Circuncidados de
coração – 3 aspectos: 1º Nossa adoração é em espírito porque brota do nosso interior e vem do nosso coração.
2º Temos
alegria plena e transbordante, não pelo que
conseguimos fazer, mas por aquilo que Cristo
já fez. 3º
Não tem por base os nossos esforços.
Percebemos também, que o amor de Deus é tremendo e
manifesta-se a todos nós com a Sua maravilhosa Graça. Isto é, “a graça de Deus
pela qual Ele dá às pessoas bênçãos inumeráveis que não são parte da salvação”.
Mateus 5:45
“Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre
justos e injustos.”
No entanto, há seres humanos que não reconhecem a
maravilhosa graça do nosso Deus. Face a isso, a justiça de Deus, através da Sua
Ira, irá manifestar-se sobre o homem não nascido de novo, não com os nossos
sentimentos pecaminosos, mas com a Ira que advém da Sua própria Santidade. A
própria Bíblia refere que a Ira de Deus se manifestará sobre esses homens
perversos (Salmos
5:5).
Não compreenderemos a
dimensão da Graça de Deus enquanto não entendermos
a dimensão da Sua Ira.
Percebemos o conceito da Justificação e os elementos
que a envolvem: Expiação
(cancelamento dos pecados), Propiciação
(Deus tornar-se favorável a nós pecadores), Redenção (comprados da escravidão para uma nova vida com Deus, pelo
sangue de Cristo).
Ser como Cristo é um grande desafio… Um
desafio para a vida.
Há 3 semanas atrás percebemos o que era a Santificação e
como se processava nas várias formas do nosso ser pessoal e congregacional.
Hoje iremos perceber como o entendimento correcto da Justificação levar-nos-á à Santificação.
Entramos assim numa parte das Escrituras, em que Paulo passa
de uma linguagem comercial, a uma linguagem “desportiva”, para descrever o amadurecimento espiritual de um cristão,
isto é, a nossa Santificação.
12 Não quero dizer que já o tenha alcançado ou que seja
perfeito, mas continuo a ver se o consigo, visto que para isso fui conquistado
por Cristo.
Percebemos que a Justificação
é o meio pelo qual Deus nos declara
justos diante do Seu tribunal por causa daquilo que Cristo
fez na Cruz. Ele não nos torna justos. Qual a diferença?
Ser justo significa ser perfeito
em tudo o que se faz, diz
ou pensa.
Na Igreja em Filipos, havia pessoas que pensavam que já
tinham chegado a esse ponto.
O apóstolo Paulo, na sua humildade, refere que luta para ser
perfeito (processo de santificação) apesar de ainda não ter
alcançado esse estado. É um processo
constante.
No original, a palavra “prossigo”, usada neste versículo e
no 14, era usada para um velocista que usa toda a agressividade e energia para
chegar ao fim, à meta.
Então, o apóstolo Paulo deseja lutar
pela santidade com toda a sua força
(dada pelo Espírito Santo), a fim de
atingir o objectivo para o qual foi
conquistado por Cristo.
Que fim era esse? Romanos 8:29: “Porque
os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem
de seu Filho”.
Paulo tem claramente a
noção de que foi salvo por Cristo, para ser cada vez mais como Cristo, até à vinda de Cristo.
Sendo assim, quando o apóstolo Paulo usa a palavra
“Prossigo”, ele entende que a Santificação,
apesar de não se completar nesta vida, ela não pode parar de aumentar. É uma luta constante.
13 É certo, meus irmãos, que eu não penso ter já conseguido
isso, mas faço uma coisa: esqueço-me do que ficou para trás e esforço-me por
atingir o que está diante de mim.
Vemos novamente Paulo a dizer
que não atingiu ainda a meta para o qual foi conquistado por Cristo.
Contudo tem a certeza de algo. Esquecer-se do que passou porque seguir
em frente é a direcção certa.
Esquecer-se de
quê?
Não apenas dos seus pecados (Ex: Perseguição) e fracassos
mas também das coisas que ele mencionou (7) que faziam dele um judeu exemplar. Esquecer-se também dos seus
triunfos espirituais para não os
usar como bandeira pessoal.
Paulo entendeu claramente as palavras de Jesus que encontramos em Lucas 17:10 “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei:
Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”.
Qual é o problema de olhar para trás?
1º Se alguém olha
no sentido de já estar contente com o seu progresso, claramente que viverá
de forma indolente ou negligente perante o futuro. Paulo até que podia
estar contente, numa óptica humana, mas não o vivia de
forma presunçosa e orgulhosa.
2º Quando olhamos
e percebemos o quão falho somos, poderemos
desanimar em relação à caminhada futura. (Irmã: Esforço-me mas não
consigo… Mas estou a melhorar).
3º Ficarmos
presos em relação ao que deixamos
para atingirmos a meta futura.
Não é em vão o que lemos em Lucas 17:32 “Lembrai-vos
da mulher de Ló.”.
Diz o texto “Esforço-me por atingir o que está diante de mim”.
Paulo concentrava tudo o que tinha, todas as suas
forças para servir a Cristo, vivendo a vida de uma forma que espalhasse
o bom perfume de Jesus Cristo (II
Cor. 2:15).
Há um perfeito contraste entre este versículo e o V6.
A força que ele tinha para
perseguir os cristãos, Deus transformou-a, para que ele a usasse na sua caminhada cristã para prosseguir até
Cristo.
14 Deste modo, caminhou em direcção à meta para obter o
prémio que Deus nos prometeu dar no Céu por meio de Cristo Jesus.
Na corrida o objectivo
é chegar à meta para obter-se o prémio prometido.
Assim, como vimos no versículo
12, Paulo
desejava chegar à meta, ser semelhante a Cristo, com os olhos
postos n’Ele, porque Cristo é autor e consumador da nossa fé
(Heb. 12:2). Ele ansiava pelo prémio.
Analisando o V8, é difícil achar que esse prémio não seja estar com o próprio Cristo no nosso estado
final, a Glorificação.
Somente quando chegarmos ao fim da nossa vida, poderemos
receber a justiça vinda do próprio Cristo (semana passada) no seu estado final, a perfeição
plena. Até lá andamos na luta para chegarmos à meta com a certeza que não estamos sós,
porque o Espírito Santo habita em nós
e nos ajudará a perseverar até ao fim.
A perseverança é um sinal de que realmente somos salvos. Mateus 24:13
“Mas aquele que perseverar até ao fim,
esse será salvo”.
Essa perseverança levou Paulo a escrever palavras
tremendas na última carta que escreveu II. Tim. 4:7-8: “Combati o bom combate (luta), acabei a
carreira (meta), guardei a fé (perseverança). Desde agora, a coroa da justiça
(justiça de Cristo) me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará
naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”.
Quem me dera puder dizer o mesmo nos meus últimos dias… Luto no entanto por
isso.
15 Todos nós, que já somos adultos na fé, devemos pensar
assim. Mas se alguns pensam doutro modo, Deus lhes fará ver as coisas.
16 Como quer que seja, continuemos na mesma linha que até
agora temos seguido.
A BPT traduz bem a
palavra no original porque na versão João Ferreira de Almeida aparece Paulo
a escrever que era perfeito, o que, aparentemente, contrariava
todo o seu argumento anterior.
Então, o texto refere-se aos cristãos que já têm maturidade cristã, e buscando o contexto
(V10) ao texto, são aqueles que estão prontos
a sofrer por amor a Cristo, a morrer pelo Evangelho, e que têm a sua
Esperança na Glória.
Então, os cristãos com maturidade devem lutar
diariamente para serem mais semelhantes
a Cristo (Santidade).
Paulo reconhece que
há cristãos que ainda estão na fase do leite espiritual e outros
cristãos já com maturidade cristã. O que não quer dizer que alguém seja
superior ao outro.
Verificamos também neste versículo, que o
convencimento que acontece na vida das pessoas é o próprio Deus,
na pessoa do Espírito Santo, e através da Sua Palavra, quem o
realiza.
Não somos nós que convencemos as
pessoas.
Por vezes, achamos que esse é o nosso trabalho de
convencer certos irmãos na fé a perceberem algumas realidades. Apenas as
temos de pronunciar.
Aplicando…
A vida é uma
constante luta e não podemos achar que vivemos nesta vida como se o nosso Reino fosse
deste mundo.
Nós somos santos no sentido de separados para Deus,
sabendo que vivemos num processo de
assemelhação ao próprio Cristo e que terminará apenas com a nossa morte
ou com a Sua vinda.
Jamais podemos viver
no pecado como se ele fosse uma coisa normal na nossa vida. Não podemos
tratar o pecado por tu.
O sinal da presença do Espírito Santo em nós passa por
compreendermos que existe pecado na nossa vida. João 16:8: “E, quando ele vier,
convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”.
Sabendo que existe pecado, tem de haver arrependimento. Esse momento será doloroso (confissão),
embora a sua consequência traga paz (perdão).
Haverá também o desejo em nós, dado pelo Espírito Santo,
de não o voltarmos a repetir, embora
saibamos que possa acontecer novamente.
1 João 3:6: “Qualquer que permanece nele não peca (não
vive pecando); qualquer que vive pecando não o viu nem o conheceu”.
Pecado… A questão
não é se Deus nos ama mais ou menos (*), a questão
é o quanto temos amado a Deus. O quanto
temos espalhado a Sua imagem, vivido para a Sua Glória.
O pecado não muda a nossa posição diante de Deus mas afecta a nossa intimidade com Ele.
No entanto, saiba que não
existe perfeição nesta vida Eclesiastes 7:20: “Na verdade que não há homem
justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”.
Ao sabermos disso, não deve ser o
motivo para a nossa vida espiritual estagnar ou desmazelar (já que
não sou perfeito…).
Santificação apesar de não se completar nesta vida, ela não pode parar de aumentar. É o sinal que de facto
houve justificação.
Conforme vimos a semana passada,
a Justificação gera a Santificação. Não
há uma sem a outra.
A nossa Santidade não serve como medida de superioridade em
relação aos outros (parábola do Fariseu e Publicano). É a evidência clara daquilo que Deus já fez em
nós. Sejamos
humildes.
Procurar a Santidade não é o sinal de uma fé frágil,
é sinal sim, de uma fé que
pretende fortalecer-se mais em Cristo e assemelhar-se mais a Ele. Ou não fosse este
o fim para o qual fomos conquistados.
No início da vida cristã, os pecados
externos são mais visíveis aos outros, através de palavras torpes
e acções pecaminosas.
Para o cristão com mais anos de vida cristã, a sua luta será
mais com os pecados internos (orgulho, egoísmo, falta de zelo com
Cristo e com a Igreja, amar o próximo, contentamento e outras coisas
mais).
Quem confia na
justiça própria no seu relacionamento com Deus* ou com o próximo*, no fundo
está a dizer com isso que é perfeito.
Se entendermos a
justificação pela fé, não com base no nosso merecimento mas por aquilo
que Cristo fez, deixaremos o nosso orgulho de parte e os nossos relacionamentos serão transformados.
A Igreja Baptista da Graça cada vez mais tem que ser uma comunidade onde os seus membros
percebem que vivem numa luta constante
de aperfeiçoamento a Cristo.
Não é por termos
pecado e arrependido, que Deus nos castigará com coisas terríveis
na mesma, porque nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus (Rom. 8:1).
Se um irmão cair, lá estará outro irmão para o ajudar a crescer em Cristo. Não com
espírito de superioridade mas como de quem percebeu que a Graça de Deus
já foi derramada sobre a sua vida.
Deus declara-nos justos e trata-nos como tal.
Precisamos uns dos
outros.
Precisamos de
ser Igreja.
Hebreus 3:13: "Pelo contrário, animem-se uns aos outros continuamente, enquanto dura o
dia de “hoje”. Procedam assim para evitar que alguém no vosso meio se deixe
levar pela sedução do pecado.".
Ser como Cristo é o tema Central da Carta aos Filipenses.
Que isso seja uma realidade
nas nossas vidas.
Que Deus nos ajude.