sexta-feira, 18 de julho de 2014

Tiago 1:9-11

Tiago 1: 9 “Aquele irmão que for de condição humilde deve sentir-se orgulhoso por Deus o engrandecer”.
A palavra humilde significa pobre ou alguém sem posses.
Muitas vezes pensamos que é por sermos pobres ou passarmos por dificuldades financeiras que somos menos do que alguém.
Ou então que a vida só sorri só para uns e para outros não.
Pensemos neste exercício… Se analisamos as circunstâncias da vida e tentamos perceber se Deus tem sido bom para connosco, apenas por causa das condições financeiras, atribuímos aos bens materiais um dependência tal que apenas estamos a dizer que só é possível sermos felizes com dinheiro.
No fundo, dizemos que não acreditamos na “Teologia da Prosperidade” mas a nossa vivência mostra o contrário.
Na minha experiência pessoal conheço mais ricos desanimados do que pobres desesperados. Então, o dinheiro não tem essa capacidade, que por vezes achamos que tem, de fazer as pessoas felizes.
Tiago escreve estas palavras porque entende que aqueles cristãos que estavam a ser perseguidos estavam também a ter várias dificuldades financeiras.
Como resolver isso? Como ministrar a pessoas que sofrem provações de perseguição e ainda por cima são pobres?
Colocando a ênfase no sítio certo… Então escreveu-lhes dizendo que era Deus que engrandecia as pessoas e não as circunstâncias, os sentimentos, ou o estatuto social.
Com estas palavras Tiago estava a dizer aquilo que os irmãos me têm ouvido dizer váriasÉ Deus quem dá sentido e significado à nossa vida. Ele é Suficiente.
Porque é que isto acontece?
Nós estávamos mortos nos nossos pecados e delitos (Efésios 2) e Cristo deu-nos vida fazendo-nos assim filhos de Deus por adopção. E tudo isto aconteceu pela vontade Soberana do Pai.
João 1:12-13Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
Esta é na verdade a maior consolação que podemos ter na nossa vida. Se assim o entendermos e vivermos, será o suficiente para encararmos as adversidades como realmente elas são… Lições temporárias para o nosso crescimento.
Se realmente o Senhor permitiu ou decretou que fossemos pobres, a nossa consolação será exactamente igual caso fossemos ricos, pois a nossa vida e alegria estão centrados em Cristo.
O maior problema do ser humano não é ter comida, bebida, casa ou roupa. O maior problema do ser humano é o seu pecado e por conseguinte merecedor da ira de Deus.
No entanto lembremo-nos do que a Bíblia fala em relação às nossas preocupações com a comida, bebida ou roupa, por exemplo…
Mateus 6:31-34 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Alegremo-nos pois pela Graça de Deus derramada nas nossas vidas porque o valor que temos é aquele que Cristo nos acrescenta.
V10 “E o que for rico deve sentir-se orgulhoso por Deus o humilhar, pois sabe que a sua vida é breve como a flor do campo.”
 Muito interessante estas palavras de Tiago referentes às pessoas que eram ricas.
Em lado nenhum vemos na Bíblia que Deus é contra os ricos ou que rejeita os ricos. Há muitos servos de Deus que tinham muito dinheiro como Jó, Salomão, Barnabé, Zaqueu, etc.
O ponto deste versículo é o seguinte…
Deus, na Sua providência, faz com que os cristãos ricos tenham provações para que sejam então humilhados. Porquê? Porque as provações servem, para as pessoas ricas, entenderem que a verdadeira alegria e contentamento cristão dependem apenas das riquezas da graça de Deus e não nas riquezas que porventura tenham.
O que acontece, algumas vezes, é que o dinheiro promete aquilo que apenas Deus tem o poder de concretizar nas nossas vidas… Contentamento, segurança e felicidade.
Face a isso, Deus usa as provações (mais uma vez como lição) para que essas pessoas percebam que o contentamento, segurança e felicidade devem estar somente em Cristo.
Quem não quer viver a sua vida sem contar trocos? Quem não quer viver a sua vida de forma desafogada? Se alguém entrasse aqui oferecendo dinheiro, quem não tinha sítio para o aplicá-lo?
Não sei se algum irmão aqui já passou de um estado para o outro, ou seja, não ter que fazer contas e de repente ter que fazer contas diariamente.
Será que a nossa alegria será igual em qualquer uma das situações? Caso não seja, o que isso mostra?
Quando perdemos algo que achamos que é nosso por direito, não desanimamos e até questionamos Deus?
Notemos o que diz o Salmo 73:3 Pois sentia inveja dos soberbos, ao ver como os maus prosperavam”. Isto é uma realidade na nossa vida.
Vou mais longe… Como ficamos quando vemos um irmão cristão a prosperar e nós não?
Lembre-se tal como temos visto ao longo destes tempos… A vida cristã é para ser vivida com base na conquista de Cristo e não com base naquilo que podemos conquistar.
Vivemos alegres porque fomos conquistados por Cristo e isso é suficiente e poderoso para todos nós.
Sendo assim, estes dois versículos mostram que as provações servem para que todos os cristãos percebam que devem depender de Deus em toda e qualquer situação da sua vida.
Os cristãos pobres para perceberem que em Cristo são ricos e os cristãos ricos para entenderem que toda a felicidade e dependência só fazem sentido se estiverem centrados em Cristo.
Apenas uma nota… Quer pobres, quer os ricos, devem saber que não há desigualdade espiritual perante Deus.
Gálata 3:28 garante isso… “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
V11 Quando o Sol se levanta e vem o calor, seca a planta, a sua flor murcha e a beleza do seu aspecto desaparece. Assim também o rico há-de murchar na sua ambição de riquezas.
Na Palestina, as flores ficam cheias de vida em Fevereiro e secam por volta de Maio aquando a chegada dos ventos fortes.
Tiago usa essa imagem conhecida para mostrar que Deus, na Sua Soberania, pode rapidamente acabar com dependência que o rico tem sobre os seus bens num abrir e fechar de olhos, usando para tal as provações.
Então, tal como o vento que vem de repente, assim também pode acontecer algo com o rico determinado instante. Para quê? Para perceber onde a sua confiança e alegria estão enraizadas.
Vemos aqui Tiago a falar em termos das riquezas mas o profeta Isaías alarga mais o espectro referindo-se ao homem como um todo (corpo, alma e espírito).
Isaías 40:6-8 -> “Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei-de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.”
Todas as circunstâncias na nossa vida são passageiras.
No entanto, Deus e a Sua Palavra permanecerão para sempre. E é a Sua Palavra, através da acção do Espírito Santo, que tem poder para dar vida eterna a quem Ele escolheu e lembremo-nos que essa Sua acção é eficaz.
Sendo assim aprendemos algumas lições:
1ª Lição: A provação não é sinal da ausência de Deus em nós mas sim da Sua acção transformadora para connosco.
As provações fortalecem a nossa fé e fazem-nos confiar em Deus mesmo que não entendamos aquilo que se está a passar connosco.
Transforma-nos porque ajuda-nos a perceber quem somos e se realmente confiamos em Deus.
Quando percebemos o valor da acção de Deus através do sofrimento, a nossa vida espiritual amadurece.
As emoções são muito boas no sentido de ajudar a mostrar os nossos sentimentos. O livro de Cantares foi mais um exemplo de que a emoção deve existir na vida de um cristão.
Por outro lado, as emoções podem ser perigosas quando são provocadas pelas provações em si.
Tal como diz Mark Dever “Não podemos determinar a nossa direcção a partir das nossas emoções. Temos sim de determinar a nossa direcção a partir de Deus e sobre a verdade sobre a qual Ele nos disse para fazer na Escritura”.
Logo, quando isso acontecer, veremos as provações a fortalecerem a nossa fé.
Quando somos transformados, percebemos com todo o seu esplendor, a fidelidade do nosso Deus no meio da dor. E aí, surgirá então alegria dentro do nosso coração, independentemente das circunstâncias serem adversas ou não.
Salmos 34:8 Provai e vede que o Senhor é bom. Feliz o homem que n’Ele confia”.
Já experimentámos esta verdadeira alegria que há em Deus?
Confiamos em Deus tal como dizemos que confiamos? As provações são um teste para obtermos a resposta a esta pergunta.
2ª Lição: Devemo-nos orgulhar com o engrandecimento que Deus nos dá, não por causa de um qualquer merecimento nosso mas devido à Sua enorme graça.
Tiago refere isso mesmo no versículo 9. Sintam-se orgulhos porque é Deus que vos engradece.
O orgulho arrogante diz “Deus engradece-nos porque achou que nós éramos bons. Se tenho o que tenho é porque mereço”.
Por outro lado, o orgulho que Tiago fala diz “Deus derramou a Sua Graça sobre pobres criaturas as quais fez ricas em Cristo Jesus”.
De facto, não há nada que nos devamos orgulhar em nós mesmos ou naquilo que temos.
I Cor. 1:26-31 Irmãos, pensem no que eram quando foram chamados por Deus. Do ponto de vista humano não eram muitos os sábios, os poderosos ou os da alta sociedade. Pelo contrário, Deus escolheu aqueles que os homens tinham por ignorantes para envergonhar os sábios e aqueles que os homens tinham por fracos para envergonhar os fortes. Deus escolheu os que no mundo não têm importância nem valor para deitar abaixo os que parecem importantes. Assim, ninguém se pode orgulhar diante de Deus. Ele é que vos deu vida em união com Cristo Jesus, que se tornou para nós a sabedoria e a justiça que vem de Deus, e que nos consagrou a ele e nos libertou do pecado. Deste modo, e como diz a Sagrada Escritura: Aquele que quiser enaltecer-se que o faça no Senhor nosso Deus”.
Aquele que quiser gloriar-se, glorie-se somente no Senhor.
Será que isto é uma realidade nas nossas vidas? Chega-nos esta certeza?
Pessoas pobres herdeiras do reino dos céus. Que boa nova é esta…
3ª Lição: Louvamos a Deus por quem Ele é mesmo que nada possamos ter.
Louvamos ao Senhor mesmo não sabendo como vamos viver o amanhã.
Louvamo-lo não por termos o prato cheio mas por sabermos que Ele é fiel e amoroso para com os Seus filhos.
Não sei que alguém aqui já ouviu falar de George Muller. Era alemão e viveu entre o ano 1805 e 1898.
Assim que Deus o converteu, passado 4 anos, foi para Inglaterra para ajudar várias crianças desamparadas tendo por isso fundado vários orfanatos.
Ele decidiu que nunca iria pedir ajuda financeira a ninguém, a não ser a Deus.
Não fazia empréstimos porque, segundo ele, se a obra era de Deus então não ficaria a dever nada a ninguém.
No entanto, numa manhã, não havia nada para aquelas crianças comerem. George fechou na mesma os seus olhos e agradeceu pelo alimento quando na verdade os pratos estavam vazios.
No fim da oração, bateram à sua porta e apareceu um homem que era padeiro a dizer que Deus o houvera incomodado para que ele os ajudasse com pão.
Passado pouco tempo, bateram novamente à sua porta. Era o leiteiro que tinha tido um acidente à frente da casa de George Muller a perguntar se queriam leite porque o carro tinha que ser rebocado e er mais fácil se tivesse vazio.
Este servo do Senhor agradeceu não pelo que via mas pela certeza da provisão de Deus.
Agradeçamos porque Deus age no oculto embora por vezes pareça ausente.
Esta história é verídica e real, posso comprovar também esta realidade.
Em Cristo nós somos ricos. Chega-nos esta certeza?
4ª Lição: Deus manda provações para termos que fazer contas de cabeça e aí, nada mais nos resta do que a fé entrar em acção.
Tocamos mais nas restrições que temos do que naquilo que Deus nos deu, dá e dará.
Olhamos mais para aquilo que não conseguimos do que para aquilo que Cristo conseguiu no nosso lugar.
O problema é que temos dificuldade em acreditar na Suficiência que há em Cristo, porque há algo em nós que deseja conquistar posição e bens.
Tiago diz que Deus deu-nos a maior riqueza mesmo que na nossa vida possamos ter que fazer contas de cabeça e percebamos que o dinheiro não chega até ao final do mês.
Como sabemos se confiamos nisto? De várias maneiras claro mas uma delas é perceber se fomos fiéis nos nossos dízimos e ofertas. Porque quando não somos apenas duvidamos da bondade do nosso Deus.
Em Cristo somos ricos por isso apoiemo-nos mutuamente na força que Deus supre.
Não há pagamento algum que tenha consequência eterna a não ser o pagamento efectuado Cristo.

Que Deus nos abençoe, guarde e use.

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