sábado, 5 de julho de 2014

Jesus Cristo no Antigo Testamento... Ageu

Hoje terminamos esta série com o livro de Ageu.
À semelhança de Habacuque, poucas coisas se sabem sobre Ageu. No entanto, foi o primeiro profeta depois do retorno do povo de Israel do exílio Babilónio.
Relembrar que os babilónios saquearam Jerusalém, destruíram o templo e levaram a maioria dos judeus para o exílio.
Cerca de 50 anos depois, Ciro, o persa, tomou a Babilónia, e derrubou o Império Babilónio.
No ano seguinte (538 aC), ele permitiu que os judeus voltassem à sua pátria e reconstruissem assim o templo em Jerusalém.
Tudo isto aconteceu devido à mão soberana do nosso Deus cumprindo assim as profecias de Jeremias (Esdras 1:1).
Deus comissiona Ageu para despertar o povo para a reconstrução do Templo porque entre a chegada do povo e esta mensagem de Deus, 18 anos passaram sem o povo fazer nada.
O Templo era o sinal da presença de Deus entre o povo.
Desprezar o Templo era desprezar a Deus.
Vamos perceber a primeira mensagem do livro de Ageu:
Ageu 1:2-4 O SENHOR todo-poderoso disse a Ageu: «Esta gente diz que ainda não chegou o tempo de se reconstruir o templo.» Ageu falou-lhes deste modo em nome do SENHOR todo-poderoso: «Ora bem, eu pergunto se é tempo para vocês viverem em casas luxuosas, enquanto o meu templo está em ruínas.
Percebemos, nestes versículos, que o povo apenas se preocupava com os seus afazeres diários e com a busca do conforto pessoal.
Com esses comportamentos, desprezaram o Templo do Senhor.
Conforme vimos antes, 18 anos depois do retorno, quase nada fizeram para que o Templo de Deus (símbolo da Sua presença e da sua Glória) fosse reconstruído.
A palavra “luxuosa”, no original, tem outro significado. Ou seja, a ideia é que as casas do povo eram forradas de uma madeira trabalhada, por sinal muito cara, e a casa de Deus estava num estado deplorável.
No entanto, vejamos as consequências do tipo de investimento que o povo fazia no seu conforto pessoal face ao contraste com o tipo de atitude com o templo…
V5-6 Prestem atenção ao vosso procedimento — declara o SENHOR todo-poderoso. Vocês semearam muito, mas recolhem pouco. Têm alimento, mas não o bastante para ficarem saciados; têm que beber, mas não o suficiente para ficarem satisfeitos; têm roupas para vestir, mas não chegam para se aquecerem; o operário ganha o seu salário, mas é como se caísse em saco-roto.
Com estas palavras, Deus mostrou ao povo que apesar de terem casas luxuosas, eles nunca iriam ficar satisfeitos.
As casas até podiam ser boas, mas os campos não iriam produzir aquilo que eles tinham semeado. Apesar de terem dinheiro este iria desaparecer rapidamente.
Então, o povo vivia numa plena frustração e descontentamento, não porque não pudessem ter as coisas, mas porque as coisas não os satisfaziam na sua totalidade.
V7-8 Eu, o SENHOR todo-poderoso, volto a avisar-vos! Reparem no vosso modo de proceder! Subam, pois, à montanha, tragam madeira e reconstruam o meu templo. Ficarei então satisfeito por ser lá adorado. Palavra do SENHOR!
Nestes versículos vemos Deus a dizer que Ele seria glorificado pelo povo, caso eles aplicassem as mesmas forças e a mesma motivação que tiveram para as suas casas, na reconstrução do Seu templo. 
Deus não é glorificado quando a nossa motivação para a Sua Obra é menor do que a nossa motivação na busca do nosso prazer pessoal.
A apatia para com as coisas do Senhor acontece quando as nossas prioridades estão trocadas.
No v5 e V7 vemos Deus a dizer ao povo para eles reparem na forma como estavam a proceder no dia-a-dia deles. Analisarem a forma como viviam as suas vidas e no que diziam a Deus com as aquelas atitudes.
Este é um exercício que é necessário fazermos diariamente… Com as minhas palavras e com o meu proceder, o que estou a dizer a Deus?
O povo dizia de boca uma coisa mas o seu coração afirmava outra.
O povo dizia que Deus era a prioridade das suas vidas mas as suas acções mostravam coisas completamente diferentes.
Quando se investe num sítio é porque se acredita que é nesse sítio que se quer ver a colheita.
Quando os nossos investimentos não demonstram quem Deus é, alguma coisa está errada. E por isso, é que muitos investimentos são feitos em certos sítios e não naquilo que é realmente importante, porque tememos o dia de amanhã.
Há sempre algo em nós que deseja ter uma segurança plena, que não em Cristo, que se tivermos vivos amanhã, nada nos faltará.
 V9-11 Vocês esperaram grandes colheitas, mas obtiveram pouco. E o pouco que guardaram eu o dissipei com um sopro. E por quê? — Pergunta o SENHOR todo-poderoso. É por causa do meu templo que está em ruínas, enquanto cada um de vocês se preocupa com a sua casa. É por isso que dos céus não caiu chuva nem as terras produziram. Provoquei a seca na terra e nas montanhas, nos campos de trigo, nas vinhas e nos olivais e em tudo o que a terra devia produzir, em todo o povo e nos animais. E assim ficaram comprometidos os vossos animais e todo o vosso trabalho.»
O Senhor Deus mostrou claramente ao povo que se eles não estivessem comprometidos com Ele, Ele também não os abençoaria.
Mais, o povo iria investir nos terrenos e nada iriam colher.
Vemos claramente nestas palavras que quando investimos sem Deus, colhemos as coisas sem a Bênção de Deus. E isso é terrível e revela em quem nós confiamos.
12-15 Zorobabel, filho de Salatiel, o sumo-sacerdote Josué, filho de Joçadac, e todo o resto do povo tiveram medo e prestaram atenção ao que o SENHOR Deus lhes disse, por meio do profeta Ageu, tal como o SENHOR Deus lhe mandou. Então Ageu, enviado do SENHOR, falou ao povo desta maneira em nome de Deus: «Eu garanto que estarei convosco! Palavra do SENHOR!» 14 Desta forma, o SENHOR despertou o entusiasmo de Zorobabel, governador de Judá, do sumo-sacerdote Josué e do resto do povo. Puseram-se todos a trabalhar para reconstruírem o templo do seu Deus, o SENHOR todo-poderoso. Era o dia vinte e quatro do sexto mês do rei Dario.
Interessante notar as palavras de Ageu… “Se vocês se arrependerem, Deus garante que estará convosco.”
O povo reagiu então às palavras de Deus trazidas pelo profeta Ageu.
Reparemos no versículo 14
É o Senhor que concede o arrependimento e gera também a motivação para a Sua Obra. Tudo é fruto da Sua maravilhosa Graça. E quando Deus, na Sua Graça, concede-nos um novo coração, não desejamos mais nada que não seja Ele mesmo.
Antes da fé, há a regeneração. Ou como diz Ryle “A regeneração precede a Fé”.
Quando isto acontece, as nossas vidas têm que mudar. Não há outra forma.
Por isso, o povo começou a reconstruir o templo tal e qual como o Senhor lhes houvera dito.
Em Ageu 2:1-9…
O povo tinha memória de como era o anterior Templo devido à sua enorme grandeza, comparando com aquele que eles estavam a construir o anterior tinha um outro esplendor.
O sentimento de frustração era grande e, face isso, sentiam-se inúteis. Chegaram ao ponto de achar que era melhor viverem de memórias do que ter um templo mais pequeno do que o anterior.
O ponto é este: Estavam a trabalhar muito e tudo parecia inconsequente e sem valor.
No fundo, Deus responde dizendo: “Tenham coragem e trabalhem porque eu estarei convosco. Isso será o Suficiente”.
Então, a certeza da presença de Deus seria o suficiente para eles não terem medo e terem coragem no dia-a-dia.
Mais, analisando o texto todo, percebemos que Deus iria dar também alegria ao povo para o servirem de todo o coração (Salmos 100).
Deus mostrou que para Ele a grandiosidade não é importante, mas sim a Sua Glória e o Seu esplendor. Belém, tal como vimos anteriormente, era a prova evidente disso. Desta pequena vila iria nascer Jesus. Este sim O verdadeiro templo e aí, certamente, seria vista a Glória e a majestade do nosso Deus em todo o seu esplendor.
O Templo aponta à pessoa de Jesus Cristo…
O fim da reconstrução aconteceu muitos anos mais tarde no início do ministério de Cristo.
Aquelas pessoas não viram tudo o que Deus fez através delas. Semearam sem ver a colheita.
Deus trabalhou para além do olhar deles, porque o fim último de todas as coisas é a Sua Glória e não a nossa.
Cap. 2:10-19 10 No dia vinte e quatro do nono mês desse segundo ano do reinado de Dario, o SENHOR dirigiu-se novamente ao profeta Ageu, para ele falar em nome do SENHOR aos sacerdotes acerca da lei. E falou-lhes assim: «Suponhamos que alguém leva um bocado de carne retirada do sacrifício, escondida no seu fato. Se ele tocar com o fato no pão, nos legumes, no vinho ou azeite ou em qualquer outro alimento, tal alimento terá de ser consagrado exclusivamente a Deus?» Os sacerdotes responderam que não. Ageu continuou: «Suponhamos ainda que alguém se tornou impuro, por ter tocado num cadáver. Se tocar em seguida nalguma dessas coisas, elas ficarão impuras?» A isto os sacerdotes responderam que sim. Então Ageu comentou: «Acontece o mesmo com esta gente e com este povo. Tudo o que fazem e tudo o que me oferecem é impuro. Daqui por diante, pensem bem nisto: antes de começarem a colocar pedra sobre pedra, para reconstruírem o templo do SENHOR, que é que sucedia? Quando alguém estava à espera de encontrar vinte medidas de trigo no celeiro, não achava senão dez; quando alguém esperava tirar cinquenta medidas de vinho de uma cuba, só encontrava vinte. Eu destruí com pragas, com míldio e granizo todo o trabalho das vossas mãos e vocês não se voltaram para mim. Palavra do SENHOR! Daqui por diante, vejam o que irá suceder. Hoje mesmo, dia vinte e quatro do nono mês, foram lançados os alicerces do meu templo. Pois bem, não há ainda grão nas searas de trigo, nem a vinha, a figueira, a romãzeira e a oliveira produzem os seus frutos, mas a partir de hoje eu vos abençoarei.»
 Estavam decorridos apenas 3 meses depois dos trabalhos de reconstrução do Templo e o Senhor Deus traz uma nova mensagem ao povo através de Ageu.
Apesar do povo estar a trabalhar na reconstrução do tempo, a santidade das suas vidas não reflectiam a Santidade do próprio templo, isto é, da pessoa de Deus.
Por outro lado, pelo facto de o povo viver em pecado, o próprio templo estava a ser profanado.
A grande questão do Templo, não era apenas a parte física, mas a Glória de Deus que estava associada ao Templo. Percebemos isso depois com a pessoa de Jesus Cristo.
Podiam fazer até tudo muito luxuoso mas as suas vidas não reflectiam o verdadeiro carácter de Deus.
O que Deus faz? Lembrou-os do que antes lhes acontecera e que se eles não se arrependessem, o mesmo iria voltar a suceder.
O ponto da mensagem é este: Podem fazer as coisas bem-feitas mas se as vossas vidas não reflectirem o carácter de Deus, para nada serve.
No entanto, Deus termina esta exortação dizendo ao povo que irá abençoá-los caso eles se arrependam porque Deus não é contra os Seus. Deus é a favor dos Seus.
Cap. 2: 20-23 Nesse mesmo dia, vinte e quatro do mês, o SENHOR dirigiu-se uma segunda vez a Ageu para ir falar a Zorobabel, governador de Judá, filho de Salatiel. Assim disse o SENHOR: «Eu farei tremer o céu e a terra; deitarei por terra os tronos dos reis do mundo e desfarei a sua força; destruirei os carros e os que neles se sentam; morrerão os cavalos e os cavaleiros hão-de matar-se uns aos outros à espada. Naquele dia, tu Zorobabel meu servo, filho de Salatiel, serás para mim como um anel de selar, porque eu mesmo te escolhi! Palavra do SENHOR, todo-poderoso!»
Vemos aqui a estrada completamente aberta para a pessoa de Jesus.
Zorobabel era da linhagem de Davi e por isso herdeiro do trono. Então a sua vida apontava também a Cristo.
Deus diz, nestas palavras e buscando as palavras anteriores, que a Sua Glória irá ser maior do que o primeiro Templo.
Sendo assim, este texto já apontava à pessoa de Cristo porque Ele, sim, é o novo templo. Cristo é a presença corpórea de Deus entre nós.
Apesar de tudo isto, Deus preservou o templo físico apenas como sinal daquilo que ia acontecer em Cristo.
Jesus Cristo é o nosso Emanuel… Deus connosco.

Em Habacuque aprendemos 4 lições:
1º Há investimentos que são feitos mas a única coisa que colhemos é o dinheiro.
O povo investia para o seu prazer pessoal. As suas casas eram reforçadas de uma madeira especial e bastante cara. No entanto, nada dessas coisas os satisfazia.
Além disso, o dinheiro deles desaparecia rapidamente e trabalhavam muito mas pouco colhiam.
Então, percebemos que se não vivermos a nossa vida para o propósito pelo qual fomos conquistados por Cristo, seremos as pessoas mais insatisfeitas/frustradas à face da terra.
Podemos ter tudo e mesmo assim não vivermos satisfeitos.
Podemos ter algumas coisas e mesmo assim acharmos que precisamos sempre de mais.
Este é o tipo de pessoa que está insatisfeita com tudo reflectindo isso no seu carácter diário. E o prazer que sente na sua vida é sempre momentâneo e depende quase sempre das circunstâncias ou das mudanças que faz para buscar essa satisfação.
Se repararmos bem, quem vive a sua vida única e exclusivamente para conquistar é porque, em certo sentido, não deseja depender de Deus no seu dia-a-dia com medo que lhe possa faltar alguma coisa.
Por outro lado, ter fé é perceber que em Jesus Cristo temos tudo o que é suficiente e isso, por si só, dar-nos-á plena alegria e satisfação constante. Viver a nossa vida como ministério.
Há satisfação na nossa vida? Ou ainda achamos que é necessário conquistar para termos pleno gozo nesta terra?
Nós não investimos para conquistar. Nós investimos porque já fomos conquistados.
Todos os investimentos que fizermos em Deus, temos a certeza que em Cristo os iremos receber.
Deus fez o maior investimento que precisávamos nesta caminhada. Dar a vida do Seu filho Jesus para salvar-nos da Sua Ira para que, então, o nosso nome pudesse ser inscrito no livro da Vida.
Esta certeza chega-nos?
2ª Lição: Deus age para além do nosso olhar.
O povo construía o templo mas achava que a grandiosidade daquela construção em nada se comparava com o Templo de Salomão.
Deus responde dizendo que o Seu Templo teria maior Glória do que qualquer outro.
Com isto, Deus dizia… “Continuem a trabalhar porque o Templo mais importante ainda não foi construído. A Glória é minha e não é algo que vocês possam fazer. Simplesmente dêem o vosso melhor”.  
Há coisas que Deus permite que possamos semear apesar de nunca irmos ver o fruto dessa obra. Por quê? Para nos lembrarmos que toda a Glória pertence ao Senhor.
Então, se tivermos que trabalhar e servir a Deus sem perceber as razões ou percebermos que estamos a investir para daqui a muitos anos, não nos esqueçamos que todos os investimentos em Deus são poderosos mesmo que os nossos olhos não o vejam.
Exemplo pessoal… Avós…
3ª Lição: Servir a Deus é servir a Sua Igreja.
Deus mostra claramente que ao servirem o Templo estavam a servir ao próprio Deus.
Sabemos, que depois da vinda de Cristo, a Igreja somos nós. E por isso, devemos servir esta comunidade como se servíssemos ao próprio Cristo.
Desculpem a generalização… O que normalmente acontece é que as pessoas apenas servem a Igreja quando têm tempo disponível. Ou quando percebem que nada mais têm para fazer em termos pessoais e aí podem servir a Igreja. Percebemos este tipo de comportamento quando as pessoas faltam à Igreja por motivos que não sejam a causa de Cristo.
Precisamos de ensinar aos nossos filhos, que apenas devemos faltar à Igreja por motivos inadiáveis e de força maior e que estejam relacionados com a causa de Deus. O Domingo foi feito para o Senhor e não para os nossos deleites pessoais.
Daí, podemos ver em Hebreus, a advertência a todos nós, que não devemos abandonar as nossas congregações como é costume de alguns.
Então irmãos da Igreja da Graça, reconheço como vosso pastor, que muitos irmãos tiveram um desgaste enorme quando não tiveram pastor. No entanto, precisamos cada vez mais servir a Deus servindo a Sua comunidade.
Precisamos de estar disponíveis para fazer a Sua obra e colocarmos os nossos dons à disposição. Até porque, os dons que nos foram dados pelo Espírito Santo, foram dados para a edificação do Corpo.
Que cada um de nós possa estar disponível para dar do seu tempo servindo esta comunidade. Que cada um de nós possa amar cada pessoa como ama a pessoa de Jesus Cristo.
Este é o tempo ideal de investir com Deus, em Deus e no Seu povo.
4ª Lição: Podemos servir ao Senhor mas se as nossas vidas não reflectirem a Sua Santidade, tudo será em vão.
O povo servia ao Senhor com as Suas mãos mas as suas vidas não O serviam.
Podemos até estar muito atarefados com as coisas do Senhor, mas se não houver santidade apenas seremos profissionais da fé.
Deus deixa-nos o alerta em I Pedro 1:16 “Sede santos como eu sou Santo”.
Podemos fazer coisas muito interessantes e aparentemente válidas, mas se nós enquanto maridos, esposas, pais, filhos, empregados, patrões, etc, não reflectirmos o carácter de Deus, tudo isso será em vão. Aliás, Deus nem deseja isso.
Lembremo-nos… Não é a nossa vida que está em causa, é o Evangelho que está em causa na forma como vivemos as nossas vidas.
Que possamos investir em Deus nas nossas vidas pessoais, familiares, congregacionais e em tudo o resto, certamente, a Seu tempo, iremos colher. E tudo isto para a Glória de Deus.
Deus nos ajude…


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