terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Maravilhosa Graça

Não há como ser cristão e não entender a mensagem de Cristo. Não há como ser cristão e não se viver a mensagem do Evangelho em todos os momentos e em todas as áreas da nossa vida.
Quando se tem um encontro com Cristo e, por conseguinte, com a Sua Palavra, toda a nossa vida será transformada para que a nossa existência fale do Evangelho.
Tal como vimos a semana passada, Deus não quer os buracos da nossa vida. Deus quer sim a nossa vida!
Esta mensagem torna-se especialmente extraordinária ao percebermos como Deus é Santo e mesmo assim deseja relacionar-se com pessoas pecadoras como nós.
Este relacionamento de Deus que é Santo com pessoas pecadoras só é possível por causa da Sua “Maravilhosa Graça” e este é o tema da mensagem de hoje... “Maravilhosa Graça”.
Gálatas 1:10-24
10 Porventura procuro eu mais a aprovação dos homens do que a de Deus ou procuro agradar aos homens? Se procurasse agradar-lhes não seria verdadeiro servo de Cristo.
Quando Jesus está no centro da nossa vida, tudo deve convergir à volta dele. O nosso objectivo não é fazer a vontade dos homens e muito menos falar daquilo que eles gostam de ouvir porque um homem que não conhece a Cristo, não sabe as suas reais necessidades.
Por vezes, a mensagem é dura e implica fazermos mudanças. Isto, obviamente, mexe com tudo aquilo que as pessoas acham que é seu por direito próprio achando que entra num campo “pessoal”.
Por outro lado, no meio cristão, cada vez mais vejo pessoas apenas a dizerem “Amém” à Bíblia quando a mesma diz “Amém” ao seu estilo de vida porque quando a Bíblia não diz “Amém” ao que fazem afirmam logo: “Não é bem assim” ou “Isso é farisaísmo ou fundamentalismo”.
O nosso objectivo deve ser apenas agradar a Cristo e falar aquilo que ele mandou proclamar independentemente do que as pessoas possam pensar. Talvez hoje possa ser um exemplo disso.
Temos de pregar o Evangelho e quando deixarmos de pregar sobre Jesus, estamos a deixar de pregar sobre aquilo que realmente é importante e que tem poder para transformar vidas.
V11-12 Meus irmãos, fiquem a saber que o evangelho que eu vos anunciei não é de origem humana. Pois não o recebi nem o aprendi de qualquer pessoa, mas foi Jesus Cristo quem mo revelou.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo.
O objectivo de Paulo, ao pregar o Evangelho, era agradar a Deus porque foi do próprio Cristo que ele recebeu esse Evangelho o qual tem poder para salvar todo o tipo de pessoas.
Este argumento torna-se muito importante, devido ao momento em que esta carta foi escrita, porque aqueles falsos profetas tinham recebido o seu ensino através de tradições humanas, as quais, muitas vezes, deturpavam o ensino original dado por Deus, como também eram ditas coisas em nome de Deus as quais Ele nunca houvera dito.
Vejamos isso precisamente em Marcos 7:13 “Desta maneira, anulam a palavra de Deus trocando-a pelas tradições que receberam dos vossos pais. E fazem muitas outras coisas deste género.”
O Evangelho não é algo que nós desejamos de forma natural. Nós só desejamos o Evangelho se houver a intervenção do Espírito Santo. Não podemos manipular a verdade e nem criar ambientes para que seja mais fácil aceitarem a Cristo.
Exemplo: Tondelar – Velas com cheiro a chocolate – Mais fácil a venda.
Quando tentamos manipular a Palavra ou deixamos de afirmar certas verdades na tentativa de tornar mais fácil a aceitação de Cristo da parte da pessoa, estamos com isso a afirmar que talvez o Espírito não tenha tanto poder assim para salvar as pessoas…
Os judaizantes ajustaram o Evangelho às suas próprias inclinações orgulhosas porque o homem natural – não salvo – fala daquilo que o seu coração anseia conquistar.
O pior que pode acontecer, quando estamos a ler a Bíblia, é darmos a nossa opinião/interpretação pessoal. A Bíblia interpreta-se a si mesma.
Nesse sentido, enquanto pastor, eu não pretendo ser “amoroso*” no que digo mas sim amoroso na forma como falo.
O verdadeiro amor é aquele que proclama a verdade em amor.
Efésios 4:14-15 “Assim já não nos comportaremos como crianças que andam ao sabor do vento e das ondas. Não nos deixaremos enganar por artimanhas inventadas pela esperteza daqueles que se armam em mestres. Mas proclamando a verdade com amor (…)”
É verdade que podemos ser chamados de intolerantes ou até de fundamentalistas. Mas a Bíblia é feita de fundamentos essenciais que nos obrigam a mudar posturas para vivermos como Cristo.
Contudo isso nem sempre é bem recebido por todos. No meio evangélico, quando as pessoas são confrontadas com a verdade bíblica por vezes dizem “Não tenho eu o direito a ser feliz e a escolher o que é melhor para mim? Deus certamente quer ver-me feliz”.
Com isto, as pessoas estão a dizer que o fim último da sua vida é a sua realização pessoal e não a Glória do nosso bom Deus.
Se a vida fosse feita com base nos nossos feitos, certamente Paulo seria um feliz contemplado porque a sua vida, aos olhos humanos, era de grande valor.
O humanismo aponta ao homem porque vem do homem e tem como objectivo glorificar o homem. O Cristianismo aponta a Cristo porque vem de Cristo e tem como objectivo glorificar a Cristo.
Por isso, quando Paulo é chamado a dar testemunho, ele não partilha os seus feitos – até os desvaloriza – partilha sim os feitos de Cristo.
Este é um dos aspectos que precisamos de saber… Muitas vezes quando as pessoas são chamadas a testemunhar, elas não falam daquilo que Deus faz nas suas vidas, mas sim daquilo que elas fazem.
Paulo falava com muito vigor sobre Cristo porque tinha a noção de quem ele era antes da conversão. Ele seguia os costumes judeus e por ser um fariseu acérrimo, ele perseguia os cristãos
13-14 Certamente já ouviram falar do modo como eu vivia quando seguia a religião judaica. Sabem como eu perseguia com violência a igreja de Deus e procurava destruí-la. Estava a ultrapassar muitos outros judeus do meu tempo devido ao grande zelo pelas tradições dos meus antepassados.
Nestes dois versículos percebemos de uma forma clara, quem era Paulo e o que ele fazia. Tanto é, que quando ele chegava a determinadas cidades, os cristãos tinham receio dele.
Actos 9:26 “Quando Saulo chegou a Jerusalém quis juntar-se aos discípulos, mas todos tinham medo dele, pois não se convenciam que também ele fosse discípulo de Jesus”.
Para termos uma noção, Paulo perseguia e matava mesmo os seguidores de Jesus. Entrava na casa dos cristãos e prendia-os. Entrava nas sinagogas para castigar quem lá estava.
Ele sabia quem era sem Deus… Quando ele falava sobre isso, falava com um misto de dor, mas também com puro agradecimento porque a Graça de Deus o alcançou
I Timóteo 1:13 “A mim, que dantes fui blasfemo, e perseguidor, e injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.”
Teremos nós esta percepção? Quem nós seríamos sem Deus?
Muitas vezes podemos não nos lembrar da nossa conversão, o antes e o após, com as devidas mudanças a acontecerem.
Por vezes, até parece que a nossa conversão só aconteceu mais tarde, mas isso apenas está relacionado com maturidade e não com a conversão salvífica.
O mais importante é sabermos quem seríamos sem Cristo e, quanto a mim, essa imagem seria terrível e é um forte incentivo para ter que dobrar os meus joelhos todos os dias.
Ao ter esta percepção, Paulo percebeu que só poderia ter sido salvo pela “Maravilhosa graça de Deus” que o alcançou, não pelo seu mérito – ele era um assassino - mas pela vontade de Deus.
15-16 a) Mas Deus, pela sua graça, escolheu-me ainda antes de eu nascer e chamou-me para o servir. E, quando Deus assim o quis, deu-me a conhecer o seu Filho para que fosse anunciá-lo aos não-judeus.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida.
Paulo teve a noção clara que a Salvação vinha do Senhor, como nos diz em Jonas 2:9.
Ele entende também que esta graça é maravilhosa porque o atingiu mesmo antes de ele ter nascido pois ocorreu, tal como ele diz nos diz em Efésios 1:4, antes da fundação do mundo.
É esta a noção que vemos em Isaías 49:1, em Jeremias 1:5, em vários Salmos como no 139:13…
No entanto, queria salientar aqui um texto que resume como esta Salvação ocorre antes mesmo de termos sido feitos, como também, mostra-nos que a Salvação não ocorreu por algum mérito nosso, mas simplesmente porque Deus quis…
Deuteronómio 7:6-7 “Tu és um povo consagrado ao SENHOR, teu Deus. O SENHOR, teu Deus, escolheu-te* para seres o seu povo particular, dentre todos os povos que existem no mundo. O SENHOR interessou-se por vós e escolheu-vos*, não por serem um povo maior do que os outros (não ao mérito ou à capacidade deles), pois, de facto, são um povo bem pequeno no meio dos demais.
Por isso meus irmãos, tenhamos a noção que Deus foi buscar-nos quando estávamos na nossa miséria espiritual e partilhou todos os Seus bens connosco em Cristo.
A conversão de Paulo mostra-nos que Deus salva quem quer independentemente do seu passado*. Não há barreiras que não possam ser vencidas pela Soberania do nosso Deus.
Por isso, nós oramos e evangelizamos todas as pessoas porque sabemos que para Deus não há barreiras que não possam ser ultrapassadas. Se houvesse barreiras intransponíveis, não valeria a pena orar.
Charles Spurgeon, com base nestas palavras de Paulo disse (uma das minhas frases favoritas): “Eu creio na escolha de Deus, porque estou bem certo que, se Deus não me tivesse escolhido, eu nunca O teria escolhido; e tenho certeza que Ele me escolheu antes de eu nascer, ou, caso contrário, Ele nunca ter-me-ia escolhido depois; e Ele deve ter-me escolhido por razões desconhecidas por mim, porque eu nunca pude encontrar qualquer razão em mim mesmo pela qual Ele devesse olhar-me com especial amor”.
Deus salva por causa da Sua Maravilhosa Graça. E se é Graça é porque é imerecida. Sejamos agradecidos. Se hoje conseguimos ver a Deus, foi porque o Seu Espírito Santo abriu os nossos olhos.
A graça de Deus é maravilhosa porque nos atinge de uma forma inexplicável. Eu, sinceramente, não entendo como Deus salvou uma pessoa como eu… Por isso, só me resta viver em gratidão, com fé e em arrependimento.
Entendendo isto, só poderemos celebrar os feitos de Cristo e não os nossos.
A transformação que Deus opera nas nossas vidas tem sempre como objectivo levar a Palavra a outros, como também a praticar boas obras
A salvação tem que ter sempre um objectivo comunitário… Vejamos como aquilo que Deus fez serviu de testemunho a outras pessoas…
23 Apenas ouviam dizer: «Aquele que dantes nos perseguia agora anda a pregar a fé que primeiro queria destruir.»
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer tipo de pessoa.
As pessoas ficaram surpresas com aquilo que Paulo estava a fazer e a falar.
Percebamos que não foi uma simples mudança. Algo incrível aconteceu… Paulo estava pronto a matar cristãos e agora estava pronto a morrer como cristão.
A Graça de Deus alcança todo o tipo de pessoas independentemente do que fizeram, como também nos mostra que sem esta Graça nós éramos pessoas perdidas.
Apenas uma nota: nunca devemos pensar que há um certo tipo de pecado que nunca iremos cometer, porque se pensarmos assim, estamos a achar que somos perfeitos quando não o somos. O nosso coração é enganoso e, por isso, devemos reconhecer sempre a nossa fraqueza seja em que área for e desconfiarmos sempre daquilo que estamos a fazer. No entanto, à medida que isto acontece, lembremo-nos também que não estamos sós… O Espírito Santo habita connosco e ajuda-nos a sermos fortes.
Logo, nunca diga “Este pecado nunca cometerei”. Tenha sempre cuidado com os caminhos que trilha, porque o mundo tem muitas seduções escondidas em máscaras de inocência. Isto já vem desde o jardim do Éden.
Desconfiarmos das nossas atitudes é reconhecermos que precisamos do Espírito Santo em todos os momentos das nossas vidas.  
Paulo passou muito tempo com Deus – V17 a 22 – para poder falar durante muito tempo de Deus aos homens.
Quanto mais tempo passarmos de olhos fechados perante Deus (oração), mais vezes abriremos a nossa boca perante os homens (evangelização).
A oração revela-se sempre numa atitude de evangelização. Porque quando há comunhão com Deus, não poderemos deixar de partilhar esta boa-nova com outras pessoas.
Em certo sentido, todos têm uma “boa-nova” para partilhar, mas a “boa-nova” do Evangelho é a única que tem poder para transformar vidas.
Custa-me, como pastor, ouvir muitas vezes pregarem coisas que não estão relacionadas com Cristo como filosofias, políticas ou passos para ser bem sucedidos neste mundo.
Tudo é acerca de Cristo… Do que Ele fez por nós… E como nós devemos viver para Ele.
Quando vivemos assim… Vejamos o que acontece…
24 E davam glória a Deus por causa de mim.
Maravilhosa Graça: 1º Porque nos foi dada a conhecer por Cristo; 2º Porque a nossa salvação é imerecida; 3º Porque transforma qualquer tipo de pessoa; 4º Porque nos leva a testemunhar.
Pela forma como Paulo vivia e falava as com as pessoas, elas davam glória a quem? A Deus. Por quê? Porque todas as palavras de Paulo, como também toda a sua vida, apontavam à pessoa do nosso bom Deus.
Ele reconheceu – ao dizer “por causa de mim” - que foi usado por Deus como meio para que as pessoas dessem glória àquele que é digno de toda a Glória.
Ao dizer isto, admitiu que foi um grande privilégio ser instrumento nas mãos de Deus.
Se as pessoas olharem para a nossa vida e para aquilo que fazemos, irão dar glória a quem?

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