sábado, 31 de maio de 2014

Filipenses 3:12-16

Circuncidados de coração – 3 aspectos: Nossa adoração é em espírito porque brota do nosso interior e vem do nosso coração. Temos alegria plena e transbordante, não pelo que conseguimos fazer, mas por aquilo que Cristo já fez. Não tem por base os nossos esforços.
Percebemos também, que o amor de Deus é tremendo e manifesta-se a todos nós com a Sua maravilhosa Graça. Isto é, “a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas bênçãos inumeráveis que não são parte da salvação”. Mateus 5:45 “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.”
No entanto, há seres humanos que não reconhecem a maravilhosa graça do nosso Deus. Face a isso, a justiça de Deus, através da Sua Ira, irá manifestar-se sobre o homem não nascido de novo, não com os nossos sentimentos pecaminosos, mas com a Ira que advém da Sua própria Santidade. A própria Bíblia refere que a Ira de Deus se manifestará sobre esses homens perversos (Salmos 5:5).
Não compreenderemos a dimensão da Graça de Deus enquanto não entendermos a dimensão da Sua Ira.
Percebemos o conceito da Justificação e os elementos que a envolvem: Expiação (cancelamento dos pecados), Propiciação (Deus tornar-se favorável a nós pecadores), Redenção (comprados da escravidão para uma nova vida com Deus, pelo sangue de Cristo).
Ser como Cristo é um grande desafioUm desafio para a vida.
Há 3 semanas atrás percebemos o que era a Santificação e como se processava nas várias formas do nosso ser pessoal e congregacional.
Hoje iremos perceber como o entendimento correcto da Justificação levar-nos-á à Santificação.
Entramos assim numa parte das Escrituras, em que Paulo passa de uma linguagem comercial, a uma linguagem “desportiva”, para descrever o amadurecimento espiritual de um cristão, isto é, a nossa Santificação.
12 Não quero dizer que já o tenha alcançado ou que seja perfeito, mas continuo a ver se o consigo, visto que para isso fui conquistado por Cristo.
Percebemos que a Justificação é o meio pelo qual Deus nos declara justos diante do Seu tribunal por causa daquilo que Cristo fez na Cruz. Ele não nos torna justos. Qual a diferença?
Ser justo significa ser perfeito em tudo o que se faz, diz ou pensa.
Na Igreja em Filipos, havia pessoas que pensavam que já tinham chegado a esse ponto.
O apóstolo Paulo, na sua humildade, refere que luta para ser perfeito (processo de santificação) apesar de ainda não ter alcançado esse estado. É um processo constante.
No original, a palavra “prossigo”, usada neste versículo e no 14, era usada para um velocista que usa toda a agressividade e energia para chegar ao fim, à meta.
Então, o apóstolo Paulo deseja lutar pela santidade com toda a sua força (dada pelo Espírito Santo), a fim de atingir o objectivo para o qual foi conquistado por Cristo.
Que fim era esse? Romanos 8:29: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”.
Paulo tem claramente a noção de que foi salvo por Cristo, para ser cada vez mais como Cristo, até à vinda de Cristo.
Sendo assim, quando o apóstolo Paulo usa a palavra “Prossigo”, ele entende que a Santificação, apesar de não se completar nesta vida, ela não pode parar de aumentar. É uma luta constante.
13 É certo, meus irmãos, que eu não penso ter já conseguido isso, mas faço uma coisa: esqueço-me do que ficou para trás e esforço-me por atingir o que está diante de mim.
Vemos novamente Paulo a dizer que não atingiu ainda a meta para o qual foi conquistado por Cristo. Contudo tem a certeza de algo. Esquecer-se do que passou porque seguir em frente é a direcção certa.
Esquecer-se de quê?
Não apenas dos seus pecados (Ex: Perseguição) e fracassos mas também das coisas que ele mencionou (7) que faziam dele um judeu exemplar. Esquecer-se também dos seus triunfos espirituais para não os usar como bandeira pessoal.
Paulo entendeu claramente as palavras de Jesus que encontramos em Lucas 17:10Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”.
Qual é o problema de olhar para trás?
Se alguém olha no sentido de já estar contente com o seu progresso, claramente que viverá de forma indolente ou negligente perante o futuro. Paulo até que podia estar contente, numa óptica humana, mas não o vivia de forma presunçosa e orgulhosa.
Quando olhamos e percebemos o quão falho somos, poderemos desanimar em relação à caminhada futura. (Irmã: Esforço-me mas não consigo… Mas estou a melhorar).
Ficarmos presos em relação ao que deixamos para atingirmos a meta futura. Não é em vão o que lemos em Lucas 17:32 “Lembrai-vos da mulher de Ló.”.
Diz o texto “Esforço-me por atingir o que está diante de mim”.
Paulo concentrava tudo o que tinha, todas as suas forças para servir a Cristo, vivendo a vida de uma forma que espalhasse o bom perfume de Jesus Cristo (II Cor. 2:15).
Há um perfeito contraste entre este versículo e o V6.
A força que ele tinha para perseguir os cristãos, Deus transformou-a, para que ele a usasse na sua caminhada cristã para prosseguir até Cristo.
14 Deste modo, caminhou em direcção à meta para obter o prémio que Deus nos prometeu dar no Céu por meio de Cristo Jesus.
Na corrida o objectivo é chegar à meta para obter-se o prémio prometido.
Assim, como vimos no versículo 12, Paulo desejava chegar à meta, ser semelhante a Cristo, com os olhos postos n’Ele, porque Cristo é autor e consumador da nossa fé (Heb. 12:2). Ele ansiava pelo prémio.
Analisando o V8, é difícil achar que esse prémio não seja estar com o próprio Cristo no nosso estado final, a Glorificação.
Somente quando chegarmos ao fim da nossa vida, poderemos receber a justiça vinda do próprio Cristo (semana passada) no seu estado final, a perfeição plena. Até lá andamos na luta para chegarmos à meta com a certeza que não estamos sós, porque o Espírito Santo habita em nós e nos ajudará a perseverar até ao fim.
A perseverança é um sinal de que realmente somos salvos. Mateus 24:13Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo”.
Essa perseverança levou Paulo a escrever palavras tremendas na última carta que escreveu II. Tim. 4:7-8: Combati o bom combate (luta), acabei a carreira (meta), guardei a fé (perseverança). Desde agora, a coroa da justiça (justiça de Cristo) me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”. Quem me dera puder dizer o mesmo nos meus últimos dias… Luto no entanto por isso.
15 Todos nós, que já somos adultos na fé, devemos pensar assim. Mas se alguns pensam doutro modo, Deus lhes fará ver as coisas.
16 Como quer que seja, continuemos na mesma linha que até agora temos seguido.
A BPT traduz bem a palavra no original porque na versão João Ferreira de Almeida aparece Paulo a escrever que era perfeito, o que, aparentemente, contrariava todo o seu argumento anterior.
Então, o texto refere-se aos cristãos que já têm maturidade cristã, e buscando o contexto (V10) ao texto, são aqueles que estão prontos a sofrer por amor a Cristo, a morrer pelo Evangelho, e que têm a sua Esperança na Glória.
Então, os cristãos com maturidade devem lutar diariamente para serem mais semelhantes a Cristo (Santidade).
Paulo reconhece que há cristãos que ainda estão na fase do leite espiritual e outros cristãos já com maturidade cristã. O que não quer dizer que alguém seja superior ao outro.
Verificamos também neste versículo, que o convencimento que acontece na vida das pessoas é o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, e através da Sua Palavra, quem o realiza.
Não somos nós que convencemos as pessoas.
Por vezes, achamos que esse é o nosso trabalho de convencer certos irmãos na fé a perceberem algumas realidades. Apenas as temos de pronunciar.
Aplicando
A vida é uma constante luta e não podemos achar que vivemos nesta vida como se o nosso Reino fosse deste mundo.
Nós somos santos no sentido de separados para Deus, sabendo que vivemos num processo de assemelhação ao próprio Cristo e que terminará apenas com a nossa morte ou com a Sua vinda.
Jamais podemos viver no pecado como se ele fosse uma coisa normal na nossa vida. Não podemos tratar o pecado por tu.
O sinal da presença do Espírito Santo em nós passa por compreendermos que existe pecado na nossa vida. João 16:8: “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”.
Sabendo que existe pecado, tem de haver arrependimento. Esse momento será doloroso (confissão), embora a sua consequência traga paz (perdão).
Haverá também o desejo em nós, dado pelo Espírito Santo, de não o voltarmos a repetir, embora saibamos que possa acontecer novamente.
1 João 3:6: Qualquer que permanece nele não peca (não vive pecando); qualquer que vive pecando não o viu nem o conheceu”.
Pecado… A questão não é se Deus nos ama mais ou menos (*), a questão é o quanto temos amado a Deus. O quanto temos espalhado a Sua imagem, vivido para a Sua Glória.
O pecado não muda a nossa posição diante de Deus mas afecta a nossa intimidade com Ele.
No entanto, saiba que não existe perfeição nesta vida Eclesiastes 7:20: “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”.
Ao sabermos disso, não deve ser o motivo para a nossa vida espiritual estagnar ou desmazelar (já que não sou perfeito…).
Santificação apesar de não se completar nesta vida, ela não pode parar de aumentar. É o sinal que de facto houve justificação.
Conforme vimos a semana passada, a Justificação gera a Santificação. Não há uma sem a outra.
A nossa Santidade não serve como medida de superioridade em relação aos outros (parábola do Fariseu e Publicano). É a evidência clara daquilo que Deus já fez em nós. Sejamos humildes.
Procurar a Santidade não é o sinal de uma fé frágil, é sinal sim, de uma fé que pretende fortalecer-se mais em Cristo e assemelhar-se mais a Ele. Ou não fosse este o fim para o qual fomos conquistados.
No início da vida cristã, os pecados externos são mais visíveis aos outros, através de palavras torpes e acções pecaminosas.
Para o cristão com mais anos de vida cristã, a sua luta será mais com os pecados internos (orgulho, egoísmo, falta de zelo com Cristo e com a Igreja, amar o próximo, contentamento e outras coisas mais). 
Quem confia na justiça própria no seu relacionamento com Deus* ou com o próximo*, no fundo está a dizer com isso que é perfeito.
Se entendermos a justificação pela fé, não com base no nosso merecimento mas por aquilo que Cristo fez, deixaremos o nosso orgulho de parte e os nossos relacionamentos serão transformados.
A Igreja Baptista da Graça cada vez mais tem que ser uma comunidade onde os seus membros percebem que vivem numa luta constante de aperfeiçoamento a Cristo.
Não é por termos pecado e arrependido, que Deus nos castigará com coisas terríveis na mesma, porque nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rom. 8:1).
Se um irmão cair, lá estará outro irmão para o ajudar a crescer em Cristo. Não com espírito de superioridade mas como de quem percebeu que a Graça de Deus já foi derramada sobre a sua vida
Deus declara-nos justos e trata-nos como tal.
Precisamos uns dos outros.
Precisamos de ser Igreja.
Hebreus 3:13: "Pelo contrário, animem-se uns aos outros continuamente, enquanto dura o dia de “hoje”. Procedam assim para evitar que alguém no vosso meio se deixe levar pela sedução do pecado.".
Ser como Cristo é o tema Central da Carta aos Filipenses.
Que isso seja uma realidade nas nossas vidas.
Que Deus nos ajude.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Filipenses 3:1-11

Relembrando…
A “Teologia da Confissão Positiva” destrói por completo a Soberania de Deus, coloca a ênfase no homem, dá mais importância à palavra humana do que à Palavra de Deus e é algo bastante recente na história da Igreja*.
Quem vive a vida em busca dos seus interesses pessoais, não pode viver segundo os interesses de Cristo. A nossa miséria é grande quando achamos que algo é nosso por direito.
Se toda a nossa vida não é ministério, nada é ministério. Tudo é sobre a pessoa de Jesus Cristo na nossa vida.
Os planos de Paulo estavam sujeitos à Soberania de Deus. Voddie Baucham: "Se eu creio em Deus omnipotente mas que não é Soberano (...) eu posso comandar o Seu poder. Mas se Deus é omnipotente e também Soberano, eu dependo da Sua Misericórdia".
Compromisso da Igreja da Graça, honrar os seus presbíteros e diáconos (Oficiais da Igreja) e cada um de nós acolher o outro irmão como Cristo nos acolheu, para que nisto tudo Deus seja exaltado e a Sua Glória espalhada em todas as nações.
Filipenses 3:1-11
1 Finalmente, meus irmãos, desejo que tenham alegria no Senhor. A mim não me custa repetir o que já vos escrevi, pois é do vosso interesse.
A carta aos Filipenses é muito conhecida por ser a epístola da Alegria, sendo este termo usado 16 vezes incluindo seus sinónimos.
Notamos, mais uma vez, que Paulo coloca a Alegria no sítio em que ela deve estarNo Senhor. Ainda que nos possamos alegrar noutras coisas, a alegria que é consistente é em Cristo. É aquela que nos dá Vida.
Qual o resultado disto? Mesmo que o sofrimento venha, mesmo que a decepção chegue, saberemos que nada nem ninguém dos poderá separar do amor de Cristo (Rom. 8).
Mesmo que os nossos olhos chorem de dor, a nossa alma alegra-se porque Cristo nos satisfaz. Porque Cristo é a nossa Esperança.
Muitas vezes achamos que a nossa vida só faz sentido de uma determinada forma, com determinada coisa, ou até mesmo com alguma pessoa.
Já colocámos alguma coisa em causa na nossa vida (pessoal, familiar, Igreja) para que os nossos desejos fossem concretizados?
A nossa alegria, a nossa segurança e paz estarão em Cristo, se de facto a nossa fé estiver alicerçada Nele. “Ainda que eu andasse no vale da sombra da morte não temeria mal algum porque tu estás comigo”.
Diante das dificuldades alegre-se em Deus, mesmo com lágrimas nos olhos.
No meio do sofrimento lembre-se que Deus o ama.
Aquando a doença saiba que Deus é Soberano.
Cada vez mais surgem heresias no nosso meio colocando a ênfase no homem e retirando a Soberania a Deus, como se fosse possível. Como se a razão de viver e a nossa alegria estivessem nas circunstâncias. Se fosse, provavelmente eramos os mais miseráveis à face da terra
Talvez isto aconteça, e segundo Romanos 1, com o objectivo de termos mais prazer na criatura (adoração), do que no criador.
2 Cuidado com os cães; cuidado com os falsos pregadores; cuidado com os fanáticos da circuncisão.
Valor da Doutrina na História da Igreja. Vivemos uma época que a doutrina está a ser mal tratada.
R.C. Sproul, "Firme fundamento: a inerrante Palavra de Deus em um mundo errante" diz o seguinte:
"Actualmente temos pessoas na Igreja que ensinam aquilo que é chamado de Teologia Relacional, a qual está disposta a negociar a verdade objectiva e a verdade proposicional. Elas ensinam que a única coisa que importa são os relacionamentos pessoais. As perguntas que elas querem fazer são: “Estamos a tratar-nos uns aos outros de maneira adequada? Estamos a ser amorosos? Estamos a ser gentis? Estamos a ser amáveis uns com os outros?” Esse é o tipo de atitude que diz: 'Não falem comigo sobre doutrina; falem comigo a respeito de pessoas.'
Mas essa é uma dicotomia falsa. Na visão bíblica, Deus fala-nos em proposições verdadeiras e ordena-nos a exercer a verdade nos nossos relacionamentos pessoais. De facto, a história do nosso relacionamento com Deus como pecadores redimidos fundamenta-se no conceito de Deus “praticar a verdade”, bem como de falar a verdade". Isto é doutrina.
Voltando ao texto, os cães eram animais que viviam na rua  em busca de comida pelos cantos. Eram tidos como animais sujos e totalmente impuros.
Os judeus, por causa disso, chamavam os gentios de “Cães” por os considerarem impuros.
Esse era um termo usual naquela altura, não tinha o mesmo valor semântico de hoje, e por isso o apóstolo Paulo chamou de “cães” aos judaizantes que procuravam corromper a Igreja.
Reparemos o que João diz em Apocalipse 22:15 sobre as pessoas que Paulo considerava de cães: “Mas, ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.”
Em segundo lugar, Paulo avisa a comunidade em Filipos, para terem cuidado com os “falsos pregadores” ou os “maus obreiros”.
Com o pretexto de edificarem a Igreja, os judaizantes simplesmente arruinavam e destruíam tudo, pois achavam que era pelas suas obras e pelos seus esforços que agradavam mais a Deus e assim tornavam-se com o direito legal de chegar até Ele, rejeitando assim o sacrifício completo (Expiação, Redenção e Propiciação) que existe em Cristo (Já iremos tocar mais à frente neste assunto).
O terceiro aviso servia como alerta para com os da “falsa circuncisão”.
O significado da circuncisão era a morte para natureza carnal.
O interessante neste aspecto, é que Paulo não usa o termo normal para a circuncisão, ele usa sim, o termo usado para aqueles que mutilavam os corpos. Qual a razão?
Os judaizantes, acreditavam em Cristo mas mantinham toda a Lei Cerimonial do AT. Não estavam preocupados com o significado espiritual dos seus actos, porque não queriam compreender o verdadeiro significado da Cruz.
Com o Sacrifício de Jesus Cristo na Cruz, toda a lei cerimonial do AT terminou embora permaneça a lei moral. Romanos 6:4De sorte que fomos sepultados com ele pelo baptismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”.
Em Cristo morremos para a velha Natureza carnal não sendo preciso mais nada. Acabaram todos os rituais do AT.
Posto isto, Paulo diz que aqueles que fazem circuncisão fazem-no como se mutilação se tratasse porque a circuncisão física terminou em Cristo.
Todos nós sabemos que a mutilação dos corpos é pecado (Lev. 19:28; 21:5; Dt. 14:1; Os. 7:14).
3 Nós, e não eles, é que recebemos a verdadeira circuncisão, porque adoramos a Deus pelo seu Espírito e nos gloriamos de pertencer a Cristo Jesus, em vez de pormos a nossa confiança no que é apenas humano.
Depois de ter avisado sobre os cuidados que deviam ter, o apóstolo Paulo vai começar a definir termos, conceitos, e acima de tudo… Doutrina.
Paulo coloca mais uma vez toda a ênfase da nossa vida em Cristo e naquilo que Ele fez por nós.
Então, todos nós somos circuncidados de coração porque reconhecemos que a carne para nada vale e que em nós não há capacidade alguma para obtermos a aprovação de Deus e pagarmos o preço pelo nosso pecado. Os primeiros capítulos de Romanos tratam exclusivamente deste aspecto.
Conforme Romanos 2:29: “O verdadeiro judeu é aquele que o é interiormente, como se fosse circuncidado no coração, isto é uma circuncisão que vem do Espírito e não da lei escrita. Esse tem a aprovação não tanto dos homens mas de Deus.
Se de facto somos salvos (circuncisão de coração), foi devido à Sua maravilhosa Graça.
Jonas 2:9 Lemos claramente isso: “Do Senhor vem a Salvação”.
Voltando ao texto, vemos 3 características daqueles que fazem parte da verdadeira circuncisão:
1º Adoradores a Deus no ou pelo Espírito.
João 4:24:Deus é espírito e importa que os verdadeiros adoradores o adorem em Espírito e em Verdade”.
Nossa adoração é em espírito porque brota do nosso interior e vem do nosso coração.
O nosso desejo é o mesmo do salmista Davi em Salmos 19:14 As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração, sejam agradáveis na tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor meu”.
Entramos na presença de Deus pela fé que nos é dada e entregamos tudo o que temos e somos a Ele, para que possa ser usado para o Seu louvor.
Quando assim acontece, a nossa adoração com toda a certeza que não irá ser um simples gesto cerimonial ou ritual.
O simples facto de podermos adorar a Deus já é um sinal claro da Graça salvífica em nós. Sejamos gratos e não murmuradores.
Não adoramos de todo o coração quando achamos que somos dignos de alguma coisa. Por isso murmuramos tanto!
2º Característica da verdadeira circuncisão: Sentimos alegria de pertencer a Cristo.
A ideia no original é tremenda… Temos alegria plena e transbordante, não pelo que conseguimos fazer, mas por aquilo que Cristo já fez.
Nós celebramos porque Cristo nos escolheu e por isso somos pertença sua. Se fosse com base nos nossos méritos certamente não iríamos sentir toda esta alegria de lhe pertencer.
3º Característica da verdadeira circuncisão: Não confiamos na carne.
Os judeus colocavam a sua confiança nas suas raízes (linhagem) e nos rituais (Circuncisão). Actos exteriores como sinal de pertença.
Paulo, neste versículo, mostra que a nossa salvação não tem por base os nossos esforços, coitados de nós, nem tão pouco continuarmos a ser salvos por aquilo que fazemos (Medo*).
Da natureza carnal não se pode esperar nada de bom por isso não podermos esperar nada de bom daqueles que não têm Cristo.
Começamos a compreender a Graça de Deus percebendo que foi Ele que nos aceitou, não por causa de quem nós somos ou de onde viemos, mas sim por aquilo que Cristo fez. Porque se fosse com base nos nossos actos certamente sofreríamos a ira de Deus.
Adorar em Espírito, Alegria em Cristo e não confiarmos na carne são características da verdadeira circuncisão.
4 É certo que eu também podia confiar nessas coisas. Se alguém julga que pode confiar nisso, eu ainda tenho mais razões:
5 Fui circuncidado ao oitavo dia, sou judeu de nascimento, pertenço à tribo de Benjamim, sou descendente de hebreus. No que diz respeito à prática da lei, eu era fariseu.
6 E tão fanático que perseguia a igreja. Quanto ao cumprimento daquilo que manda a lei, ninguém me podia repreender em nada.
Paulo nestes versículos simplesmente diz: “Se a fé tivesse por base o ‘currículo’, então eu era um doutorado”.
Ele apresenta 7 aspectos que faziam dele um judeu exemplar: Genealogia, Nacionalidade, Cultura, Prestígio, Educação; Religião, Aquisições Pessoais.
Então, aquilo que para eles era importante, Paulo tinha.
Descansamos porque a Fé não é uma questão de cumprirmos requisitos mas de acreditar que Cristo já satisfez todas as exigências por nós
Não é por cumprirmos algo que somos aceites. É porque fomos aceites por Deus, pelos méritos de Cristo, que obedecemos.
A autoconfiança não é um sinal de uma fé fortalecida, mas sim de uma fé não existente, porque a Fé é o oposto da Autoconfiança.
Tremenda paz e segurança que podemos ter em Cristo.
Será que Paulo dava valor ao seu “currículo”? Será que nós damos valor ao nosso “currículo espiritual”?
 Usamos o currículo para nos fazermos valer diante dos homens e diante de Deus, tentando mostrar que somos merecedores de algo.
7 Mas em todas essas coisas, que eu julgava proveitosas, considero-as agora como prejudiciais para a causa de Cristo.
Neste versículo lemos termos usados numa linguagem comercial. Ganhos e perdas.
Paulo usa expressões de negócios para definir a redenção que teve em Cristo Jesus. Tudo o que para ele tinha valor, na verdade de nada valia, para nada servia.
Reparemos também nas palavras de Jesus em Mateus 16:24-25:Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
Notemos o contraste com o versículo a seguir.
8 Na verdade, considero tudo como um prejuízo, em comparação com o maravilhoso conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por causa dele, desprezei tudo. Para ganhar Cristo e estar bem unido a ele, considero tudo isso como lixo.
Todas as coisas que ele havia conquistado e realizado, os 7 aspectos que lemos atrás, o apóstolo Paulo abandonou, considerando tudo de lixo ou esterco por amor a Cristo. A palavra lixo/esterco era usada para a comida dos cães. Fazendo a ligação, as pessoas são imundas e o que fazem é imundo. 
Ele deixava tudo por amor a Cristo para se poder gloriar e entregar de todo o coração a Ele.
Por isso quando Paulo escreve aos Coríntios (II Cor. 10:17) explica claramente em quem nos devemos gloriar, usando palavras do profeta Jr. 9:24: “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor.”.
Gloriamo-nos em quem nos satisfaz.
Reparemos que todo o pecado tem como base uma insatisfação em Cristo, caso contrário, não o cometeríamos.
Custa-nos seguir a Deus porque o nosso coração ainda está nas coisas… Caso do jovem rico
Quando há contentamento em Deus, há plena satisfação na nossa vida e por isso podemos viver em toda e qualquer situação (Já estamos a abrir caminho para o capítulo 4).
Devemos fazer este exercício… Ao longo da nossa vida temos considerado coisas que porventura noutro tempo acharíamos importantes e agora as tratamos como lixo por amor a Cristo?
Indo pela negativa, haverá alguma coisa que possamos perder ou que já perdemos no qual simplesmente dizemos “Neste momento não tenho razões objectivas para viver?” ou “Neste momento não tenho contentamento em Deus?”
Família*, Saúde*, Trabalho*, amigos*, social* consumo*, etc.
Não é que as essas coisas sejam desprovidas de significado, não são é a base da nossa vida, a fonte da nossa alegria, nem a razão do nosso viver ou ainda mais grave ainda, as razões pelas quais Deus nos aceita.
Daí entendermos ainda melhor o 1:29 quando Paulo se refere à Fé e ao sofrimento como dons da Graça de Deus. Porque não é pela ausência do sofrimento que percebemos que Deus nos ama.
Talvez agora faça mais sentido o primeiro versículo deste capítulo. Paulo confiava a sua alegria e a sua vida somente a Cristo.
9 Se vivo em comunhão com Deus, não é com base na minha própria justiça, que vem da lei, mas sim com a que vem da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus com base na fé.
Uma das áreas que temos tratado muito pouco nas nossas Igrejas é a questão da Justificação pela Fé (Em Janeiro estaremos o mês todo a falar sobre este tema).
1º Ponto: Não é com base na nossa própria justiça.
Em Gálatas 2:16 lemos: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Qual era o problema de ser com base na nossa própria justiça?
Tiago 2:10 vemos que basta falhar num ponto da lei, somos imediatamente culpados de todos. Por isso é que todos somos pecadores. (Rom. 3:23).
Deste modo, nada há em nós pelo qual Deus nos possa aceitar por causa da Sua Santidade. E, segundo a Bíblia, todo o pecador merece a condenação, a ira de Deus, por causa do seu pecado.
Temos de ter muito cuidado quando dizemos às pessoas que “Deus ama o pecador e odeia o pecado”. Porque Deus odeia o pecador, obviamente não com os nossos sentimentos pecaminosos, mas com o ódio que advém da Sua própria Santidade face a homens perversos como nós. Daí falarmos, porque a Bíblia diz, da Ira de Deus sobre homens perversos. Salmos 5:5Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade”.
Como resolver este problema?
Como satisfazer a Ira de Deus face a Homens perversos? Como pode coexistir Santidade com o Pecador?
2º O que é a Justificação então?
A justificação envolve alguns aspectos.
Expiação 
Como Cristo morreu na Cruz no nosso lugar, Ele expiou o nosso pecado, ou seja, cancelou-o, não é mais tido em conta. A expiação foi completa.
Os ascetas não acreditavam na expiação completa do pecado e por isso tinham de fazer algo para que o pecado fosse expiado por completo.
II Cor. 5: 21:Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”.
Propiciação
Há um problema a ser resolvido entre nós e Deus porque a Sua Ira tinha que se manifestar sobre nós pecadores.
Romanos 1:18 diz isso mesmo:Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
Segundo o Antigo Testamento, a palavra “Propiciação” era usada para o topo da Arca da Aliança no dia da expiação, quando o sangue do boi e da cabra eram derramados, para desviar a ira de Deus. Deus tinha ordenado esse sacrifício para isso.
Contudo, será que o sangue dos animais satisfaria a Ira de Deus no AT? Porque não o fazemos agora? Porque teve que vir Cristo em vez de continuarmos sempre com os animais?
Segundo Hebreus 10:4Porque é impossível que o sangue de touros e bodes remova os pecados.
Não era possível porque isso não satisfazia a Ira de Deus, apenas a apaziguava. Para pagar a dívida e tornar Deus favorável ao ser humano, era preciso sangue de um Homem que fosse perfeito e Santo (Sem pecado) - Hebreus 9:22.
Então a lei serviu de aio (caminho) para a vinda de Cristo Jesus (Gal. 3:24).
Qual a razão de Cristo ter vivido então 33 anos? Porque é que não nasceu e morreu logo a seguir? Pela necessidade de viver uma vida perfeita vivendo assim em pura obediência a Deus no nosso lugar.
Os animais eram apenas uma estrada para a pessoa de Jesus Cristo, Ele sim era o Supremo Cordeiro.
Em João 1:29 lemos como João Batista fala de Cristo: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
Deus entregou o Seu filho Jesus para ser a propiciação pelos nossos pecados. O pagamento do pecado já tinha sido cancelado, faltava ainda a Ira que tinha que ser manifestada.
Então Cristo foi à cruz sofrer a Ira de Deus, foi-lhe imputada a ira que estava destinada a nós, para que então Deus ficasse favorável /propício para connosco. Deus não age mais connosco como se fossemos culpados.
Romanos 3:24-25Sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos (expiação), sob a paciência de Deus;
Redenção
Romanos 3:24 “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”.
A imagem desta palavra, no original, vem do antigo mercado de escravos e significava o pagamento do resgate necessário para obter a libertação do prisioneiro ou escravo.
Então, nós que éramos escravos do pecado, fomos comprados por Cristo, com a Sua vida… Com o Seu sangue (Ouvir dizer “É meu”).

A Justificação pela Fé significa que somos declarados justos diante de Deus. Como é possível se nós não somos justos? (imagem do Tribunal).
Porque em Cristo foi imputada a Ira de Deus e em nós foi imputada a justiça de Cristo, para termos acesso ao Pai. Somos declarados e não tornados justos pelos méritos de Cristo e não pelas nossas virtudes ou pelo nosso “currículo espiritual”.
Por isso, entendemos que a Justificação será sempre pela Fé (dom de Deus dado a pessoas mortas espiritualmente) de que Cristo morreu no nosso lugar, levando a ira do Pai sobre Ele, para que Deus se tornasse favorável a nós, cancelando todo o nosso pecado, comprando-nos assim com o Seu sangue.
Não compreenderemos a dimensão da Graça de Deus enquanto não entendermos a dimensão da Sua Ira.
Romanos 3:23-26 - Este é o Evangelho de Jesus Cristo. Não há outro.
10 O que eu desejo é conhecer a Cristo e experimentar o poder da sua ressurreição, tomar parte nos seus sofrimentos, chegando a ser como ele na morte,
11 Com a esperança de alcançar a ressurreição de entre os mortos.
O anseio de Paulo era conhecer mais e mais a pessoa de Jesus Cristo (v. 8) e viver como Ele. Sabendo o que isso implicava.
Isto é, Cristo sofreu? Paulo estava pronto a isso. Cristo morreu? Paulo está pronto a morrer pelo Evangelho. Cristo ressurgiu dos mortos? Paulo desejava o mesmo.
Nós somos servos do Senhor Jesus Cristo e nunca o servo pode querer ser mais do que o Senhor.
Só o desejo pela prosperidade ou vida calma e tranquila faz-nos pensar de forma diferente.
Cada vez mais temos que SER COMO CRISTO e acreditar que somos justificados pela fé que nos foi dada. Maravilhosa Graça.
Nota: A prova de que somos justificados comprova-se com a existência de Santidade nas nossas vidas. (frutos)
A Justificação leva obrigatoriamente à Santificação. Não há uma sem a outra.
 Vale a pena pensarmos nisto.

Que Deus nos ajude

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Filipenses 2:19-30

Resumo da Semana Passada
Acreditamos que a Palavra é a única regra de fé e de prática. Acreditamos na sua Suficiência e Inerrância. Toda a Palavra é inspirada por Deus.
2 Timóteo 3:16:Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
A Santificação é uma obra de Deus onde o homem coopera. Deus coloca a vontade e o desejo no coração e nós respondemos afirmativamente a essa ordem.
Cristão vive em constante processo de Santificação e isso é a prova clara que houve Regeneração e Justificação.
A Santificação deve ser vista e reflectida em qualquer domínio da nossa vida. Na ausência da mesma, toda uma comunidade sofre.
O Evangelho tem de ser proclamado contudo também tem que se viver as suas consequências. Não se pode desassociar a proclamação da vivência.
Filipenses 2:19-30
Relembremos que a Igreja de Filipos tinha o seu líder preso, o qual corria sérios riscos de vida.
A Igreja, como comunidade, sofria perseguição por seguirem a Cristo. Contudo, a grande preocupação do Apóstolo não era o sofrimento, mas o facto de eles viverem em desarmonia.
Paulo aponta toda a plenitude da sua vida a Cristo na proclamação do Evangelho, mesmo estando algemado. Tanto é, que sente a necessidade de cuidar do rebanho de Deus.
A Humildade reflecte-se em gratidão e obediência a Deus.
Essa foi a medida que Cristo nos deixou quando foi à Cruz, pois num gesto de total humildade, sofreu humilhação mas ainda pior do que isso, levou sobre si a ira de Deus, para que aqueles que se arrependam dos seus pecados e têm fé em Jesus Cristo tenham acesso ao Pai com a Justiça do próprio Cristo.
 Este texto fala-nos de vidas consagradas ao Senhor e de como as mesmas devem reflectir essa dedicação perante a Sua Igreja.
Não há como dizer que se é Cristão e depois não servir a Igreja de Cristo.
19 Espero no Senhor enviar-vos brevemente Timóteo, para também eu ficar cheio de ânimo quando tiver notícias vossas.
Toda a vida de Paulo aponta a Cristo. E um dos sinais evidentes dessa vivência está na sua dependência para com a acção de Deus.
Lemos neste versículo que Paulo espera em Cristo para que, se possível, algo acontecer. Não no sentido de exigência mas de gratidão por aquilo que irá acontecer.
Deus tem o melhor para nós daí podermos agradecer-Lhe os nossos pedidos mesmo antes de serem respondidos. Ou então, como diz Paulo no cap. 4, entregar as súplicas já com acções de graça.
Hoje em dia existe uma heresia, a qual os teólogos chamam de “Teologia de Confissão Positiva”. Definição: “substitui a fé em Deus pela habilidade de ter fé em si mesmo. O simples fato de confessar positivamente o que se crê faz com que o desejo confessado aconteça”.
É tão simples quanto isto: achamos que o poder está em nós para as coisas acontecerem, sendo que para isso basta ter fé. Depois, quando as coisas não se realizam, entramos em depressão espiritual porque achamos que afinal a nossa fé é vã ou que falhámos algum passo “mágico”. (situação no Acampamento)
Esta ideia destrói por completo a Soberania de Deus, coloca a ênfase no homem, dá mais importância à palavra humana do que à Palavra de Deus e é algo bastante recente na história da Igreja*.
Esta heresia está a entrar subtilmente na vida das nossas igrejas e percebemos isso quando ouvimos alguém a dizer “Se tiver fé vai ver que vai ficar tudo bem” em vez de dizermos tão-somente “Vamos orar para que Deus cumpra Sua vontade independentemente da nossa que é a cura”. (António*)
1 João 5:14: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve”.
O apóstolo Paulo coloca-se no lugar dele, se o Senhor quiser, algo acontecerá. Isto porque entende que no fim é sempre a vontade de Deus a prevalecer.
Estaremos dispostos a isso na nossa vida?
Entendendo Salmos 37 – Deleitar; Desejos do teu coração.
Voltando ao texto, o apóstolo Paulo tinha o desejo, caso Deus permitisse, de enviar o seu discípulo Timóteo quando a sua situação tivesse resolvida (v. 23).
 Timóteo era a pessoa que Paulo enviava como seu interlocutor nas igrejas que tinha fundado. Enviou-o a Tessalonica e a Corinto conforme lemos nessas cartas.
Reparemos, mais uma vez, que a alegria de Paulo passava por simplesmente ouvir que os Filipenses estavam bem e que viviam em Harmonia entre eles.
A sua alegria estava dependente de ver a Igreja de Cristo saudável. Não podemos ver uma Igreja a passar por momentos difíceis e ficarmos como se nada fosse. A Igreja é a noiva de Cristo, tratemo-la como tal.
Daí termos de ser sérios na forma como lidamos com a vida da Igreja. Santificação, Oração, Pontualidade, Responsabilidades, etc.
20 Não tenho nenhum outro tão unido a mim e que assim se preocupe tanto convosco.
Timóteo já tinha estado em Filipos com Paulo na proclamação do Evangelho e na implantação da Igreja (Actos 16).
Paulo usou neste versículo uma expressão semelhante ao v.2 para referir-se à sua relação com Timóteo “sejais unidos de alma”.
Ele tinha pedido para que vivessem assim, porque ele próprio vivia nesta atitude para com os seus companheiros no ministério. Coerência e integridade.
Diz-nos o texto que Paulo sentia que ele e Timóteo viviam em Unidade de Alma, e, conforme vimos na altura, significa unidos no mesmo Espírito, unidos em harmonia, tendo os mesmos desejos, paixões e ambições… Glorificar o nome de Cristo para todo o sempre.
“Ser como Cristo”, tema central da carta, passará por vermos as coisas como Cristo veria e responder com os mesmos sentimentos que Cristo responderia.
Paulo e Timóteo sempre trabalharam juntos e em harmonia que tornou-se evidente para todos que quem dirigia tudo o que faziam era a Mente de Cristo.
Por isso, a necessidade da Igreja de Filipos, num momento conturbado, ter uma pessoa como Timóteo.
21 Todos os outros se preocupam apenas com os seus interesses e não com os de Jesus Cristo.
Lemos em 2 Timóteo 1:15 o seguinte: “Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Figelo e Hermógenes”.
Quem vive a vida em busca dos seus interesses pessoais não pode viver segundo os interesses de Cristo.
A nossa miséria é grande quando achamos que algo é nosso por direito.
Tememos que Deus toque na nossa vida de tal forma que tenhamos que mudar os nossos conceitos de felicidade, conforto e paz.
Vinda para cá: “Se for da vontade de Deus tudo te irá correr bem mas se não for, irás ter muitos problemas”. Terá esta frase respaldo bíblico? (Jesus Cristo).
Na verdade, conforme diz Mark Dever, “Os nossos medos sobre o futuro são enraizados naqueles lugares onde a nossa vontade difere da vontade de Deus”.
Por outro lado, podemos perder certas coisas na vida para percebermos que Cristo tem de ser o nosso bem Supremo. Para percebermos que Cristo é Suficiente para nós.
Toda a nossa vida é Cristo. Toda a nossa vida tem de resplandecer a imagem de Cristo. Toda a nossa vida é ministério. Acreditamos no Sacerdócio Universal.
Não é a nossa vida que está em causa é o Evangelho.
Cuidamos dos interesses de Cristo quando…
Vida Pessoal – Intimidade com Deus; Santidade;
Vida Familiar – Cada um cumpre as suas funções. Cultivar a Santidade nos relacionamentos (Salmos 101:2); Devocional entre o casal (a melhor intimidade será sempre a intimidade espiritual); Culto Doméstico (pais e filhos);
Trabalho – Se todos somos sacerdotes, o seu trabalho tem de ser encarado como ministério. Encararemos o trabalho, não pelo dinheiro, mas como o local que Deus nos está a usar para mostrarmos Cristo como a pessoa mais importante para nós.
Se toda a nossa vida não é ministério, nada é ministério.
Por isso quando alguém pergunta quem foi chamado para o ministério, todos nós devemos responder que sim, porque acreditamos que todos nós somos ministros do Evangelho, uns sendo pastores, outros professores, profissionais de saúde, informáticos, reformados, etc…
Timóteo encarava a vida como ministério, tanto é, que ao servir os interesses dos Cristãos em Filipos, ele sabia que estava primeiramente a servir a Cristo. Ou seja, servia a Cristo servindo a Igreja.
Não há como dizer que se é Cristão e depois não servir a Igreja de Cristo.
Nota: Podemos até ser religiosos mas não sermos cristãos: Mateus 7:21: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
Então as nossas vidas devem ser vividas para Ele, através d’Ele, para Ele, com Ele, e sobre Ele.
Tudo é sobre a pessoa de Jesus Cristo na nossa vida.
Romanos 11:36"Porque dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente."
22 Mas quanto a Timóteo, bem sabem como deu provas da sua virtude e como trabalhou comigo ao serviço do evangelho, como se fosse um filho com o seu pai.
Na igreja de Filipos cada um buscava os seus próprios interesses, o que gerava várias disputas. Era necessário alguém que mostrasse seriedade perante o Evangelho e a Igreja de Cristo. Alguém que fosse servo e não alguém que estivesse à espera de ser servido.
Importante notar que Paulo aponta toda a medida a Cristo, depois usa o seu exemplo e posteriormente o de Timóteo e Epafrodito para evidenciar que é possível viver como Cristo.
Auto negação, Humildade e Obediência são as marcas de Jesus, do Apóstolo Paulo, Timóteo e Epafrodito.
Quais tem sido as marcas da Igreja Baptista da Graça? Estas 3 marcas são importantes para a União da Igreja e proclamação do Evangelho.
23 Espero enviá-lo, logo que saiba como vai terminar a minha situação.
Provavelmente Paulo queria que a sua situação fosse resolvida para que Timóteo levasse as últimas notícias.
24 Confio no Senhor que também eu irei ver-vos brevemente.
Vemos neste versículo, uma vez mais, que os planos de Paulo estavam sujeitos à Soberania de Deus.
Quando assim é, colocamo-nos no nosso devido lugar face ao Criador e sustentador de todas as coisas.
25 Julguei que também era conveniente mandar-vos Epafrodito, irmão e companheiro de trabalho e de lutas, vosso enviado para me ajudar nas minhas necessidades.
Aquando a prisão de Paulo, a Igreja de Filipos achou por bem enviar Epafrodito para fazer face às dificuldades financeiras e, também, para saber notícias do líder espiritual deles.
Diz-nos o texto que foi enviado. A ideia da Palavra é “apóstolo” não no sentido de ofício mas de função.
Vimos isso logo no início da carta mas é importante voltar a referir. No NT há diferença entre o ofício e dom. As pessoas podem ter alguns dons mas não terem os outros requisitos para os ofícios.
Para ser Apóstolo (Ofício) teria que ter estado com a pessoa de Jesus. Por isso não temos mais Apóstolos nos dias de hoje, como oficiais na Igreja. Mas pode ser apóstolo no sentido de enviado numa missão (Tiago Oliveira-enviado numa missão).
Assim como no pastorado, uma pessoa pode ter o dom de pastor mas não ter as restantes qualificações para o ministério.
Nunca esquecer da importância de se diferenciar Dom, que são vários, dos Ofícios da Igreja (Presbitério e Diaconato).
26 Ele tem tido muitas saudades de todos e tem andado preocupado convosco, por terem ouvido que ele estava doente.
Podemos ver como Epafrodito, Paulo e Timóteo eram “Unidos de Alma” resplandecendo assim a imagem que Cristo tinha deixado.
Apesar do sofrimento a que estava cometido, Epafrodito manifestava preocupação com a Igreja porque não queria de forma alguma que a sua situação pudesse interferir com a saúde da Igreja.
Por outro lado, vemos uma comunidade preocupada e ansiosa por saber o estado de saúde de um dos seus presbíteros.
Amor genuíno que deve existir. Cuidado mútuo.
Situação doença – Igreja.
27 É verdade que esteve doente, mesmo quase a morrer, mas Deus compadeceu-se dele, e não só dele mas também de mim, para que eu não tivesse mais aflições do que as que já tenho.
Reparemos… Alguém que estava doente e em risco de vida, continuava com o seu objectivo principal… Servir a Cristo, servindo a Igreja.
Epafrodito podia ter desistido da missão que lhe fora confiada, até tinha legitimidade para tal, contudo sabia que era uma missão de Deus e por isso tinha de cumprir até ao fim.
Se Deus o tinha enviado naquela missão, teria de ser o próprio Deus a terminar aquela função, nem que para isso lhe custasse a vida.
Tal como o Apóstolo Paulo, Epafrodito também vivia estas palavras… “Porque o Viver é Cristo e o morrer é Ganho”.
Fazemos a vontade de Deus quando?
Apenas com a segurança da família garantida?
Quando sabemos o roteiro?
Quando sabemos que o fim aqui na terra será bom?
Não olhe tanto para a vida em si e para as circunstâncias. Olhe sim para o fim para qual devemos viver a nossa vidaEspalhar a Glória de Deus, tornado assim o Seu nome conhecido. Mesmo que para isso seja preciso sofrer ou morrer.
Nota sobre a doença:
1º Nem toda a doença é consequência do pecado.
2º Nem sempre é a vontade de Deus a cura imediata. A recuperação de Epafrodito foi lenta e dolorosa.
3º Conforme lemos no versículo, a cura é algo que acontece pela compaixão de Deus e não coisa que possamos determinar, apesar de podermos pedir que a Sua vontade seja feita.
4º Nem sempre há cura. Aceitemos a Sua Soberania mesmo que isso possa trazer lágrimas…
Interessante também notar neste versículo, que Paulo mostrou todo o seu amor por Epafrodito, porque se ele morresse, isso seria para si doloroso. Paulo sabia que Epafrodito tinha ficado doente ao cumprir uma missão da Igreja para o ir ajudar.
28 E por isso vou mandá-lo o mais depressa possível, para que sintam a alegria de o verem novamente e para que eu fique menos preocupado.
Novamente aqui a humildade do Apóstolo Paulo. A sua alegria e conforto passavam por saber que aqueles irmãos estavam bem e que nada perturbava as suas vidas.
Preferia ficar sem Epafrodito do que ver uma comunidade preocupada com o seu companheiro.
Mais uma vez, não é Epafrodito que desiste da Missão que lhe fora confiada mas sim Paulo que o reencaminha para a Igreja em Filipos. Esta explicação existiu para que não pensassem que houvera algum tipo de desistência de Epafrodito e, por conseguinte, não o honrassem por tal.
29 Recebam-no, pois, com toda a alegria como um irmão no Senhor e estimem os que são como ele.
Epafrodito serviu a Igreja e serviu a Paulo porque primeiramente serviu a Cristo. Ele amo-os de todo o coração e entregou-se à causa, porque primeiramente Cristo entregou-se por nós. Lemos isso naquele maravilhoso hino cristológico.
Precisamos cada vez mais honrar os nossos presbíteros dando-lhes as condições necessárias para que eles possam governar bem a Igreja de Cristo.
Paulo em 1 Timóteo 5:17 refere o seguinte: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”.
Muitas vezes as Igrejas são privadas da bênção do Senhor porque não honram os seus presbíteros.
Por outro lado, entre os irmãos da Igreja vemos a seguinte exortação em Romanos 15:7: “Portanto acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para glória de Deus”.
Este deve ser o compromisso da Igreja da Graça, honrar os seus presbíteros e cada um de nós acolher o outro irmão como Cristo nos acolheu, para que nisto tudo Deus seja exaltado e a Sua Glória espalhada em todas as nações.
30 Esteve quase a morrer ao serviço de Cristo, arriscando a sua própria vida para me prestar o auxílio que me faltava da vossa parte.
Arriscar a vida para servir a Cristo servindo a Sua Igreja. Que lição tremenda…
Daí podermos dizer convictamente “Tudo ó Cristo a Ti entrego, corpo e alma eis aqui, Este mundo mau renego, ó Jesus me aceita a mim! Tudo entregarei, tudo entregarei. Sim por Ti Jesus bendito tudo entregarei.”

Deus nos ajude. 

terça-feira, 27 de maio de 2014

Filipenses 2:12-18

Livro de Filipenses
Somos unidos a Cristo devido à Graça de Deus que transforma mortos em vivos.
Deus usa o Sofrimento com um propósito. No Sofrimento percebemos em quem confiamos.
Muitas das vezes somos privados do porquê do sofrimento na nossa vida, o que gera tensão, ansiedade e desapontamento. Nós somos chamados a manifestar simplesmente Fé na ausência de respostas.
Deus não tem a obrigação de explicar nada.
Contudo, Deus permite que por vezes, ao olhamos para trás, possamos perceber que a incompreensão que tivemos sobre alguma coisa que aconteceu foi, na verdade, uma manifestação tremenda da Providência Divina.
Devemos descansar na Soberania do nosso Deus porque tudo o que nos possa acontecer está sujeito à Sua aprovação. Nem tudo o que acontece é da Sua vontade moral mas tudo o que acontece tem a Sua aprovação.
A união entre os cristãos existe porque primeiramente o Evangelho os uniu a Cristo.
Se forem as circunstâncias a unirem os cristãos, apenas estarão ligados enquanto as coisas andarem a gosto deles.
Devemos sempre alegrar e servir a Igreja para que esta resplandeça a imagem de Cristo. Percebemos, igualmente, que a nossa alegria está associada à Igreja.
Filipenses 2:12-18
12Portanto, meus irmãos, como sempre me obedeceram quando eu aí estava, obedeçam-me ainda mais agora que estou ausente. Trabalhem pela vossa salvação com temor e tremor,
 O apóstolo Paulo reconhece a obediência daqueles irmãos, em Filipos, às ordens divinas proclamadas por ele aquando a sua presença.
A sua função, como apóstolo, era encaminhar as pessoas que Deus lhe tinha confiado até Cristo.
Muito interessante notar que as pessoas obedeciam a Deus, obedecendo a Paulo.
Por isso, meus irmãos, fazer parte do Ofício do Presbitério, como pastor, é de uma grande responsabilidade.
A minha fonte de autoridade não é este púlpito, nem a minha sabedoria ou, muito menos, as minhas experiências.
As minhas palavras têm autoridade apenas quando forem uma repetição e aplicação correcta das Escrituras.
Encontro-me investido de autoridade somente quando estou sob a autoridade da Palavra. Afinal, a Bíblia é a única regra de Fé e de Prática.
A pregação de um pastor tem de encaminhar as pessoas à Palavra e se disser algo que não o faça, então não está investido da autoridade que advém da própria Palavra. Nem trazendo as “últimas profecias” ou dizendo que é o “Ungido do Senhor”.  
As nossas vidas têm que resplandecer a Palavra buscando assim a verdade lá contida através de uma correcta contextualização, interpretação e aplicação das Escrituras.
Os nossos púlpitos têm de resplandecer a Palavra e a melhor forma de isso acontecer, será sempre através da Pregação Expositiva e sequencial para não se cair no erro de pregarmos as nossas ideias. 
A vida da Igreja depende, em última análise, de Cristo, mas também da fidelidade do Pastor às Escrituras e da obediência das pessoas ao seu pastor. E essa obediência acontecerá apenas quando a voz do pastor estiver sob a autoridade final, a Palavra.
Este é um dos grandes desafios de hoje, as ovelhas saberem que têm de se deixar pastorear pelo pastor que Cristo confiou à Sua Igreja. E pastorear não é ser o tarefeiro ou o administrativo da Igreja.
Respeitamos a autoridade de Cristo quando respeitamos a autoridade do pastor.
Os cristãos em Filipos perceberam claramente isso.
“Trabalhem ou desenvolvam a vossa salvação com temor e tremor”
O significado da palavra “desenvolver” passa por trabalhar com afinco ao realizar ou completar algo.
Há muitas interpretações erradas deste texto. Não lemos, de forma alguma, que somos nós que temos de adquirir a nossa salvação ou até, fazermos alguma coisa para completarmos a salvação em Cristo. Esta é a ideia do Ascetismo combatida no livro de Colossenses.
Muito se fala da hipotética controvérsia de Paulo e Tiago quando os dois dizem o mesmo.
Conforme diz Paulo em Efésios 2:10 “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”
Diz-nos o texto, que deve haver uma busca efectiva da obediência no processo de santificação e isso traduz-se em boas obras.
O que significa Santificação? Quem produz a Santificação? Em que áreas de manifesta?
Será a manifestação somente de Deus em nós ou é algo onde Deus e o Homem cooperam em conjunto sendo, porém, em graus diferentes?
A Santificação é uma obra de Deus e vemos isso em 1 Tessalonicenses 5:23: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
A Santificação é a transformação de vida para sermos cada vez mais como Cristo. E se isso é possível, foi porque Cristo conquistou-nos e deixou-nos também o exemplo de vida para nós (Semana passada).
Deus usa a disciplina no nosso processo de Santificação (Vimos isso com a leitura da Carla em Hebreus 12:5-11).
Em que áreas deve ser vista a Santificação?
1º Afecta o intelecto e o conhecimento:
Romanos 12:2 “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”
2º Afecta as nossas emoções:
Pois alguém que vive em Santidade manifesta o fruto do Espírito, amor, alegria, paz e longanimidade conforme vemos em Gal. 5:22.
3º Afasta-nos das paixões carnais:
Gálatas 5:19-21 “São bem conhecidas as obras dos maus instintos: desregramentos sensuais, imoralidades, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, intrigas, ciúmes, iras, rivalidades, discórdias, divisões, invejas, embriaguez, abusos na comida e outras coisas semelhantes. Previno-vos, como já o fiz de outras vezes, de que os que fazem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.
Afectando as nossas paixões carnais, perceberemos que temos de ter uma atitude de peregrinos e não de moradores nesta terra, porque se vivermos como moradores desta terra, iremos amar o mundo e aquilo que no mundo há, e quando isso acontece, o amor de Deus não está em nós*. Podemos ver isso em I João 2:15.
A. W. Tozer disse o seguinte: “As pessoas pensam que o mundo é um parque de diversões, não um campo de batalha. Por isso pensam que estamos aqui para ter prazer, para o nosso divertimento e nunca para lutar porque não estamos em terra estranha mas sim em casa. (…) A ideia que o mundo é um parque de diversões em vez de ser um campo de batalha, é um dado adquirido e aceite na prática pela larga maioria dos cristãos. Podem contornar a questão se forem questionados directamente em relação a este assunto, mas a sua prática de vida desmascara o seu discurso”.
Qual tem sido a nossa paixão?
4º Afecta o corpo físico:
Não devemos maltratar o nosso corpo, porque somos o Templo do Espírito. Devemos até prepará-lo para ser útil e capaz de reagir à vontade de Deus.
1 Coríntios 6:19-20: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”.
Jonathan Edwards* e a resolução nº 20 “Resolvi manter a mais rígida temperança no comer e no beber”.
 Voltando ao texto… diz o V. 13 Porque Deus é quem efectua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade?
Qual é então a nossa parte no processo de Santificação? Cabe somente tudo a Deus e a nós nada?
Será que acreditamos no Fatalismo (Não importa o que façamos, as coisas continuarão a seguir o seu curso determinado)?
Vemos a resposta em Romanos 8:13 onde lemos que Deus, através do Seu Santo Espírito, e o Homem cooperam em conjunto “Se viverem conforme tais inclinações, estão a caminhar para a morte; mas se pelo Espírito fizerem morrer as acções pecaminosas, então viverão”.
Não significa que seja em graus de igualdade ou de importância mas que ambos têm a sua participação. Porque se somos capazes de fazer alguma coisa, fazemos porque o Espírito nos capacita. Mas quem tem de fazer morrer as acções pecaminosas no nosso corpo, conforme lemos neste versículo, somos nós. (fugir de situações*)
A nossa santificação ao acontecer é sempre capacitada por Deus e quando isso acontece, sabemos que no Senhor nada é em vão.
Deus coloca no nosso coração, o desejo e a vontade, de sermos mais como Ele e assim resplandecermos a Sua imagem como astros no mundo.
Quem deseja “Ser como Cristo”, tema central da carta, tem que trabalhar e lutar pela santificação conforme lemos em I João 3:3: “E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.”
Então devemos fugir de tudo aquilo que nos leva a agir na carne e não no Espírito. Pessoas, Locais, Conversas, Internet, etc
Como responder então ao Espírito e à vontade deixada no nosso coração? Como lutar pela Santificação?
Ler e Meditar na Sua Palavra* (Salmos 1:2); Orar* (Efésios 6:18); Adorar* (Ef. 5:18-20); Testemunhar* (Mat. 28:19-20); Viver em Comunhão* (Heb.10:24-25) e autodisciplina* (Gál. 5:23).
A Santificação é algo em que Deus e o Homem cooperam em conjunto. Contudo, a Igreja também é exortada a estimular os seus membros a viverem vidas santas conforme lemos em Hebreus 3:13: “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;”.
Este é a nossa responsabilidade. Temos lidado bem com ela?
Notar: Por vezes o que se passa em muitas comunidades, é que se exige mais Santidade aos novos convertidos do que àqueles que têm anos e anos de Igreja.
Como lidamos com o erro dos nossos irmãos? Teremos ajudado a crescerem em Santidade ou apenas usamos os seus erros para comentarmos ou mostrarmos que somos melhores que eles?
A Justificação pela Fé é um sinal claro que não são os erros dos outros a determinar as nossas acções para com eles. O que determina as nossas acções foi aquilo que Cristo fez na Cruz.
Então, a Justificação pela Fé gera, obrigatoriamente, a Santificação e a projecta no nosso relacionamento com Cristo e com os nossos irmãos.
Diz-nos o texto que devemos desenvolver a nossa Salvação, pela Santificação, através da capacitação do Espírito, com “Temor e Tremor”. Ou seja, com reverência.
Banalizámos a reverência em favor da informalidade. E isto uma tentação bem grande.
14 Façam tudo sem murmurações nem contendas.
A União com Cristo leva-nos a viver a vida com Gratidão.
C. J. Mahaney (veracidade) conta no seu livro a história da sua irmã Sharon e do seu cunhado Dave que sofria de um cancro terminal no cérebro.
A sua irmã ficou em casa para tomar conta do marido e ficava sentada ao lado dele na cama a relembrar-lhe como ele tinha sido bom marido. Mexia-lhe no cabelo ainda que muitas das vezes ele não tivesse memória do que se estava a passar.
Numa certa altura apareceu um parente e vendo o sofrimento de Dave disse a Sharon porque é que ela não estava com raiva.
Sharon, numa atitude de gratidão plena disse-lhe: “Dave merecia o inferno por conta dos seus pecados, assim como eu e tu; entretanto, Deus, em Sua misericórdia, o perdoou por causa da vida, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. Dave está a ir para o Céu. Como eu poderia ter raiva de Deus por o estar a levar para o Céu?”.
A União com Cristo leva-nos a viver a vida com Gratidão e a ter Esperança onde ela de facto deve estar. Não neste mundo, não nossa saúde ou bens materiais, mas em Cristo.
Por outro lado, como temos visto, quem murmura diz simplesmente que Deus lhe deve algo. E Paulo, neste versículo, usa palavras que encontramos em Deuteronómio 32 que foram lidas esta manhã.
15 Para que sejam pessoas rectas/irrepreensíveis e dignas, filhos de Deus irrepreensíveis no meio de gente corrompida e perversa. Devem brilhar no meio dessa gente como estrelas no céu,
O entendimento de que somos filhos de Deus por adopção (João 1) é o motivo que nos leva a sermos irrepreensíveis.
O estudo desta palavra será importante porque é uma exigência aos filhos de Deus e também um requisito para o presbitério.
Alguém Irrepreensível, segundo as Escrituras, passa por ter uma vida que não pode ser criticada por causa do pecado, não porque o cometeu, mas porque vive nele.
Ao sabermos que lidamos com Deus, temos que perceber que Ele é Santo e, como tal, Deus não consente com alguém que viva em pecado. Porque quem se arrependeu não vive em pecado mas luta contra o pecado.
Ainda uma nota… Percebemos através da vida de Acã (AT) que por causa do pecado de uma pessoa, toda comunidade foi castigada por Deus. Então, não podemos dizer que podemos levar a vida que queremos e permanecer na Igreja porque ninguém tem nada com isso.
Daí meus irmãos ser importante haver uma disciplina bíblica dentro da Igreja (Mateus 18) e um rol de membros actualizado, onde todos são baptizados por imersão, e que cada um revele o seguinte como corpo:
Desejo de buscar santidade para a sua vida.
Assistir aos cultos regularmente.
Participar na Ceia do Senhor.
Contribuir fielmente.
Participar nas Assembleias de Igreja ou Culto Administrativo.
Isto responsabiliza-nos como membros, quer individualmente, quer como corpo.
Se cada um de nós mostrar isso seremos então irrepreensíveis quer individualmente quer como corpo.
 Notar que este é um assunto muito importante para haver harmonia na Igreja.
Este era um dos problemas na Igreja em Filipos. Lemos isso no cap. 2:1-4 e uma nova exortação, desta vez mais personalizada, a partir do capítulo 4.
Diz-nos o texto que devemos ser dignos, sem fraude ou falsidade. Conceito usado para descrever as ofertas a Deus do cordeiro sem mácula.
Então, devemos viver a vida pensando que é o Evangelho que está em causa e não nós. Com esta perspectiva seremos Luz no meio das trevas. Mostraremos que as nossas vidas não são dominadas por uma cultura corrompida pelo pecado mas sim pela Palavra.
Jesus explica-nos a razão em Mateus 5:16 explica-nos a razão: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
Vidas consagradas ao Senhor buscando Santificação diária, para que vejam o nosso viver e glorifiquem a Deus.
Lembrar que este processo de Santificação só termina com a morte.
16 Levando-lhes a mensagem da vida. Desse modo, no dia de Cristo, eu poderei sentir-me satisfeito convosco, sabendo que não me esforcei nem trabalhei em vão.
Ao buscar Santidade, desejo criado pelo próprio Deus, seremos irrepreensíveis e dignos, para sermos luz no meio das trevas.
Basta apenas sermos luz com as nossas vidas? Basta o aspecto moral do Evangelho?
Atribui-se a São Francisco de Assis a seguinte frase: “Pregue o Evangelho o tempo todo. Se necessário use palavras.”
A ideia desta frase é tão simplesmente quanto isto: Não é mais necessário pregar, basta viver o Evangelho e as pessoas entenderão quem é Jesus. Basta viver as consequências do Evangelho na nossa vida e as pessoas entenderão quem é Jesus.
Não é verdade… Através do viver podem perceber a quem pertencemos mas nunca poderão conhecer quem de facto nos salvou… Cristo.
Até podem achar loucura mas como diz Paulo em I Cor. 1:18: “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus”.  
Este versículo diz para levarmos a Palavra. É a Palavra que dá vida conforme percebemos no vale dos ossos secos em Ezequiel.
O apóstolo Paulo refere na carta aos Romanos 10:14: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”.
Meus irmãos… Nós fomos chamados a proclamar o Evangelho.
O que é o Evangelho? Romanos 3:23-26: “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus. Mas pela sua bondade imerecida, Deus os justifica gratuitamente por meio de Jesus Cristo que os libertou do poder do pecado. Deus fez com que Cristo, pela sua morte, se tornasse instrumento de perdão para os que crêem nele. Foi assim que ele mostrou a sua justiça, não tendo, na sua paciência, castigado os pecados antes cometidos. Fê-lo para demonstrar a sua justiça no tempo presente, pois Deus é justo e justifica os que crêem em Jesus.”.
Não há Evangelho sem proclamação… Temos cumprido esta Missão? Há quanto tempo não proclamamos o Evangelho? Há quanto tempo não temos convidado as pessoas a virem à Igreja para ouvirem a Palavra de Deus? Temos feito de cada contacto uma Missão?
A palavra no original tem uma função dupla. Partilhar a Palavra mas também que eles vivessem a Palavra nas suas vidas.
Devemos preservar a Palavra no nosso coração para não pecarmos contra Deus (Salmos 119:11).
Este sempre foi o grande objectivo de todos os servos de Deus. Preservar e Partilhar a Palavra para a Glória de Deus tornando assim o nome de Deus conhecido entre todas as nações.
17 Ainda que a minha vida tenha de ser oferecida como vítima de sacrifício, para juntar à vossa oferta de fé a Deus, eu sinto prazer nisso e compartilho essa alegria convosco.
Tremendo versículo onde se percebe, de uma forma clara, que toda a vida de Paulo mostrava e apontava a Cristo.
Já tínhamos percebido, no 1:21, que Paulo estava preparado para viver ou morrer porque, para ele, isso não era o mais importante. O principal passava por entregar a sua vida fervorosamente a Deus mesmo que fosse necessário dar a sua vida para o crescimento da fé dos irmãos em Filipos.
Como diz Calvino: “Temos que estar prontos para ensinar com o próprio sangue aquilo que anunciamos com a boca”.
Precisamos então, tal como vimos a semana passada, de: Auto negação, Humildade e Obediência. Esta foi a medida que Cristo nos deixou.
Estaremos dispostos a entregar a nossa vida por amor à Igreja de Cristo?
18 Da mesma maneira, sintam igual prazer e tomem parte na minha alegria.
Esse era o prazer de Paulo. Qual tem sido o nosso prazer?
Os seus prazeres mostram a quem pertence.
As suas escolhas revelam os seus ídolos.
A forma como se relaciona mostra a relação que tem com Deus.
Ser cristão significa deixar tudo por amor a Ele.
Deus não preenche buracos na sua vida. Deus tem de ser a sua vida.
Quem tem sido o suporte da sua vida?
O seu suporte é o seu prazer e o nosso prazer tem de ser Cristo e a Sua Igreja. Tudo isto será para a nossa alegria…
Por isso podemos cantar convictamente…
“Resolutos Senhor, e com fé zelo e ardor; os Teus passos queremos seguir! Teus preceitos guardar, o Teu nome exaltar; sempre a Tua vontade cumprir. Crer e observar, tudo quanto ordenar, o fiel obedece, ao que Cristo mandar.”