Não há como ser cristão e não
entender a mensagem de Cristo. Não há como ser cristão e não se viver a mensagem do Evangelho em
todos os momentos e em todas as áreas da
nossa vida.
Quando se tem um encontro com Cristo e, por conseguinte, com
a Sua Palavra, toda a nossa vida será
transformada para que a nossa existência fale do Evangelho.
Tal como vimos a semana passada, Deus não quer os buracos da nossa vida. Deus quer sim a nossa vida!
Esta mensagem torna-se especialmente extraordinária ao
percebermos como Deus é Santo e mesmo assim deseja relacionar-se com pessoas
pecadoras como nós.
Este relacionamento de Deus que é Santo com pessoas
pecadoras só é possível por causa da Sua “Maravilhosa Graça” e este é o tema da
mensagem de hoje... “Maravilhosa Graça”.
Gálatas 1:10-24
10 Porventura procuro eu mais a aprovação dos homens do que a
de Deus ou procuro agradar aos homens? Se procurasse agradar-lhes não seria
verdadeiro servo de Cristo.
Quando Jesus está no centro da nossa vida, tudo deve convergir à volta dele. O nosso objectivo não é fazer a vontade dos homens
e muito menos falar daquilo que eles gostam de ouvir porque um homem que não
conhece a Cristo, não sabe as suas reais
necessidades.
Por vezes, a mensagem é
dura e implica fazermos mudanças. Isto,
obviamente, mexe com tudo aquilo que as pessoas
acham que é seu por direito próprio achando que entra num campo “pessoal”.
Por outro lado, no meio cristão, cada vez mais vejo pessoas apenas a dizerem “Amém” à Bíblia quando
a mesma diz “Amém” ao seu estilo de vida
porque quando a Bíblia não diz “Amém” ao que fazem afirmam logo: “Não é bem
assim” ou “Isso é farisaísmo ou fundamentalismo”.
O nosso objectivo deve ser apenas agradar a Cristo e falar
aquilo que ele mandou proclamar independentemente
do que as pessoas possam pensar. Talvez hoje possa ser um
exemplo disso.
Temos de pregar o
Evangelho e quando deixarmos de pregar
sobre Jesus, estamos a deixar de pregar sobre aquilo que realmente é importante e que tem poder para transformar vidas.
V11-12 Meus irmãos, fiquem a saber que o evangelho que eu vos
anunciei não é de origem humana. Pois não o recebi nem o aprendi de qualquer
pessoa, mas foi Jesus Cristo quem mo revelou.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por
Cristo.
O objectivo de Paulo, ao pregar o Evangelho, era agradar a Deus porque foi do próprio Cristo que ele recebeu esse
Evangelho o qual tem poder para salvar todo o tipo de pessoas.
Este argumento torna-se muito importante, devido ao momento
em que esta carta foi escrita, porque aqueles
falsos profetas tinham recebido o seu ensino através de tradições humanas, as
quais, muitas vezes, deturpavam o ensino
original dado por Deus, como também eram ditas
coisas em nome de Deus as quais Ele nunca houvera dito.
Vejamos isso precisamente em Marcos 7:13 “Desta maneira, anulam a
palavra de Deus trocando-a pelas tradições que receberam dos vossos pais. E
fazem muitas outras coisas deste género.”
O Evangelho não é algo que
nós desejamos de forma natural. Nós só
desejamos o Evangelho se houver a intervenção do Espírito Santo. Não
podemos manipular a verdade e nem criar ambientes para que seja mais fácil
aceitarem a Cristo.
Exemplo: Tondelar
– Velas com cheiro a chocolate – Mais fácil a venda.
Quando tentamos manipular a
Palavra ou deixamos de afirmar certas verdades na
tentativa de tornar mais fácil a aceitação de Cristo da parte da pessoa, estamos com isso a afirmar que talvez o Espírito
não tenha tanto poder assim para salvar as pessoas…
Os judaizantes ajustaram o
Evangelho às suas próprias inclinações orgulhosas porque o homem natural –
não salvo – fala daquilo que o seu
coração anseia conquistar.
O pior que pode acontecer, quando estamos a ler a Bíblia, é
darmos a nossa opinião/interpretação pessoal. A Bíblia
interpreta-se a si mesma.
Nesse sentido, enquanto pastor, eu não pretendo ser
“amoroso*” no que digo mas sim amoroso na forma como falo.
O verdadeiro amor é
aquele que proclama a verdade em amor.
Efésios 4:14-15 “Assim já não nos comportaremos como
crianças que andam ao sabor do vento e das ondas. Não nos deixaremos enganar
por artimanhas inventadas pela esperteza daqueles que se armam em mestres. Mas
proclamando a verdade com amor (…)”
É verdade que podemos ser chamados de intolerantes ou até de
fundamentalistas. Mas a Bíblia é feita de
fundamentos essenciais que nos obrigam a mudar posturas para vivermos como Cristo.
Contudo isso nem sempre é bem recebido por todos. No meio
evangélico, quando as pessoas são confrontadas
com a verdade bíblica por vezes dizem “Não tenho eu o direito a ser feliz
e a escolher o que é melhor para mim? Deus certamente quer ver-me feliz”.
Com isto, as pessoas estão a dizer que o fim último da sua vida é a sua realização pessoal e não a Glória do nosso bom Deus.
Se a vida fosse feita com base nos nossos feitos, certamente
Paulo seria um feliz contemplado porque a sua vida, aos olhos humanos, era de grande
valor.
O humanismo aponta ao
homem porque vem do homem e tem como objectivo glorificar o homem. O
Cristianismo aponta a Cristo porque vem de Cristo e tem como objectivo glorificar a Cristo.
Por isso, quando Paulo é chamado a dar testemunho, ele não partilha os seus feitos – até os
desvaloriza – partilha sim os feitos de
Cristo.
Este é um dos aspectos que precisamos de saber… Muitas vezes
quando as pessoas são chamadas a
testemunhar, elas não falam daquilo que
Deus faz nas suas vidas, mas sim daquilo que elas fazem.
Paulo falava com muito vigor sobre Cristo porque tinha a
noção de quem ele era antes da conversão. Ele seguia
os costumes judeus e por ser um fariseu acérrimo, ele perseguia os cristãos…
13-14 Certamente já ouviram falar do modo como eu vivia
quando seguia a religião judaica. Sabem como eu perseguia com violência a
igreja de Deus e procurava destruí-la. Estava a ultrapassar muitos outros
judeus do meu tempo devido ao grande zelo pelas tradições dos meus
antepassados.
Nestes dois versículos percebemos de uma forma clara, quem era Paulo e o que ele fazia. Tanto é,
que quando ele chegava a determinadas cidades, os
cristãos tinham receio dele.
Actos 9:26 “Quando Saulo chegou a Jerusalém quis juntar-se
aos discípulos, mas todos tinham medo dele, pois não se convenciam que também
ele fosse discípulo de Jesus”.
Para termos uma noção, Paulo
perseguia e matava mesmo os seguidores de Jesus. Entrava na casa dos cristãos e prendia-os. Entrava nas sinagogas para
castigar quem lá estava.
Ele sabia quem era
sem Deus… Quando ele falava sobre isso, falava
com um misto de dor, mas também com puro
agradecimento porque a Graça de Deus o
alcançou…
I Timóteo 1:13 “A mim, que dantes fui blasfemo, e
perseguidor, e injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz
ignorantemente, na incredulidade.”
Teremos nós esta percepção? Quem nós seríamos sem Deus?
Muitas vezes podemos não nos lembrar da nossa conversão, o
antes e o após, com as devidas mudanças a acontecerem.
Por vezes, até parece que a
nossa conversão só aconteceu mais tarde, mas isso apenas está relacionado com maturidade e não com a
conversão salvífica.
O mais importante é
sabermos quem seríamos sem Cristo e, quanto a mim, essa imagem seria terrível e é um forte
incentivo para ter que dobrar os meus joelhos todos os dias.
Ao ter esta percepção, Paulo percebeu que só poderia ter
sido salvo pela “Maravilhosa graça de Deus” que o alcançou, não pelo seu mérito
– ele era um assassino - mas pela vontade de
Deus.
15-16 a) Mas Deus, pela sua graça, escolheu-me ainda antes de
eu nascer e chamou-me para o servir. E, quando Deus assim o quis, deu-me a
conhecer o seu Filho para que fosse anunciá-lo aos não-judeus.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por
Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida.
Paulo teve a noção
clara que a Salvação vinha do Senhor, como nos diz em Jonas 2:9.
Ele entende também que esta graça é
maravilhosa porque o atingiu
mesmo antes de ele ter nascido pois ocorreu, tal como ele diz nos diz em
Efésios 1:4, antes da fundação do mundo.
É esta a noção que vemos em Isaías 49:1, em Jeremias 1:5, em
vários Salmos como no 139:13…
No entanto, queria salientar aqui um texto que resume como esta Salvação ocorre antes mesmo de termos sido feitos, como
também, mostra-nos que a Salvação não ocorreu por algum mérito nosso, mas simplesmente
porque Deus quis…
Deuteronómio 7:6-7 “Tu és um povo consagrado ao SENHOR,
teu Deus. O SENHOR, teu Deus, escolheu-te* para seres o seu povo particular,
dentre todos os povos que existem no mundo. O SENHOR interessou-se por vós e
escolheu-vos*, não por serem um povo maior do que os outros (não ao mérito ou à
capacidade deles), pois, de facto, são um povo bem pequeno no meio dos demais.”
Por isso meus irmãos, tenhamos a noção que Deus foi buscar-nos quando estávamos na
nossa miséria espiritual e partilhou todos
os Seus bens connosco em Cristo.
A conversão de Paulo mostra-nos que Deus
salva quem quer independentemente
do seu passado*. Não há barreiras
que não possam ser vencidas pela Soberania do nosso Deus.
Por isso, nós oramos e
evangelizamos todas as pessoas porque sabemos que para Deus não há barreiras que não possam ser ultrapassadas. Se
houvesse barreiras intransponíveis, não valeria a pena orar.
Charles Spurgeon, com base nestas palavras de Paulo disse
(uma das minhas frases favoritas): “Eu creio na escolha de Deus, porque estou
bem certo que, se Deus não me tivesse escolhido, eu nunca O teria escolhido; e
tenho certeza que Ele me escolheu antes de eu nascer, ou, caso contrário, Ele
nunca ter-me-ia escolhido depois; e Ele deve ter-me escolhido por razões
desconhecidas por mim, porque eu nunca pude encontrar qualquer razão em mim
mesmo pela qual Ele devesse olhar-me com especial amor”.
Deus salva por causa
da Sua Maravilhosa Graça. E se é Graça é porque é imerecida. Sejamos
agradecidos. Se hoje conseguimos ver a Deus, foi porque o Seu Espírito Santo
abriu os nossos olhos.
A graça de Deus é maravilhosa porque nos atinge de uma forma inexplicável. Eu, sinceramente, não entendo
como Deus salvou uma pessoa como eu… Por isso, só
me resta viver em gratidão, com fé e em arrependimento.
Entendendo isto, só
poderemos celebrar os feitos de Cristo e não os nossos.
A transformação que
Deus opera nas nossas vidas tem sempre como objectivo
levar a Palavra a outros, como também a praticar
boas obras…
A salvação tem que ter sempre
um objectivo comunitário… Vejamos como aquilo que Deus fez serviu de
testemunho a outras pessoas…
23 Apenas ouviam dizer: «Aquele que dantes nos perseguia
agora anda a pregar a fé que primeiro queria destruir.»
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por
Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer
tipo de pessoa.
As pessoas ficaram surpresas com aquilo que Paulo estava a
fazer e a falar.
Percebamos que não
foi uma simples mudança. Algo incrível aconteceu… Paulo estava pronto a matar cristãos e agora
estava pronto a morrer como cristão.
A Graça de Deus alcança
todo o tipo de pessoas independentemente do que fizeram, como também nos
mostra que sem esta Graça nós éramos
pessoas perdidas.
Apenas uma nota:
nunca devemos pensar que há um certo tipo de
pecado que nunca iremos cometer, porque se pensarmos assim, estamos a achar que somos perfeitos quando
não o somos. O nosso coração é enganoso
e, por isso, devemos reconhecer sempre a nossa
fraqueza seja em que área for e desconfiarmos sempre daquilo que estamos a fazer. No entanto, à
medida que isto acontece, lembremo-nos também
que não estamos sós… O Espírito Santo
habita connosco e ajuda-nos a sermos fortes.
Logo, nunca diga “Este pecado nunca cometerei”. Tenha sempre cuidado com os caminhos que trilha,
porque o mundo tem muitas seduções escondidas
em máscaras de inocência. Isto já vem desde o jardim do Éden.
Desconfiarmos das nossas atitudes é reconhecermos que precisamos do Espírito Santo em todos os momentos
das nossas vidas.
Paulo passou muito tempo com Deus – V17 a 22 – para poder falar durante muito tempo de Deus aos
homens.
Quanto mais tempo
passarmos de olhos fechados perante Deus (oração), mais vezes abriremos a nossa boca perante os homens
(evangelização).
A oração revela-se sempre
numa atitude de evangelização. Porque quando há comunhão com Deus, não
poderemos deixar de partilhar esta
boa-nova com outras pessoas.
Em certo sentido, todos têm uma “boa-nova” para partilhar,
mas a “boa-nova” do Evangelho é a única
que tem poder para transformar vidas.
Custa-me, como pastor, ouvir muitas vezes pregarem coisas
que não estão relacionadas com Cristo como
filosofias, políticas ou passos para ser bem sucedidos neste mundo.
Tudo é acerca de
Cristo… Do que Ele fez por nós… E como
nós devemos viver para Ele.
Quando vivemos assim… Vejamos o que acontece…
24 E davam glória a Deus por causa de mim.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por
Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer
tipo de pessoa; 4º Porque nos leva a testemunhar.
Pela forma como Paulo vivia
e falava as com as pessoas, elas davam glória a quem? A Deus. Por quê? Porque todas
as palavras de Paulo, como também toda a
sua vida, apontavam à pessoa do
nosso bom Deus.
Ele reconheceu – ao dizer “por causa de mim” - que foi usado
por Deus como meio para que as pessoas dessem glória àquele que é digno de toda
a Glória.
Ao dizer isto, admitiu que foi um grande privilégio ser
instrumento nas mãos de Deus.
Se as pessoas olharem para a nossa vida e para aquilo que
fazemos, irão dar glória a quem?
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