O nosso país é conhecido pelo fado e, segundo alguns
historiadores, este terá tido origem aqui bem perto, na Mouraria. O fado originalmente era marcado pela tristeza e
melancolia. Por isso, muitas vezes dizem que o povo português é triste e
melancólico.
Contudo, a Bíblia diz-nos que devemos ser alegres e sempre
gratos.
Se eu vos perguntasse quais os motivos que vocês têm para celebrar, conseguiriam produzir uma
lista? Ou apenas tristezas e saudosismos?
Por outro lado, se eu perguntasse onde podem ver o agir de Deus na vossa vida, tinham
facilidade em responder? Se eu vos questionasse sobre aquilo
que vos faz feliz, será que Deus
entrava na equação e seria o elemento primário?
Salmos 100 – Texto
que tem mexido muito comigo nos últimos tempos!
Iremos alterar a ordem dos versículos… Comecemos por
analisar o V3 e 5.
V3 e V5 Sabei que o Senhor é Deus! Foi ele quem nos fez, e
somos dele; somos o seu povo e ovelhas do seu pasto. Porque o Senhor é bom; a
sua benignidade dura para sempre, e a sua fidelidade de geração em geração.
A palavra “saber”
tem como significado "experimentar algo para se ficar convencido das
qualidades”.
Sendo assim, o salmista desafia ao conhecimento do Senhor pois Ele é o único Deus à face da terra.
Acontece, muitas vezes, que estamos
tão habituados à rotina da vida e à consequente vinda à Igreja, que
já damos
como dado adquirido e não celebrado aquilo
para o qual estamos reunidos.
Será que a nossa vida é norteada pelo Evangelho? Ele é visto
em todas as áreas da nossa vida?
Dizemos que conhecemos o Senhor Deus, cantamos que o amamos
sobre todas as coisas, será que este conhecimento
e esta verbalização mostram a realidade das nossas vidas?
Deus é o criador e o
sustentador de todas as coisas. Esta é a ideia bem explícita em Salmos 19:1 “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento
anuncia a obra das suas mãos”.
Em nenhum momento da nossa vida devemos duvidar de que Deus é Senhor. Ele controla tudo o que
acontece porque Ele é Senhor…. Porque Ele é Soberano. É verdade que
podem surgir incompreensões*, mas não deve surgir nenhuma dúvida de que Deus é Senhor sobre
tudo e todos.
Além de Deus ser o Senhor do Universo, diz-nos este
versículo, que Ele é o nosso pastor, logo nós
somos Suas ovelhas. Encontramos esta verdade em João 10:11. Deus enviou o Seu filho para dar a Sua vida pelas Sua ovelhas.
Significa isso, e à luz de João 1, que Deus
além de Senhor é também nosso Pai por causa daquilo que Cristo fez
no nosso lugar.
Enquanto não entendermos a nossa incapacidade para nos tornarmos
filhos de Deus, nunca iremos perceber a Graça
de sermos chamados Seus filhos.
Por vezes, fazemos os
maiores erros da nossa vida para sermos aceites, aprovados e encontrarmos
significado para a nossa vida. Contudo, Deus não entra e nem o deixamos dizer
nada sobre isso.
É verdade que precisamos que esses aspectos sejam uma
realidade na nossa vida porque fomos criados para tal. A verdadeira diferença,
é que Deus criou-nos para nós
encontrarmos a verdadeira aceitação, aprovação e
significado para a nossa vida na Sua própria vida.
Se a nossa “felicidade pessoal” fosse um fim, certamente
poderíamos fazer tudo. Se for de facto assim, todas as coisas nos serão
lícitas. No entanto, se a nossa felicidade for Cristo,
perceberemos que todas as coisas nos serão lícitas mas nem todas nos convêm.
Jesus assegurou-nos que já somos aceites por Deus. Não
precisamos de ter “mentalidade do desempenho”, isto é, não fomos aceites pelo
que fazemos, mas pelo que Cristo fez. Logo resta-nos crer e obedecer ao que Ele
diz.
Quem usa o desempenho para
tentar mostrar superioridade ou para
mostrar como merece a Graça de Deus, é porque
ainda não percebeu a mensagem do Evangelho.
Deus é nosso Pai e por isso não podemos viver a nossa
vida com mentalidade de órfãos.
Além disso, só há
verdadeiro descanso para as nossas vidas quando descansamos na Paternidade de
Deus*. Lembre-se… Deus é Pai… E trata-nos como tal.
Sendo assim, devemos construir
a nossa identidade em Deus até pelo amor e
confiança que temos n’Ele. Aí certamente que não haverá decepções!
Muitas desilusões acontecem quando achamos que as coisas ou alguém irão dar um novo significado à
nossa vida. Assim que o conseguirmos, iremos perceber que continua a faltar algo. Torna-se uma luta incessante
até conseguirmos preencher esse vazio.
Qual a razão disto acontecer? Não fomos criados para tal…
Noutra perspectiva, como pode saber se vive como filho de
Deus? Qual o exame que pode fazer à sua vida para perceber se vive para
conquistar ou vive porque foi conquistado?
Encontraremos a resposta nos versículos a seguir…
V1 Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da
terra.
Nós celebramos e cantamos
não para nos elevarmos até Deus. Nós celebramos e cantamos porque Deus veio até nós na pessoa do nosso Senhor
Jesus Cristo e precisamos de Jesus para
adorar a Deus. Vivemos porque fomos conquistados. Não iremos aguentar se
vivemos para conquistar o favor de Deus.
Por isso, celebramos com sentido e propósito. Celebramos
porque sabemos o que nos espera no futuro.
O mais interessante é que isto não invalida o sofrimento que
o amanhã possa trazer, no entanto confiamos que Deus é bom e para sempre bom.
Não será este o maior motivo para andarmos felizes?
Porém, tenho notado, e contra mim falo, que reclamamos muito e celebramos tão pouco.
Qual a razão? Porque anda triste muitas vezes a nossa alma?
Os descendentes de Corá, no Salmo 42:5*, fizeram a mesma
pergunta “Por
que hei-de estar desanimado e preocupado?”. No entanto, na parte
final deste versículo, encontraram a resposta “Quero confiar no Senhor e ainda o hei-de
louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador!”. Isto não quer dizer que
de um dia para o outro tudo tivesse mudado na vida deles. Isso é visível no
restante texto.
É uma luta diária
colocarmos os nossos olhos no sítio certo.
Esta semana estávamos a falar desta luta no culto doméstico
e a ensinarmos como a vida cristã é marcada por isso. No fim diz o Samuel “É
como se Deus estivesse a dizer ‘Não desistas. Desta vez certamente que irás
conseguir’”. É precisamente este pensamento meus irmãos… Não devemos desistir…
E não desistimos quando o nosso foco é Jesus.
Hebreus 12:2
“Olhando para Jesus porque Ele é o autor e consumador da nossa fé”.
Certamente o desânimo
chegará se não tivermos uma perspectiva Cristológica.
Chego à conclusão que celebramos pouco na vida cristã,
porque também conhecemos pouco o que Deus fez, faz e fará.
Na série das “7 cartas à Igreja” víamos as críticas mas
também os elogios.
Creio que enquanto Igreja temos que celebrar. Não porque
haja uma capacidade inata em nós, mas sim porque
temos visto a Obra das Suas mãos. Penso que muito se deve aos cultos de
oração.
Ponderando naquilo que Deus tem feito nesta comunidade, creio que celebramos pouco aquilo que Deus
tem feito… E isto não é sobre exaltar alguma pessoa, mas sim exaltar a Deus. Ele é o motivo da nossa celebração. A
Glória deve ser sempre dada a Ele.
Vejamos…
1º Temos tido,
pela Sua graça, a oportunidade de termos muitas crianças - hoje a apresentação da Emília e, esperamos, que
em breve possa haver mais. Isto é uma bênção. Por outro lado, dá-nos uma responsabilidade acrescida a todos nós mas,
principalmente, aos pais.
É verdade que podem incomodar com o choro, o barulho, as idas
à casa de banho*, mas certamente é preferível
ouvirmos uma criança a chorar dentro da Igreja, do que vermos
daqui a uns anos os pais a chorarem porque os filhos não vêm à Igreja.
2º Pela graça de
Deus, temos tido baptismos. Vamos ter no
próximo Domingo o segundo culto deste ano. Se tudo se confirmar, teremos 6 pessoas baptizadas.
Além disso, temos visto o desejo de vários irmãos de quererem
ser membros da nossa comunidade. Hoje à tarde ouviremos o desejo do Tiago. Além
disso, já mais pessoas manifestaram esse
desejo.
Muito mais haveria para dizer, contudo, estas reflexões
servem apenas para dar toda a Glória a
Deus e para tornar o Evangelho conhecido.
Sendo assim, a celebração
acontece quando estamos tão cheios de gratidão por quem Deus é que a desejamos transmitir a outros. Não há
celebração sem transmissão… Já lá iremos*.
Nota: Nós
celebramos sempre o que Deus fez. Aliás, celebrar ajuda-nos a não estagnar. No
entanto, isto não significa que não celebremos a Deus aquilo que Ele tem feito
através de várias pessoas. Creio mesmo, porque é bíblico, que devemos dar honra
a quem honra (Rom. 13:7).
V2 Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com
cântico.
Quando percebemos quem Deus é, celebramos a Obra das Suas
mãos. Como consequência disso, também O
servimos servindo o Seu povo. Está sempre interligado o serviço a Deus e ao
próximo!
Recentemente vimos que mostramos que somos gratos não por ficarmos a contemplar e a viver do
passado*, mas
sim servindo, porque o Deus
que foi connosco no passado é o mesmo do presente e do futuro. Então não
tenhamos medo de seguir em frente mesmo que
tenhamos que sofrer… Ser grato é servir no presente até quando Deus disser
“Regressa a casa”.
Será que a nossa Igreja é
marcada pelo serviço ao próximo?
Creio que há pessoas que estão a fazer um trabalho muito bom
na área social… Algumas famílias estão a ser apoiadas através deste ministério
da Igreja. Além disso, temos a irmã Inácia* que é um exemplo e companhia na
visitação.
Servir vai para além do que é esperado.
Significa sempre mexer com algo que prezamos
e, muitas vezes, mexe com o nosso tempo
para darmos aos outros porque servir
retira-nos momentos que achamos, erradamente, que são nossos por natureza ou até por merecimento.
Quando amamos alguém de verdade, não se fica à espera que
essa pessoa a sirva. Quando amamos alguém de verdade, vamos e servimos.
Depois do elogio, vem a parte do desafio…
Nesse sentido, creio que enquanto Igreja podemos servir muito mais e apenas existirá mais serviço, conforme diz o texto, quando houver
uma alegria cada vez maior e sempre
enraizada na pessoa de Cristo naquilo que Ele fez e fará por nós.
Acredito que podemos servir
mais na área da visitação. Caso não possamos ir lá, podemos fazer sempre um
telefonema. Esta não é uma tarefa do pastor
mas uma responsabilidade de toda a Igreja.
Uma simples questão… Quantas vezes já telefonámos ou visitámos
aqueles que estão doentes? Nós queremos que esta seja uma das marcas da Igreja
da Graça.
Servimos a Deus também
quando mostramos reverência nos cultos, ou EBD,
tanto a nível da nossa pontualidade, postura ou assiduidade.
Isto é uma pergunta que nunca ninguém conseguiu responder-me
até hoje… Se somos pontuais no nosso trabalho, porque não o somos também na
Igreja? Deus merece menos excelência da nossa
parte?
Por outro lado, reconheço que a nossa Igreja tem recebido
muito bem os visitantes que, pela graça de Deus, têm chegado até nós.
No entanto, desejo mais enquanto pastor… Não fiquemos à conversa com quem já conhecemos
muito bem. Talvez até depois tenhamos hipótese de fazer isso ao almoço. Procure
a pessoa que não conhece pois pode ser a única hipótese de falar com ela.
Mostre que está disponível para ajudar naquilo que puder. Sirva-a com todo o amor.
Ao servimos as pessoas estamos a servir a Deus e, por causa
disso, devemos servir com excelência ao único que nos serviu com excelência e
perfeição!
Nunca nos esqueçamos que
servimos a Deus quando servimos as pessoas.
V4 Entrai pelas suas portas com acção de graças, e em seus
átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome.
Ao nos ser dado a conhecer quem Deus é, teremos o desejo de celebrar os Seus feitos, assim como servi-Lo ao
servir a Sua comunidade, como também teremos
o desejo de partilhar a Sua boa-nova a toda a criatura.
Este versículo diz-nos precisamente isso… Temos de dizer bem
do Seu nome, isto é, temos de testemunhar do Seu
amor para com todas as pessoas.
Desculpem a repetição mas é importante… Recentemente vimos
que a Evangelização nunca pode ser
encarada como um programa, mas sim como um
estilo de vida. É uma obrigação nossa.
Não é por falta de “programas evangelísticos” que nós não
evangelizamos. Nós simplesmente não evangelizamos por falta de compaixão pelas almas perdidas*.
Evangelizar não é um evento. É sim, a maneira pela qual Deus
quer que nós vivamos.
Evangelização é
responsabilidade de todo o cristão e não só daqueles que têm o dom de
evangelista.
Reparemos neste pormenor que pode servir de exemplo ou não…
Se eu perguntasse a alguém aqui presente se estaria disponível para dar o
testemunho daquilo que Cristo tem feito na sua vida, será que estaria pronto a
dá-lo?
Testemunhar é transbordar daquilo que estamos cheios.
Em certo sentido, nós não
cultivamos o testemunho porque temos dificuldade em partilhar aquilo que Deus
tem feito ou então, por outro lado, temos
receio da reacção das pessoas porque queremos ser aceites.
Noutra perspectiva, quando temos uma vida
de oração isso revela-se numa atitude de evangelização. É algo que
tenho percebido na minha vida apesar de ainda ter que melhorar muito… Quanto
mais falo com Deus, mais desejo tenho de falar d’Ele aos outros.
Quanto à nossa comunidade, creio que podemos fazer muito mais
relativamente a este aspecto. Tal como referi antes, Deus tem
enviado algumas pessoas até nós e agradecemos-Lhe profundamente por isso.
Contudo, também é verdade que não
têm vindo pessoas que não conhecem a Cristo porque, talvez, estejamos à
espera que elas venham sozinhas.
A Bíblia é clara…
Fazemos discípulos quando vamos e partilhamos a boa-nova.
Há quanto tempo não falamos de Jesus? Quantas oportunidades
já desperdiçámos? Há quanto tempo não convidamos alguém para vir cultuar
connosco?
Deus salva meus irmãos… Deus tem poder… Nunca duvidem disso.
Oremos também
pela salvação de vidas. Oremos para que Deus nos dê oportunidades
para testemunhar. Oremos para perdermos a vergonha e sermos ousados.
Enquanto pastor, desejo que a Igreja Baptista da Graça tenha
esta cultura enraizada de evangelizar. Para nada importa termos a doutrina
certa, se não fazemos nada com ela!
Nota: Por
vezes oiço as pessoas a dizerem “Pastor o nosso sofrimento é tanto ou andamos
tão cansados que nem temos tempo ou cabeça para pensarmos em falar de Jesus a
alguém”. A minha resposta normalmente é esta “Use o seu sofrimento para falar
de Jesus. Quanto ao resto… É uma questão de prioridades.”
Nós, os cristãos, somos
os únicos que podemos deitar foguetes antes da festa porque temos a nossa
vida resolvida, sabemos para onde vamos e ninguém nos pode tirar a essa
alegria.
Cristo comprou a nossa vitória. Em Cristo somos mais do que
vencedores.
Que cada um de nós possa encontrar o verdadeiro deleite que
há em Deus.
Que
Ele nos ajude e incomode.
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