esta prática estava a acontecer e era algo contínuo. Ou seja, não era uma mera suposição de Tiago ou uma simples correcção por algo ocorrido sazonalmente.
Face a isso, Tiago diz que aquele comportamento era pecaminoso e assim sendo transgredia a Lei de Deus.
10 Pois aquele que cumpre os mandamentos da lei, mas despreza um só deles, é como se os tivesse desprezado a todos.
11 Deus que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se matares alguém, ainda que não cometas adultério, tornas-te transgressor da lei.
Tiago defende aqui a ideia de que o cristão tem que viver para Deus em todas as áreas da sua vida. Embora possa pecar, ele tem todas as condições para não pecar porque o Espírito Santo habita n’Ele.
Toda a vida do cristão deve apontar a Cristo porque se uma área da nossa vida não apontar a Cristo, não estaremos a viver para a Glória de Deus.
Não podemos viver a nossa vida de forma fragmentada*…
12 Portanto devem falar e viver como quem vai ser julgado pela lei da liberdade.
Cristo demonstrou misericórdia para connosco, isto é, não nos deu segundo aquilo que nós merecíamos.
Se o relacionamento de Deus para connosco fosse com base naquilo que temos ou somos, todos nós seríamos destruídos pela Sua Ira.
Graças a Deus que o Seu relacionamento connosco é devido ao que Cristo fez e não pelo que fizemos. Tudo é pela Sua Graça.
Romanos 6:14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
Este texto diz que nós já não estamos debaixo da Lei, mas sim debaixo da Graça.
O que significa isso? Relembrar o que vimos quando em Janeiro falámos sobre este tema.
Para o cristão, a Lei já não é mais instrumento de condenação porque fomos libertos por Cristo Jesus, porque Cristo cumpriu a lei integralmente no nosso lugar.
No entanto, apesar de ter terminado a lei cerimonial em Cristo, Ele não aboliu a lei moral do AT.
Nós agora temos liberdade, dada pelo Espírito Santo, para vivermos uma vida que agrada ao próprio Deus.
Como sabemos se estamos a agradar a Deus? Quando cumprimos a Sua vontade.
Como conhecemos a Sua Vontade? Através da Lei moral que é uma expressão do próprio carácter de Deus.
Por isso mesmo, Tiago diz que devemos falar e viver como quem vive sabendo que vai ser julgado pela liberdade que há em Cristo. Que descanso… Que consolo…
13 Será julgado sem misericórdia aquele que não mostrou misericórdia. No dia do juízo, a misericórdia é que vence.
A compreensão desta verdade deve fazer com que as nossas vidas resplandeçam essa misericórdia para com o próximo.
Se permanecemos vivos diante de Deus, é somente devido à Sua misericórdia, então devemos demonstrar essa misericórdia para com o nosso próximo. (História do Rei – Servo – Servo).
Como sabemos se fomos alvo da misericórdia de Deus? Se não fizermos acepção de pessoas, isto é, se não julgamos as pessoas por causa do género, raça, classe social, etc. Se usarmos de misericórdia para com o próximo, é porque de facto fomos alvo da misericórdia de Deus.
Sendo assim compreendemos algumas lições importantes…
1º A fé não é um mero conhecimento. É também vivência…
Tiago escreve esta carta para alertar que não basta dizermos que somos de Deus. O nosso pensar, falar e viver deve mostrar isso mesmo.
Moody, “Um dos grandes problemas que temos é o tráfico de verdades não vividas”.
Por isso, meus irmãos, temos de ter cuidado com as verdades que são conhecidas e que não são vividas. Não pode haver divergência entre aquilo que professamos e aquilo que vivemos.
Temos que meditar na Palavra, pensar como a mesma se relaciona com o nosso dia-a-dia, e que mudanças temos que fazer para reflectirmos cada vez mais a imagem de Deus.
Ainda analisa a sua vida? Ainda deseja mudanças? Consegue lutar contra os desejos da carne?
Lembre-se que não está só nesta caminhada.
A mudança surge quando temos alegria em Deus. Mudamos porque O amamos e fomos aceites por Ele.
Para a semana iremos perceber a relação entre fé e obras.
2º Toda a nossa vida deve reflectir a imagem de Deus.
Tiago é claro dizendo que todas as nossas áreas devem apontar a Cristo. Ele é Senhor. Não somos nós.
Quando fragmentamos a nossa vida*, é porque ainda não entendemos que Deus transforma vidas.
Não podemos achar que podemos ter o nosso pecado de estimação e alimentá-lo quando desejarmos.
Cristo transforma vidas.
3º Quem faz acepção de pessoas é porque ainda não compreendeu a mensagem do Evangelho.
Tiago foi muito claro. Ao percebermos a misericórdia de Deus não há como não revelar esse entendimento na forma como nos relacionamos com o próximo.
A Igreja que pensa que é um clube e que trata e exalta as pessoas ricas é porque ainda não percebeu que a mensagem do Evangelho, o qual humilha todos aqueles que se juntam a Deus.
Não é o que temos que nos faz ser superior a alguém.
Temos de perceber que em Cristo nada somos, logo, devemos tratar todos por igual.
Receber visitantes*
Situação – Problema – Pessoa que dava dízimo.
No dia em que dependermos do homem é porque ainda não dependemos de Cristo. E quando isso acontece é porque achamos que Ele não é suficiente.
Quando dependemos ou valorizamos factores humanos é porque ainda não demos valor àquilo que realmente é importante.
Tratamos todos por igual ainda que possamos ter mais intimidade com alguns?
4º Entender a união com Cristo é compreender que não devemos fazer acepção de pessoas.
Todos estamos ligados a Cristo e unidos num só corpo, no qual Cristo é a cabeça. Quando valorizamos mais as pessoas pelos parâmetros deste mundo, apenas mostramos que para nós a fé tem pouca importância.
Quando olhamos as pessoas com os olhos deste mundo, é porque ainda não conseguimos ver com os olhos que o próprio Cristo nos viu.
Ao escolher pessoas para uma determinada situação, Deus não fez acepção de pessoas, porque Ele não as valorizou por aquilo que eles tinham ou por aquilo que lhe podiam oferecer. Deus não precisa de nada de ninguém. É pela Sua Graça.
Quando Deus diz na Sua Palavra que no mundo, no lar, ou na Sua igreja, há autoridade não significa que há pessoas mais importantes que outras, porque a autoridade não é sinal de que alguém é mais importante que o outro.
Se fazemos o que fazemos com o próximo baseado nos méritos do outro ou daquilo que Ele nos pode oferecer, estaremos a pecar.
1 Samuel 16:7 Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.

Que possamos ver como o Senhor Deus vê.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Tiago 1:16-18

(Não temos o estudo de Tiago 1:12-15 em virtude de o pregador ter sido um pastor convidado de outra Igreja. Pedimos desculpas por isso).

Tal como temos visto até agora, as provações exteriores são enviadas por Deus até nós com um propósito. Ao sabermos disso, o nosso coração deve alegrar-se.
No entanto, as tentações interiores são desejos incontroláveis que nos fazem pecar.
Sendo assim, Deus não pode ser o autor desse mesmo desejo/tentação pecaminosa mas é o nosso coração que os fabrica.
O problema é que o homem, desde Adão, tem sempre o desejo de atribuir aos outros a culpa do seu pecado em vez de se arrepender.
Génesis 1:12-13 “E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi”.
Há aqui uma projecção clara das responsabilidades do pecado.
1º Foi a mulher que me levou a isto.
2º Foi a mulher, sim, mas foi a que tu me deste.
Em última análise, o que Adão disse era que a culpa era de Deus pois tinha sido ele a dar-lhe a sua mulher.
Quando pecamos, a nossa tendência é sempre culpar alguém*. É muito difícil ouvir logo “Falhei, pequei, a culpa foi minha”.
Há sempre desculpas e o pior é que muitas vezes atribuímos a Deus a falha pelos nossos pecados… “Sim falhei… mas também estava numa situação muito complicada… Era uma provação muito difícil”.
Em vez de se desculpar, arrependa-se do seu pecado e irá ver como Deus é bom e cuidado dos Seus filhos.
Tiago 1:16 “Não se deixem enganar, meus queridos irmãos:”
Tiago continua assim o seu argumento provando que Deus não pode ser acusado pelos maus desejos humanos. Antes pelo contrário, Deus é o criador de todo o bem.
Ele começa então por explicar quem Deus é, o que fez no passado, está a fazer no presente e fará no futuro por nós pecadores.
1:17 a) “Tudo o que recebemos de bom e perfeito vem do céu, do Pai, fonte de toda a luz.”
 A nível teológico chamamos a este ponto de “Graça Comum”.
Isto é, Deus na Sua Graça dá inumeráveis bênçãos a todas as pessoas indiscriminadamente, ou seja, algo que não é restrito aos Seus filhos.
Em toda a escritura, AT e NT, encontramos exemplos da Graça comum sobre todos os povos.
Actos 14:16-17 “O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.”
Tudo aquilo que há de bom na criação (ar, paisagem*, chuvas, sol, etc.) deve-se à bondade do nosso Deus, à Sua Graça* e à Sua maravilhosa misericórdia (Não nos dá o que nós merecemos).
Podemos ver também a “Graça comum” ao percebermos que todas as pessoas têm uma percepção da existência de Deus.
No entanto, nem todas acreditam e algumas das que acreditam não o seguem.
Calvino refere-se a esta crença como o “Sensus Divinitatis”, ou seja, o “Senso Divino”. Já iremos falar do “Senso Redentor”.
Percebemos também a “Graça Comum” quando ainda existem boas acções neste mundo. Notamos isso quando percebemos que pessoas não regeneradas por Deus praticam boas obras.
Se elas actuassem sempre de acordo com a sua natureza pecaminosa, praticariam apenas actos hediondos. E aqueles que praticam apenas essas acções fariam muito pior.
Tudo e todos estão sujeitos a Deus e por conseguinte à Sua soberania.
Como podemos achar que Deus é o responsável pelo pecado?
Como podemos, por vezes até inconscientemente, culpar Deus pelo nosso pecado?
No entanto, ao falarmos com certas pessoas, sejam elas cristãs ou não, ouvimos muitas vezes o seguinte “Nós não merecemos isto que nos está a acontecer”.
Como lidar com esta pergunta? Como responder a isso?
A melhor forma de responder é mudar esta pergunta para “Como é que Deus, que é Santo e Justo, não nos destruiu com a Sua Ira por causa do nosso pecado? Como é que nós, sendo pecadores e merecedores da Sua ira, ainda vemos tanta coisa boa a acontecer?”.
Quando esta mudança na pergunta acontecer, talvez achemos algumas respostas a algumas indagações nossas.
Lembre-se… Deus é bom…
Se está aqui e ainda nada de mal lhe aconteceu, acha que é pelo seu merecimento? Ou pela bondade de Deus?
Não use as provações como prova da falta de bondade de Deus. Esse princípio já foi rebatido nos primeiros versículos deste capítulo.
A prova cabal de que Deus é bom, e por isso não poder ser acusado da nossa tentação interior, é conhecermos quem Ele de facto é.
Assim, Tiago fala da bondade e da imutabilidade de Deus.
V17 “Nele não há mudança nem sombra alguma.”
Saber disto traz-nos segurança no nosso dia-a-dia.
Deus não deve nada a ninguém porque Ele é dono de tudo. Ele é Soberano.
Deus não depende e, por isso, não precisa de nada de ninguém, tanto é, que quando vemos Deus a relacionar-se com o povo, isto não acontece por uma necessidade Sua mas por causa da Sua maravilhosa Graça.
Tudo o que Deus decreta, Ele cumpre.
Quando Deus promete algo, Ele cumpre.
Percebamos o alcance do que poderia acontecer se Deus mudasse de opinião em relação a nós? Seria o caos.
Deus é fiel, daí a sua imutabilidade, e por ser fiel a Si próprio, Ele nunca pode negar-se a Si mesmo.
Deus não muda o Seu amor por nós porque o Seu amor é incondicional. Além de que não tem limite de intensidade e não tem limite de tempo. Jeremias 31:3 “Há muito que o Senhor me apareceu, dizendo: Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.
O ser humano, em termos gerais, é que muda muitas vezes o seu relacionamento com o seu próximo devido àquilo que o outro tem ou não para oferecer.
Deus é imutável. Nele não há sombra de mudança alguma.
Qual a razão? Deus não pode mudar porque qualquer mudança implicaria que ele se tornasse mais, ou menos perfeito. E Ele é sempre Perfeito.
Nem a oração* e nem o arrependimento* mudam a Deus. Afinal, estes são alguns dos meios usados por Deus para a concretização do Seu propósito o qual é eterno e imutável.
Confiamos neste atributo (imutabilidade) de Deus? Valorizamo-lo?
Deus é bom e todo o bem tem origem n’Ele.
A Salvação é boa logo só pode ter origem em Deus. Tiago mostra precisamente isso.
V18 A) “Pela sua própria decisão trouxe-nos à luz da vida”.
Tiago apresenta mais uma grande verdade sobre a bondade do nosso Deus, a Sua “Graça Salvífica”.
Diz o texto… “Pela sua própria decisão”. A palavra no original significa “Querer deliberadamente”.
Então, a regeneração (acto de dar um novo coração) não é algo que nasce do desejo humano mas da vontade deliberativa de Deus. E, tal como vimos anteriormente, o que Deus decreta, Ele cumpre.
1 João 5:1 “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.”
O tempo do verbo crer está no presente.
O tempo do verbo nascer (no original) está no pretérito perfeito (Passado).
Logo, podemos concluir que, alguém que crê foi porque nasceu de novo.
O presente (crer) é uma consequência do que aconteceu no passado (nascer).
Que Deus maravilhoso.
Nós merecíamos a Sua ira e Deus mesmo assim escolheu-nos, para que lhe dessemos Glória para todo o sempre. Para isso acontecer, enviou o Seu filho Jesus para morrer por nós naquela cruz e assim levar sobre Si a nossa Ira e nós recebermos por meio da fé a Sua justiça.
Acreditamos nesta mensagem poderosa?
Qual será o meio pelo qual o Espírito Santo age em nós para a regeneração acontecer e assim manifestarmos fé?
V18 “Por meio da sua palavra de verdade”.
Não há outra forma de entrarmos no Reino de Deus a não ser por meio do Evangelho.
A necessidade de ouvir o Evangelho é por demais evidente nas Escrituras.
Não há outra forma de chegar ao Evangelho a não ser por meio da Palavra. Foi assim que Deus decretou.
Em Ezequiel percebemos que é a Palavra que dá vida no vale dos ossos secos.
Não há como ser salvo sem ouvir falar de Cristo e daquilo que Ele fez na cruz.
Não há salvação sem arrependimento e fé.
Romanos 10:13-15 “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”.
Analisando estas palavras e percebendo o que foi dito anteriormente, todos nós conhecemos algo sobre Deus e por isso, segundo Romanos 1, todos somos indesculpáveis perante Deus. Quer aqui como em qualquer parte do mundo mesmo onde não tenha chegado a Palavra.
No entanto, há uma rejeição clara de todos nós a esse conhecimento. A consequência disso é a morte (Rom. 6:23).
Antigamente eu achava que as pessoas eram salvas na medida do conhecimento que tinham. Ou seja, nos lugares onde a Palavra não era conhecida, essas pessoas seriam salvas ou não face ao que conheciam, mesmo que não tivessem oportunidade de ouvir falar de Jesus.
Logo, se não tinham conhecimento do Evangelho não poderiam ser responsabilizadas. Logo iriam para o Céu.
Pensemos e meditemos um pouco sobre isto…
Se de facto esta ideia fosse verdade, ser-lhes-ia garantido que iriam para o Céu apenas por nunca terem ouvido o evangelho, então porque é que quereríamos levar-lhes a Palavra? Se não têm conhecimento e são salvos, então mais valia não levarmos a Palavra, pois ouvindo podiam-na rejeitar de forma consciente e aí iriam para o Inferno. Isto seria um contra-senso*.
Qual a razão da Evangelização?
Nós evangelizamos porque este foi o meio pelo qual Deus decretou que os Seus fossem salvos.
Evangelizamos pelo privilégio que temos de servir a Deus, sendo que isso é a nossa obrigação, além disso quem está cheio da Graça de Deus não tem como evitar partilhar esta boa nova.
Evangelizamos para tornar Deus conhecido em todo o Seu esplendor.
Esta era a razão pela qual Paulo estava disposto a sofrer na prisão. Ele queria partilhar a Palavra de Deus. 2 Timóteo 2:10 “Por esta razão, tudo suporto por causa do eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna Glória”.
Há 15 dias falávamos precisamente sobre isto… “Deus e a Sua Palavra permanecerão para sempre. E é a Sua Palavra, através da acção do Espírito Santo, que tem poder para dar vida eterna a quem Ele escolheu. Lembremo-nos, também, que essa Sua acção é eficaz.”
Deus é bom e a Sua benignidade revela-se na Sua “Graça Salvífica” derramada sobre os Seus.
V18 “Para sermos os primeiros frutos do seu mundo novo”.
Uma expressão usada no AT para mostrar quais as colheitas que Deus desejava para Si. As primeiras colheitas do povo porque essas eram as melhores.
Entregar as primeiras colheitas a Deus era um acto de fé porque assim acreditavam que no futuro iriam ter uma colheita farta.
Provérbios 3:9-10 “Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.”
Por isso, a acção de Deus em nós serve para revelar como será a nova criação que há-de vir. Percebemos assim, tal como mostra Efésios 1, que fomos salvos para a Glória de Deus e por conseguinte para a nossa santificação.
Entendemos algumas coisas neste texto:
1º Deus é bom e esta verdade nunca mudará.
Tiago relembra esta verdade aos irmãos que estavam a sofrer. Será isto importante? Com certeza que sim.
Deus sabe o que faz porque Ele é bom. Não há como não depender d’Ele. Ele é Soberano em todas as situações.
Voddie Baucham “Se eu tenho um Deus omnipotente mas não Soberano, eu posso comandar o Seu poder. Mas se Deus é omnipotente e Soberano então eu dependo da Sua misericórdia”.
Todos nós dependemos da misericórdia de Deus.
Deus declara-nos justos e trata-nos como tal. Esta verdade nunca mudará.
Não podemos dizer que Deus é Soberano e depois acharmos que temos a última palavra a dizer.
2º Deus é Suficiente para nós
Tiago lembra ao povo de Deus que Ele é Suficiente porque d’Ele vem toda a bondade.
Será que isso é suficiente para nós?
Aquilo que nos chega é aquilo para o qual fomos conquistados. Se foi para Cristo, Ele então será suficiente para nós.
Se fomos conquistados por Cristo e para Cristo então teremos o desejo de viver para Ele.
Se fomos alcançados pela Graça de Deus, então teremos toda a satisfação na nossa vida mesmo que as tormentas sejam grandes.
Deus está a favor de nós e nunca contra nós. Esta verdade nunca mudará.
3º A Sua Palavra é suficiente para salvar.
Vivemos numa época em que alguns ambientes são criados para que as pessoas aceitem Cristo.
Por exemplo, era comum num determinado evento baixar as luzes, colocar a luz a meio termo, alguém tocar uma música de fundo, enquanto o apelo era feito.
Se acreditarmos que a Palavra é Suficiente, então deixaremos de criar todos esses mecanismos humanos controlando assim as emoções humanas.
O Evangelho é claro… Arrepende-te do teu pecado e tem fé em Cristo Jesus. Esta verdade é poderosa para salvar e nunca mudará.
Mais do que uma comunidade que ri junta, precisamos de ler, estudar, falar da Palavra, orarmos juntos e partilhar esta boa-nova a todos os nossos conhecidos.

Que Deus nos ajude. 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Tiago 1:9-11

Tiago 1: 9 “Aquele irmão que for de condição humilde deve sentir-se orgulhoso por Deus o engrandecer”.
A palavra humilde significa pobre ou alguém sem posses.
Muitas vezes pensamos que é por sermos pobres ou passarmos por dificuldades financeiras que somos menos do que alguém.
Ou então que a vida só sorri só para uns e para outros não.
Pensemos neste exercício… Se analisamos as circunstâncias da vida e tentamos perceber se Deus tem sido bom para connosco, apenas por causa das condições financeiras, atribuímos aos bens materiais um dependência tal que apenas estamos a dizer que só é possível sermos felizes com dinheiro.
No fundo, dizemos que não acreditamos na “Teologia da Prosperidade” mas a nossa vivência mostra o contrário.
Na minha experiência pessoal conheço mais ricos desanimados do que pobres desesperados. Então, o dinheiro não tem essa capacidade, que por vezes achamos que tem, de fazer as pessoas felizes.
Tiago escreve estas palavras porque entende que aqueles cristãos que estavam a ser perseguidos estavam também a ter várias dificuldades financeiras.
Como resolver isso? Como ministrar a pessoas que sofrem provações de perseguição e ainda por cima são pobres?
Colocando a ênfase no sítio certo… Então escreveu-lhes dizendo que era Deus que engrandecia as pessoas e não as circunstâncias, os sentimentos, ou o estatuto social.
Com estas palavras Tiago estava a dizer aquilo que os irmãos me têm ouvido dizer váriasÉ Deus quem dá sentido e significado à nossa vida. Ele é Suficiente.
Porque é que isto acontece?
Nós estávamos mortos nos nossos pecados e delitos (Efésios 2) e Cristo deu-nos vida fazendo-nos assim filhos de Deus por adopção. E tudo isto aconteceu pela vontade Soberana do Pai.
João 1:12-13Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
Esta é na verdade a maior consolação que podemos ter na nossa vida. Se assim o entendermos e vivermos, será o suficiente para encararmos as adversidades como realmente elas são… Lições temporárias para o nosso crescimento.
Se realmente o Senhor permitiu ou decretou que fossemos pobres, a nossa consolação será exactamente igual caso fossemos ricos, pois a nossa vida e alegria estão centrados em Cristo.
O maior problema do ser humano não é ter comida, bebida, casa ou roupa. O maior problema do ser humano é o seu pecado e por conseguinte merecedor da ira de Deus.
No entanto lembremo-nos do que a Bíblia fala em relação às nossas preocupações com a comida, bebida ou roupa, por exemplo…
Mateus 6:31-34 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Alegremo-nos pois pela Graça de Deus derramada nas nossas vidas porque o valor que temos é aquele que Cristo nos acrescenta.
V10 “E o que for rico deve sentir-se orgulhoso por Deus o humilhar, pois sabe que a sua vida é breve como a flor do campo.”
 Muito interessante estas palavras de Tiago referentes às pessoas que eram ricas.
Em lado nenhum vemos na Bíblia que Deus é contra os ricos ou que rejeita os ricos. Há muitos servos de Deus que tinham muito dinheiro como Jó, Salomão, Barnabé, Zaqueu, etc.
O ponto deste versículo é o seguinte…
Deus, na Sua providência, faz com que os cristãos ricos tenham provações para que sejam então humilhados. Porquê? Porque as provações servem, para as pessoas ricas, entenderem que a verdadeira alegria e contentamento cristão dependem apenas das riquezas da graça de Deus e não nas riquezas que porventura tenham.
O que acontece, algumas vezes, é que o dinheiro promete aquilo que apenas Deus tem o poder de concretizar nas nossas vidas… Contentamento, segurança e felicidade.
Face a isso, Deus usa as provações (mais uma vez como lição) para que essas pessoas percebam que o contentamento, segurança e felicidade devem estar somente em Cristo.
Quem não quer viver a sua vida sem contar trocos? Quem não quer viver a sua vida de forma desafogada? Se alguém entrasse aqui oferecendo dinheiro, quem não tinha sítio para o aplicá-lo?
Não sei se algum irmão aqui já passou de um estado para o outro, ou seja, não ter que fazer contas e de repente ter que fazer contas diariamente.
Será que a nossa alegria será igual em qualquer uma das situações? Caso não seja, o que isso mostra?
Quando perdemos algo que achamos que é nosso por direito, não desanimamos e até questionamos Deus?
Notemos o que diz o Salmo 73:3 Pois sentia inveja dos soberbos, ao ver como os maus prosperavam”. Isto é uma realidade na nossa vida.
Vou mais longe… Como ficamos quando vemos um irmão cristão a prosperar e nós não?
Lembre-se tal como temos visto ao longo destes tempos… A vida cristã é para ser vivida com base na conquista de Cristo e não com base naquilo que podemos conquistar.
Vivemos alegres porque fomos conquistados por Cristo e isso é suficiente e poderoso para todos nós.
Sendo assim, estes dois versículos mostram que as provações servem para que todos os cristãos percebam que devem depender de Deus em toda e qualquer situação da sua vida.
Os cristãos pobres para perceberem que em Cristo são ricos e os cristãos ricos para entenderem que toda a felicidade e dependência só fazem sentido se estiverem centrados em Cristo.
Apenas uma nota… Quer pobres, quer os ricos, devem saber que não há desigualdade espiritual perante Deus.
Gálata 3:28 garante isso… “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
V11 Quando o Sol se levanta e vem o calor, seca a planta, a sua flor murcha e a beleza do seu aspecto desaparece. Assim também o rico há-de murchar na sua ambição de riquezas.
Na Palestina, as flores ficam cheias de vida em Fevereiro e secam por volta de Maio aquando a chegada dos ventos fortes.
Tiago usa essa imagem conhecida para mostrar que Deus, na Sua Soberania, pode rapidamente acabar com dependência que o rico tem sobre os seus bens num abrir e fechar de olhos, usando para tal as provações.
Então, tal como o vento que vem de repente, assim também pode acontecer algo com o rico determinado instante. Para quê? Para perceber onde a sua confiança e alegria estão enraizadas.
Vemos aqui Tiago a falar em termos das riquezas mas o profeta Isaías alarga mais o espectro referindo-se ao homem como um todo (corpo, alma e espírito).
Isaías 40:6-8 -> “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei-de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.”
Todas as circunstâncias na nossa vida são passageiras.
No entanto, Deus e a Sua Palavra permanecerão para sempre. E é a Sua Palavra, através da acção do Espírito Santo, que tem poder para dar vida eterna a quem Ele escolheu e lembremo-nos que essa Sua acção é eficaz.
Sendo assim aprendemos algumas lições:
1ª Lição: A provação não é sinal da ausência de Deus em nós mas sim da Sua acção transformadora para connosco.
As provações fortalecem a nossa fé e fazem-nos confiar em Deus mesmo que não entendamos aquilo que se está a passar connosco.
Transforma-nos porque ajuda-nos a perceber quem somos e se realmente confiamos em Deus.
Quando percebemos o valor da acção de Deus através do sofrimento, a nossa vida espiritual amadurece.
As emoções são muito boas no sentido de ajudar a mostrar os nossos sentimentos. O livro de Cantares foi mais um exemplo de que a emoção deve existir na vida de um cristão.
Por outro lado, as emoções podem ser perigosas quando são provocadas pelas provações em si.
Tal como diz Mark Dever “Não podemos determinar a nossa direcção a partir das nossas emoções. Temos sim de determinar a nossa direcção a partir de Deus e sobre a verdade sobre a qual Ele nos disse para fazer na Escritura”.
Logo, quando isso acontecer, veremos as provações a fortalecerem a nossa fé.
Quando somos transformados, percebemos com todo o seu esplendor, a fidelidade do nosso Deus no meio da dor. E aí, surgirá então alegria dentro do nosso coração, independentemente das circunstâncias serem adversas ou não.
Salmos 34:8 Provai e vede que o Senhor é bom. Feliz o homem que n’Ele confia”.
Já experimentámos esta verdadeira alegria que há em Deus?
Confiamos em Deus tal como dizemos que confiamos? As provações são um teste para obtermos a resposta a esta pergunta.
2ª Lição: Devemo-nos orgulhar com o engrandecimento que Deus nos dá, não por causa de um qualquer merecimento nosso mas devido à Sua enorme graça.
Tiago refere isso mesmo no versículo 9. Sintam-se orgulhos porque é Deus que vos engradece.
O orgulho arrogante diz “Deus engradece-nos porque achou que nós éramos bons. Se tenho o que tenho é porque mereço”.
Por outro lado, o orgulho que Tiago fala diz “Deus derramou a Sua Graça sobre pobres criaturas as quais fez ricas em Cristo Jesus”.
De facto, não há nada que nos devamos orgulhar em nós mesmos ou naquilo que temos.
I Cor. 1:26-31 Irmãos, pensem no que eram quando foram chamados por Deus. Do ponto de vista humano não eram muitos os sábios, os poderosos ou os da alta sociedade. Pelo contrário, Deus escolheu aqueles que os homens tinham por ignorantes para envergonhar os sábios e aqueles que os homens tinham por fracos para envergonhar os fortes. Deus escolheu os que no mundo não têm importância nem valor para deitar abaixo os que parecem importantes. Assim, ninguém se pode orgulhar diante de Deus. Ele é que vos deu vida em união com Cristo Jesus, que se tornou para nós a sabedoria e a justiça que vem de Deus, e que nos consagrou a ele e nos libertou do pecado. Deste modo, e como diz a Sagrada Escritura: Aquele que quiser enaltecer-se que o faça no Senhor nosso Deus”.
Aquele que quiser gloriar-se, glorie-se somente no Senhor.
Será que isto é uma realidade nas nossas vidas? Chega-nos esta certeza?
Pessoas pobres herdeiras do reino dos céus. Que boa nova é esta…
3ª Lição: Louvamos a Deus por quem Ele é mesmo que nada possamos ter.
Louvamos ao Senhor mesmo não sabendo como vamos viver o amanhã.
Louvamo-lo não por termos o prato cheio mas por sabermos que Ele é fiel e amoroso para com os Seus filhos.
Não sei que alguém aqui já ouviu falar de George Muller. Era alemão e viveu entre o ano 1805 e 1898.
Assim que Deus o converteu, passado 4 anos, foi para Inglaterra para ajudar várias crianças desamparadas tendo por isso fundado vários orfanatos.
Ele decidiu que nunca iria pedir ajuda financeira a ninguém, a não ser a Deus.
Não fazia empréstimos porque, segundo ele, se a obra era de Deus então não ficaria a dever nada a ninguém.
No entanto, numa manhã, não havia nada para aquelas crianças comerem. George fechou na mesma os seus olhos e agradeceu pelo alimento quando na verdade os pratos estavam vazios.
No fim da oração, bateram à sua porta e apareceu um homem que era padeiro a dizer que Deus o houvera incomodado para que ele os ajudasse com pão.
Passado pouco tempo, bateram novamente à sua porta. Era o leiteiro que tinha tido um acidente à frente da casa de George Muller a perguntar se queriam leite porque o carro tinha que ser rebocado e er mais fácil se tivesse vazio.
Este servo do Senhor agradeceu não pelo que via mas pela certeza da provisão de Deus.
Agradeçamos porque Deus age no oculto embora por vezes pareça ausente.
Esta história é verídica e real, posso comprovar também esta realidade.
Em Cristo nós somos ricos. Chega-nos esta certeza?
4ª Lição: Deus manda provações para termos que fazer contas de cabeça e aí, nada mais nos resta do que a fé entrar em acção.
Tocamos mais nas restrições que temos do que naquilo que Deus nos deu, dá e dará.
Olhamos mais para aquilo que não conseguimos do que para aquilo que Cristo conseguiu no nosso lugar.
O problema é que temos dificuldade em acreditar na Suficiência que há em Cristo, porque há algo em nós que deseja conquistar posição e bens.
Tiago diz que Deus deu-nos a maior riqueza mesmo que na nossa vida possamos ter que fazer contas de cabeça e percebamos que o dinheiro não chega até ao final do mês.
Como sabemos se confiamos nisto? De várias maneiras claro mas uma delas é perceber se fomos fiéis nos nossos dízimos e ofertas. Porque quando não somos apenas duvidamos da bondade do nosso Deus.
Em Cristo somos ricos por isso apoiemo-nos mutuamente na força que Deus supre.
Não há pagamento algum que tenha consequência eterna a não ser o pagamento efectuado Cristo.

Que Deus nos abençoe, guarde e use.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Tiago 1:5-8

Hoje iremos ler Tiago 1:5-8.
V5 Se alguém não tem sabedoria suficiente, peça-a a Deus, que a dá a todos de graça, sem humilhar ninguém, e ser-lhe-á dada.
Relembrar que falamos num contexto de provação.
Então, precisamos de, no meio das dificuldades, pedir sabedoria ao Senhor Deus.
Reparemos neste pormenor… Quando Tiago diz “Se alguém não tem sabedoria suficiente”, ele não está a achar que alguém tem. Simplesmente apela à humildade cristã.
Todos nós precisamos da sabedoria que vem do Senhor, porque em nós não há sabedoria para o nosso dia-a-dia.
Daí não acreditarmos na auto-ajuda.
A solução nunca está dentro de nós e nem vamos lá com frases motivacionais*. A solução está única e exclusivamente em Deus.
Quando reconhecemos a nossa fraqueza entendemos a força do nosso Deus.
Nós não devemos ter problemas em reconhecer as nossas fraquezas porque esse é o primeiro passo para sentirmos que a Graça de Deus nos basta.
O valor que nós temos é aquele que Deus nos acrescenta porque por nós, sem acção de Deus, nada somos.
Notemos ainda a confiança que podemos ter, diz o texto, que se pedirmos sabedoria a Deus, Ele dar-nos-á simplesmente.
Podemos ter confiança nesta promessa. Ela não está dependente dos nossos merecimentos ou do pagamento de alguma coisa da nossa parte. Deus simplesmente dá.
A sabedoria de Deus é algo que Ele promete dar a quem lhe pedir.
Ele não promete livramento das dificuldades, apesar de poder livrar, mas promete sabedoria para enfrentamos todo o sofrimento que tivermos. Saber disso acalma o nosso coração.
Diz-nos ainda o texto, que Deus dá sabedoria sem humilhar alguém. E isto acontece por causa do Seu amor e da Sua graça.
Deus não irá gozar connosco quando reconhecemos a nossa fraqueza, aliás, quando reconhecemos que somos falíveis, Deus revela o Seu poder de uma forma poderosa* e suficiente* para nós.
Vejamos o exemplo do Apóstolo Paulo referente à sua fraqueza:
2 Coríntios 12:9-10 A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”.
Precisamos de humildade para reconhecer as nossas fraquezas.
Por vezes, isto não acontece porque obriga-nos a ser dependentes de Deus e, quando existe orgulho, é algo que não desejamos. Uma pessoa orgulhosa reconhece que é auto-suficiente.
Partilhar e reconhecer as fraquezas não é de alguém que é fraco mas sim forte no Senhor.
Já o apóstolo Paulo dizia “Quando sou fraco então sou forte”.
Tenha confiança…
Em toda a Bíblia vemos esta verdade… Quando Deus promete, Ele cumpre. Nunca falhou às Suas promessas. Nós é que falhamos.
V6 Mas aquele que pede deve pedir com fé, sem duvidar. Aquele que duvida é como as ondas do mar, levadas pelo vento.
Lemos aqui um requisito para que a sabedoria nos seja dada por Deus. Ou seja, ela é dada mediante a existência de fé.
Notemos o seguinte…
A semana passada percebemos que quando há uma provação devemos sentir alegria, não pela provação em si, mas pelo resultado da mesma.
Hoje compreendemos que passando pela provação devemos pedir sabedoria a Deus e ao pedirmos devemos ter fé.
Se há petição, há oração.
Quando existe um momento de dificuldade na sua vida o resultado imediato é orar? E se orar, qual é a sua motivação?
Ora com fé?
Hebreus 11:1 Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”.
Significa isto que quando oramos com fé pedindo sabedoria a Deus, e não duvidamos, sentiremos a Sua segurança e o Seu descanso porque Deus irá cumprir a Sua boa, perfeita e agradável vontade (Rom. 12:2).
Quando temos fé não duvidamos que Deus irá trabalhar para a Sua glória e por conseguinte para o nosso bem.
A palavra “fé” é mais do que acreditar, é simplesmente depender d’Ele. E há alturas que só mesmo isto nos resta.
Ter fé é acreditar que Deus age na Sua graça e não nos nossos merecimentos.
Não sei se os irmãos já sentiram isso… Lágrimas a escorrer, mas o coração confiante em Deus.
Ainda acredita no poder da oração?
Actos 12 fala de uma mulher muito especial. Ela acreditava no poder da oração. A Igreja orava pela libertação de Pedro. Deus agiu e libertou Pedro. No entanto, ninguém acreditou a não ser Rode.
Oramos acreditando no poder da oração?
Ser sábio é aceitar sem murmurar a resposta de Deus seja ela qual for, ainda que possa haver dor.
A oração para nós é uma simples rotina diária? E quando é acreditamos na eficácia da mesma?
R. C. Sproul “A oração é o meio pelo qual Deus faz as coisas acontecerem”.
Quando oramos e duvidamos do poder da oração, diz Tiago, não seremos sábios e por isso seremos como o mar revolto que nunca acalmará.
Logo, quando oramos e confiamos no poder da oração, o nosso coração acalmará, não pela certeza do que se irá passar mas pela firme convicção de que Deus é bom e fiel.
Lembre-se… Toda a dúvida diz a Deus “Será que Tu és capaz?”.
Tem tido tranquilidade na sua vida mesmo depois de orar?
Lembre-se… A falha é sempre nossa e nunca de Deus. Deus jamais nos deixará de dar a Sua sabedoria se lhe pedirmos com fé.
Augustus Nicodemus diz que “Não existe melhor professor de oração do que o sofrimento”.
As provações fazem-nos depender de uma forma consciente do Senhor.
V7 Esse nem pense que há-de conseguir alguma coisa do Senhor.
Percebemos novamente duas coisas neste versículo:
Se pedir com fé ao Senhor por sabedoria, Ele dar-lhe-á.
Caso ore e duvide do poder da oração, certamente o Senhor não dará sabedoria.
Tem tido sabedoria na sua vida? Tem sido sábio no meio da sua dor?
Se sim, graças a Deus. Continue. Vale a pena.
Se não, ou é porque não pediu, ou se pediu não pediu com fé. E o resultado será desastroso.
Muitos cristãos já tomaram decisões erradas e comprometeram as suas vidas porque em vez do sofrimento redundar em oração redundou num profundo desespero. E na aflição somos capazes de fazer coisas terríveis.
V8 Pois é um indeciso e pouco seguro em tudo o que faz.
A ideia no original é que quem ora não tendo fé, o seu coração irá vacilar, será incerto e terá uma mente dupla, isto é, terá uma alma dividida entre a fé e o mundo.
Qual o resultado? Será uma pessoa inconstante e insegura em tudo aquilo que faz. Logo, oscilará sempre que alguma circunstância não ocorra como o pretendido porque, em certo sentido, acha até que merece algo e então deseja fazer da terra o seu céu.
Se a nossa esperança estivesse neste mundo, seríamos as pessoas mais infelizes à face da terra.
Como tem estado? Firme e constante ou oscilante?
Tem picos espirituais? Numa semana pode passar por várias fases? (tempo nos Açores).
Tal como temos visto, as provações servem para percebermos quem somos e em quem confiamos.
Entendemos então os nossos pecados de uma forma mais clara assim como, também, das nossas necessidades espirituais.
O sofrimento põe tudo a nu e revela o tipo de relação que temos e que esperamos de Deus.
Diante da provação somos mais rápidos a murmurar do que a orar.
Somos mais rápidos a pedir que o Senhor nos retire o sofrimento, o que não é errado, do que a pedir a Sua sabedoria.
Pedidos de oração das pessoas que não são cristãs* pela cura física. Ou seja, desejam Deus apenas para se darem bem e porque não querem estar doentes.
A verdade é que isso também acontece connosco…
Desconsideramos Cristo apenas quando queremos que Ele seja o nosso curandeiro porque detestamos estar doentes.
Desvalorizamos Cristo quando queremos apenas a Sua protecção porque queremos andar seguros num mundo tão complicado.
Ter sabedoria é entender que Cristo tem de ser o bem mais precioso da nossa vida, de supremo valor para nós, o mais maravilhoso, suficiente para nós, e fonte de toda a alegria e conforto.
Aceitamos Cristo como o bem supremo quando o louvamos por quem Ele é e entendemos que a Sua vontade é a melhor para nós mesmo que possamos não a compreender em determinado momento.
Muitas das vezes somos privados do porquê do sofrimento na nossa vida, o que gera tensão, ansiedade e desapontamento.
Nós somos chamados a manifestar simplesmente Fé na ausência de respostas.
Deus não tem a obrigação de explicar nada.
Contudo, Deus permite que, por vezes, ao olharmos para trás, possamos perceber que a incompreensão que tivemos sobre alguma coisa que aconteceu foi, na verdade, uma manifestação tremenda da Providência Divina.
Devemos aprender com Jó… O seu louvor não dependia do que recebia ou perdia.
Precisamos de ter cuidado com as receitas rápidas para o sofrimento.
Nem sempre as experiências dos outros devem ser as nossas vivências.
Nem sempre o propósito do sofrimento dos outros é igual ao propósito do nosso.
Todo o sofrimento deve redundar em adoração ao Senhor.
Confie no Senhor e não no seu intelecto ou experiências passadas.
Provérbios 3:5-6 Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”.
Quando achamos que somos fortes, não buscamos a sabedoria de Deus. Por isso mesmo, Deus no Seu amor, envia provações, não quer dizer que seja sempre este o propósito, das quais não temos outra hipótese senão dependermos Dele com todo o nosso coração.
São nestas situações que percebemos que Deus é digno de toda a confiança.
A sabedoria faz-nos dizer convictamente “Ainda que eu andasse no vale da sombra da morte não temeria mal algum porque Deus está comigo”.
No entanto lembre-se, ser sábio é perceber que mesmo que não possa vencer todas as suas provações, ainda assim será amado por Deus.
Salmos 139:7-10Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá”.
Que Deus nos ajude.