sexta-feira, 24 de outubro de 2014

I Coríntios 3:1-9

Temos percebido nesta caminhada que a sabedoria de Deus não é igual à do homem, na medida em que Deus não age como nós. E ainda bem que assim é.
Percebemos também, que Deus salvou muitas pessoas que a sociedade considera sem importância, para que assim Deus fosse exaltado em todas as coisas.
A prova disso é que na comunidade em Corinto, não havia muitas pessoas ricas, “poderosas” ou sábias.
Em terceiro lugar, temos visto a humildade tocante da vida do apóstolo Paulo. Sendo sábio perante os olhos da sociedade, ele não usou dessa sabedoria para o seu engrandecimento pessoal naquela comunidade. Usou palavras para a compreensão de todos, simples e de fácil digestão para quem era novo na fé.
Em quarto lugar, reparámos que a compreensão da mensagem da Cruz surge nas nossas vidas pela acção do Espírito Santo, o qual tocou nos nossos corações e deu-nos esta maravilhosa oportunidade para crer.
 Hoje iremos perceber como a imaturidade cristã é vista através das divisões que são motivadas pelo orgulho.
Significa isso que os problemas da comunidade em Corinto não eram apenas causados pelo exterior, mas também por problemas surgidos dentro da própria comunidade. Esses sim, em certo sentido, os mais difíceis a serem tratados.
I Coríntios 3:1 Eu, porém irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como carnais, como crianças em Cristo.
Este é um dos versículos muitas vezes usado de forma errada. Isso acontece quando se interpreta sem analisar o contexto.
Por vezes, isto sucede para se tentar justificar que o cristão pode ser do mundo e não ter qualquer comunhão com a Igreja não prestando assim contas a essa mesma comunidade.
A ideia “eu vivo como quero e ninguém tem nada a ver com isso” é uma expressão mundana e sem qualquer respaldo bíblico. Ou seja, é sabedoria do mundo.
Ao começarmos a ler o versículo, percebemos que Paulo reconhece primeiramente que eles são cristãos. Ele chama-os de “Irmãos”.
Nota: Hoje vamos perdendo o valor e o significado de chamarmos de irmãos às pessoas da nossa comunidade.
Quando estudámos o cap. 2, vimos Paulo a afirmar que eles tinham o Espírito de Cristo e, segundo Rom. 8:9, isso é um sinal da salvação.
O que significa então esta expressão “cristão carnal”?
Algumas pessoas daquela comunidade achavam-se que eram maduras espiritualmente. Achavam que por terem o dom de curas, de línguas e profecias, isso seria sinal de maturidade cristã.
Lembremo-nos do que falámos numa EBD, até os ímpios podem fazer milagres…
Mateus 7:22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demónios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas”?
Paulo através dos seus argumentos mostrou-lhes que eles na verdade eram ainda cristãos com pouca profundidade. Eles não tinham a compreensão das consequências do Evangelho da Cruz de Cristo.
Podiam ter até o conhecimento, mas a prática revelava outra coisa. A boca afirmava uma coisa, mas a vida deles proclamava outra.
Desta forma, Paulo falou-lhes como se não tivessem maturidade e, assim, apresentou-lhes nos primeiros 2 capítulos as verdades essenciais do Evangelho e os seus elementos mais básicos.
Eles eram crianças em Cristo, porque agiam sem maturidade.
Concluímos então que o cristão carnal é aquele que tem pouca maturidade cristã, apesar de mostrar evidências da Salvação que teve em Cristo.
Volta e meia, ouvimos dizer que o “cristão carnal” é aquele que aceitou Cristo, mas ainda não é uma nova criatura. Vive como se fosse do mundo embora reconheça que Deus exista. Esta teoria foi falada e ensinada por Lewis Sperry Chafer, pela Bíblia de Referência Scofield e pela “Cruzada Campus para Cristo”. No fundo, é o homem natural, o cristão carnal e o cristão espiritual.
No entanto, tal como vimos a semana passada, na bíblia apenas há a pessoa cristã e a não cristã. Claro que dentro dos cristãos, há os que têm mais ou menos maturidade espiritual, mas não há uma classe em si.
2 Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais.
Ao lermos este versículo percebemos que eles receberam a alimentação correcta aquando a permanência de Paulo naquela cidade.
Por isso, a falta de crescimento daqueles cristãos não foi por culpa do alimento que lhes fora dado. Porque se eles tivessem feito bem a “digestão”, na altura em que Paulo lhes escreveu a carta, já poderiam falar com maturidade cristã e não como crianças em Cristo.
Qual a razão de Paulo ainda os considerar cristãos carnais?
3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
Ou na versão BPT “Orientam-se ainda por critérios mundanos. Quando se deixam levar por invejas e rivalidades, não acham que estão a seguir critérios mundanos?”
Paulo é claro no seu argumento… Quando há rivalidades e ciúmes é porque alguém ainda não cresceu na fé.
As contendas e os ciúmes são obras da carne logo não são o resultado de quem já tem maturidade espiritual.
Os cristãos em Corinto vivam num puro sectarismo, isto é, em divisões dentro da própria Igreja. Assim, Paulo afirmou que quem vive assim, não anda segundo os caminhos de Deus.
As contendas, as divisões sejam elas quais forem, ou o “diz que disse”, não devem existir nas pessoas que são guiadas pelo Espírito.
Se queremos saber o nível de maturidade cristã que temos, basta analisar a forma como vivemos a vida comunitária tanto na sua forma visível, como na invisível.
Nota: Este texto é mais uma prova de que a Bíblia não é a favor dos “desigrejados”, daqueles que dizem que podem viver a sua vida cristã sem uma comunidade. Estas pessoas são aquelas que dizem que acreditam em Deus, têm as suas orações e lêem a Bíblia sendo que não precisam de Igreja porque isso é coisa de homens.
Como é que estas pessoas interpretam estas passagens?
Biblicamente as Igrejas são usadas por Deus para a redenção/transformação das nossas vidas, por isso é o local onde devemos resolver os nossos problemas e onde as pessoas oram umas pelas outras, porque o problema de um é o problema do outro. Choramos e rimos, com quem chora e ri.
Ao analisarmos os primeiros capítulos percebemos que Paulo usou “Leite” para com eles ao mostrar-lhes o caminho da Cruz. Isto devia-os fazer humildes para com Deus e para com o próximo. No entanto, eles não digeriram este alimento.
Por outro lado, o que será o alimento sólido? Iremos perceber isso nos versículos a seguir quando Paulo explica a razão da infantilidade cristã e, por outro lado, como é que eles deveriam viver.
4 Quando, pois, alguém diz “Eu sou de Paulo”, e outro “Eu de Apolo”, não é evidente que andais segundo os homens?
5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
6 Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus.
Haver divisões ou partidos dentro da comunidade é sinal evidente da falta da compreensão da “Mensagem da Cruz”.
Já percebemos as razões pelas quais uns diziam que eram de Apolo e outros de Paulo. Resumidamente era uma questão de orgulho e protagonismo.
Paulo diz claramente que os líderes espirituais da Igreja são apenas meros instrumentos para a conversão deles e, lembrando o que fora dito anteriormente, essa conversão não estava baseada na pessoa que eles eram, mas sim em quem o Espírito Santo operava.
As conversões existentes na comunidade não estão em nada ligadas ao mérito do ser humano. Estão sim ligadas ao que Deus conceder à Igreja através da pregação fiel do Evangelho.
Notemos ainda alguns aspectos…
1º Somos chamados a ser pregadores fiéis da Palavra.
Pensemos no profeta Jeremias… Deus chamou-o para o ministério. Ele pregou de forma fiel e ninguém se converteu.
A verdade é que Jeremias entristeceu-se imenso, o que é normal porque lidava com questões eternas mas Deus considerou-o servo fiel.
Nos dias de hoje, provavelmente sabendo o “resultado estatístico” da sua pregação, ninguém o convidaria para pregar em conferências evangelísticas nas Igrejas.
No entanto, Deus considerou-o fiel porque ele pregou com toda a fidelidade a Palavra de Deus.
Ao analisarmos o V6, percebemos que o crescimento é dado por Deus através da pregação do Evangelho.
O homem não tem poder algum para controlar os efeitos da Palavra de Deus na vida do ímpio. Se por acaso controlar, é porque está a pregar outra coisa qualquer que não o Evangelho.
Assim, entendemos que por mais excelente que seja o ministério de alguém, no fim tudo depende de Deus.
Em 2º lugar… Paulo considerou-se “servo”.
A palavra no original significa “escravo”, logo escravo de Deus.
Lembremo-nos que Paulo estava a combater o orgulho o qual nada mais é do que o motor de toda e qualquer divisão ou contenda.
Ao considerarmo-nos escravos, percebemos quem somos diante de Deus. Ao percebermos isso, iremos viver as nossas vidas de forma humilde e não arrogante, porque o arrogante não entende a sua posição diante de Deus.
3º Lugar… Paulo e Apolo tinham diferentes ministérios.
Paulo afirmou que no ministério há diferentes funções. No entanto, todos são servos. Significa isto que ninguém é mais importante do que ninguém.
Paulo diz que plantou, Apolo que semeou mas no fim de contas é Deus quem faz as contas.
Por isso, evitemos comparações de ministérios mediante os resultados, porque em último grau, o aspecto decisivo é a Soberania de Deus.
7 De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento.
A humildade de Paulo é tremenda… Para mim um dos servos mais fiéis em toda a Bíblia, que mais vidas impactou com o Evangelho e no fim quase da sua vida diz “Eu não sou nada. Tudo vem, é e vai para Deus. Eu sou um mero instrumento”.
Deus pode realizar a Sua obra através de pessoas fiéis a Ele.
No entanto, Deus também pode usar pessoas perversas, a nossa dor, ou até mesmo algo que nunca imaginámos. Até uma burra Ele usou para chamar os Seus. Ele é dono de tudo.
Quem somos nós? Nada… Mas mesmo assim Deus nos ama por causa de ser quem Ele é.
No entanto, para aqueles que são usados por Ele podem ter a certeza…
8-9A Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus;
Todos somos um, apesar de termos diferentes funções.
Servimos a Deus como servos apesar de que, segundo o texto, no fim seremos recompensados pela Sua Graça.
Uma coisa é ser recompensado e outra coisa é ser dada Glória e toda a Glória deve ser dada exclusivamente a Deus, porque Ele é o dono dos campos, dos ceifeiros e da ceifa.
Deus é o único que tem poder para fazer a semente germinar.
Então, se ainda não tinham entendido o mais básico da vida cristã – a ligação a Cristo faz-nos ser unidos uns aos outros – como poderiam entender o resto?
Aplicando…
1º Beber leite espiritual não é sinal de humildade, é sinal sim de falta de crescimento na vida cristã.
Aqueles cristãos em Corinto não tinham crescido espiritualmente.
Percebemos isso quando o Apóstolo Paulo ao escrever esta carta lhes disse que ainda tinha que lhes dar o leite espiritual porque ainda não conseguiam digerir o alimento sólido. E tudo isto motivado pelo orgulho.
Será que o “bê-á-bá” ainda nos chega? Será que para nós o leite espiritual é suficiente?
Normalmente estas pessoas são aquelas que gostam apenas de cantar – “Louvorzão sem pregação”. Querem mensagens simples – entretenimento - que não as desafie a pensar e a analisar a sua vida para não as obrigar a fazer escolhas ou resoluções.
Spurgeon afirmou: “O diabo nunca criou algo tão perspicaz como sugerir à igreja que a sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo”.
Estas pessoas sabem que crescer dói, então preferem ser sempre pequenos. São orgulhosas por não quererem crescer e acham que assim estão bem.
 É uma falsa humildade acharmos que seremos sempre pequenos, logo o leite basta. O que não invalida que volta e meia se beba deste leite.
O cristão carnal é aquele que revela imaturidade espiritual. No entanto, temos de ter cuidado ao dizermos que alguém é um cristão carnal, quando essa pessoa não quer saber da Igreja, ainda que tenha seguido a Cristo durante determinado tempo ou até chegado a levantar o braço e a fazer a oração do pecador.
Se vive no pecado, temos que pensar se é de facto cristão e não um cristão carnal.
O filho de Deus não vive no pecado como forma de vida, ainda que possa cair várias vezes.
Quando tratamos o pecado por tu, é porque já tratamos há muito tempo o Espírito Santo por você.
Estes cristãos carnais reuniam-se para adoração e invocavam a Cristo. Não eram “desigrejados”.
2º O orgulho não permite fazer a digestão porém a humildade é o melhor remédio.

Paulo disse claramente que não lhes podia passar o alimento sólido porque eles não o podiam suportar, daí ter-lhes dado apenas o leite espiritual.
Mesmo tendo algum tempo de vida cristã, eles ainda eram bebés na vida espiritual. E nós quem somos? Temos crescido?
Crescer dói… Mas o Evangelho obriga-nos a isso.
Estagnação espiritual é sinal de quem está bem com a vida e não com Deus.
No processo de alimentação*, os alimentos que ingerimos vão para o estomago onde são pré-digeridos e esterilizados, a fim de seguirem para o intestino delgado, onde são absorvidos.
Quando há paragens de digestão, foi porque o estomago não fez a sua função. Isso traz dor e muito mal-estar.
Na vida cristã, quando há orgulho, não conseguimos digerir o que nos é dado e então entramos em “paragem de digestão espiritual”.
Sabemos que a comida é boa – Evangelho - por isso, se não houver uma boa digestão, é culpa de algum elemento que fez com que a digestão não acontecesse – sabedoria do mundo – ou porque o nosso estomago não fez bem o seu processo – existência de orgulho.
A Igreja tem que ser um local que dá o bom alimento mas também que ajuda à digestão do mesmo.
Temos que ser uma comunidade usada por Deus para a restauração de vidas, onde abençoamos e ajudamos as pessoas. É verdade que por vezes a Igreja fere, no entanto, é a mesma que restaura.
Temos sido humildes? Quando há humildade, há união. Quando há humildade, há vontade de fazer mudanças na vida pessoal, familiar, congregacional e até no nosso trabalho.
Por vezes queremos ser apenas alimentados por “leite espiritual” porque se formos mais longe, sabemos que temos que fazer mudanças na nossa vida. E nós não gostamos que mexam na nossa zona de conforto.
Temos feito mudanças ao longo deste tempo? Somos os mesmos desde há um ano atrás? Serei o mesmo do que há 2 meses atrás?
Ou o orgulho está a fazer com que andemos com paragem de digestão espiritual?
Que Deus faça de nós bênçãos.
3º Um dos grandes desafios da vida cristã passa por proclamar com a nossa vida aquilo que a nossa boca afirma.
Paulo pedia aos Coríntios que fossem coerentes. Se falavam do Evangelho de Cristo, se tinham visto exemplos de abnegação, como é que eles podiam viver em contendas e divisões? Tem de haver coerência.
A Igreja tem que ser uma comunidade redentora onde as pessoas afirmam e vivem a mesma coisa. E onde ajudam outros a crescer mesmo na dor.
Muitas vezes os cristãos não partilham os seus problemas na Igreja, para não terem que ouvir o irmão do lado dizer "Eu sempre soube que ele era fraco na fé" ou "Eu tinha razão em relação a ele".
É este tipo de julgamentos que não podemos ter dentro das nossas comunidades. Somos chamados por Deus para sermos comunidades redentoras.
Tem a nossa Igreja sido útil ao Evangelho? Tenho eu sido útil ao Evangelho? Somos uma comunidade que ajuda a digerir o alimento ou apenas ajudamos na paragem de digestão?
4º A procura do sucesso está intimamente ligada à sabedoria do mundo, mas a fidelidade à Palavra está intimamente ligada à confiança na Soberania de Deus.
Não nos preocupemos em ser bem-sucedidos na pregação do Evangelho. Preocupemo-nos sim em pregar com fidelidade. É Deus quem dá o verdadeiro crescimento.
Não fiquemos tristes se outros colherem o que semeámos, porque nem um, nem outro são importantes em si. Deus sim é importante porque é dono de tudo.
Na Igreja há ministérios mais visíveis e menos visíveis.
Preocupemo-nos em fazer todas as coisas com competência e sublimidade.
Estamos nós a dar tudo ao serviço da Igreja? Ou somos procrastinadores* por excelência?
O importante para Deus não está no conhecimento em si, mas num conhecimento que leva a uma vivência.

Que Deus nos use.

I Coríntios 2:6-16

6 No entanto, aos que já estão amadurecidos na fé eu posso falar com palavras de sabedoria. Mas não é da sabedoria deste mundo nem dos que nele mandam, pois esses estão condenados ao fracasso.
Percebemos na semana passada, que para os não cristãos, nada mais importante temos a dizer ou fazer do que pregar o Evangelho.
Todo o bem que possamos fazer que não seja a proclamação do Evangelho, terá sempre um cariz temporal, enquanto o Evangelho terá efeitos eternos.
Neste versículo, o apóstolo muda o seu discurso para os que são cristãos. Na versão BPT temos “amadurecidos na fé” e na JFA temos “experimentados”. No original significa “perfeitos”.
Ao longo deste livro podemos perceber que esta palavra foi sempre dirigida aos cristãos que são genuinamente salvos por Cristo. Ou seja, a palavra é equivalente a espiritual, logo são todas as pessoas que têm o Espírito Santo.
Aos que são salvos, Paulo pode falar com palavras de sabedoria – não a dos homens porque não produz nada eternamente - mas a sabedoria de Deus que é o Evangelho de Jesus Cristo.
Percebemos aqui que biblicamente falando apenas há uma divisão entre as pessoas, aqueles que são salvos e os que não são salvos.
A sabedoria do mundo e das pessoas, segundo 1:20 os “sábios, doutores da lei e os inquiridores” e, segundo 1:26 os “poderosos e os de nobre nascimento”, estão todas condenadas ao fracasso porque não conseguem reconciliar o homem com Deus, logo não tem valor algo.
7 Pelo contrário, dou-vos a conhecer os mistérios da sabedoria de Deus, que antes era desconhecida, mas que ele, desde sempre, tinha destinado para ser a nossa glória.
8 Nenhum dos senhores deste mundo teve conhecimento dela. Se a tivessem conhecido não tinham crucificado o Senhor, a quem pertence toda a glória.
Paulo muda então a perspectiva. Nós falamos com a sabedoria de Deus que é o Evangelho de Jesus Cristo. Essa sim é que tem poder para transformar vidas com valor eterno.
Percebemos nestes versículos algumas coisas…
A sabedoria do Evangelho antes era um mistério para as pessoas. Esteve oculta, embora depois fosse revelada em Cristo Jesus.
Dessa forma, o mistério fora revelado em Cristo Jesus. E se contextualizarmos com o AT, percebemos que todas as profecias apontavam a este mistério. As profecias do Messias foram cumpridas em Cristo Jesus.
O oculto foi revelado e o profetizado foi cumprido.
Vemos estas duas verdades juntas em Romanos 16:25-27Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé; Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém”.
Significa isso que crer apenas no AT não é suficiente, porque se assim fosse, os judeus seriam salvos. O próprio Paulo teve que ter um encontro com a pessoa de Jesus.
Diz-nos ainda o texto de Coríntios “mas que Ele, desde sempre, tinha destinado”.
Percebemos então que o Evangelho não é um recurso usado por Deus para algo que Ele não tinha pensado e determinado.
O Evangelho não pode ser encarado como um remendo para um problema originado por Satanás e depois manifestado em Adão e Eva – e por conseguinte a todos nós - com o seu epílogo na Cruz de Cristo.
A imutabilidade de Deus garante que Ele não muda nos Seus propósitos.
Assim, foi Deus que preordenou, antes da eternidade, que a Sua sabedoria fosse revelada naquele momento na Cruz.
O apóstolo Pedro refere precisamente isto em 1 Pedro 1:19-20Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós”.
A lógica é esta… Como podiam os cristãos em Corinto, e todos nós, aceitar uma sabedoria que vinha de homens que não conheciam a Deus?
Como podiam, ou como podemos aceitar, que homens que não são cristãos digam como é que nós devemos viver a vida e fazer as nossas escolhas diárias?
Os padrões não são os mesmos. O foco não é a Cruz até porque para eles é loucura.
Daí que muitas vezes ouçamos cristãos a dizer que ouviram pessoas não cristãs a dar conselhos e quando reflectiram nas palavras que foram ditas chegaram a esta conclusão… “não é isto que Deus quer. Não é isto que Deus diz na Sua Palavra”. Pudera… Os ímpios não conhecem a sabedoria de Deus revelada em Cristo Jesus. Mais uma vez… O Evangelho para eles é loucura!
A mensagem da Cruz é suficiente para nós, é eficaz e resolve o maior problema do ser humano. Achamos o Evangelho poderoso?
Reparemos também nesta aparente ironia… Os homens e as autoridades, segundo o V8, que se diziam sábios e que crucificaram o Senhor Jesus, estavam a realizar os propósitos de Deus.
Actos 2:23 Jesus foi entregue conforme o plano previsto na sabedoria de Deus e vocês mataram-no, crucificando-o por meio de homens iníquos”.
Actos 4:27-28 Na verdade, Herodes e Pôncio Pilatos aliaram-se, aqui nesta cidade, com gente de outras nações e com israelitas, contra o teu santo servo Jesus, o teu Messias. Desta maneira realizaram tudo aquilo que tu, pelo teu poder e sabedoria, já tinhas decidido que ia acontecer”.
Deus determinou antes da fundação do mundo que este mistério oculto fosse manifestado na Cruz. Não foi uma solução de recurso.
Será no entanto que esta sabedoria é vista por todos? Será que ainda é oculta para alguns? Como é que se manifestou até nós? Como poderemos ter acesso a esta Graça?
9 Mas como diz a Sagrada Escritura: Deus já preparou para os que o amam coisas que nunca ninguém viu, nem ouviu, nem passaram pela ideia de ninguém.
Este texto é uma citação de Isaías 64:4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera”.
Percebemos então que a sabedoria de Deus não pode ser descoberta pelos nossos olhos ou pelos nossos ouvidos e nem a fé é descoberta pela mente/razão.
Como temos acesso?
10 Mas Deus deu-nos a conhecer isto por meio do Espírito. Com efeito, o Espírito penetra em tudo, até nas profundezas dos planos de Deus.
Se de facto somos cristãos ou experimentados (texto), é porque na verdade Deus revelou-se a nós através do Seu Santo Espírito. Por nós mesmos, não conseguiríamos ter acesso a essa dádiva.
Deus manifestou-se publicamente ao enviar o Seu filho até à Cruz, no entanto, há uma obra particular através do Espírito Santo nas nossas vidas ao ter-nos dado um novo coração (regeneração) para que então pudéssemos crer.
Paulo afirmou convictamente, usando uma citação de Isaías, que não é pela nossa percepção e nem é por nada que façamos pelo qual somos salvos. É o Espírito que nos capacita, ao dar-nos um novo coração, para respondermos em fé e assim sermos salvos.
Não são novas informações que chegam até nós que nos fazem sábios. É precisamente o Espírito Santo que entra nas nossas vidas para então sermos sábios com a sabedoria do próprio Deus.
Como é que o Espírito Santo chega até nós? É através de quê?
11 Quem é que conhece bem o homem, a não ser o seu próprio espírito? Do mesmo modo, só o Espírito de Deus conhece o coração de Deus.
Quem na verdade conhece as nossas vidas? Quem na verdade conhece quem na realidade nós somos? Quem conhece todas as nossas acções e os nossos pensamentos?
Podemos enganar muitas pessoas, mas a nós e ao nosso Deus não enganamos.
Por outro lado, quem pode conhecer a Deus? Diz-nos o texto que só mesmo o Seu Espírito. Só mesmo Deus é que conhece a Deus. Ninguém de fora de Deus conhece o próprio Deus. No entanto, Deus revelou-se até nós em Cristo mas também nas Escrituras.
Assim, entendemos que a revelação das escrituras são a relevação do próprio Deus até nós, sendo que o Espírito Santo inspirou homens a escrever a Palavra de Deus.
É isso que iremos ver nos versículos seguintes…
12 E nós não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito que vem de Deus para assim podermos reconhecer tudo o que Deus nos deu.
13 São estas coisas que eu dou a conhecer não com ensino baseado na sabedoria humana, mas com o ensino que vem do Espírito. Dou a conhecer, aos que vivem pelo Espírito, as coisas que se referem a esse mesmo Espírito.
A quem será que a palavra “nós” se refere? A todos individualmente, ou aos apóstolos e aos outros escritores da Palavra?
Analisando o V13 que é a continuação do V12, percebemos que Deus inspirou homens a escreverem as Escrituras.
2 Pedro 1:20-21 Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.
Por isso, acreditamos na Inerrância das Escrituras.
Qual a importância da Palavra revelada?
A Palavra revelada é o meio pelo qual Deus determinou que o Seu povo fosse salvo através da acção do Espírito Santo.
O Espírito Santo age na vida das pessoas através da proclamação do Evangelho, da Palavra revelada. Falámos precisamente disso no capítulo 1.
Percebemos então o conceito de Inspiração… Homens usados por Deus para escreverem a Sua Palavra. E sabemos que a revelação de Deus terminou. Nada pode ser acrescentado ou retirado.
14 Ora, o homem natural não aceitas as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
O homem natural, isto é, o homem não regenerado pelo Espírito Santo, não compreende as coisas de Deus. São loucura para ele ainda que as possa respeitar em alguma medida.
Reparemos no texto… “O homem não aceita… porque não pode entendê-las”.
Há aqui uma ligação. Porquê? Porque o homem natural, o não cristão, está preso ao seu orgulho e por isso não consegue e não pode entender a beleza do Evangelho.
Por outro lado, os cristãos são iluminados pelo Espírito Santo para discernirem e entenderem o Evangelho que é o poder de Deus para todo aquele que crê.
Toda compreensão que tivemos aconteceu porque o Espírito Santo regenerou o coração. E ao analisar 1:23, percebemos que aqueles que têm o coração regenerado pelo Espírito Santo é porque foram chamados de forma particular por Deus.
Saber disto faz-nos ser gratos!
Tudo isto não invalida o facto de não conseguirmos entender todas as coisas e até mesmo de necessitarmos de alguém que as explique para a nossa compressão.
15 Porém, o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.
Será que vemos aqui a defesa de que ninguém pode julgar ninguém? Ou então, como quem diz “Eu sou cristão logo não posso ser julgado por outro”. Será que é isto?
A palavra “julgar”, neste versículo, tem o sentido de “discernir”.
Percebemos assim que o homem natural não tem capacidade para discernir a vontade ou os desejos do cristão, até porque para ele são loucura.
Provavelmente muitos de vós ao partilharem a forma como vêem a vida e projectam o vosso futuro às pessoas que não conhecem a Deus, tudo parece loucura e não conseguem compreender o que dizemos.
Até podem entender algumas coisas, achando bonito o que dizemos, mas outras com certeza que não.
Não tenhamos medo de sermos chamados de loucos. Em certa medida, isso é a certeza que estamos a caminhar provavelmente no caminho certo.
Há críticas que nos fazem que as devemos entender como elogios para com a acção do Espírito Santo na nossa vida.
16 Quem poderá conhecer o entendimento do Senhor? Quem será capaz de lhe dar conselhos? Mas nós temos o entendimento de Cristo.
Dessa forma, aqueles que entendiam o que Paulo estava a ensinar é porque na verdade tinham a “mente de Cristo”. Ou seja, fora-lhes dada essa capacidade de discernimento espiritual.
Quem tem a “mente de Cristo” consegue ver e discernir as coisas de Deus. Consegue também perceber e entender a mensagem da Cruz como uma obra majestosa da Graça do nosso Deus.
Assim podemos compreender algumas verdades (repetidas tal a importância) para então entrarmos em assuntos mais práticos na vida da Igreja de Corinto
1º Toda a sabedoria que não tenha base bíblica deve ser considerada por nós como uma mera opinião e por isso sem qualquer valor eterno.
Há frases muito bonitas e algumas até aparentemente boas. No entanto, quando as vamos analisar, nada mais são do que uma mera sabedoria do mundo e por isso não têm qualquer respaldo bíblico.
Assim, rejeitemos para a nossa vida espiritual todos os princípios que não estejam centrados no Evangelho.
É através da pregação do Evangelho que vidas são mudadas (Igreja acolhedora – Pregação do Evangelho).
Nós iremos perceber o porquê desta insistência de Paulo nesta carta, melhor ainda, ao olharmos para a nossa vida talvez percebamos a necessidade constante de repetirmos estas verdades.
Apenas uma nota neste ponto: Hoje em dia quando falamos das consequências do Evangelho aos cristãos, alguns deles já vão considerando loucura. Não é em vão que Apocalipse 3:20 (“Eis que estou à porta”) dirige-se à Igreja.
Precisamos que haja conversão nas nossas vidas…
2º A arrogância não entende a acção transformadora do Espírito Santo na vida dos outros.
O apóstolo Paulo diz que os ímpios acham loucura o Evangelho por causa da arrogância e do orgulho pessoal e olham para os outros com a mesma atitude.
Entendendo esta perspectiva, será útil também perguntarmos se entendemos esta “Graça transformadora” na vida dos irmãos que estão ao nosso lado (Abrir caminho para a próxima semana).
Precisamos de pessoas na nossa vida, que em vez de criticar por criticar, expõem o nosso pecado – segundo o texto só podem ser cristãos porque para os outros é tudo loucura não tendo por isso capacidade de discernir as coisas de Deus – e então, face a isso, ajudam-nos a buscar a restauração em Cristo Jesus. "Opinion makers" é tudo o que não precisamos.
John Knox quando se sentia em baixo e mesmo nos últimos dias da sua vida, apenas dizia à sua esposa com amor “Prega-me o Evangelho”.
Damos nós valor ao Evangelho?
Todas as mudanças operadas pelo Evangelho tem efeitos passados, presentes e futuros. Sejamos gratos!
 3º Se aceitámos o Evangelho de Deus, foi porque o Espírito Santo operou em nós e deu-nos a capacidade de escolhermos a Deus.
Não será este o maior motivo para vivermos em gratidão constante?
“Eu nada sou e tudo o que tenho e principalmente o que vou ter, o terei pela Tua enorme Graça”.
Onde há Graça, não há merecimento.
4º Percebermos que Deus salva através da proclamação da Sua Palavra, motiva-nos a proclamá-la a toda a criatura.
Temos que ser intencionais na forma como vivemos a vida cristã começando pelos nossos lares.
A Palavra de Deus tem de estar no centro das nossas vidas porque são as Escrituras que indicam o caminho.
Em certo sentido, quem quer apenas Deus e rejeita a Sua Palavra, no sentido que não a lê e nem a estuda, deseja apenas ser abençoado, talvez achando que merece as bênçãos de Deus. Por outro lado, também não deseja ver a sua vida modificada.
Toda a vez que nos encontramos com a Escritura, a nossa vida tem que mudar obrigatoriamente.
Precisamos de ler, estudar e viver a Palavra em família.
Precisamos de ensinar aos nossos filhos que a Palavra é muito importante.
Em última análise, se a Palavra não está no centro do nosso lar, é porque Deus ainda não é o Senhor.
Como é bom ver algumas famílias na Igreja Baptista da Graça a tomarem resoluções de fazerem o culto doméstico. Obviamente que será uma luta diária… Mas não desistam. Vale a pena!
No entanto lembrem-se que viver a vida cristã não se resume apenas ao culto doméstico, apesar de muitas coisas começarem por aí.
Noutra perspectiva, vamos usar todos os meios para partilharmos a Palavra de Deus aos nossos amigos. Não tenham medo de partilhar a vossa fé.
Os irmãos nem imaginam as pessoas que começaram a frequentar as Igrejas por causa das redes sociais e páginas de Internet.
Se é um meio que temos, porque não usamos?
Tudo o que temos é do Senhor e para o Senhor.
Sejamos intencionais embora que para alguns isto possa parecer loucura…

Que Deus nos ajude…

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

I Cor. 2:1-5

1 Por isso, irmãos, ao chegar à vossa terra não fui anunciar-vos o plano de Deus com grandes discursos e muita sabedoria.
O apóstolo Paulo sentia que o Evangelho estava a ser colocado em causa na forma como estava a ser ensinado aos cristãos.
Interessante notar, que o fervor que Paulo tinha pela proclamação do Evangelho, era o mesmo fervor que ele tinha para ensinar doutrina e, assim, corrigir qualquer desvio doutrinário. Mesmo nas mais pequenas coisas.
Neste versículo, percebemos que há aqui um elo de ligação com o texto que vem anteriormente. Ou seja, Paulo exortou-os a pregarem o puro Evangelho e pedia para fazerem isso porque essa era a medida que ele lhes tinha deixado.
Paulo tinha esta coragem de pedir que o imitassem, não com o sentido de arrogância ou orgulho, mas porque a sua vida imitava a Cristo.
Filipenses 4:9O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco”.
O foco não estava em Paulo, mas sim naquilo que Deus fazia através da vida de Paulo.
Esta preocupação para com a pregação clara e pura do Evangelho tinha uma razão de ser.
Em II Cor. 10:4-5 vemos Paulo a combater ideias “Sofistas”. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas, e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo”.
Muito interessante notar também o que diz Platão sobre os sofistas - “os sofistas não se preocupam em absoluto com obter a solução certa, mas desejam unicamente conseguir que todos os ouvintes estejam de acordo com eles”.
Sendo assim, podemos perceber que a principal preocupação naquela altura, era com o discurso retórico voltado para as pessoas e para com as suas necessidades, para que assim ficassem “encantadas” com o orador. Discurso voltado para o agrado de quem o ouve.
Muitos de vós devem saber que fui comercial numa empresa de expressão mundial e outra local. Tínhamos muitas formações de vendas para sabermos como deveríamos chegar até ao cliente. Éramos bombardeados dia após dia com essas informações. A ideia básica passava por servir as necessidades do cliente satisfazendo-o com os nossos produtos, para que ficassem fidelizados à companhia.
Muitos pensam que a proclamação do Evangelho está relacionado com “Marketing ao serviço da Igreja”. Saber que necessidades as pessoas têm, servi-las, falar o que elas gostam, para que consigamos que elas venham à Igreja e depois que se possam manter.
Com isto, estamos a criar, como se fosse possível, um evangelho ao sabor da pessoa. Aliás, muitas vezes criam até ambientes (um piano a tocar no momento do apelo, as luzes mais baixas, etc.) para que seja mais fácil as pessoas tomarem uma decisão por Cristo.
No entanto, tal como temos visto, uma pessoa não cristã não sabe quais são as suas necessidades. Os seus olhos estão fechados. No entanto, Deus desafia-nos a proclamar o Evangelho tal como ele é. Ele simplesmente diz “Prega o Evangelho e eu darei o crescimento. Simplesmente prega e não te preocupes com mais nada”.
Vejamos o que diz 1 Coríntios 3:6Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”.
Muito curioso notar o que diz Paul Washer “Se pregamos o que as pessoas gostam de ouvir, elas ficarão convertidas a si próprias e, depois, ficarão apenas na Igreja enquanto as coisas lhe agradarem quer aos olhos, quer também aos ouvidos”.
2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este ressuscitado.
Numa leitura mais desatenta deste versículo e ao não contextualiza-lo com os outros textos bíblicos, poderíamos achar que a única coisa importante na vida da Igreja é a pregação sobre Cristo e o resto é secundário.
No entanto, podemos dizer de forma convicta, que pregar Cristo ressuscitado é fundamental para a vida da igreja, embora seja também necessário pregar todo o conselho de Deus, o qual deriva do entendimento correcto da obra de Cristo.
É precisamos isso o que diz Atos 20:27Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus”.
Paulo ficou ano e meio – Actos 18:11 – a ensinar então toda a Palavra de Deus.
 No entanto, o foco da sua pregação para os ímpios era a pessoa de Jesus Cristo e a Sua obra na Cruz. Porquê? Porque até essas pessoas crerem, não há nada mais importante que nos possamos dizer ou até mesmo fazer.
Tal como temos falado, a maior necessidade do ser humano é de reconciliar-se com Deus.
Não há outro Evangelho a não ser o “Evangelho de Jesus Cristo”, o qual foi crucificado e no 3º dia ressuscitou.
Se isso não fosse verdade, era vã a nossa fé (I Cor. 15:14).
Curioso notar também neste V2, Paulo a dizer que “nada decidi saber entre vós”. Significa isto que ele não queria saber dos gostos pessoais de cada um, para assim poder agradá-los. Ele simplesmente quis pregar o puro Evangelho.
Não se preocupou em agradar as pessoas, mas sim agradar o próprio Deus. E ele sabia que a mensagem que faria toda a diferença era a “Mensagem da Cruz2.
Por outro lado, Paulo também não queria saber nada mais deles, porque quem os definia era Cristo e não as coisas. Logo, não havia pessoas mais ou menos importantes dentro da comunidade.
Quando temos esta percepção, é porque sabemos que Cristo é tudo para nós.
Em tudo o que existe, Cristo é quem dá consistência, une as partes todas e faz uma só.
Sem Cristo a vida não faz sentido.
Imagem de um Puzzle
* Peças soltas – Não sabemos a razão de certas coisas.
* Começa-se a perceber de onde são – Deus mostra que tudo encaixa no Seu divino propósito. Não são mais as coisas que nos trazem sentido, mas sim o próprio Cristo.
* Percebemos como tudo está tão ligado – Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.
* Puzzle final sempre de acordo com a Sua vontade. – Aceitamo-lo porque Jesus é Senhor e devemos glorificá-lo em todas as coisas e tudo isto será para o nosso bem.
3 Entrei no vosso meio como um homem sem forças, cheio de medo e ansiedade.
Antes de chegar a Corinto, Paulo foi espancado e preso em Filipos – percebemos isso na carta aos Filipenses – expulso de Tessalónica e Bereia e foi maltratado em Atenas. Por isso, ele afirma que foi fraco fisicamente até ao meio deles.
Será que isso fê-lo desistir? Com toda a certeza que não.
Foi na certeza que Cristo é tudo em todos, que Paulo proclamou a mensagem. Foi ao reconhecer a sua fraqueza que ele tornou-se forte no Senhor.
Não usou técnicas de manipulação e nem usou de autocomiseração para mostrar o seu “aparente valor”.
4 E a minha mensagem, a minha pregação, não foi marcada pela persuasão da sabedoria humana, mas pela manifestação do Espírito e do poder de Deus,
Mais uma vez… A preocupação do apóstolo Paulo passava por pregar com fidelidade aquilo que recebeu do Senhor Jesus.
No entanto, quando ele diz que a pregação dele não foi marcada pela persuasão da sabedoria humana, significa isto que a mensagem do Evangelho é sempre a mesma e, por isso, não pode ser contextualizado ao proclamado ao “sabor” dos ouvintes. As pressões culturais foram claramente ignoradas por Paulo.
Não podemos pensar com isto tudo, que Paulo era um comunicador fraco e apenas escrevia estas coisas para desculpar-se da sua pouca eloquência ou sabedoria.
Antes pelo contrário, em Actos 14:12 percebemos que face à sabedoria com que Paulo falava, foi-lhe dado o nome de Hermes pelos pagãos, que nada mais era do que o deus grego da comunicação.
Dessa forma, a preocupação de Paulo não era que os seus “ouvintes” ficassem impressionados com o “orador”, mas sim com a Senhor desse orador.
Nada podia distrair do foco/conteúdo da própria mensagem. Nada de artifícios. O centro era sempre o Evangelho.
D. A. Carson “É a verdade e o poder do Evangelho que têm de mudar a vida das pessoas, e não o glamour da nossa oratória ou o poder emocional das nossas histórias”.
Qual o objectivo? Porquê tanta preocupação com a proclamação da mensagem da Cruz?
5 Para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
A vida do cristão tem que estar apoiada em Deus e não em qualquer outra coisa.
O significado e a razão do nosso viver só pode ser Cristo.
Podemos perder tudo, ainda que possamos ter muita dor, mas mesmo assim dizermos de forma convicta… Jó 19:25-29 Porque eu sei que o meu Redentor vive… Eu sei que o Deus da vida é o meu libertador e Ele tem a última palavra contra a morte. E, depois de assim se ter desfeito a minha pele, de novo vivo, poderei ver a Deus. Hei-de vê-lo a meu favor, hei-de vê-lo com os meus olhos, sem estranhar. O meu coração anseia por que isso aconteça”.
Temos sentido a nossa fé firmada no poder do nosso Deus? Ou vacila facilmente perante as adversidades da vida?
Aplicando…
1º Quando queremos o Evangelho e alguma coisa mais, é porque o próprio Evangelho em si não nos chega.
Se alterarmos a mensagem achando que assim será mais fácil as pessoas chegarem ao conhecimento da verdade, em certo sentido é porque achamos que aquilo que Deus diz na Sua Palavra talvez não seja assim tão poderoso para salvar vidas. Em última análise, estamos a dizer que o poder está em nós e não no Espírito Santo.
Quando proclamamos o Evangelho, oramos para que o Espírito Santo leve os ouvintes a dar glória a Deus e não glória a nós próprios.
É Deus que tem de ser louvado e não a nossa eloquência.
Quem tem a necessidade de ser reconhecido pelos outros, é porque a aceitação de Deus não lhe chega. Ou seja, ser uma pessoa reconhecida não é pecado, é pecado sim quando fazemos ou proclamamos algo para sermos reconhecidos pelos homens.
2º Nós pregamos a perfeição de Cristo porque se fosse pela nossa perfeição, então não teríamos nada a dizer.
No entanto, se falássemos e não lutássemos para sermos perfeitos, então aí seríamos uns hipócritas.
Martyn Lloid-Jones "O Evangelho não é algo que fazemos, é uma proclamação e um anúncio do que Deus já fez".
Tal como temos visto, nós não vivemos para conquistar, nós vivemos porque já fomos conquistados por Cristo. E é essa conquista que nós queremos proclamar.
3º Se a maior necessidade das pessoas é ouvirem o Evangelho, logo faz todo o sentido que a missão principal da Igreja seja a proclamação do Evangelho.
O bem que podemos fazer pelas pessoas eternamente é muito mais poderoso do que o bem que podemos fazer a nível, por exemplo, social ainda que tenhamos essa responsabilidade.
4º Quando estamos preocupados com a beleza do nosso discurso, é porque na verdade não consideramos que o Evangelho em si seja belo.
Quem se preocupa em agradar as pessoas para que estas fiquem encantadas com a eloquência do seu discurso, é porque na verdade não está preocupado com estas vidas na verdade. A preocupação destas pessoas é a sua própria Glória e não a Glória de Deus.
Quando ouvimos as pregações pensamos “Este pregador é espectacular” ou “Este pregador prega a Palavra da Verdade… Deus é tremendo”.

Se pregarmos e vivermos a Palavra, tenhamos a certeza que as nossas vidas estarão firmadas no Senhor.

Ao chegarem as maiores tempestades da vida ainda assim podemos dizer convictamente “Eu sei que o meu redentor vive”. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

I Cor. 1:26-31

26 Irmãos, pensem no que eram quando foram chamados por Deus. Do ponto de vista humano não eram muitos os sábios, os poderosos ou os da alta sociedade.
A semana passada percebemos que a mensagem do Evangelho desfaz por completo o nosso orgulho. Percebemos mais na perspectiva de quem rejeita a mensagem do Evangelho.
No entanto, quem aceita a mensagem do Evangelho e tem fé no Senhor Jesus terá motivos para gloriar-se em si próprio?
Para responder a esta pergunta, Paulo continuou com a mesma tónica ao mostrar-lhes quem de facto eles eram antes de Deus os salvar.
Ver as coisas em perspectiva certamente nos ajudará a perceber a dimensão da acção da Graça de Deus.
Dessa forma, Paulo relembrou-os – diz o texto “não muitos”, o que significa então maioria e não unanimidade – que eles não eram “sábios” aos olhos do mundo ou pessoas com influência (poder*) e nem tinham nascido em berço de ouro.
Em certo sentido, estes são os padrões humanos para percebermos o valor de uma pessoa. A cultura, o poder ou a influência e a classe social.
Paulo mostrou-lhes assim que estes valores não tinham importância nenhuma para Deus.
Porquê? Por que Deus chamou-os na mesma para Si. Ou seja, Deus não fez acepção de pessoas para a salvação. Ser influente ou rico, para Deus, não era requisito para salvar essa pessoa.
A graça de Deus atinge qualquer pessoa de qualquer classe social, de qualquer etnia, de qualquer sexo e de qualquer nível de conhecimento.
Quando lemos na Bíblia que Deus salvou todos os homens, a palavra “todos” no original tem como um dos seus significados “qualquer tipo de pessoa”. Então, Deus salvou todo o tipo de pessoas.
O importante é percebermos que não foi por qualquer mérito nosso, ou por algo que tenhamos, que Deus nos salvou.
Se houvesse algo bom em nós para que Deus nos salvasse, logo não seríamos salvos pela Graça. Seríamos salvos pela retribuição ou pelo facto de Deus nos dever algo.
Paulo escreveu o primeiro capítulo para combater qualquer tipo de orgulho.
Parece que é repetitivo, no entanto, foi necessário para a compreensão daquelas pessoas e, por conseguinte, para a nossa compreensão.
Saber quem éramos sem Cristo
V27-28 Pelo contrário, Deus escolheu aqueles que os homens tinham por ignorantes para envergonhar os sábios e aqueles que os homens tinham por fracos para envergonhar os fortes. Deus escolheu os que no mundo não têm importância nem valor para deitar abaixo os que parecem importantes.
Vemos nestes dois versículos 2 coisas importantes:
Deus revelou-se ao louco, ao fraco e à pessoa mais comum, àqueles que a sociedade não dava relevância. No entanto, são esses muitos dos que crêem no Senhor Jesus Cristo.
Não foi em vão que o anjo apareceu primeiro aos pastores. E se nos relembrarmos do que foi dito em Dezembro, os pastores naquela altura não tinham muito boa reputação e nem eram considerados fidedignos, ao ponto de nem sequer lhes ser permitido dar testemunho nos tribunais.
Deus revela-se a muitas destas pessoas para mostrar que Ele não escolhe salvificamente alguém mediante o que as pessoas têm ou são. Coitados de nós se assim fosse.
Em 2º lugar, se vemos a ênfase várias vezes neste capítulo - iremos perceber também no livro todo - que Deus escolheu, é porque o homem por si só não tem como escolher a Deus se não houver primeiramente uma escolha de Deus. Nós estávamos mortos nos nossos pecados e delitos.
Obviamente que temos de escolher a Deus e manifestar dessa forma a fé. Mas se há esta escolha, foi porque Deus nos escolheu primeiro.
João 15:16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós”.
Saber e entender este ensino, faz-nos ser humildes diante de Deus e dos homens.
Deus tem prazer em anular todas as pretensões humanas de acharmos que somos alguém. Daí, tal como vimos a semana passada, Deus transforma em loucura toda a sabedoria humana.
29 Assim, ninguém se pode orgulhar diante de Deus.
Então, nenhum pecador regenerado por Deus pode dizer que foi salvo por Deus por causa do conhecimento pessoal que tinha (intelecto).
Por outro lado, também não pode achar que a sua importância pessoal foi a razão da salvação do nosso Deus.
A dignidade que nós temos perante Deus é a dignidade que Cristo nos dá, assim como, também, a importância que nós temos para Deus é a importância que temos em Cristo Jesus. Por isso dizemos convictamente que somos justificados por Deus por meio da fé.
Diante do grande tribunal iremos reflectir a imagem do Seu filho Jesus e não a nossa. Como ansiamos por esse dia…
Se tivéssemos alguma razão para que Deus nos salvasse, então seria sinal que Deus nos deveria algo.
Como não há qualquer razão para podermos ter orgulho pessoal, significa isso que Deus não deve nada a ninguém. Nós é que devemos tudo a Deus.
Lembremo-nos que Deus é zeloso para com a Sua Glória
Isaías 48:11Por amor de mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o meu nome? E a minha glória não a darei a outrem”.
Por isso dizemos de forma convicta “A Deus toda a Glória”.
30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual tornou-se sabedoria de Deus para nós em justiça, e santificação, e redenção.
Já percebemos o que pensa a sabedoria do mundo e como a mesma é inócua para com o maior problema que o ser humano tem para resolver.
Por outro lado, já entendemos que o mundo valoriza certas coisas as quais, para Deus, não têm valor algum.
Aliás, segundo o texto, Deus fez questão de chamar mais pessoas que são fracas aos olhos do mundo para salientar que a Glória deve ser dada toda a Deus.
Neste versículo iremos perceber como se revela ou como chega até nós a sabedoria do nosso Deus.
Assim, a sabedoria de Deus é manifestada de 3 formas: Em justiça, em santificação e em redenção para connosco.
O que significa “Justiça”, “Santificação” e “Redenção”? (Vamos relembrar o que já foi várias vezes ministrado na nossa comunidade).
Justiça – É a nossa posição legal diante de Deus. Ele declara-nos justos embora sejamos culpados. Somos declarados inocentes por causa das obras de Cristo.
Santificação – Relembra-nos a quem pertencemos e também o processo de assemelhação das nossas pessoas com Cristo. Processo esse que, conforme diz Kevin DeYoung, “é marcado mais pelo arrependimento do que pela perfeição”.
Redenção – A imagem desta palavra, no original, vem do antigo mercado de escravos e significava o pagamento do resgate necessário para obter a libertação do prisioneiro ou escravo. Então, nós que éramos escravos do pecado, por não cumprirmos a Lei, fomos comprados por CristoCom a Sua vida. Foi pago um resgate… Com o Seu sangue - Ouvir dizer “É meu”.
31 Deste modo, e como diz a Sagrada Escritura: Aquele que quiser enaltecer-se que o faça no Senhor nosso Deus.
Paulo não está a dizer que não nos devemos gloriar, antes pelo contrário, está a dizer sim para gloriarmo-nos somente no Senhor.
A insensatez dos coríntios revelava-se na valorização de aspectos humanos os quais, por sua vez, não são relevantes para Deus. Faziam isso para se poderem orgulhar.
O orgulho deles era tanto, que queriam usar certas coisas como quem os levou para a Igreja, quem foi que os baptizou, quem eles eram antes de Cristo e isto para terem preeminência, logo motivos para vangloriarem-se.
Tal como temos visto, o Evangelho destrói o orgulho e todo o tipo de vaidades, assim como, ensina-nos também a não valorizar aspectos que para Deus são secundários.
Então ao longo destes versículos podemos observar algumas coisas:
Podemos não saber ou lembrar quando ocorreu a nossa conversão, mas o mais importante é percebermos quem nós éramos ou seríamos sem Deus.
Paulo relembra aos coríntios quem eles eram antes da conversão que Deus operara nas suas vidas. Assim perceberiam que nada eram.
 Por vezes, podemo-nos não lembrar de quem éramos antes de termos conhecido a Cristo, o que será algo natural para aqueles que foram convertidos relativamente cedo.
No entanto, todos nós sabemos quem seríamos se não tivéssemos sido convertidos por Deus. Talvez para alguns, como eu, essa imagem seja terrível.
Percebermos isso, torna-nos humildes diante de Deus e dos homens, assim como, também, compreenderemos aqueles que ainda vivem na luta.
Nós não somos superiores a ninguém.
Quanto mais percebermos a dimensão da transformação que Deus opera em nós, mais nós desejaremos viver para ele.
Então, devemos mostrar enquanto comunidade humildade e gratidão para com o nosso Deus. Quando isto acontece, revelamos de uma forma clara e inequívoca que ninguém é superior a ninguém.
Nos momentos mais fracos da minha caminhada, vejo-me a comparar a minha vida com as outras pessoas. É inevitável quase. Raramente comparo a minha vida com aquilo que de facto devia comparar, ou seja, com aquilo que os meus pecados merecem.
Quando comparo a minha vida com aquilo que na verdade eu mereço, então eu serei eternamente grato e viverei com contentamento. E é nestas alturas que poderemos dizer de forma convicta “posso viver em toda e qualquer situação, porque é Deus quem me fortalece”.
Como sabemos se há vaidade no nosso coração? Quando achamos que há algo em nós que nos faz ser superior a alguém.
O sentimento de superioridade é pecaminoso.
Por outro lado, o sentimento de inferioridade que possamos ter (dons, ser, etc.) também não é correcto.
Lembremo-nos… Pela Graça de Deus somos quem somos e não como gostaríamos de ser.
Quando achamos que somos inferiores ou superiores vamos viver a vida de forma doentia. Faz-nos ser invejosos e maledicentes. Nunca estaremos satisfeitos com nada. Será que o sentimento de insatisfação domina a nossa vida?
Quando assim somos, não podemos compreender como se revela a sabedoria de Deus… Em justiça, em santificação e redenção.
Como pode haver insatisfação, se Deus é o Deus de toda a satisfação e alegria?
Podemos fazer também um teste para percebermos se há orgulho na nossa vida. Analisemos se no fim de dizermos ou pensarmos em alguma coisa, a conclusão a que chegamos é se Deus é bom ou se eu sou bom (intrinsecamente).
Quem puxa pelo currículo espiritual como forma de valorização sobre o outro, é porque na verdade acha que essas coisas foram “conquistadas” por si, não dando assim valor à acção do Espírito Santo.
Percebemos também neste capítulo de Coríntios, que Deus chamou-nos não por causa de sermos quem éramos, mas sim, única e exclusivamente por causa do Seu amor com o objectivo de nos transformar à Sua imagem.
Deus ama-nos muito mais do que nós imaginamos ou pensamos.
Ele tem o melhor para nós, tanto é, que Ele diz que a Sua graça nos basta. Será que isto é verdade nas nossas vidas?
Volto a perguntar? Para si Deus é suficiente? Ou precisa de arranjar prazer noutro sítio?
Lembremo-nos nos nossos momentos mais difíceis e desanimadores… Nós nada éramos, nós nada valíamos, nós estávamos em rebelião com o nosso Deus, nós estávamos mortos nos nossos pecados e delitos, mas mesmo assim Deus colocou a Sua Graça sobre as nossas vidas. Tal como diz Rom. 11:5, a “Eleição da Graça”.
Sente-se grato? Tem prazer em viver a vida conforme a Palavra de Deus?

Desafio… Viver em gratidão e não murmuração. Partilhar esta boa-nova com as pessoas à sua volta. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

I Cor. 1:18-25

Percebemos até agora quem Deus é e nessa medida que nós devemos ser enquanto cristãos.
Quando estamos ligados a Cristo, só podemos estar ligados uns aos outros para então mostrarmos que em Cristo há reconciliação.
Temos de pregar o puro Evangelho… O Evangelho da Cruz de Cristo.
Hoje iremos pensar no valor dessa mensagem e o resultado que a mesma tem sobre as mais diversas pessoas.
18 Com efeito, a mensagem da cruz é uma loucura para os que não se salvam. Mas, para nós que recebemos a salvação, é a manifestação do poder de Deus.
Em Corinto, o discurso elaborado em muito bem visto. Palavras eloquentes eram consideradas de grande valor mesmo na comunidade cristã.
Valorizam mais a forma do que propriamente o conteúdo.
A principal preocupação, em alguns cristãos em Corinto, não era a certeza de que estavam a pregar de forma correcta o Evangelho da Cruz de Cristo, mas sim em que os seus ouvintes ficassem “apaixonados” pelo discurso que tinham ouvido.
Isso acontece quando no fim de uma pregação os ouvintes ficam mais fascinados com o pregador do que com o Deus do pregador. Tornam-se seguidores de homens e não de Cristo.
Assim, percebemos as razões de haverem vários grupos na Igreja.
Paulo sentiu a necessidade de esclarecer o efeito que a mensagem da Cruz tem sobre aqueles que a ouvem. Algo contrário às expectativas de quem lesse estas palavras.
Ao lermos este versículo percebemos que Paulo preocupou-se mais com o conteúdo da mensagem do que qualquer forma de pregar.
O conteúdo da mensagem só pode ser a Cruz pois é o meio pelo qual Deus usa para salvar aqueles que Ele disse que ia salvar por meio da Cruz.
Quando dizemos que o Evangelho tem de passar obrigatoriamente pela cruz de Cristo, assumimos que Deus é o centro do próprio Evangelho e não os nossos desejos ou ambições pessoais.
Por isso, lembremo-nos que o Evangelho é o poder de Deus para aqueles que são salvos e será considerado loucura para aqueles que não crêem.
É por isso que iremos mudar a mensagem? Será que temos que adaptar a mensagem para que mais pessoas possam crer?
Quando mudamos a mensagem para que mais pessoas possam crer, no fundo estamos a dizer que, talvez, o Espírito Santo não tenha poder para salvar da maneira como Deus disse que ia salvar o seu povo, ou seja, através da mensagem da Cruz.
19 Diz a Sagrada Escritura: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.
20 Onde está o sábio? Onde está o doutor da lei? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?
O livro de provérbios mostra-nos que a verdadeira sabedoria passa por vivermos no temor do Senhor.
Este versículo é uma citação de Isaías 29:14 e é usada para enfatizar, mais uma vez, que Deus destrói a sabedoria humana porque a mesma não revela temor ao Senhor.
Iremos perceber essa destruição de forma plena e completa quando Cristo estabelecer o seu reino.
Naquela época era unanimemente aceite que ser sábio passava por abraçar uma filosofia de vida centrada no homem.
Desta forma e segundo essa filosofia, tínhamos que tornar a nossa vida compreensível aos nossos olhos. Assim, as nossas escolhas, os nossos valores e as nossas prioridades revelariam os nossos anseios pessoais.
Também diziam que quem abraçasse esta filosofia humanista acharia sentido para o universo, para a vida e para a morte.
É neste contexto que Paulo escreve e diz que Deus destrói toda a filosofia humanista com o quê? Com o próprio Evangelho.
Significa isso então, que o Evangelho não é uma filosofia humanista, isto é, não coloca as nossas vidas no centro de tudo e mostra-nos de uma forma clara que em nós não há resposta para a vida, nem para a morte e nem para o Universo.
O Evangelho não é uma mera filosofia, porque toda a filosofia e toda a sabedoria humana falham em lidar com a maior necessidade do ser humano e é precisamente aí que o Evangelho tem resposta. É precisamente aí que o Evangelho é eficaz.
21 Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu pela sua própria sabedoria, aprouve Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação.
Foi o próprio Deus que fez com que os homens não o conhecessem através da sabedoria humana. Para quê? Segundo Efésios 2, Deus fez isso para que não ninguém se gloriasse nele próprio. Fez assim para que possamos entender que tudo é pela Sua graça.
Deus fez com que aqueles que cressem, cressem através da pregação do Evangelho. E é por meio da fé, e não por causa da fé, que nos apoderamos desta maravilhosa Graça.
Deus determinou os meios para que a Salvação chegasse até nós… Através da pregação do Evangelho da Cruz de Cristo.
Mais uma vez notamos aqui a importância da pregação do Evangelho*. Ele é poderoso. Nada mais é.
22 De facto, os judeus pedem sinais milagrosos e os gregos procuram sabedoria.
23 Mas nós anunciamos Cristo que morreu na cruz. Isto causa horror aos judeus e parece uma loucura para os não-judeus.
Mesmo tendo acesso à mensagem poderosa, os judeus pediam várias vezes sinais de que Cristo era o Messias prometido. Várias vezes vemos isso a acontecer no NT.
Os judeus não viram os maiores sinais que Deus houvera mandado para mostrar que Cristo era o Seu filho. Nascimento virginal, a Sua morte e a Sua ressurreição.
Os judeus queriam viver a sua vida por sinais. Revelavam então dúvida para com a Palavra de Deus. Nós não vivemos por sinais, vivemos pela Palavra. Ele é que dá vida.
Cristo foi o sinal dado por Deus mas para os judeus, no entanto, Cristo foi a principal pedra de torpeço para as suas vidas.
Os gentios procuravam sabedoria. Mais uma vez encontramos a necessidade do homem encontrar respostas mediante a razão humana.
Nesta altura, os sábios gostavam de ter coisas concretas para poderem discutir e assim usarem os seus discursos eloquentes.
A mensagem da Cruz destrói tanto a necessidade dos sinais, como também destrói o pretenso valor da sabedoria humana como fonte de resposta às necessidades reais do ser humano, ou seja, a reconciliação com o nosso Deus.
Nenhuma sabedoria humana conseguirá resolver este problema.
24 Mas para aqueles que foram… Chamados, quer sejam judeus quer não, Cristo é o poder e a sabedoria de Deus.
25 Na verdade, aquilo que nas obras de Deus parece loucura tem muito mais sabedoria do que toda a sabedoria humana e aquilo que parece fraqueza tem muito mais força do que toda a força humana.
Percebemos até agora que a pregação é o meio usado por Deus para a salvação dos que crêem.
Quem são os que crêem? Por que será que crêem?
Segundo o V24 os que crêem são aqueles que foram chamados.
Deus chamou e fez com que essas pessoas fossem salvas através da Sua Palavra e assim pudessem crer.  
Analisando tudo o que foi dito ao longo destas 3 semanas, nenhum sábio deste mundo morreu por nós na Cruz.
Por outro lado, Cristo deu a Sua vida para salvar aqueles que o Pai lhe houvera dado.
João 17:24-26 "Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja".
Ao olharmos para este texto de Coríntios, percebemos que o Evangelho foi e tem que ser pregado a toda a criatura. Quer aos judeus, quer aos gentios.
Para uns esta mensagem foi e será considerada loucura, no entanto, para aqueles que foram chamados por Deus, diz-nos este versículo, Cristo é o poder e a sabedoria de Deus.
É nesta certeza que temos que fazer missões. Deus salva.
Percebemos assim pelo menos 3 verdades…
1º Os ímpios consideram a mensagem da Cruz loucura, mas Deus torna a sabedoria humana loucura.
Deus tem poder para tornar no que quer, aquilo que quer.
Por outro lado, o homem não torna loucura a mensagem da Cruz. Ela considera-a de loucura.
Entender esta distinção faz toda a diferença.
2º Se a nossa vida fala mais de nós do que de Cristo, é porque ainda não entendemos que quem deve estar no centro é Deus.
A mensagem da Cruz revela-nos de uma forma muito clara que Deus é o Evangelho. Sendo assim, Ele tem de estar no centro da nossa vida.
Temos de ter cuidado, tal como diz Calvino, porque o nosso coração é uma fábrica de ídolos. Rapidamente passamos a estar como número 1 das nossas vidas.
Como discernir? Se analisarmos tudo o que fizermos e tudo o que desejarmos fazer e descobrirmos mais vestígios do nosso eu do que de Cristo, é porque afinal ainda não entendemos o propósito para o qual fomos conquistados nesta vida.
Dizemos que somos forasteiros neste mundo, mas por vezes vivemos (sonhos, ambições, etc.) como se fossemos deste mundo.
Nenhuma sabedoria humana interessa porque o centro da mesma não é a Cruz. No entanto, esta Sabedoria é muito apetecível porque faz-nos acreditar que nós somos o centro do Universo.
Nenhuma sabedoria humana reconcilia o homem com Deus e esta é a maior necessidade do ser humano.
Hoje as pessoas valorizam mais a “auto-ajuda” e a “auto-realização” do que propriamente pensar no facto que Deus enviou o Seu único filho para reconciliar vidas com Ele.
Quem é que morreu na Cruz? Cristo. Logo, Ele tem de estar no centro da nossa vida.
Deus torna loucura a sabedoria deste mundo. A sabedoria deste mundo não nos leva a lado nenhum e não resolve o grave problema do pecado e da eternidade.
O Evangelho é o poder de Deus para aqueles que crêem.
O Evangelho destrói todo o vestígio de arrogância e orgulho no ser humano.
Antes de fazermos alguma coisa pensemos sempre “Qual a lição que eu aprendo com o Evangelho?”*.
3º Temos que levar o Evangelho a toda criatura ainda que só alguns possam crer.
Nós acreditamos no Deus que salva pela Graça, que vence qualquer barreira de incredulidade para manifestar o Seu poder.
No entanto, isto não anula a nossa necessidade de respondermos em fé na pessoa do Senhor Jesus Cristo e reconhecermos que somos pecadores necessitados da Sua Graça… Arrependimento.
Preocupemo-nos apenas em pregar o Evangelho da Cruz. Deixemos de lado a eloquência e a sabedoria humana.
Que a Igreja Baptista da Graça, assim como todas as outras igrejas, possam dizer “Aqui pregamos o Evangelho da Cruz e da Cruz de Cristo que é o poder de Deus para salvar os Seus”.


Que Deus nos ajude.