quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Unidade

Igreja centrada no Evangelho… Este é o tema da nossa série de sermões tendo como base o livro de Gálatas escrito pelo apóstolo Paulo aos cristãos da Galácia.
Começámos por perceber que só existe um Evangelho. Todos os outros ensinos que não preguem Jesus como o único caminho para a Salvação são puras heresias, as quais têm apenas o objectivo de retirar Jesus do centro da nossa vida colocando lá o ser humano fazendo assim o Homem o centro de todas as coisas.
Depois percebemos que só há Evangelho porque há Graça.
Nada do que recebemos e podemos vir a receber será fruto do nosso merecimento. Tudo o que nos acontece surge como dádiva do nosso bom Deus, a qual transforma qualquer tipo de pessoa independentemente do seu passado.
Vivemos descansados porque quando Deus olha para nós, olha por aquilo que Cristo fez no passado e não pelo que nós fizemos. No entanto, temos de responder com fé a esta Maravilhosa Graça.
Depois de Deus ter criado tudo para a Sua glória, o Homem pecou e por isso Deus enviou o Seu filho Jesus para que nós também pudéssemos ser Seus filhos por meio da fé.
Como filhos de Deus devemos viver em Unidade uns para com os outros porque todos nós somos um com Cristo.
O que significa unidade? Muitas definições têm existido…
Será que é baixar a fasquia para que todos se sintam bem? Será que significa que todas as pessoas têm que pensar igual e terem ministérios iguais? Será que é o cumprimento de umas determinadas regras?
Vamos tentar responder a estas e a outras perguntas.
O tema da pregação de hoje é “Unidade”.
Gálatas 2:1-10
Conforme já vimos antes, a Igreja estava a sofrer com os falsos ensinos dos profetas os quais obrigavam os cristãos gentios, por exemplo, a circuncidarem-se para serem salvos.
Acreditavam em Jesus como o Messias mas continuavam com os rituais cerimoniais para que a salvação fosse completa.
O apóstolo Paulo era um homem que tinha amor pela evangelização porque tinha um grande amor pelo Evangelho e, nesse sentido, face ao que Deus lhe disse, ele foi a Jerusalém para enfrentar esses falsos profetas.
V1 Catorze anos mais tarde, voltei a Jerusalém. Fui com Barnabé e também levei Tito comigo.
Apesar de haver alguma dificuldade para se saber ao certo o momento em que Paulo se está a referir na sua ida a Jerusalém, há uma grande probabilidade de ter sido depois da sua segunda ida precisamente antes do concílio que depois houve nessa cidade.
No livro de Actos vemos que era um hábito seu visitar frequentemente Jerusalém.
Paulo menciona neste versículo o nome de Tito e Barnabé por causa da importância que estas duas pessoas tinham na conversa que ia ter para que pudesse mostrar-lhes o verdeiro sentido do Evangelho.
Barnabé era um judeu e era muito rico sendo que vendeu os seus bens para ajudar os cristãos que estavam a passar por muitas dificuldades por causa da perseguição que estavam a sofrer.
Este pormenor torna-se importante para depois compreendermos melhor o texto. Além disso, foi companheiro de Paulo durante a sua primeira visita missionária.
Tito era grego e por isso era considerado gentio. Ao ser gentio, não era circuncidado. Este aspecto torna-se também importante para a compreensão e aplicação da verdade bíblica. Ele era “filho espiritual” como também cooperador no ministério do apóstolo Paulo.
Paulo nesta viagem levou 2 pessoas, não para arranjar confusões – ao levar um gentio -, mas para explicar que o Evangelho tanto é para judeus como para gentios sendo que ambos são aceites por Deus pela Sua Graça mediante a fé.
V2 Fui lá porque Deus me tinha dado a conhecer que devia ir. Numa reunião particular com os responsáveis, expliquei-lhes o evangelho que eu anuncio aos não-judeus. Não queria que aquilo que tinha feito e continuo a fazer fosse inútil.
Nota: Paulo não foi designado apóstolo pelos outros apóstolos. Ele foi reconhecido apóstolo pelos outros apóstolos. Ele não precisava de ir lá para promover a sua identidade, mas sim para promover a Verdade.
Isto é uma lição para nós… Passamos muito tempo a tentar defender a nossa identidade, em vez de passarmos esse tempo a defender a identidade de Cristo porque, tal como vimos na EBD, já não é o nosso pecado que nos define, mas sim aquilo que Cristo fez na Cruz.
Como apóstolo, Paulo tinha revelações especiais da parte de Deus e numa dessas revelações, Deus enviou-o até Jerusalém. Ele não foi até a esta cidade à procura da aprovação dos homens. Ele foi em plena obediência à voz de Deus para defender o verdadeiro e único Evangelho.
Os falsos profetas acusavam-no de ele pregar outro Evangelho e por isso tentavam criar divisão dentro das Igrejas ao dizerem que Paulo pregava outra coisa que não a mensagem de Deus, mas Deus ao ter mandado Paulo a Jerusalém, sabia que era a maneira de mais portas se abrirem para que a missão de ministrar aos gentios – não judeus - continuasse.
Ao olharmos para a expressão final “Não queria que aquilo que tinha feito e continuo a fazer fosse inútil”, Paulo sente que ao colocarem em causa o seu ensino, estavam a colocar em causa tudo o que Deus tinha feito na vida dele, como também através da sua vida.
Contudo, os apóstolos reconheceram que o ensino de Paulo era exactamente o mesmo que o ensino de Jesus. No entanto, Deus tinha chamado Paulo para ministrar aos não judeus enquanto, por exemplo, Pedro tinha o seu ministério com os judeus.
Significa isso que podemos ter personalidades distintas, como também dons, talentos e ministérios diferentes mas a única coisa que não pode ser diferente é o conteúdo da mensagem.
Existe unidade quando a mesma verdade é pregada!
V3-4a) Ora bem, Tito, que estava comigo e que não é judeu, não foi obrigado a receber a circuncisão, embora alguns que se faziam passar por irmãos e se tinham juntado a nós quisessem que ele se circuncidasse.
Paulo quando levou consigo Tito serviu de exemplo para mostrar como o Evangelho era e é suficiente para salvar qualquer tipo de pessoa – judeu ou gentio - como também era e é suficiente para salvar o ser humano sem qualquer tipo de acção feita por ele. Nada pode ser acrescentado ao que Cristo fez!
Os falsos profetas bem tentaram que Tito fosse circuncidado, dizendo eles, para que fosse salvo a fé em Jesus não bastaria.
Com isto, estavam a dizer que o cumprimento de regras mais aquilo que Cristo tinha feito tornava o homem salvo. Resumidamente… Obras mais fé.
Podemos perceber o motivo da irritação de Paulo perante esta heresia.
Paulo era um homem flexível no seu dia-a-dia. Coisas que ele podia exigir mas que, para Ele, por amor a Cristo, eram coisas sem qualquer tipo de valor.
No entanto, havia uma coisa que o tirava do sério… Todos os ensinos ou acções que mostrassem que o sacrifício que Jesus fez na Cruz não tinha sido suficiente…
Não se pode nem tirar e nem acrescentar nada à mensagem de Jesus.
Esses falsos profetas propunham uma perversão completa da obra da Cruz e Paulo levou Tito para mostrar que ele não tinha que cumprir normas culturais ou moralistas para ser salvo. Se assim fosse, a salvação não seria por Graça, mas sim como recompensa perante um gesto feito.
Que tipo de exigências nós colocamos para dizermos que as pessoas são salvas? Haverá algum tipo de exigência que nós fazemos?
Só existirá unidade quando percebermos que foi Cristo que nos uniu. Porque se a salvação fosse pelos nossos méritos ou por acções nossas, certamente deixaria de haver unidade porque acharíamos superiores aos outros… (Fariseu e publicano). 
4b) -5 Esses tinham lá entrado como espiões para verem a liberdade que nós temos em Jesus Cristo, a fim de nos fazerem novamente escravos da lei. Mas nem por um momento nos deixámos levar por eles, para que a verdade do evangelho pudesse chegar intacta até vós.
Quando se tratava do Evangelho, Paulo não brincava e nem cedia. Para ele, era muito claro que todo aquele que distorcesse a mensagem da cruz era um anátema.
Neste versículo, no original percebe-se melhor, vemos mesmo Paulo a dizer àquelas pessoas que elas não eram cristãs. Ele usou a expressão “falsos irmãos”.
Logo, todos aqueles que se opõem à justificação por meio da fé, não poderão ser considerados cristãos.
Ao compreendermos a mensagem da Cruz, podemos sentir a liberdade que há em Jesus. Não para fazermos o que queremos, mas para vivermos para a pessoa que nos libertou… Jesus Cristo.
Cristo libertou-nos para quê? Para vivermos como queremos?
Sejamos claros biblicamente… Nós não temos liberdade para vivermos como queremos. Os 10 mandamentos ainda têm valor para nós e servem para sabermos como devemos viver, no entanto, não servem como sistema de salvação…
Isto é, são a nossa linha orientadora mas não são a razão da nossa salvação*.
Quando sentirmos a liberdade que há em Cristo, seremos gratos. Quando houver gratidão, então haverá obediência.
Livres para obedecer em amor por aquilo que Cristo fez! Esta é a mensagem do Evangelho.
A preocupação do apóstolo Paulo estava centrada no ensino da Verdade porque sabia que o fruto era a unidade.
Unidade entre os cristãos existirá quando soubermos que existe apenas uma Verdade a ser vivida. Por isso, não acreditar em nenhum tipo de ecumenismo.
Logo, a unidade bíblica não é fruto de acções de convívio. A unidade bíblica é fruto de uma vivência diária da Verdade a qual nos faz estar em comunhão com os nossos irmãos.
Nós não somos chamados para entreter, mas para evangelizar.
É a verdade do Evangelho que nos une. Não existe Unidade quando a Verdade é posta de parte.
Quanto mais próximo estamos de Cristo, mais próximo estaremos dos nossos irmãos.
V6-9 Aqueles que eram reconhecidos como responsáveis não alteraram em nada a minha mensagem. Na verdade, a mim nem me importa o que eles eram, pois Deus não julga pelas aparências. Pelo contrário, eles reconheceram que Deus me tinha encarregado de anunciar o evangelho aos não-judeus, tal como tinha encarregado Pedro de anunciar o evangelho aos judeus. Tal como Deus actuou por meio de Pedro, em favor dos judeus, actuou por meu intermédio para os não-judeus. Tiago, Pedro e João, que eram os mais considerados, reconheceram que Deus me tinha confiado esta missão e deram-nos as mãos, a mim e a Barnabé, em sinal de acordo. E assim, concordámos em que nos dirigíssemos aos não-judeus, e eles aos judeus.
Paulo refere que os apóstolos reconheceram o seu ensino como sendo o verdadeiro Evangelho. Não porque ele precisasse dessa autorização, mas como forma, tal como vimos, de poder levar a Palavra ainda mais longe.
Paulo não estava preocupado com o julgamento dos homens e se eles gostavam ou não da Palavra. A sua preocupação era ser fiel à mensagem de Deus.
Tanto é que ele não estava preocupado quando disse “Deus não julga pelas aparências”.  Ele menciona isso porque para aqueles judeus, a aparência era importante para mostrar aquilo que Deus e o homem tinham feito.
Estas palavras de Paulo transportam-nos para o AT - II Samuel 16:7 “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.”
Nesse sentido, tal como a circuncisão não define o povo de Deus, da mesma forma a aparência externa não define quem são os filhos de Deus. E muitas vezes julgamos pessoas ou coisas pela aparência.
A semana passada referi que o meu objectivo enquanto pastor não é pretender ser “amoroso*” naquilo que digo, mas sim amoroso na forma como falo porque o verdadeiro amor proclama sempre a verdade em amor.
Vimos isso também no chamado capítulo do amor… I Coríntios 13:1 “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.”
Saibamos que muitas vezes há verdades que ficam perdidas por se dizerem da forma errada.
Não julguemos pelas aparências, mas pela fidelidade à Palavra.
Por isso, só existirá unidade quando houver fidelidade à Palavra de Deus. Este deve ser o nosso compromisso.
Isto tanto pode ser aplicado à Igreja, como também nos nossos lares. Onde há divisões, não há vivência do Evangelho. Porque em Jesus, todas as reconciliações são possíveis.
Unidade sem fidelidade à Palavra acontecerá quando os gostos forem iguais.
Unidade como consequência da fidelidade à Palavra haverá mesmo com os gostos diferentes e opiniões até contrárias.
V10 Só nos recomendaram que nos lembrássemos dos pobres, coisa que eu sempre tenho procurado fazer.
Os apóstolos fizeram apenas uma única recomendação ao apóstolo Paulo. Que nunca se descurasse dos pobres. No entanto, como podemos ver neste versículo e também no livro de Actos, ele já fazia isso antes. Eles apenas disseram isso porque havia uma preocupação muito grande com a necessidade que os cristãos estavam a passar.
Significa isto que quando temos o coração em Deus, teremos a boca aberta para falar d’Ele às pessoas e a carteira pronta para ajudar os pobres.
Se de facto o nosso coração foi convertido pelo Espírito Santo, isso será também visível no nosso bolso. Por isso, devemos estar prontos a ajudar quem não pode.
A unidade existirá quando tivermos uma cultura de preocupação com o próximo. Qual a razão? Porque deixamos de ter a vida centrada em nós próprios e desejaremos mais viver como Cristo.
É por amor a Cristo que investimos na vida das outras pessoas!
Resumidamente…
Em Cristo somos livres não para vivermos como queremos, mas para vivermos como Ele quer e à medida que isso acontece mais união haverá entre as pessoas.
Somente em Cristo haverá verdadeira unidade e assim seremos um, como Cristo é um com o Pai e com o Espírito Santo.
Que Deus nos ajude a sermos uma comunidade onde exista unidade e isso só acontecerá quando o Evangelho for pregado como também vivido.
Onde houver falta de unidade, foi porque houve falta de Evangelho.
Que Deus nos ajude.


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Maravilhosa Graça

Não há como ser cristão e não entender a mensagem de Cristo. Não há como ser cristão e não se viver a mensagem do Evangelho em todos os momentos e em todas as áreas da nossa vida.
Quando se tem um encontro com Cristo e, por conseguinte, com a Sua Palavra, toda a nossa vida será transformada para que a nossa existência fale do Evangelho.
Tal como vimos a semana passada, Deus não quer os buracos da nossa vida. Deus quer sim a nossa vida!
Esta mensagem torna-se especialmente extraordinária ao percebermos como Deus é Santo e mesmo assim deseja relacionar-se com pessoas pecadoras como nós.
Este relacionamento de Deus que é Santo com pessoas pecadoras só é possível por causa da Sua “Maravilhosa Graça” e este é o tema da mensagem de hoje... “Maravilhosa Graça”.
Gálatas 1:10-24
10 Porventura procuro eu mais a aprovação dos homens do que a de Deus ou procuro agradar aos homens? Se procurasse agradar-lhes não seria verdadeiro servo de Cristo.
Quando Jesus está no centro da nossa vida, tudo deve convergir à volta dele. O nosso objectivo não é fazer a vontade dos homens e muito menos falar daquilo que eles gostam de ouvir porque um homem que não conhece a Cristo, não sabe as suas reais necessidades.
Por vezes, a mensagem é dura e implica fazermos mudanças. Isto, obviamente, mexe com tudo aquilo que as pessoas acham que é seu por direito próprio achando que entra num campo “pessoal”.
Por outro lado, no meio cristão, cada vez mais vejo pessoas apenas a dizerem “Amém” à Bíblia quando a mesma diz “Amém” ao seu estilo de vida porque quando a Bíblia não diz “Amém” ao que fazem afirmam logo: “Não é bem assim” ou “Isso é farisaísmo ou fundamentalismo”.
O nosso objectivo deve ser apenas agradar a Cristo e falar aquilo que ele mandou proclamar independentemente do que as pessoas possam pensar. Talvez hoje possa ser um exemplo disso.
Temos de pregar o Evangelho e quando deixarmos de pregar sobre Jesus, estamos a deixar de pregar sobre aquilo que realmente é importante e que tem poder para transformar vidas.
V11-12 Meus irmãos, fiquem a saber que o evangelho que eu vos anunciei não é de origem humana. Pois não o recebi nem o aprendi de qualquer pessoa, mas foi Jesus Cristo quem mo revelou.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo.
O objectivo de Paulo, ao pregar o Evangelho, era agradar a Deus porque foi do próprio Cristo que ele recebeu esse Evangelho o qual tem poder para salvar todo o tipo de pessoas.
Este argumento torna-se muito importante, devido ao momento em que esta carta foi escrita, porque aqueles falsos profetas tinham recebido o seu ensino através de tradições humanas, as quais, muitas vezes, deturpavam o ensino original dado por Deus, como também eram ditas coisas em nome de Deus as quais Ele nunca houvera dito.
Vejamos isso precisamente em Marcos 7:13 “Desta maneira, anulam a palavra de Deus trocando-a pelas tradições que receberam dos vossos pais. E fazem muitas outras coisas deste género.”
O Evangelho não é algo que nós desejamos de forma natural. Nós só desejamos o Evangelho se houver a intervenção do Espírito Santo. Não podemos manipular a verdade e nem criar ambientes para que seja mais fácil aceitarem a Cristo.
Exemplo: Tondelar – Velas com cheiro a chocolate – Mais fácil a venda.
Quando tentamos manipular a Palavra ou deixamos de afirmar certas verdades na tentativa de tornar mais fácil a aceitação de Cristo da parte da pessoa, estamos com isso a afirmar que talvez o Espírito não tenha tanto poder assim para salvar as pessoas…
Os judaizantes ajustaram o Evangelho às suas próprias inclinações orgulhosas porque o homem natural – não salvo – fala daquilo que o seu coração anseia conquistar.
O pior que pode acontecer, quando estamos a ler a Bíblia, é darmos a nossa opinião/interpretação pessoal. A Bíblia interpreta-se a si mesma.
Nesse sentido, enquanto pastor, eu não pretendo ser “amoroso*” no que digo mas sim amoroso na forma como falo.
O verdadeiro amor é aquele que proclama a verdade em amor.
Efésios 4:14-15 “Assim já não nos comportaremos como crianças que andam ao sabor do vento e das ondas. Não nos deixaremos enganar por artimanhas inventadas pela esperteza daqueles que se armam em mestres. Mas proclamando a verdade com amor (…)”
É verdade que podemos ser chamados de intolerantes ou até de fundamentalistas. Mas a Bíblia é feita de fundamentos essenciais que nos obrigam a mudar posturas para vivermos como Cristo.
Contudo isso nem sempre é bem recebido por todos. No meio evangélico, quando as pessoas são confrontadas com a verdade bíblica por vezes dizem “Não tenho eu o direito a ser feliz e a escolher o que é melhor para mim? Deus certamente quer ver-me feliz”.
Com isto, as pessoas estão a dizer que o fim último da sua vida é a sua realização pessoal e não a Glória do nosso bom Deus.
Se a vida fosse feita com base nos nossos feitos, certamente Paulo seria um feliz contemplado porque a sua vida, aos olhos humanos, era de grande valor.
O humanismo aponta ao homem porque vem do homem e tem como objectivo glorificar o homem. O Cristianismo aponta a Cristo porque vem de Cristo e tem como objectivo glorificar a Cristo.
Por isso, quando Paulo é chamado a dar testemunho, ele não partilha os seus feitos – até os desvaloriza – partilha sim os feitos de Cristo.
Este é um dos aspectos que precisamos de saber… Muitas vezes quando as pessoas são chamadas a testemunhar, elas não falam daquilo que Deus faz nas suas vidas, mas sim daquilo que elas fazem.
Paulo falava com muito vigor sobre Cristo porque tinha a noção de quem ele era antes da conversão. Ele seguia os costumes judeus e por ser um fariseu acérrimo, ele perseguia os cristãos
13-14 Certamente já ouviram falar do modo como eu vivia quando seguia a religião judaica. Sabem como eu perseguia com violência a igreja de Deus e procurava destruí-la. Estava a ultrapassar muitos outros judeus do meu tempo devido ao grande zelo pelas tradições dos meus antepassados.
Nestes dois versículos percebemos de uma forma clara, quem era Paulo e o que ele fazia. Tanto é, que quando ele chegava a determinadas cidades, os cristãos tinham receio dele.
Actos 9:26 “Quando Saulo chegou a Jerusalém quis juntar-se aos discípulos, mas todos tinham medo dele, pois não se convenciam que também ele fosse discípulo de Jesus”.
Para termos uma noção, Paulo perseguia e matava mesmo os seguidores de Jesus. Entrava na casa dos cristãos e prendia-os. Entrava nas sinagogas para castigar quem lá estava.
Ele sabia quem era sem Deus… Quando ele falava sobre isso, falava com um misto de dor, mas também com puro agradecimento porque a Graça de Deus o alcançou
I Timóteo 1:13 “A mim, que dantes fui blasfemo, e perseguidor, e injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.”
Teremos nós esta percepção? Quem nós seríamos sem Deus?
Muitas vezes podemos não nos lembrar da nossa conversão, o antes e o após, com as devidas mudanças a acontecerem.
Por vezes, até parece que a nossa conversão só aconteceu mais tarde, mas isso apenas está relacionado com maturidade e não com a conversão salvífica.
O mais importante é sabermos quem seríamos sem Cristo e, quanto a mim, essa imagem seria terrível e é um forte incentivo para ter que dobrar os meus joelhos todos os dias.
Ao ter esta percepção, Paulo percebeu que só poderia ter sido salvo pela “Maravilhosa graça de Deus” que o alcançou, não pelo seu mérito – ele era um assassino - mas pela vontade de Deus.
15-16 a) Mas Deus, pela sua graça, escolheu-me ainda antes de eu nascer e chamou-me para o servir. E, quando Deus assim o quis, deu-me a conhecer o seu Filho para que fosse anunciá-lo aos não-judeus.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida.
Paulo teve a noção clara que a Salvação vinha do Senhor, como nos diz em Jonas 2:9.
Ele entende também que esta graça é maravilhosa porque o atingiu mesmo antes de ele ter nascido pois ocorreu, tal como ele diz nos diz em Efésios 1:4, antes da fundação do mundo.
É esta a noção que vemos em Isaías 49:1, em Jeremias 1:5, em vários Salmos como no 139:13…
No entanto, queria salientar aqui um texto que resume como esta Salvação ocorre antes mesmo de termos sido feitos, como também, mostra-nos que a Salvação não ocorreu por algum mérito nosso, mas simplesmente porque Deus quis…
Deuteronómio 7:6-7 “Tu és um povo consagrado ao SENHOR, teu Deus. O SENHOR, teu Deus, escolheu-te* para seres o seu povo particular, dentre todos os povos que existem no mundo. O SENHOR interessou-se por vós e escolheu-vos*, não por serem um povo maior do que os outros (não ao mérito ou à capacidade deles), pois, de facto, são um povo bem pequeno no meio dos demais.
Por isso meus irmãos, tenhamos a noção que Deus foi buscar-nos quando estávamos na nossa miséria espiritual e partilhou todos os Seus bens connosco em Cristo.
A conversão de Paulo mostra-nos que Deus salva quem quer independentemente do seu passado*. Não há barreiras que não possam ser vencidas pela Soberania do nosso Deus.
Por isso, nós oramos e evangelizamos todas as pessoas porque sabemos que para Deus não há barreiras que não possam ser ultrapassadas. Se houvesse barreiras intransponíveis, não valeria a pena orar.
Charles Spurgeon, com base nestas palavras de Paulo disse (uma das minhas frases favoritas): “Eu creio na escolha de Deus, porque estou bem certo que, se Deus não me tivesse escolhido, eu nunca O teria escolhido; e tenho certeza que Ele me escolheu antes de eu nascer, ou, caso contrário, Ele nunca ter-me-ia escolhido depois; e Ele deve ter-me escolhido por razões desconhecidas por mim, porque eu nunca pude encontrar qualquer razão em mim mesmo pela qual Ele devesse olhar-me com especial amor”.
Deus salva por causa da Sua Maravilhosa Graça. E se é Graça é porque é imerecida. Sejamos agradecidos. Se hoje conseguimos ver a Deus, foi porque o Seu Espírito Santo abriu os nossos olhos.
A graça de Deus é maravilhosa porque nos atinge de uma forma inexplicável. Eu, sinceramente, não entendo como Deus salvou uma pessoa como eu… Por isso, só me resta viver em gratidão, com fé e em arrependimento.
Entendendo isto, só poderemos celebrar os feitos de Cristo e não os nossos.
A transformação que Deus opera nas nossas vidas tem sempre como objectivo levar a Palavra a outros, como também a praticar boas obras
A salvação tem que ter sempre um objectivo comunitário… Vejamos como aquilo que Deus fez serviu de testemunho a outras pessoas…
23 Apenas ouviam dizer: «Aquele que dantes nos perseguia agora anda a pregar a fé que primeiro queria destruir.»
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer tipo de pessoa.
As pessoas ficaram surpresas com aquilo que Paulo estava a fazer e a falar.
Percebamos que não foi uma simples mudança. Algo incrível aconteceu… Paulo estava pronto a matar cristãos e agora estava pronto a morrer como cristão.
A Graça de Deus alcança todo o tipo de pessoas independentemente do que fizeram, como também nos mostra que sem esta Graça nós éramos pessoas perdidas.
Apenas uma nota: nunca devemos pensar que há um certo tipo de pecado que nunca iremos cometer, porque se pensarmos assim, estamos a achar que somos perfeitos quando não o somos. O nosso coração é enganoso e, por isso, devemos reconhecer sempre a nossa fraqueza seja em que área for e desconfiarmos sempre daquilo que estamos a fazer. No entanto, à medida que isto acontece, lembremo-nos também que não estamos sós… O Espírito Santo habita connosco e ajuda-nos a sermos fortes.
Logo, nunca diga “Este pecado nunca cometerei”. Tenha sempre cuidado com os caminhos que trilha, porque o mundo tem muitas seduções escondidas em máscaras de inocência. Isto já vem desde o jardim do Éden.
Desconfiarmos das nossas atitudes é reconhecermos que precisamos do Espírito Santo em todos os momentos das nossas vidas.  
Paulo passou muito tempo com Deus – V17 a 22 – para poder falar durante muito tempo de Deus aos homens.
Quanto mais tempo passarmos de olhos fechados perante Deus (oração), mais vezes abriremos a nossa boca perante os homens (evangelização).
A oração revela-se sempre numa atitude de evangelização. Porque quando há comunhão com Deus, não poderemos deixar de partilhar esta boa-nova com outras pessoas.
Em certo sentido, todos têm uma “boa-nova” para partilhar, mas a “boa-nova” do Evangelho é a única que tem poder para transformar vidas.
Custa-me, como pastor, ouvir muitas vezes pregarem coisas que não estão relacionadas com Cristo como filosofias, políticas ou passos para ser bem sucedidos neste mundo.
Tudo é acerca de Cristo… Do que Ele fez por nós… E como nós devemos viver para Ele.
Quando vivemos assim… Vejamos o que acontece…
24 E davam glória a Deus por causa de mim.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer tipo de pessoa; 4º Porque nos leva a testemunhar.
Pela forma como Paulo vivia e falava as com as pessoas, elas davam glória a quem? A Deus. Por quê? Porque todas as palavras de Paulo, como também toda a sua vida, apontavam à pessoa do nosso bom Deus.
Ele reconheceu – ao dizer “por causa de mim” - que foi usado por Deus como meio para que as pessoas dessem glória àquele que é digno de toda a Glória.
Ao dizer isto, admitiu que foi um grande privilégio ser instrumento nas mãos de Deus.
Se as pessoas olharem para a nossa vida e para aquilo que fazemos, irão dar glória a quem?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Um só Evangelho

Queremos cada vez mais reconhecer que Cristo é tudo para nós, não apenas na forma como verbalizamos esta verdade mas também na forma como a vivemos.
Quando Cristo é tudo para nós, tudo o resto serão sempre coisas porque aquilo que é essencial para nós, Cristo já o conquistou. Sabendo disso seremos as pessoas mais felizes à face da terra independentemente das circunstâncias que possamos estar a passar e que, por vezes, são bastante dolorosas.
Nós, cristãos, somos os únicos que podemos afirmar que temos Esperança naquilo que não vemos porque sabemos para onde vamos e, além disso, estaremos ao lado de quem muito amamos.
O tema da mensagem de hoje é “Um só Evangelho”.
Gálatas 1:1-10
Contexto
O apóstolo Paulo foi um plantador de várias Igrejas. Por onde passava permanecia sempre algum tempo – mais ou menos entre 2 a 3 anos - e plantava Igrejas. Mais tarde, ele orientava essas Igrejas através de cartas que ele escrevia regularmente, principalmente aos presbíteros e aos diáconos da Igreja.
Esta carta foi escrita sensivelmente no ano 50 DC, ou seja, 15 a 20 depois de Cristo ter ascendido aos céus. Pouco tempo se tinha passado e tudo ainda devia estar muito fresco na memória dos cristãos.
Passado esses anos, as Igrejas começaram a receber gentios – não judeus - nas suas comunidades. No entanto, os líderes dessas Igrejas estavam a ensinar os velhos costumes da Lei cerimonial de Moisés… Isto é, para serem aceites por Deus tinham que aceitar Jesus como seu Salvador e Senhor mas também tinham que ser circuncidados, por exemplo.
Muitas confusões estavam a haver dentro da Igrejas e, normalmente, isso acontece devido ao desconhecimento da natureza do Evangelho.
Onde o Evangelho é pregado e vivido não pode haver confusões!
1-3 Da parte de Paulo, designado apóstolo, não pelos homens nem por qualquer intermediário humano, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que ressuscitou Jesus da morte, e da parte de todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia. Que Deus, nosso Pai, e Jesus Cristo, nosso Senhor, vos dêem graça e paz.
Neste versículo podemos ver Paulo a dizer que Jesus estava no centro da sua vida e por isso Ele estava no centro do seu ensino.
Ao dizer que era apóstolo, ele mostrou que isso aconteceu não porque esse tivesse sido o seu desejo ou de algum homem, mas sim porque essa tinha sido a vontade de Deus.
Pela vontade de Deus, Paulo fez o que fez
Entender o Evangelho é compreender que as nossas acções devem ser feitas segundo a vontade de Deus e não a nossa ou até de quem nos rodeia.
Como compreender qual a vontade de Deus? Através da Bíblia. Ela é a revelação completa e absoluta!
Quando a nossa vida está centrada no Evangelho simplesmente fazemos o que Deus nos chama a fazer independentemente dos custos emocionais, físicos, sociais ou materiais.
Uma nota apenas aqui sobre “Apóstolo”… Para alguém ter o ofício de Apóstolo ele tinha que ter tido contacto com Jesus ressuscitado, além disso, tudo o que essa pessoa dissesse da parte de Deus era tido como autoridade para a Igreja.
Então, porque já ninguém tem contacto pessoal com Jesus Cristo e também porque a revelação directa terminou com a Bíblia, devemos afirmar convictamente que já não existe apóstolos nos dias de hoje.
Apóstolos existiram apenas 13/14 e os outros nomes que aparecem na Bíblia como sendo apóstolos não eram os oficiais da Igreja, eram sim enviados da Igreja a alguma missão. Ou seja, tinham o dom de apostolado.
4 Foi Jesus Cristo que se entregou à morte, por causa dos nossos pecados, para nos libertar deste mundo mau em que estamos cumprindo assim a vontade de Deus, nosso Pai.
Neste versículo vemos quem está no centro do Evangelho… Quem é de facto importante para a nossa vida.
Se dúvidas houvesse perante aqueles irmãos, o apóstolo Paulo esclarece, de uma vez por todas, que o Evangelho é Cristo e tudo aquilo que Ele fez foi completo e perfeito.
Ao percebermos o que nos diz esta parte do versículo “Foi Jesus que se entregou à morte” teremos que entender que a iniciativa da ida à Cruz foi do próprio Jesus. Ele podia ter desistido, mas, em plena obediência ao Pai, submeteu-se ao levar sobre Si a Ira/castigo que estava destinado a todos aqueles que n’Ele crêem.
Jonathan Edwards escreveu “Aquelas gotas de sangue que caíram no chão eram a manifestação de um oceano de amor no coração de Cristo”.
No momento mais doloroso da Sua vida, Jesus disse “Deus meu”… E este é um ensino tremendo para cada um de nós para podermos também dizer "Deus meu" nos melhores momentos da nossa vida, como também nos momentos mais difíceis.
Temos de saber que a morte de Jesus não foi uma recompensa porque se o fosse, haveria mérito da nossa parte. A morte de Jesus foi sim uma dádiva que nunca poderá ser recompensada.
Jesus viveu a vida que nós devíamos ter vivido, como também sofreu a morte que nós devíamos ter sofrido. Não podemos ouvir isto de ânimo leve…
Qual o objectivo?
Este versículo 4 diz-nos que foi para nos libertar das forças deste mundo… A ideia passa por mostrar que Jesus veio para libertar-nos da corrupção que vem através do pecado. Ou seja, Jesus veio para que já não fossemos considerados perversos diante de Deus. Veio para dar vida aqueles que estavam mortos espiritualmente.
Eduardo Mano: “Só pela Graça é que alguém morto poderá tornar a viver”.
Nesse sentido, e porque a Bíblia assim o afirma, o homem sem Deus é imoral pois não tem moralidade suficiente para chegar até Deus.
O Homem só não faz coisas piores porque Deus é Soberano sobre tudo e todos. E, tendo isto em mente, devemos também saber que há coisas que acontecem para percebermos que há um juízo maior à espera… E foi por causa desse julgamento que Cristo veio para dar absolvição a todos aqueles que n’Ele crêem e que, por isso, vivem de acordo com a Sua vontade.
Pensemos novamente neste texto pois o mesmo dá-nos uma confiança enorme… Se a Ira de Deus não fez Jesus desistir de nós, então nada mais fará porque “estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:38,39).
Esta é a razão da nossa alegria e o motivo pelo qual nos pomos de pé diariamente.
Perder a visão da Cruz, é perder tudo o que há de mais importante na nossa vida.
Nota: Muitas vezes, nos aconselhamentos que dou, sejam pessoais ou familiares, costumo dizer às pessoas “Qual a lição que aprendemos na Cruz?”. Ao termos essas respostas, tenho a certeza que iremos perceber como devemos agir na maior parte das vezes!
5 Glória lhe seja dada para sempre. Ámen.
Paulo teve sempre esta preocupação em todas as suas cartas… 2 Coríntios 10:17 “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor.”
Não é a nossa glória que nos tem que subir à cabeça, mas sim a glória do Pai.
Será que isto é uma realidade na nossa vida? Será que o objectivo máximo da nossa vida é querermos viver para mostrar o quanto Deus nos ama e quanto nós o amamos?
Por outro lado, quantas vezes já desistimos ou tentamos desistir de lutar ou falar porque a nossa reputação estava a ser colocada em jogo?
Quantas vezes já achámos que Deus não nos ama porque certas coisas não acontecem? Será que achamos que Ele nos deve algo para fazermos tantas exigências? Exemplo: Se tu me deres, então eu…
Não se esqueça… Por vezes, seguir a Jesus, é perder toda a reputação diante dos homens mas, por outro lado, saibamos que teremos toda a reputação diante do Pai.
Se compreendermos quem nós somos em Cristo e que n’Ele somos mais do que vencedores, conseguiremos enfrentar os fracassos desta vida, como também a não aceitação da parte dos homens sem, contudo, perdermos a nossa alegria de viver.
Mesmo que os medos ou ansiedades possam surgir, o que é normal, tenhamos coragem de afirmar isso a Deus porque foi numa altura dessas que Maria, na sua oração, ouviu um anjo a dizer “Para Deus não há impossíveis”.
Apesar de não sabermos nada do amanhã, de uma coisa temos a certeza… Deus é bom e a Sua vontade irá prevalecer. Glória seja sempre dada a Ele.
6 Admiro-me muito que estejam a abandonar tão depressa aquele que vos chamou pela graça de Cristo e que estejam a seguir um evangelho diferente.
Estas palavras revelam muita dureza no discurso de Paulo.
Tal como vimos antes, estes falsos ensinos diziam que para as pessoas serem aceites diante de Deus, tinham que fazer certos rituais para então serem agradáveis… No fundo, o que estavam a dizer, era que a morte de Jesus não tinha sido nem plena e nem perfeita. Era preciso acréscimos da nossa parte.
Se assim fosse, a salvação deixaria de ser pela Graça e seria uma recompensa…
Se há coisa em que nós não devemos ser brandos, é precisamente quando tentam deturpar o verdadeiro e único Evangelho.
Nesse sentido, Paulo é claro… Como é que podem estar a abandonar o ensino sobre a Graça de Deus? Foi Ele que vos chamou pela Sua iniciativa e vontade. Como é que podem estar a seguir falsos mestres? Eles dizem que é preciso fazerem alguma coisa para serem salvos? Há que rejeitá-los de forma linear.
Se a Graça nos alcança sem merecimento da nossa parte, é porque nós não precisamos de adicionar nada àquilo que Jesus já fez na Cruz, a não ser responder com fé e em arrependimento.
A salvação foi do início ao fim obra do nosso bom Deus!
Poderemos pensar que esta mensagem não se aplica aos dias de hoje em virtude de ter pouca expressão, pelo menos no nosso país, a prática de exigir aos homens serem circuncidados para serem aceites por Deus…
Como podemos aplicar esta mensagem para os dias de hoje? Será que não há outras coisas a serem anunciadas como sendo Evangelho?
Será que não há outros aspectos que tentam adicionar ao Evangelho deturpando assim a verdade que está reflectida na Palavra? Vejamos alguns exemplos…
1º Mensagens de auto-salvação…
“Cumpres regras e receberás bênçãos de Deus”; “Dás e receberás”; “Só precisas de ter fé e aí verás bênçãos a caírem do céu”; “Levanta o teu braço e serás salvo”.
2º Mensagens de auto-ajuda…
“Se não estás feliz, muda o que tens de mudar”; “Nunca te arrependas daquilo que te faz feliz”; “Tens de te encontrar contigo para descobrires a pessoa maravilhosa que és”; “Só precisas de te amar”; “Tens de encontrar a tua alma gémea para seres feliz”; “Com certeza que Deus quer a minha felicidade e se algo me faz feliz, Deus fará então”; “Tu és importante. Por isso, Jesus foi à Cruz”; “Deus nunca iria fechar uma porta que me trouxesse felicidade, afinal Ele é amor”; “Deus quer a minha felicidade e se isto não me faz feliz então tenho de mudar”.
3º Mensagens de confissão positiva
“Dizes e Deus fará”; “Fala o que diz o teu coração”; “Se disseres coisas positivas, coisas positivas acontecerão”; “As palavras têm poder para mudar vidas”; “O melhor está para vir. Basta acreditares”.
Contudo o Evangelho diz-nos…
“Somos impotentes para sermos aceites por Deus. Por isso, precisamos de um salvador que nos venha buscar independentemente do nosso passado. Deus não está para preencher buracos na tua vida. Ele tem de ser a razão do teu viver. Reconhece que és pecador e acredita que Cristo foi à Cruz no teu lugar. Vive como Jesus viveu, não importa os custos que isso tenha. A obediência à Sua Palavra é a forma de mostrares o quanto és grato por aquilo que Ele fez”.
Muitos mais haveria para dizer… Mensagens Light* ou da prosperidade*…
Não sei se repararam, eu não disse “Evangelho da auto-ajuda ou Evangelho da prosperidade” porquê?
Vejamos…
7 Não é que exista outro evangelho, mas a verdade é que há umas certas pessoas que vos causam confusão e que querem modificar o evangelho de Cristo.
Parece que há aqui um contra-senso com o que foi afirmado antes até porque Paulo, no versículo anterior, disse que estavam a afirmar um Evangelho diferente…
Contudo, ele coloca as coisas nos termos certos… Podem dizer muitas coisas, mas na verdade só há um Evangelho e esse é o Evangelho de Jesus Cristo, o qual nos diz que Ele morreu e ressuscitou por todo aquele que se arrepender dos seus pecados e tiver fé n’Ele para andarem segundo a boa vontade de Deus, ou como nos diz em Romanos 6:4 “Em novidade de vida”.
O nosso coração gosta de fabricar o desejo de merecimento na nossa salvação, tanto é, que quando algo não nos acontece temos o desejo/sentimento que Deus nos deve algo. E isto não é Evangelho porque essa pessoa está convertida não a Cristo, mas a si própria.
O único Evangelho é o da mensagem da Cruz o qual, para nós cristãos, é o poder para a nossa salvação. Tudo o resto é loucura. Não há meio termo na mensagem do Evangelho!
As réplicas falsas do Evangelho tendem a mostrar que há salvação sem arrependimento e fé. Além disso, entretêm as pessoas e levam-nas a pensar que são salvas apenas porque gostam de ouvir falar sobre Jesus…
Só um falso Evangelho propõe salvação sem santidade!
Nunca vimos tanto show em alguns cultos e tão pouco Evangelho nos mesmos.
Estas réplicas são simplesmente heresias - afirmarmos, por exemplo, “Evangelho da prosperidade” é errado porque isso não é Evangelho, é uma falácia - que tem como único objectivo agradar aos homens – já iremos confirmar isso no V10 - e não a Deus porque o centro do Evangelho, conforme vimos, é Jesus Cristo.
O povo costuma dizer que todos os caminhos vão dar a Roma. Hoje em dia, também já ouvimos falar sobre a pluralidade nos caminhos que vão dar a Deus, contudo, em João 14:6, Jesus diz “Eu sou O caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não por mim”.
Jesus é o único caminho e a fé e o arrependimento são os meios para chegarmos a esta Graça.
8-9 Que seja maldito quem vos anunciar um evangelho diferente daquele que vos anunciámos. Ainda que fôssemos nós próprios ou mesmo um anjo do Céu! Repito o que acabo de dizer: se alguém vos anunciar um evangelho diferente daquele que receberam, seja maldito!
Paulo ficava mesmo furioso com qualquer ensino que retirasse a premência de Cristo na salvação ou então algo que dissesse que a Sua salvação não era uma obra completa e que, por isso, teríamos que fazer algo.
Ele chegou mesmo ao ponto de chamar essas pessoas de malditas, ou noutras versões, de anátema.
Paulo vai ainda mais longe… Ele tinha autoridade para ensinar ao povo apenas o que tinha recebido da parte de Deus… I Cor. 11:23 confirma isso “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei”.
Paulo não podia ir mais longe do que aquilo que ele tinha recebido como revelação directa da parte de Deus. A sua autoridade vinha da autoridade máxima…
Nesse sentido, não há autoridade na Igreja que não venha da Palavra de Deus porque a revelação especial terminou!
Se há coisa que nunca podemos aceitar são ensinos falsos, apesar de poderem ser bonitos aos ouvidos, elevarem os nossos egos, prometerem muita coisa, não nos exigirem nada e garantirem tudo aquilo que nós queremos.
O Evangelho é Cristo e Cristo é tudo para nós.
Vamos achar sempre que nos falta alguma coisa até percebermos que em Cristo temos tudo.
Este era o compromisso de Paulo.
Eu, Jónatas Lopes, desejo reafirmar cada vez mais diante de Deus e dos irmãos, que o meu compromisso não é convosco, mas com Deus. É verdade que posso correr o risco de não agradar a todos com a Palavra mas o meu compromisso não é com os irmãos mas sim com o dono da Palavra…
Espero, convictamente, se algum dia me desviar das verdades do Evangelho que os irmãos me possam disciplinar e, caso não me arrependa, seja mandado embora… Porque o vosso compromisso também não é comigo, mas com o Senhor da Igreja… Jesus Cristo.
10 Porventura procuro eu mais a aprovação dos homens do que a de Deus ou procuro agradar aos homens? Se procurasse agradar-lhes não seria verdadeiro servo de Cristo.
Estas palavras de Paulo deviam andar sempre no nosso coração para que as nossas acções sejam transformadas pelas mesmas.
O nosso objectivo é agradar a Deus porque se fosse agradar aos homens, nunca seríamos servos de Jesus Cristo
Temos de pregar o Evangelho e quando deixarmos de pregar sobre Jesus estamos a deixar de pregar sobre aquilo que realmente é importante e que tem poder para transformar vidas.
Nota final
Para aqueles que ainda não reconheceram Jesus como seu Salvador e Senhor
Não é apenas quando estiver preparado que deve olhar para Jesus. É precisamente quando reconhece que não está preparado que deve olhar para Ele. Porque sem Jesus nunca está preparado!
Não é pelo nível da nossa fé que somos salvos, mas sim por meio da fé! Na morte de Jesus há lugar para siAcredite nisso e diga-lhe o quanto precisa dele.
Para aqueles que são cristãos… Não sinta o peso de ter que ser perfeito para ser aceite por Deus. Jesus já fez isso no seu lugar. Viva uma vida por amor a Deus e seja grato vivendo em obediência
Pense em Cristo e em como Ele viveu e “não ligue ao que o mundo faz, defende ou pensa”.
Não tente arranjar significado, para a sua vida, nas criaturas ou nas coisas… Em Jesus a sua vida tem todo o significado. Quando perder esta noção, irá fazer os maiores erros da sua vida.  E isto só acontece quando temos orgulho porque o orgulho é a marca da rejeição clara do Evangelho.

Estávamos a falar sobre este assunto no culto doméstico e o meu filho explicou isto de uma forma simples "Sempre que cometemos pecado, Deus está lá ao nosso lado para nos ajudar a deixar de pecar".

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Junta-te à festa

Celebramos o Advento para nos prepararmos para a celebração do nascimento de Jesus.
Só haverá festa, porque Jesus nasceu. É Ele quem é o verdadeiro sentido do Natal.
Curiosamente todos os anos dizemos as mesmas coisas mas será que os nossos hábitos se mantêm?
Nesse sentido, queremos fazer esta caminhada juntos para que nos possamos lembrar diariamente da razão pela qual nós festejamos.
O tema da mensagem de hoje é “Junta-te à festa”.
Estas são as perguntas a que vamos tentar responder…
Qual festa? O que celebramos? Quem merece estar nesta festa? Quem vai de facto estar presente? Será que a IEBGraça olha para as pessoas com o desejo que as mesmas pertençam a esta festa? Ou, por outro lado, achamos que nós é que podemos convidar apenas aqueles que são dignos de tal?
Quando falamos em festa ou celebração, temos sempre em vista aquilo que nos diz Apocalipse 21:1 “E vi um novo céu e uma nova terra” onde tudo será perfeito e onde não haverá qualquer tipo de sofrimento e, acima de tudo, estaremos juntos de Deus para todo o sempre.
Tendo isto em perspectiva, o reconhecimento que temos da nossa situação espiritual irá ditar a forma como olharemos para a festa… Isto é, se vamos olhar com corações agradecidos por tão grande dádiva ou se vamos apenas encará-la como um reconhecimento natural pela vida que tivemos.
Mateus 9:9-13
Jesus estava no início do Seu ministério quando se deu este momento…
V9 Quando Jesus ia a sair dali, viu um homem sentado no posto de cobrança de impostos. O seu nome era Mateus. Jesus chamou-o: «Segue-me.» Ele levantou-se e foi com Jesus.
Noutras versões aparece o nome de Levi. Segundo vários comentários, esta pessoa era a mesma sendo que tinha dois nomes – Mateus e Levi*.
Os cobradores de impostos eram muito mal vistos na época
Eram judeus que estavam ao serviço de Roma – só por isso já eram considerados traidores – e que cobravam juros aos próprios judeus.
Além disso, podiam cobrar quanto quisessem – Zaqueu – e o lucro que tinham – face à “taxa” dada por Roma – ficava para eles*. Normalmente eram pessoas muito abastadas precisamente por causa das taxas que cobravam a mais do que Roma exigia. Tempos muito mais difíceis que os de hoje*.
Por estas duas razões, os cobradores de impostos eram muito mal vistos por traírem e roubarem o seu povo. Estar apenas ao pé deles era, em certa medida, considerado um acto impuro para os judeus.
No entanto, quando Jesus passou no meio daquela multidão, Ele chamou apenas Mateus, ou seja, a pessoa menos amada pelos homens e até a mais detestável.
Jesus chamou aquele que nunca ninguém chamaria para mostrar que Ele é o dono da festa.
Percebemos também neste versículo, que quando Jesus chamou Mateus, ele levantou-se logo e seguiu a Jesus. As ordens dadas por Jesus devem sempre ser obedecidas.
A palavra “levantar” tem o sentido de deixar tudo para seguir alguém. Tal como vimos antes, Mateus era um homem rico. Ao seguir Jesus, ele deixou tudo o que tinha. Ele não se preocupou como ia ser o dia seguinte e nem como ia sustentar os seus.
Mateus achou simplesmente que seguir a Jesus era o melhor para a sua vida. Reparemos ainda neste pormenor… Mateus ainda não sabia o que Jesus ia fazer e nem tinha a prespetiva do plano divino como nós hoje temos. Ele respondeu somente à voz do dono da festa. João 10:27 “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”. Mateus seguiu por fé.
Quem quer ir a esta festa, tem de perceber que tem de estar disponível para seguir a Jesus independentemente dos custos pessoais que isso possa ter.
Lutero tinha esta percepção quando escreveu o hino Castelo ForteSe temos de perder, os filhos, bens, mulher, embora a vida vá, por nós Jesus está, e dar-nos-á seu Reino”.
Estas palavras mostram o significado de seguir a Jesus. Precisamos de responder em fé ao convite para a festa… Independentemente dos custos pessoais…
Será que é fácil? Que barreiras nos têm impedido de seguirmos a Jesus? Ou será que dizemos que vivemos pela fé mas na verdade queremos viver na certeza do dia de amanhã?
Relembremos…
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
10 Jesus estava sentado à mesa em casa de Mateus e vieram muitos outros cobradores de impostos e mais gente pecadora sentar-se à mesa com ele e os discípulos.
Vemos aqui uma característica de Jesus em todo o Seu ministério. Ele dava-se com todo o tipo de pessoas mesmo aquelas que não eram bem vistas na sociedade.
Quando lemos “gente pecadora” muito provavelmente refere-se às pessoas que não tinham a mesma conduta que os fariseus mas também incluía pessoas não respeitáveis pela sociedade… Como os cobradores de impostos, prostitutas, etc..
Jesus e os seus discípulos corriam o risco de serem tidos como impuros por estarem em contacto com essas pessoas. No entanto, para falarmos do Evangelho precisamos de estar ao pé das pessoas.
Nesta atitude de Jesus percebemos que quando sabemos para onde vamos, temos o desejo de estar ao pé de pessoas que não O conhecem para as convidarmos, em nome de Jesus, para a festa!
Temos tido relacionamentos com pessoas que não acreditam em Jesus? Será que temos falado com as pessoas que não são bem vistas na sociedade? Como poderemos evangelizar alguém se não temos relacionamentos de amizade com pessoas descrentes? Será que olhamos para os nossos relacionamentos com espírito de Missão tal como Jesus? Ou apenas queremos esses relacionamentos para tirarmos momentos de lazer?
Seria muito redutor não fazermos de cada contacto uma missão!
Vamos reparar como a atitude farisaica é vista nos relacionamentos…
11 Ao verem isso, os fariseus perguntavam aos discípulos: «Por que é que o vosso Mestre se senta à mesa com os cobradores de impostos e gente pecadora?»
Os fariseus tinham receio de estar perto dos pecadores pois podiam ficar contaminados. Eles achavam que a sua moral seria suficiente para serem salvos e que por isso não se podiam misturar com quem não tinha um certo nível de moral. Eles achavam que não precisavam de um salvador porque podiam salvar-se a si mesmos.
Os religiosos acham sempre que a sua moral é boa demais para poderem estar ao pé de pessoas pecadoras pois acham que são dignos de participarem da festa ao contrário dos “pecadores”.
Vejamos a resposta de Jesus…
12 Jesus ouviu isso e explicou: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os que estão doentes.
Jesus mostrou-lhes que aquilo que contamina o homem não é estar com os pecadores. O que contamina o homem é precisamente não estar ao pé dos pecadores para transmitir as verdades do Evangelho as quais têm poder para salvá-los!
Percebemos também que aqueles que eram rejeitados tinham mais consciência de que estavam em pecado e que por isso precisavam de ser curados.
É muito difícil falar com alguém que se acha um valor supremo a nível moral não precisando por isso de um Salvador… “Salvador de quê se eu sou bom?”
Nota: Jesus não está a dizer que os fariseus eram sãos e que não precisavam de cura. Jesus usou esta imagem para mostrar que eles eram na verdade uns hipócritas porque o verdadeiro doente espiritual é aquele que não reconhece a sua doença.
Uma pessoa doente tem de procurar um médico. Tendo esta perspectiva, só quando reconhecemos o nosso pecado, é que entendemos que precisamos de um Salvador. É precisamente aqui que entra o arrependimento.
O que podemos depreender destas palavras de Jesus para a nossa vida pessoal? E para a vida da nossa Igreja?
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
3º A resposta é dada através do arrependimento.
13 Vão aprender o que significam estas palavras da Escritura: Prefiro a misericórdia e não os sacrifícios. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores.»
Jesus disse aos fariseus – àqueles que tinham sempre algo a ensinar aos outros - que fossem aprender o que estava escrito em Oseias 6:6 e percebessem o seu significado. Muitos deles até sabiam estas palavras de cor mas não as viviam.
Jesus aponta ao AT para mostrar que as acções ou sacrifícios sem qualquer tipo de devoção, para nada servem.
Não vemos Jesus a desvalorizar os sacrifícios até porque Ele mesmo iria ser depois o supremo Sacrifício*.
Jesus convida os seus ouvintes a terem devoção naquilo que faziam.
Para ficar mais fácil a nossa compreensão, aquilo que Jesus menos quer são atitudes feitas de forma mecânica tendo o nosso coração longe das mesmas.
Isaías 29:13 “Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor”.
Temos sentido o prazer de podermos desde já fazer parte do início desta festa? Haverá alegria nas nossas vidas por sabermos a quem pertencemos e para onde vamos? Haverá satisfação em Cristo para que as coisas possam sempre ser coisas?
Como podemos analisar a nossa vida para sabermos se há satisfação? Qual o perigo que pode haver se as nossas acções não forem motivadas pela satisfação que existe em Deus?
John Piper “Deus é mais glorificado em Nós, quando estamos mais satisfeitos nele”.
O prazer que temos em Deus revela simplesmente se já nos vimos como participantes dessa festa.
Nesse sentido podemos tirar 4 aplicações práticas para as nossas vidas e por conseguinte para a vida da nossa Igreja.
1º Jesus é quem convida para a festa.
Jesus convidou Mateus para a festa. Assim sendo, temos que saber que só há algo a celebrar porque Jesus convida-nos para tal porque sem esse convite não haveria hipótese de festejarmos.
Não é em vão que Jesus fez o seu primeiro milagre num casamento para indicar que um novo casamento iria acontecer entre Ele e a Sua Igreja! Não tenhamos dúvidas que haverá uma grande festa quando tudo for restaurado.
No entanto, convém não esquecer isto… Para existir festa teve que haver um custo muito grande na vida de Jesus.
Ele veio até nós – daí celebrarmos o Natal - para dar a Sua vida naquela Cruz levando o castigo de Deus sobre Ele.
Há um provérbio português que diz “Quem paga adiantado, é sempre mal servido”.
No entanto, não é essa lição que aprendemos com o Evangelho… Cristo pagou adiantado – saldou a nossa dívida para com Deus - para sermos bem servidos… Não porque Ele acreditasse em nós, mas sim no que Ele pode fazer em nós, como também através de nós.
Graça é não pagarmos o que devemos a Deus, aceitando simplesmente o que Cristo fez na Cruz.
Como?
2º A resposta é dada por meio da fé.
Mateus respondeu ao convite por meio da fé. Ele largou tudo para seguir a Jesus.
Este convite não surgiu pelo merecimento de Mateus, pois ele traía o seu povo ao trabalhar para Roma e ainda roubava nas taxas que cobrava.
O convite foi feito pela Graça – Dom imerecido – e respondido pela fé – seguir sem olhar para trás.
Nesse sentido, aqueles que se vão juntando à festa não se juntam porque têm virtudes para fazer parte dessa celebração, mas sim porque reconhecem que as virtudes de Cristo são o meio pelo qual eles têm acesso a esta festa.
Para isso, temos que reconhecer que não nos conseguimos salvar a nós mesmosPrecisamos de Jesus… Pois Ele é que é o caminho, a verdade e a vida, ninguém pode ir ao Pai se não for por meio d’Ele.
Aquilo que Jesus fez na Cruz deve eliminar todo o tipo de medos que temos.
Será que temos medos?
Vamos fazer um mero exercício com o dinheiro podendo fazer o mesmo exercício para outras áreas…
Tem medo de perder o dinheiro que tem? Será que tem medo de dar dinheiro porque tem medo que lhe faça falta?
Noutra perspectiva, será que olhamos para os outros que têm dinheiro e ficamos com inveja? O sucesso dos outros traz-lhe aborrecimento? Será que o seu desejo seria não ter que fazer contas para chegar ao fim do mês?
Se a resposta for sim a alguma destas perguntas, o dinheiro já passou a ser a medida de todas as coisas na sua vida… Logo, resta-lhe buscar com confiança e fé a satisfação que há em Cristo porque quando perdemos este prazer fazemos os maiores erros na nossa vida.
Temos que viver com satisfação não com aquilo que a vida nos traz, mas sim com a Vida que há em Cristo. Ele é a razão do nosso viver. Aquilo que Jesus fez na Cruz deve eliminar qualquer medo que tenha.
A nossa fé não pode estar naquilo que possuímos ou conquistámos. A nossa fé tem que estar naquilo que nos foi dado pela Graça e de graça.
Muitas vezes Deus retira aquilo que não precisamos para compreendermos que em Jesus temos muito mais do que necessitamos.
Temos de colocar os nossos olhos em Jesus pois Ele abriu mão de tudo para nos salvar e amar tornando-nos participantes da festa.
II Coríntios 8:9 “Conhecem bem o amor de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vossa causa, para que vocês pudessem tornar-se ricos pela sua pobreza”.
Como não responder em fé a este gesto de amor tão grande?
3º A resposta é dada através do arrependimento
As pessoas “doentes” são aquelas que reconhecem o seu pecado e que por isso entendem que não são dignas de participarem na festa. Jesus veio precisamente para essas pessoas.
É verdade que podemos cair mas a grande diferença é que não permaneceremos caídos. Em Jesus há sempre Esperança para um novo começo.
As pessoas que se acham “sãs” – provavelmente nenhuma pessoa aqui presente diz isso apesar de as nossas atitudes por vezes mostrarem o contrário – têm o desejo de tentar mostrar que de certa forma há algum mérito pessoal em ser salvo. E é precisamente por causa de acharmos que há algum mérito pessoal na nossa salvação que muitas vezes não compreendemos e nem vivemos a mensagem da Cruz.
Enquanto Igreja, temos que viver esta realidade. Temos de estar prontos a receber todo o tipo de pessoas sendo que para isso precisamos de estar junto delas.
Temos que estar preparados para receber pessoas que chegam até nós na miséria – não falo apenas do ponto de vista económico – e dar-lhe o medicamente certo, que elas precisam. E esse medicamento é o Evangelho.
Temos também que estar prontos para entender que cada um de nós pode cair em pecado e nesse sentido temos que ajudar essas pessoas a serem restauradas por Deus*.
Quando desvalorizamos o pecado de alguém ou até nem queremos receber pessoas com vidas cheias de pecado, pois dá trabalho, é porque, em certo sentido, não compreendemos que nós somos pessoas doentes e que, tal como elas, precisamos da Graça de Deus.
Na Igreja as únicas virtudes que temos a celebrar são as virtudes de Cristo e o que Ele faz nas nossas vidas. A Glória é sempre d’Ele.
Nesse sentido, a IEBGraça tem que ser uma comunidade redentora mais do que uma comunidade terapêutica*.
Não é o nosso objectivo primário que as pessoas sejam curadas dos seus problemas pessoais. Nós oramos e desejamos que as pessoas sejam curadas do seu maior problema… O pecado e esse apenas pode ser tratado com o Evangelho.
Temos de orar pela conversão de pessoas porque uma Igreja que não sabe orar, também não sabe festejar!
4º O nosso prazer revela se estamos com vontade de estar na festa.
Jesus deixou bem claro que gestos de adoração desprovidos de qualquer tipo de devoção para nada serviriam.
Sabemos que iremos estar nesta festa, quando já vivemos com prazer em Deus nesta terra.
Além disso, quando temos prazer em Deus, estamos ao mesmo tempo a celebrar e a evangelizar.
Não acredito em celebração sem evangelização!
Quanto mais percebermos a nossa incapacidade para estarmos na festa, mais desejaremos que outros se juntem porque não iremos para lá para festejar as nossas acções mas as acções de Cristo.
Por isso saibamos… Isaías 64:4 “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera”.
Junte-se à festa… Tenha fé… Mostre arrependimento… Viva com plena satisfação em Cristo… Celebre e transmita esta Boa-Nova a outros…
Deus é bom... Feliz aquele que n’Ele espera.
A nossa Igreja é uma comunidade de pecadores mas de pecadores salvos pela Graça de Deus.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Salmos 100 - Celebrai, servi e testemunhai

O nosso país é conhecido pelo fado e, segundo alguns historiadores, este terá tido origem aqui bem perto, na Mouraria. O fado originalmente era marcado pela tristeza e melancolia. Por isso, muitas vezes dizem que o povo português é triste e melancólico.
Contudo, a Bíblia diz-nos que devemos ser alegres e sempre gratos.
Se eu vos perguntasse quais os motivos que vocês têm para celebrar, conseguiriam produzir uma lista? Ou apenas tristezas e saudosismos?
Por outro lado, se eu perguntasse onde podem ver o agir de Deus na vossa vida, tinham facilidade em responder? Se eu vos questionasse sobre aquilo que vos faz feliz, será que Deus entrava na equação e seria o elemento primário?
Salmos 100 – Texto que tem mexido muito comigo nos últimos tempos!
Iremos alterar a ordem dos versículos… Comecemos por analisar o V3 e 5.
V3 e V5 Sabei que o Senhor é Deus! Foi ele quem nos fez, e somos dele; somos o seu povo e ovelhas do seu pasto. Porque o Senhor é bom; a sua benignidade dura para sempre, e a sua fidelidade de geração em geração.
A palavra “saber” tem como significado "experimentar algo para se ficar convencido das qualidades”.
Sendo assim, o salmista desafia ao conhecimento do Senhor pois Ele é o único Deus à face da terra.
Acontece, muitas vezes, que estamos tão habituados à rotina da vida e à consequente vinda à Igreja, que já damos como dado adquirido e não celebrado aquilo para o qual estamos reunidos.
Será que a nossa vida é norteada pelo Evangelho? Ele é visto em todas as áreas da nossa vida?
Dizemos que conhecemos o Senhor Deus, cantamos que o amamos sobre todas as coisas, será que este conhecimento e esta verbalização mostram a realidade das nossas vidas?
Deus é o criador e o sustentador de todas as coisas. Esta é a ideia bem explícita em Salmos 19:1 “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.
Em nenhum momento da nossa vida devemos duvidar de que Deus é Senhor. Ele controla tudo o que acontece porque Ele é Senhor…. Porque Ele é Soberano. É verdade que podem surgir incompreensões*, mas não deve surgir nenhuma dúvida de que Deus é Senhor sobre tudo e todos.
Além de Deus ser o Senhor do Universo, diz-nos este versículo, que Ele é o nosso pastor, logo nós somos Suas ovelhas. Encontramos esta verdade em João 10:11. Deus enviou o Seu filho para dar a Sua vida pelas Sua ovelhas.
Significa isso, e à luz de João 1, que Deus além de Senhor é também nosso Pai por causa daquilo que Cristo fez no nosso lugar.
Enquanto não entendermos a nossa incapacidade para nos tornarmos filhos de Deus, nunca iremos perceber a Graça de sermos chamados Seus filhos.
Por vezes, fazemos os maiores erros da nossa vida para sermos aceites, aprovados e encontrarmos significado para a nossa vida. Contudo, Deus não entra e nem o deixamos dizer nada sobre isso.
É verdade que precisamos que esses aspectos sejam uma realidade na nossa vida porque fomos criados para tal. A verdadeira diferença, é que Deus criou-nos para nós encontrarmos a verdadeira aceitação, aprovação e significado para a nossa vida na Sua própria vida.
Se a nossa “felicidade pessoal” fosse um fim, certamente poderíamos fazer tudo. Se for de facto assim, todas as coisas nos serão lícitas. No entanto, se a nossa felicidade for Cristo, perceberemos que todas as coisas nos serão lícitas mas nem todas nos convêm.
Jesus assegurou-nos que já somos aceites por Deus. Não precisamos de ter “mentalidade do desempenho”, isto é, não fomos aceites pelo que fazemos, mas pelo que Cristo fez. Logo resta-nos crer e obedecer ao que Ele diz.
Quem usa o desempenho para tentar mostrar superioridade ou para mostrar como merece a Graça de Deus, é porque ainda não percebeu a mensagem do Evangelho.
Deus é nosso Pai e por isso não podemos viver a nossa vida com mentalidade de órfãos.
Além disso, só há verdadeiro descanso para as nossas vidas quando descansamos na Paternidade de Deus*. Lembre-se… Deus é Pai… E trata-nos como tal.
Sendo assim, devemos construir a nossa identidade em Deus até pelo amor e confiança que temos n’Ele. Aí certamente que não haverá decepções!
Muitas desilusões acontecem quando achamos que as coisas ou alguém irão dar um novo significado à nossa vida. Assim que o conseguirmos, iremos perceber que continua a faltar algo. Torna-se uma luta incessante até conseguirmos preencher esse vazio.
Qual a razão disto acontecer? Não fomos criados para tal…
Noutra perspectiva, como pode saber se vive como filho de Deus? Qual o exame que pode fazer à sua vida para perceber se vive para conquistar ou vive porque foi conquistado?
Encontraremos a resposta nos versículos a seguir…
V1 Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra.   
Nós celebramos e cantamos não para nos elevarmos até Deus. Nós celebramos e cantamos porque Deus veio até nós na pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo e precisamos de Jesus para adorar a Deus. Vivemos porque fomos conquistados. Não iremos aguentar se vivemos para conquistar o favor de Deus.
Por isso, celebramos com sentido e propósito. Celebramos porque sabemos o que nos espera no futuro.
O mais interessante é que isto não invalida o sofrimento que o amanhã possa trazer, no entanto confiamos que Deus é bom e para sempre bom.
Não será este o maior motivo para andarmos felizes?
Porém, tenho notado, e contra mim falo, que reclamamos muito e celebramos tão pouco. Qual a razão? Porque anda triste muitas vezes a nossa alma?
Os descendentes de Corá, no Salmo 42:5*, fizeram a mesma pergunta “Por que hei-de estar desanimado e preocupado?”. No entanto, na parte final deste versículo, encontraram a resposta “Quero confiar no Senhor e ainda o hei-de louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador!”. Isto não quer dizer que de um dia para o outro tudo tivesse mudado na vida deles. Isso é visível no restante texto.
É uma luta diária colocarmos os nossos olhos no sítio certo.
Esta semana estávamos a falar desta luta no culto doméstico e a ensinarmos como a vida cristã é marcada por isso. No fim diz o Samuel “É como se Deus estivesse a dizer ‘Não desistas. Desta vez certamente que irás conseguir’”. É precisamente este pensamento meus irmãos… Não devemos desistir… E não desistimos quando o nosso foco é Jesus. Hebreus 12:2 “Olhando para Jesus porque Ele é o autor e consumador da nossa fé”.
Certamente o desânimo chegará se não tivermos uma perspectiva Cristológica.
Chego à conclusão que celebramos pouco na vida cristã, porque também conhecemos pouco o que Deus fez, faz e fará.
Na série das “7 cartas à Igreja” víamos as críticas mas também os elogios.
Creio que enquanto Igreja temos que celebrar. Não porque haja uma capacidade inata em nós, mas sim porque temos visto a Obra das Suas mãos. Penso que muito se deve aos cultos de oração.
Ponderando naquilo que Deus tem feito nesta comunidade, creio que celebramos pouco aquilo que Deus tem feito… E isto não é sobre exaltar alguma pessoa, mas sim exaltar a Deus. Ele é o motivo da nossa celebração. A Glória deve ser sempre dada a Ele.
Vejamos…
Temos tido, pela Sua graça, a oportunidade de termos muitas crianças - hoje a apresentação da Emília e, esperamos, que em breve possa haver mais. Isto é uma bênção. Por outro lado, dá-nos uma responsabilidade acrescida a todos nós mas, principalmente, aos pais.
É verdade que podem incomodar com o choro, o barulho, as idas à casa de banho*, mas certamente é preferível ouvirmos uma criança a chorar dentro da Igreja, do que vermos daqui a uns anos os pais a chorarem porque os filhos não vêm à Igreja.
Pela graça de Deus, temos tido baptismos. Vamos ter no próximo Domingo o segundo culto deste ano. Se tudo se confirmar, teremos 6 pessoas baptizadas.
Além disso, temos visto o desejo de vários irmãos de quererem ser membros da nossa comunidade. Hoje à tarde ouviremos o desejo do Tiago. Além disso, já mais pessoas manifestaram esse desejo.
Muito mais haveria para dizer, contudo, estas reflexões servem apenas para dar toda a Glória a Deus e para tornar o Evangelho conhecido.
Sendo assim, a celebração acontece quando estamos tão cheios de gratidão por quem Deus é que a desejamos transmitir a outros. Não há celebração sem transmissão… Já lá iremos*.
Nota: Nós celebramos sempre o que Deus fez. Aliás, celebrar ajuda-nos a não estagnar. No entanto, isto não significa que não celebremos a Deus aquilo que Ele tem feito através de várias pessoas. Creio mesmo, porque é bíblico, que devemos dar honra a quem honra (Rom. 13:7).
V2 Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico.  
Quando percebemos quem Deus é, celebramos a Obra das Suas mãos. Como consequência disso, também O servimos servindo o Seu povo. Está sempre interligado o serviço a Deus e ao próximo!
Recentemente vimos que mostramos que somos gratos não por ficarmos a contemplar e a viver do passado*, mas sim servindo, porque o Deus que foi connosco no passado é o mesmo do presente e do futuro. Então não tenhamos medo de seguir em frente mesmo que tenhamos que sofrer… Ser grato é servir no presente até quando Deus disser “Regressa a casa”.
Será que a nossa Igreja é marcada pelo serviço ao próximo?
Creio que há pessoas que estão a fazer um trabalho muito bom na área social… Algumas famílias estão a ser apoiadas através deste ministério da Igreja. Além disso, temos a irmã Inácia* que é um exemplo e companhia na visitação.
Servir vai para além do que é esperado. Significa sempre mexer com algo que prezamos e, muitas vezes, mexe com o nosso tempo para darmos aos outros porque servir retira-nos momentos que achamos, erradamente, que são nossos por natureza ou até por merecimento.
Quando amamos alguém de verdade, não se fica à espera que essa pessoa a sirva. Quando amamos alguém de verdade, vamos e servimos.
Depois do elogio, vem a parte do desafio…
Nesse sentido, creio que enquanto Igreja podemos servir muito mais e apenas existirá mais serviço, conforme diz o texto, quando houver uma alegria cada vez maior e sempre enraizada na pessoa de Cristo naquilo que Ele fez e fará por nós.
Acredito que podemos servir mais na área da visitação. Caso não possamos ir lá, podemos fazer sempre um telefonema. Esta não é uma tarefa do pastor mas uma responsabilidade de toda a Igreja.
Uma simples questão… Quantas vezes já telefonámos ou visitámos aqueles que estão doentes? Nós queremos que esta seja uma das marcas da Igreja da Graça.
Servimos a Deus também quando mostramos reverência nos cultos, ou EBD, tanto a nível da nossa pontualidade, postura ou assiduidade.
Isto é uma pergunta que nunca ninguém conseguiu responder-me até hoje… Se somos pontuais no nosso trabalho, porque não o somos também na Igreja? Deus merece menos excelência da nossa parte?
Por outro lado, reconheço que a nossa Igreja tem recebido muito bem os visitantes que, pela graça de Deus, têm chegado até nós.
No entanto, desejo mais enquanto pastor… Não fiquemos à conversa com quem já conhecemos muito bem. Talvez até depois tenhamos hipótese de fazer isso ao almoço. Procure a pessoa que não conhece pois pode ser a única hipótese de falar com ela. Mostre que está disponível para ajudar naquilo que puder. Sirva-a com todo o amor.
Ao servimos as pessoas estamos a servir a Deus e, por causa disso, devemos servir com excelência ao único que nos serviu com excelência e perfeição!
Nunca nos esqueçamos que servimos a Deus quando servimos as pessoas.
V4 Entrai pelas suas portas com acção de graças, e em seus átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome.  
Ao nos ser dado a conhecer quem Deus é, teremos o desejo de celebrar os Seus feitos, assim como servi-Lo ao servir a Sua comunidade, como também teremos o desejo de partilhar a Sua boa-nova a toda a criatura.
Este versículo diz-nos precisamente isso… Temos de dizer bem do Seu nome, isto é, temos de testemunhar do Seu amor para com todas as pessoas.
Desculpem a repetição mas é importante… Recentemente vimos que a Evangelização nunca pode ser encarada como um programa, mas sim como um estilo de vida. É uma obrigação nossa.
Não é por falta de “programas evangelísticos” que nós não evangelizamos. Nós simplesmente não evangelizamos por falta de compaixão pelas almas perdidas*.
Evangelizar não é um evento. É sim, a maneira pela qual Deus quer que nós vivamos.
Evangelização é responsabilidade de todo o cristão e não só daqueles que têm o dom de evangelista.
Reparemos neste pormenor que pode servir de exemplo ou não… Se eu perguntasse a alguém aqui presente se estaria disponível para dar o testemunho daquilo que Cristo tem feito na sua vida, será que estaria pronto a dá-lo?
Testemunhar é transbordar daquilo que estamos cheios.
Em certo sentido, nós não cultivamos o testemunho porque temos dificuldade em partilhar aquilo que Deus tem feito ou então, por outro lado, temos receio da reacção das pessoas porque queremos ser aceites.
Noutra perspectiva, quando temos uma vida de oração isso revela-se numa atitude de evangelização. É algo que tenho percebido na minha vida apesar de ainda ter que melhorar muito… Quanto mais falo com Deus, mais desejo tenho de falar d’Ele aos outros.
Quanto à nossa comunidade, creio que podemos fazer muito mais relativamente a este aspecto. Tal como referi antes, Deus tem enviado algumas pessoas até nós e agradecemos-Lhe profundamente por isso.
Contudo, também é verdade que não têm vindo pessoas que não conhecem a Cristo porque, talvez, estejamos à espera que elas venham sozinhas.
A Bíblia é clara… Fazemos discípulos quando vamos e partilhamos a boa-nova.
Há quanto tempo não falamos de Jesus? Quantas oportunidades já desperdiçámos? Há quanto tempo não convidamos alguém para vir cultuar connosco?
Deus salva meus irmãos… Deus tem poder… Nunca duvidem disso.
Oremos também pela salvação de vidas. Oremos para que Deus nos dê oportunidades para testemunhar. Oremos para perdermos a vergonha e sermos ousados.
Enquanto pastor, desejo que a Igreja Baptista da Graça tenha esta cultura enraizada de evangelizar. Para nada importa termos a doutrina certa, se não fazemos nada com ela!
Nota: Por vezes oiço as pessoas a dizerem “Pastor o nosso sofrimento é tanto ou andamos tão cansados que nem temos tempo ou cabeça para pensarmos em falar de Jesus a alguém”. A minha resposta normalmente é esta “Use o seu sofrimento para falar de Jesus. Quanto ao resto… É uma questão de prioridades.”
Nós, os cristãos, somos os únicos que podemos deitar foguetes antes da festa porque temos a nossa vida resolvida, sabemos para onde vamos e ninguém nos pode tirar a essa alegria.
Cristo comprou a nossa vitória. Em Cristo somos mais do que vencedores.
Que cada um de nós possa encontrar o verdadeiro deleite que há em Deus.
Que Ele nos ajude e incomode.