quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Junta-te à festa

Celebramos o Advento para nos prepararmos para a celebração do nascimento de Jesus.
Só haverá festa, porque Jesus nasceu. É Ele quem é o verdadeiro sentido do Natal.
Curiosamente todos os anos dizemos as mesmas coisas mas será que os nossos hábitos se mantêm?
Nesse sentido, queremos fazer esta caminhada juntos para que nos possamos lembrar diariamente da razão pela qual nós festejamos.
O tema da mensagem de hoje é “Junta-te à festa”.
Estas são as perguntas a que vamos tentar responder…
Qual festa? O que celebramos? Quem merece estar nesta festa? Quem vai de facto estar presente? Será que a IEBGraça olha para as pessoas com o desejo que as mesmas pertençam a esta festa? Ou, por outro lado, achamos que nós é que podemos convidar apenas aqueles que são dignos de tal?
Quando falamos em festa ou celebração, temos sempre em vista aquilo que nos diz Apocalipse 21:1 “E vi um novo céu e uma nova terra” onde tudo será perfeito e onde não haverá qualquer tipo de sofrimento e, acima de tudo, estaremos juntos de Deus para todo o sempre.
Tendo isto em perspectiva, o reconhecimento que temos da nossa situação espiritual irá ditar a forma como olharemos para a festa… Isto é, se vamos olhar com corações agradecidos por tão grande dádiva ou se vamos apenas encará-la como um reconhecimento natural pela vida que tivemos.
Mateus 9:9-13
Jesus estava no início do Seu ministério quando se deu este momento…
V9 Quando Jesus ia a sair dali, viu um homem sentado no posto de cobrança de impostos. O seu nome era Mateus. Jesus chamou-o: «Segue-me.» Ele levantou-se e foi com Jesus.
Noutras versões aparece o nome de Levi. Segundo vários comentários, esta pessoa era a mesma sendo que tinha dois nomes – Mateus e Levi*.
Os cobradores de impostos eram muito mal vistos na época
Eram judeus que estavam ao serviço de Roma – só por isso já eram considerados traidores – e que cobravam juros aos próprios judeus.
Além disso, podiam cobrar quanto quisessem – Zaqueu – e o lucro que tinham – face à “taxa” dada por Roma – ficava para eles*. Normalmente eram pessoas muito abastadas precisamente por causa das taxas que cobravam a mais do que Roma exigia. Tempos muito mais difíceis que os de hoje*.
Por estas duas razões, os cobradores de impostos eram muito mal vistos por traírem e roubarem o seu povo. Estar apenas ao pé deles era, em certa medida, considerado um acto impuro para os judeus.
No entanto, quando Jesus passou no meio daquela multidão, Ele chamou apenas Mateus, ou seja, a pessoa menos amada pelos homens e até a mais detestável.
Jesus chamou aquele que nunca ninguém chamaria para mostrar que Ele é o dono da festa.
Percebemos também neste versículo, que quando Jesus chamou Mateus, ele levantou-se logo e seguiu a Jesus. As ordens dadas por Jesus devem sempre ser obedecidas.
A palavra “levantar” tem o sentido de deixar tudo para seguir alguém. Tal como vimos antes, Mateus era um homem rico. Ao seguir Jesus, ele deixou tudo o que tinha. Ele não se preocupou como ia ser o dia seguinte e nem como ia sustentar os seus.
Mateus achou simplesmente que seguir a Jesus era o melhor para a sua vida. Reparemos ainda neste pormenor… Mateus ainda não sabia o que Jesus ia fazer e nem tinha a prespetiva do plano divino como nós hoje temos. Ele respondeu somente à voz do dono da festa. João 10:27 “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”. Mateus seguiu por fé.
Quem quer ir a esta festa, tem de perceber que tem de estar disponível para seguir a Jesus independentemente dos custos pessoais que isso possa ter.
Lutero tinha esta percepção quando escreveu o hino Castelo ForteSe temos de perder, os filhos, bens, mulher, embora a vida vá, por nós Jesus está, e dar-nos-á seu Reino”.
Estas palavras mostram o significado de seguir a Jesus. Precisamos de responder em fé ao convite para a festa… Independentemente dos custos pessoais…
Será que é fácil? Que barreiras nos têm impedido de seguirmos a Jesus? Ou será que dizemos que vivemos pela fé mas na verdade queremos viver na certeza do dia de amanhã?
Relembremos…
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
10 Jesus estava sentado à mesa em casa de Mateus e vieram muitos outros cobradores de impostos e mais gente pecadora sentar-se à mesa com ele e os discípulos.
Vemos aqui uma característica de Jesus em todo o Seu ministério. Ele dava-se com todo o tipo de pessoas mesmo aquelas que não eram bem vistas na sociedade.
Quando lemos “gente pecadora” muito provavelmente refere-se às pessoas que não tinham a mesma conduta que os fariseus mas também incluía pessoas não respeitáveis pela sociedade… Como os cobradores de impostos, prostitutas, etc..
Jesus e os seus discípulos corriam o risco de serem tidos como impuros por estarem em contacto com essas pessoas. No entanto, para falarmos do Evangelho precisamos de estar ao pé das pessoas.
Nesta atitude de Jesus percebemos que quando sabemos para onde vamos, temos o desejo de estar ao pé de pessoas que não O conhecem para as convidarmos, em nome de Jesus, para a festa!
Temos tido relacionamentos com pessoas que não acreditam em Jesus? Será que temos falado com as pessoas que não são bem vistas na sociedade? Como poderemos evangelizar alguém se não temos relacionamentos de amizade com pessoas descrentes? Será que olhamos para os nossos relacionamentos com espírito de Missão tal como Jesus? Ou apenas queremos esses relacionamentos para tirarmos momentos de lazer?
Seria muito redutor não fazermos de cada contacto uma missão!
Vamos reparar como a atitude farisaica é vista nos relacionamentos…
11 Ao verem isso, os fariseus perguntavam aos discípulos: «Por que é que o vosso Mestre se senta à mesa com os cobradores de impostos e gente pecadora?»
Os fariseus tinham receio de estar perto dos pecadores pois podiam ficar contaminados. Eles achavam que a sua moral seria suficiente para serem salvos e que por isso não se podiam misturar com quem não tinha um certo nível de moral. Eles achavam que não precisavam de um salvador porque podiam salvar-se a si mesmos.
Os religiosos acham sempre que a sua moral é boa demais para poderem estar ao pé de pessoas pecadoras pois acham que são dignos de participarem da festa ao contrário dos “pecadores”.
Vejamos a resposta de Jesus…
12 Jesus ouviu isso e explicou: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os que estão doentes.
Jesus mostrou-lhes que aquilo que contamina o homem não é estar com os pecadores. O que contamina o homem é precisamente não estar ao pé dos pecadores para transmitir as verdades do Evangelho as quais têm poder para salvá-los!
Percebemos também que aqueles que eram rejeitados tinham mais consciência de que estavam em pecado e que por isso precisavam de ser curados.
É muito difícil falar com alguém que se acha um valor supremo a nível moral não precisando por isso de um Salvador… “Salvador de quê se eu sou bom?”
Nota: Jesus não está a dizer que os fariseus eram sãos e que não precisavam de cura. Jesus usou esta imagem para mostrar que eles eram na verdade uns hipócritas porque o verdadeiro doente espiritual é aquele que não reconhece a sua doença.
Uma pessoa doente tem de procurar um médico. Tendo esta perspectiva, só quando reconhecemos o nosso pecado, é que entendemos que precisamos de um Salvador. É precisamente aqui que entra o arrependimento.
O que podemos depreender destas palavras de Jesus para a nossa vida pessoal? E para a vida da nossa Igreja?
1º Jesus convida para a festa.
2º A resposta é dada por meio da fé.
3º A resposta é dada através do arrependimento.
13 Vão aprender o que significam estas palavras da Escritura: Prefiro a misericórdia e não os sacrifícios. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores.»
Jesus disse aos fariseus – àqueles que tinham sempre algo a ensinar aos outros - que fossem aprender o que estava escrito em Oseias 6:6 e percebessem o seu significado. Muitos deles até sabiam estas palavras de cor mas não as viviam.
Jesus aponta ao AT para mostrar que as acções ou sacrifícios sem qualquer tipo de devoção, para nada servem.
Não vemos Jesus a desvalorizar os sacrifícios até porque Ele mesmo iria ser depois o supremo Sacrifício*.
Jesus convida os seus ouvintes a terem devoção naquilo que faziam.
Para ficar mais fácil a nossa compreensão, aquilo que Jesus menos quer são atitudes feitas de forma mecânica tendo o nosso coração longe das mesmas.
Isaías 29:13 “Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor”.
Temos sentido o prazer de podermos desde já fazer parte do início desta festa? Haverá alegria nas nossas vidas por sabermos a quem pertencemos e para onde vamos? Haverá satisfação em Cristo para que as coisas possam sempre ser coisas?
Como podemos analisar a nossa vida para sabermos se há satisfação? Qual o perigo que pode haver se as nossas acções não forem motivadas pela satisfação que existe em Deus?
John Piper “Deus é mais glorificado em Nós, quando estamos mais satisfeitos nele”.
O prazer que temos em Deus revela simplesmente se já nos vimos como participantes dessa festa.
Nesse sentido podemos tirar 4 aplicações práticas para as nossas vidas e por conseguinte para a vida da nossa Igreja.
1º Jesus é quem convida para a festa.
Jesus convidou Mateus para a festa. Assim sendo, temos que saber que só há algo a celebrar porque Jesus convida-nos para tal porque sem esse convite não haveria hipótese de festejarmos.
Não é em vão que Jesus fez o seu primeiro milagre num casamento para indicar que um novo casamento iria acontecer entre Ele e a Sua Igreja! Não tenhamos dúvidas que haverá uma grande festa quando tudo for restaurado.
No entanto, convém não esquecer isto… Para existir festa teve que haver um custo muito grande na vida de Jesus.
Ele veio até nós – daí celebrarmos o Natal - para dar a Sua vida naquela Cruz levando o castigo de Deus sobre Ele.
Há um provérbio português que diz “Quem paga adiantado, é sempre mal servido”.
No entanto, não é essa lição que aprendemos com o Evangelho… Cristo pagou adiantado – saldou a nossa dívida para com Deus - para sermos bem servidos… Não porque Ele acreditasse em nós, mas sim no que Ele pode fazer em nós, como também através de nós.
Graça é não pagarmos o que devemos a Deus, aceitando simplesmente o que Cristo fez na Cruz.
Como?
2º A resposta é dada por meio da fé.
Mateus respondeu ao convite por meio da fé. Ele largou tudo para seguir a Jesus.
Este convite não surgiu pelo merecimento de Mateus, pois ele traía o seu povo ao trabalhar para Roma e ainda roubava nas taxas que cobrava.
O convite foi feito pela Graça – Dom imerecido – e respondido pela fé – seguir sem olhar para trás.
Nesse sentido, aqueles que se vão juntando à festa não se juntam porque têm virtudes para fazer parte dessa celebração, mas sim porque reconhecem que as virtudes de Cristo são o meio pelo qual eles têm acesso a esta festa.
Para isso, temos que reconhecer que não nos conseguimos salvar a nós mesmosPrecisamos de Jesus… Pois Ele é que é o caminho, a verdade e a vida, ninguém pode ir ao Pai se não for por meio d’Ele.
Aquilo que Jesus fez na Cruz deve eliminar todo o tipo de medos que temos.
Será que temos medos?
Vamos fazer um mero exercício com o dinheiro podendo fazer o mesmo exercício para outras áreas…
Tem medo de perder o dinheiro que tem? Será que tem medo de dar dinheiro porque tem medo que lhe faça falta?
Noutra perspectiva, será que olhamos para os outros que têm dinheiro e ficamos com inveja? O sucesso dos outros traz-lhe aborrecimento? Será que o seu desejo seria não ter que fazer contas para chegar ao fim do mês?
Se a resposta for sim a alguma destas perguntas, o dinheiro já passou a ser a medida de todas as coisas na sua vida… Logo, resta-lhe buscar com confiança e fé a satisfação que há em Cristo porque quando perdemos este prazer fazemos os maiores erros na nossa vida.
Temos que viver com satisfação não com aquilo que a vida nos traz, mas sim com a Vida que há em Cristo. Ele é a razão do nosso viver. Aquilo que Jesus fez na Cruz deve eliminar qualquer medo que tenha.
A nossa fé não pode estar naquilo que possuímos ou conquistámos. A nossa fé tem que estar naquilo que nos foi dado pela Graça e de graça.
Muitas vezes Deus retira aquilo que não precisamos para compreendermos que em Jesus temos muito mais do que necessitamos.
Temos de colocar os nossos olhos em Jesus pois Ele abriu mão de tudo para nos salvar e amar tornando-nos participantes da festa.
II Coríntios 8:9 “Conhecem bem o amor de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vossa causa, para que vocês pudessem tornar-se ricos pela sua pobreza”.
Como não responder em fé a este gesto de amor tão grande?
3º A resposta é dada através do arrependimento
As pessoas “doentes” são aquelas que reconhecem o seu pecado e que por isso entendem que não são dignas de participarem na festa. Jesus veio precisamente para essas pessoas.
É verdade que podemos cair mas a grande diferença é que não permaneceremos caídos. Em Jesus há sempre Esperança para um novo começo.
As pessoas que se acham “sãs” – provavelmente nenhuma pessoa aqui presente diz isso apesar de as nossas atitudes por vezes mostrarem o contrário – têm o desejo de tentar mostrar que de certa forma há algum mérito pessoal em ser salvo. E é precisamente por causa de acharmos que há algum mérito pessoal na nossa salvação que muitas vezes não compreendemos e nem vivemos a mensagem da Cruz.
Enquanto Igreja, temos que viver esta realidade. Temos de estar prontos a receber todo o tipo de pessoas sendo que para isso precisamos de estar junto delas.
Temos que estar preparados para receber pessoas que chegam até nós na miséria – não falo apenas do ponto de vista económico – e dar-lhe o medicamente certo, que elas precisam. E esse medicamento é o Evangelho.
Temos também que estar prontos para entender que cada um de nós pode cair em pecado e nesse sentido temos que ajudar essas pessoas a serem restauradas por Deus*.
Quando desvalorizamos o pecado de alguém ou até nem queremos receber pessoas com vidas cheias de pecado, pois dá trabalho, é porque, em certo sentido, não compreendemos que nós somos pessoas doentes e que, tal como elas, precisamos da Graça de Deus.
Na Igreja as únicas virtudes que temos a celebrar são as virtudes de Cristo e o que Ele faz nas nossas vidas. A Glória é sempre d’Ele.
Nesse sentido, a IEBGraça tem que ser uma comunidade redentora mais do que uma comunidade terapêutica*.
Não é o nosso objectivo primário que as pessoas sejam curadas dos seus problemas pessoais. Nós oramos e desejamos que as pessoas sejam curadas do seu maior problema… O pecado e esse apenas pode ser tratado com o Evangelho.
Temos de orar pela conversão de pessoas porque uma Igreja que não sabe orar, também não sabe festejar!
4º O nosso prazer revela se estamos com vontade de estar na festa.
Jesus deixou bem claro que gestos de adoração desprovidos de qualquer tipo de devoção para nada serviriam.
Sabemos que iremos estar nesta festa, quando já vivemos com prazer em Deus nesta terra.
Além disso, quando temos prazer em Deus, estamos ao mesmo tempo a celebrar e a evangelizar.
Não acredito em celebração sem evangelização!
Quanto mais percebermos a nossa incapacidade para estarmos na festa, mais desejaremos que outros se juntem porque não iremos para lá para festejar as nossas acções mas as acções de Cristo.
Por isso saibamos… Isaías 64:4 “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera”.
Junte-se à festa… Tenha fé… Mostre arrependimento… Viva com plena satisfação em Cristo… Celebre e transmita esta Boa-Nova a outros…
Deus é bom... Feliz aquele que n’Ele espera.
A nossa Igreja é uma comunidade de pecadores mas de pecadores salvos pela Graça de Deus.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Salmos 100 - Celebrai, servi e testemunhai

O nosso país é conhecido pelo fado e, segundo alguns historiadores, este terá tido origem aqui bem perto, na Mouraria. O fado originalmente era marcado pela tristeza e melancolia. Por isso, muitas vezes dizem que o povo português é triste e melancólico.
Contudo, a Bíblia diz-nos que devemos ser alegres e sempre gratos.
Se eu vos perguntasse quais os motivos que vocês têm para celebrar, conseguiriam produzir uma lista? Ou apenas tristezas e saudosismos?
Por outro lado, se eu perguntasse onde podem ver o agir de Deus na vossa vida, tinham facilidade em responder? Se eu vos questionasse sobre aquilo que vos faz feliz, será que Deus entrava na equação e seria o elemento primário?
Salmos 100 – Texto que tem mexido muito comigo nos últimos tempos!
Iremos alterar a ordem dos versículos… Comecemos por analisar o V3 e 5.
V3 e V5 Sabei que o Senhor é Deus! Foi ele quem nos fez, e somos dele; somos o seu povo e ovelhas do seu pasto. Porque o Senhor é bom; a sua benignidade dura para sempre, e a sua fidelidade de geração em geração.
A palavra “saber” tem como significado "experimentar algo para se ficar convencido das qualidades”.
Sendo assim, o salmista desafia ao conhecimento do Senhor pois Ele é o único Deus à face da terra.
Acontece, muitas vezes, que estamos tão habituados à rotina da vida e à consequente vinda à Igreja, que já damos como dado adquirido e não celebrado aquilo para o qual estamos reunidos.
Será que a nossa vida é norteada pelo Evangelho? Ele é visto em todas as áreas da nossa vida?
Dizemos que conhecemos o Senhor Deus, cantamos que o amamos sobre todas as coisas, será que este conhecimento e esta verbalização mostram a realidade das nossas vidas?
Deus é o criador e o sustentador de todas as coisas. Esta é a ideia bem explícita em Salmos 19:1 “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.
Em nenhum momento da nossa vida devemos duvidar de que Deus é Senhor. Ele controla tudo o que acontece porque Ele é Senhor…. Porque Ele é Soberano. É verdade que podem surgir incompreensões*, mas não deve surgir nenhuma dúvida de que Deus é Senhor sobre tudo e todos.
Além de Deus ser o Senhor do Universo, diz-nos este versículo, que Ele é o nosso pastor, logo nós somos Suas ovelhas. Encontramos esta verdade em João 10:11. Deus enviou o Seu filho para dar a Sua vida pelas Sua ovelhas.
Significa isso, e à luz de João 1, que Deus além de Senhor é também nosso Pai por causa daquilo que Cristo fez no nosso lugar.
Enquanto não entendermos a nossa incapacidade para nos tornarmos filhos de Deus, nunca iremos perceber a Graça de sermos chamados Seus filhos.
Por vezes, fazemos os maiores erros da nossa vida para sermos aceites, aprovados e encontrarmos significado para a nossa vida. Contudo, Deus não entra e nem o deixamos dizer nada sobre isso.
É verdade que precisamos que esses aspectos sejam uma realidade na nossa vida porque fomos criados para tal. A verdadeira diferença, é que Deus criou-nos para nós encontrarmos a verdadeira aceitação, aprovação e significado para a nossa vida na Sua própria vida.
Se a nossa “felicidade pessoal” fosse um fim, certamente poderíamos fazer tudo. Se for de facto assim, todas as coisas nos serão lícitas. No entanto, se a nossa felicidade for Cristo, perceberemos que todas as coisas nos serão lícitas mas nem todas nos convêm.
Jesus assegurou-nos que já somos aceites por Deus. Não precisamos de ter “mentalidade do desempenho”, isto é, não fomos aceites pelo que fazemos, mas pelo que Cristo fez. Logo resta-nos crer e obedecer ao que Ele diz.
Quem usa o desempenho para tentar mostrar superioridade ou para mostrar como merece a Graça de Deus, é porque ainda não percebeu a mensagem do Evangelho.
Deus é nosso Pai e por isso não podemos viver a nossa vida com mentalidade de órfãos.
Além disso, só há verdadeiro descanso para as nossas vidas quando descansamos na Paternidade de Deus*. Lembre-se… Deus é Pai… E trata-nos como tal.
Sendo assim, devemos construir a nossa identidade em Deus até pelo amor e confiança que temos n’Ele. Aí certamente que não haverá decepções!
Muitas desilusões acontecem quando achamos que as coisas ou alguém irão dar um novo significado à nossa vida. Assim que o conseguirmos, iremos perceber que continua a faltar algo. Torna-se uma luta incessante até conseguirmos preencher esse vazio.
Qual a razão disto acontecer? Não fomos criados para tal…
Noutra perspectiva, como pode saber se vive como filho de Deus? Qual o exame que pode fazer à sua vida para perceber se vive para conquistar ou vive porque foi conquistado?
Encontraremos a resposta nos versículos a seguir…
V1 Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra.   
Nós celebramos e cantamos não para nos elevarmos até Deus. Nós celebramos e cantamos porque Deus veio até nós na pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo e precisamos de Jesus para adorar a Deus. Vivemos porque fomos conquistados. Não iremos aguentar se vivemos para conquistar o favor de Deus.
Por isso, celebramos com sentido e propósito. Celebramos porque sabemos o que nos espera no futuro.
O mais interessante é que isto não invalida o sofrimento que o amanhã possa trazer, no entanto confiamos que Deus é bom e para sempre bom.
Não será este o maior motivo para andarmos felizes?
Porém, tenho notado, e contra mim falo, que reclamamos muito e celebramos tão pouco. Qual a razão? Porque anda triste muitas vezes a nossa alma?
Os descendentes de Corá, no Salmo 42:5*, fizeram a mesma pergunta “Por que hei-de estar desanimado e preocupado?”. No entanto, na parte final deste versículo, encontraram a resposta “Quero confiar no Senhor e ainda o hei-de louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador!”. Isto não quer dizer que de um dia para o outro tudo tivesse mudado na vida deles. Isso é visível no restante texto.
É uma luta diária colocarmos os nossos olhos no sítio certo.
Esta semana estávamos a falar desta luta no culto doméstico e a ensinarmos como a vida cristã é marcada por isso. No fim diz o Samuel “É como se Deus estivesse a dizer ‘Não desistas. Desta vez certamente que irás conseguir’”. É precisamente este pensamento meus irmãos… Não devemos desistir… E não desistimos quando o nosso foco é Jesus. Hebreus 12:2 “Olhando para Jesus porque Ele é o autor e consumador da nossa fé”.
Certamente o desânimo chegará se não tivermos uma perspectiva Cristológica.
Chego à conclusão que celebramos pouco na vida cristã, porque também conhecemos pouco o que Deus fez, faz e fará.
Na série das “7 cartas à Igreja” víamos as críticas mas também os elogios.
Creio que enquanto Igreja temos que celebrar. Não porque haja uma capacidade inata em nós, mas sim porque temos visto a Obra das Suas mãos. Penso que muito se deve aos cultos de oração.
Ponderando naquilo que Deus tem feito nesta comunidade, creio que celebramos pouco aquilo que Deus tem feito… E isto não é sobre exaltar alguma pessoa, mas sim exaltar a Deus. Ele é o motivo da nossa celebração. A Glória deve ser sempre dada a Ele.
Vejamos…
Temos tido, pela Sua graça, a oportunidade de termos muitas crianças - hoje a apresentação da Emília e, esperamos, que em breve possa haver mais. Isto é uma bênção. Por outro lado, dá-nos uma responsabilidade acrescida a todos nós mas, principalmente, aos pais.
É verdade que podem incomodar com o choro, o barulho, as idas à casa de banho*, mas certamente é preferível ouvirmos uma criança a chorar dentro da Igreja, do que vermos daqui a uns anos os pais a chorarem porque os filhos não vêm à Igreja.
Pela graça de Deus, temos tido baptismos. Vamos ter no próximo Domingo o segundo culto deste ano. Se tudo se confirmar, teremos 6 pessoas baptizadas.
Além disso, temos visto o desejo de vários irmãos de quererem ser membros da nossa comunidade. Hoje à tarde ouviremos o desejo do Tiago. Além disso, já mais pessoas manifestaram esse desejo.
Muito mais haveria para dizer, contudo, estas reflexões servem apenas para dar toda a Glória a Deus e para tornar o Evangelho conhecido.
Sendo assim, a celebração acontece quando estamos tão cheios de gratidão por quem Deus é que a desejamos transmitir a outros. Não há celebração sem transmissão… Já lá iremos*.
Nota: Nós celebramos sempre o que Deus fez. Aliás, celebrar ajuda-nos a não estagnar. No entanto, isto não significa que não celebremos a Deus aquilo que Ele tem feito através de várias pessoas. Creio mesmo, porque é bíblico, que devemos dar honra a quem honra (Rom. 13:7).
V2 Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico.  
Quando percebemos quem Deus é, celebramos a Obra das Suas mãos. Como consequência disso, também O servimos servindo o Seu povo. Está sempre interligado o serviço a Deus e ao próximo!
Recentemente vimos que mostramos que somos gratos não por ficarmos a contemplar e a viver do passado*, mas sim servindo, porque o Deus que foi connosco no passado é o mesmo do presente e do futuro. Então não tenhamos medo de seguir em frente mesmo que tenhamos que sofrer… Ser grato é servir no presente até quando Deus disser “Regressa a casa”.
Será que a nossa Igreja é marcada pelo serviço ao próximo?
Creio que há pessoas que estão a fazer um trabalho muito bom na área social… Algumas famílias estão a ser apoiadas através deste ministério da Igreja. Além disso, temos a irmã Inácia* que é um exemplo e companhia na visitação.
Servir vai para além do que é esperado. Significa sempre mexer com algo que prezamos e, muitas vezes, mexe com o nosso tempo para darmos aos outros porque servir retira-nos momentos que achamos, erradamente, que são nossos por natureza ou até por merecimento.
Quando amamos alguém de verdade, não se fica à espera que essa pessoa a sirva. Quando amamos alguém de verdade, vamos e servimos.
Depois do elogio, vem a parte do desafio…
Nesse sentido, creio que enquanto Igreja podemos servir muito mais e apenas existirá mais serviço, conforme diz o texto, quando houver uma alegria cada vez maior e sempre enraizada na pessoa de Cristo naquilo que Ele fez e fará por nós.
Acredito que podemos servir mais na área da visitação. Caso não possamos ir lá, podemos fazer sempre um telefonema. Esta não é uma tarefa do pastor mas uma responsabilidade de toda a Igreja.
Uma simples questão… Quantas vezes já telefonámos ou visitámos aqueles que estão doentes? Nós queremos que esta seja uma das marcas da Igreja da Graça.
Servimos a Deus também quando mostramos reverência nos cultos, ou EBD, tanto a nível da nossa pontualidade, postura ou assiduidade.
Isto é uma pergunta que nunca ninguém conseguiu responder-me até hoje… Se somos pontuais no nosso trabalho, porque não o somos também na Igreja? Deus merece menos excelência da nossa parte?
Por outro lado, reconheço que a nossa Igreja tem recebido muito bem os visitantes que, pela graça de Deus, têm chegado até nós.
No entanto, desejo mais enquanto pastor… Não fiquemos à conversa com quem já conhecemos muito bem. Talvez até depois tenhamos hipótese de fazer isso ao almoço. Procure a pessoa que não conhece pois pode ser a única hipótese de falar com ela. Mostre que está disponível para ajudar naquilo que puder. Sirva-a com todo o amor.
Ao servimos as pessoas estamos a servir a Deus e, por causa disso, devemos servir com excelência ao único que nos serviu com excelência e perfeição!
Nunca nos esqueçamos que servimos a Deus quando servimos as pessoas.
V4 Entrai pelas suas portas com acção de graças, e em seus átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome.  
Ao nos ser dado a conhecer quem Deus é, teremos o desejo de celebrar os Seus feitos, assim como servi-Lo ao servir a Sua comunidade, como também teremos o desejo de partilhar a Sua boa-nova a toda a criatura.
Este versículo diz-nos precisamente isso… Temos de dizer bem do Seu nome, isto é, temos de testemunhar do Seu amor para com todas as pessoas.
Desculpem a repetição mas é importante… Recentemente vimos que a Evangelização nunca pode ser encarada como um programa, mas sim como um estilo de vida. É uma obrigação nossa.
Não é por falta de “programas evangelísticos” que nós não evangelizamos. Nós simplesmente não evangelizamos por falta de compaixão pelas almas perdidas*.
Evangelizar não é um evento. É sim, a maneira pela qual Deus quer que nós vivamos.
Evangelização é responsabilidade de todo o cristão e não só daqueles que têm o dom de evangelista.
Reparemos neste pormenor que pode servir de exemplo ou não… Se eu perguntasse a alguém aqui presente se estaria disponível para dar o testemunho daquilo que Cristo tem feito na sua vida, será que estaria pronto a dá-lo?
Testemunhar é transbordar daquilo que estamos cheios.
Em certo sentido, nós não cultivamos o testemunho porque temos dificuldade em partilhar aquilo que Deus tem feito ou então, por outro lado, temos receio da reacção das pessoas porque queremos ser aceites.
Noutra perspectiva, quando temos uma vida de oração isso revela-se numa atitude de evangelização. É algo que tenho percebido na minha vida apesar de ainda ter que melhorar muito… Quanto mais falo com Deus, mais desejo tenho de falar d’Ele aos outros.
Quanto à nossa comunidade, creio que podemos fazer muito mais relativamente a este aspecto. Tal como referi antes, Deus tem enviado algumas pessoas até nós e agradecemos-Lhe profundamente por isso.
Contudo, também é verdade que não têm vindo pessoas que não conhecem a Cristo porque, talvez, estejamos à espera que elas venham sozinhas.
A Bíblia é clara… Fazemos discípulos quando vamos e partilhamos a boa-nova.
Há quanto tempo não falamos de Jesus? Quantas oportunidades já desperdiçámos? Há quanto tempo não convidamos alguém para vir cultuar connosco?
Deus salva meus irmãos… Deus tem poder… Nunca duvidem disso.
Oremos também pela salvação de vidas. Oremos para que Deus nos dê oportunidades para testemunhar. Oremos para perdermos a vergonha e sermos ousados.
Enquanto pastor, desejo que a Igreja Baptista da Graça tenha esta cultura enraizada de evangelizar. Para nada importa termos a doutrina certa, se não fazemos nada com ela!
Nota: Por vezes oiço as pessoas a dizerem “Pastor o nosso sofrimento é tanto ou andamos tão cansados que nem temos tempo ou cabeça para pensarmos em falar de Jesus a alguém”. A minha resposta normalmente é esta “Use o seu sofrimento para falar de Jesus. Quanto ao resto… É uma questão de prioridades.”
Nós, os cristãos, somos os únicos que podemos deitar foguetes antes da festa porque temos a nossa vida resolvida, sabemos para onde vamos e ninguém nos pode tirar a essa alegria.
Cristo comprou a nossa vitória. Em Cristo somos mais do que vencedores.
Que cada um de nós possa encontrar o verdadeiro deleite que há em Deus.
Que Ele nos ajude e incomode.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Necessitados da Graça - Vida de Tamar

“Necessitados da Graça” é uma nova série até ao final do ano.
Em Mateus 1 percebemos que existem 5 mulheres na linhagem da pessoa de Jesus.
Não é nada comum virem mulheres citadas nas genealogias, no entanto, ao contrário do que era expectável, aparece o nome destas 5 mulheres. Qual será a razão?
Neste e nos próximos domingos iremos falar sobre a vida de Tamar, Raabe, Rute, Bate-Seba e Maria.
Vamos ler todo o capítulo 38 de Génesis. Vamos então por partes.
V1-2 Por aquela altura, Judá separou-se dos seus irmãos e foi viver em casa de um dos descendentes de Adulam, chamado Hira. Ali Judá conheceu a filha de um cananeu, chamado Chua, e casou-se e dormiu com ela.
Contexto: Esta história aparece no meio da história de José. Lembrar apenas que os irmãos queriam matá-lo, no entanto, decidiram antes vendê-lo aos ismaelitas e estes depois venderam-no para a casa de Potifar que era o oficial de Faraó.
Alguns críticos colocam em causa este texto porque aparece no meio do nada dentro da história que se estava a desenrolar na vida de José.
No entanto, podemos perceber pelas palavras do V1 “Por aquela altura” que este texto está escrito de uma forma cronológica e, por isso, no seu lugar certo.
É um capítulo cheio de maldade e de imoralidade sexual.
Judá, filho de Jacób, teve a ideia de vender José em vez de matá-lo e depois separou-se dos irmãos sendo que casou com uma mulher cananeia.
Logo aqui podemos perceber que a vida de Judá não estava bem. Era muito claro para o povo hebreu que não podiam casar com pessoas que não fossem hebreias, ou seja, que não seguissem a Deus.
Em toda a Escritura percebemos que Deus sempre quis e quer que os Seus filhos casem com pessoas tementes a Ele.
V3-6 Ela ficou grávida e deu à luz um filho, ao qual Judá deu o nome de Er. Depois ficou novamente grávida e deu à luz outro filho a quem pôs o nome de Onan. Algum tempo depois, deu à luz mais outro filho, ao qual pôs o nome de Chela, que nasceu quando Judá se encontrava em Quezib. Judá casou o filho mais velho, Er, com uma mulher chamada Tamar.
Desta relação não permitida com uma mulher cananeia, nasceram 3 filhos.
O mais velho casou com Tamar. Este era o primogénito da família e, por isso, aquele que continuaria a linhagem da família.
V7 Mas o SENHOR não gostava do mau comportamento de Er e fez com que ele morresse.
Deus não estava ausente desta confusão e da pecaminosidade existente nesta família.
Ele matou Er pelo seu mau comportamento. Não se sabe ao certo o que se passou mas a verdade é que também não precisamos de saber.
Deus é sempre justo naquilo que faz e não precisamos de explicações d’Ele face às Suas acções. E há actos Seus que nos parecem injustos mas quem somos nós para criticarmos ou examinarmos as acções de Deus?
V8 Então Judá disse a Onan: «Casa com a viúva do teu irmão, para que o teu irmão possa ter descendentes, pois essa é a tua obrigação como cunhado.
Aqui vemos uma primeira referência ao costume antigo do Levirato. Segundo esta lei, o irmão daquele que tinha morrido teria que casar com a viúva, porque esta não tinha tido filhos.
Os descendentes eram considerados filhos e herdeiros do morto. Em Deuteronómio 25 temos mais informações relativamente a esta lei.
Ou seja, segundo o texto bíblico, Onan tinha a obrigação de dar filhos a Tamar.
9 Mas Onan sabia que o filho que nascesse não seria considerado seu. Por isso, cada vez que tinha relações com a viúva do seu irmão, ele derramava no chão o sémen, e assim evitava dar descendentes ao seu irmão.
Onan sabia que se tivesse um filho com Tamar, ele não era considerado seu. Dessa forma, simplesmente fazia com que as coisas não acontecessem.
Mais ainda porque ao ter um filho, esse filho seria considerado o primogénito na família tendo por isso a liderança na família recebendo ainda herança dupla.
Mais uma vez, outro filho de Judá que não estava a cumprir aquilo que Deus tinha ordenado.
Interessante notar a cadeia de desobediência a Deus. Judá desobedece e casa com uma mulher cananeia, tem filhos e eles desobedecem ao Senhor.
10 Aquele procedimento desagradou muito ao SENHOR, e o SENHOR fez com que também ele morresse.
Dois aspectos rápidos que podemos perceber aqui:
Deus não está ausente desta confusão toda.
Deus agiu contra o pecador.
Assim, meus irmãos, podemos ver que Deus matou 2 filhos a Judá por causa do pecado cometido.
11 Judá disse à sua nora Tamar: «Volta para casa do teu pai como viúva, até que o meu filho Chela cresça.» O que Judá na realidade pensava era evitar que ele morresse também como os irmãos. E assim Tamar foi-se embora e foi viver para casa do seu pai.
Das duas uma… Ou Judá sabia que Deus não pactuava com o pecado e por isso tinha medo que a cadeia do pecado alastrasse para o filho mais novo, ou então, também podia achar que era a sua nora Tamar que trazia grande infortúnio à família.
A verdade é que o pecado cega e não permite ter o discernimento necessário perante as situações.
Face a isso, Judá disse a Tamar que fosse para casa do seu pai. Talvez achasse que ela assim esquecer-se-ia da ideia de ter filhos e então protegeria o seu filho mais novo.
Ao fazer isso, Judá estava também a desobedecer a Deus e a fugir das suas responsabilidades segundo a lei do Levirato.
Também colocava a vida de Tamar em risco, pois uma mulher sem filhos, naquela cultura, era a mesma coisa que deixá-la ao abandono e sem condições algumas para o seu sustento.
Seria uma mulher sem nome e isolada de todos.
12 Passado bastante tempo, morreu a mulher de Judá, a filha de Chua. Terminado o período de luto, Judá foi a Timna com o seu amigo Hira, de Adulam, para ir ver os que faziam a tosquia do seu gado.
Judá ficou viúvo. Não se sabe os motivos da morte da sua mulher.
V13-14 Alguém foi comunicar a Tamar: «O teu sogro vai a caminho de Timna para assistir à tosquia do gado.» Ela tirou os seus vestidos de viúva, cobriu o rosto com um véu e sentou-se à entrada de Enaim, que está no caminho para Timna; porque ela sabia que Chela já era crescido e ainda a não tinham casado com ele.
Quando diziam que alguém ia assistir à “tosquia do gado” era a mesma coisa que dizer que iam a festas pagãs as quais promoviam comportamentos devassos em honra da fertilidade.
Mais uma vez, Judá ia a sítios que Deus não permitia que os Seus filhos fossem como locais que promovam a promiscuidade.
Mais uma vez o pecado gera pecado.
Tamar percebeu que algo estava errado. O filho prometido já era um homem e ainda não a tinham chamado para casar-se com ele e assim suscitar descendência.
Crê-se por isso que tenham passado vários anos.
15 Judá viu-a e pensou que se tratava de uma prostituta, pois ela tinha o rosto coberto.
Como Judá vinha de um sítio promíscuo onde haviam muitas meretrizes, ele achou que ao encontrar uma mulher com o rosto coberto, esta fosse uma meretriz cultual.
Nota: Relembrar que em Coríntio ainda havia também esta prática. 
V16 Desviou-se um pouco do seu caminho, para passar junto dela, e disse-lhe: «Deixa-me dormir contigo.» Ele não sabia que era a sua nora. Então ela perguntou: «Que é que me dás para dormires comigo?»
Judá mostrou toda a sua iniquidade espiritual.
17-19 Ele respondeu: «Mando-te depois um dos cabritos do meu rebanho.» Ela replicou: «Mas tens que me dar alguma coisa como garantia de que mo vais mandar.» Ele perguntou-lhe: «Que é que queres que eu te dê como garantia?» Ela respondeu: «O teu anel de selar mais o cordão e o cajado. Depois disso, ela foi-se embora, retirou o véu com que se cobria e voltou a vestir as roupas de viúva.
Tamar queria uma prova cabal que tinha estado com Judá. Por isso, pediu-lhe o anel que era usado para assinar os contractos, o cordão que prendia o anel ao pescoço e o cajado que indicava que Judá era o primogénito de uma família muito importante.
Este era um costume normal em Cananeia de pedir 3 objectos para comprovar a veracidade de algum acontecimento. Tamar tinha-os.
V20-23 Judá mandou o cabrito pelo seu amigo, de Adulam, para que aquela mulher lhe restituísse a garantia, mas não a encontraram. Então perguntaram à gente daquele lugar: «Onde está a prostituta de Enaim que costuma estar à beira do caminho?» Mas eles reponderam: «Aqui não há nenhuma prostituta.» Ele foi de novo ter com Judá e disse-lhe: «Não consegui encontrá-la e a gente daquela localidade respondeu-me que não havia nenhuma prostituta naquele sítio.» Judá respondeu: «Deixa-a lá ficar com as coisas para não cairmos em ridículo. Tu bem sabes que eu procurei enviar-lhe o cabrito, mas tu não a conseguiste encontrar.»
Percebemos aqui Judá a tentar cumprir o seu acordo, mas na verdade foi informado que não havia nenhuma prostituta cultual naquela zona.
V24 Uns três meses depois, foram dizer a Judá: «A tua nora Tamar está grávida; deve ter andado na prostituição.» Judá respondeu: «Condenem-na à morte na fogueira!»
Judá mandou queimar a sua nora por ter cometido o mesmo pecado que ele, o qual foi cometido até com ele. Incoerência total.
Mais tarde, na Legislação de Moisés, os sacerdotes que praticassem estes actos de prostituição ou tivessem actos de incesto seriam mandados para a fogueira.
V25-26 Mas quando a levaram para ser condenada, ela mandou dizer ao seu sogro: «Eu estou grávida do homem a quem pertencem estas coisas. Procura saber, por favor, a quem pertencem este anel de selar com os cordões e este cajado.» Judá reconheceu que eram seus e disse: «Ela é que tem razão e não eu, pois eu devia ter-lhe dado o meu filho Chela em casamento e não o fiz.» E não voltou a dormir com ela.
Judá reconheceu assim o seu erro ao não ter dado o seu filho a Tamar como deveria ter feito. E, face a isso, nunca mais tocou em Tamar.
Tamar estava grávida. No entanto, isso não a isentou do seu pecado duplo: Ter tido relações com o seu sogro. Esta acção de Levirato com o sogro apenas era aceite por culturas pagãs. Ao estar com o sogro e ao pedir-lhe os 3 objectos, este deve ser considerado um acto promíscuo e premeditado, mesmo sabendo que tinha um objectivo.
Tamar fez isto para dar continuidade a esta linhagem e também para prover sustento para si.
Apesar do objectivo final de Tamar ser bom não a isenta do pecado que cometeu no meio para atingir o seu alvo.
Abraão também pecou ao ir ter com a sua escrava para ter descendência. Ele tinha até boas intenções mas eram intenções pecaminosas, porque no fundo não acreditava que Deus realizasse a Sua obra.
V27-30 Chegou o tempo e ela deu à luz dois gémeos! Ao nascerem, um deles estendeu primeiro a mão e a parteira agarrou-lha e atou nela uma fita vermelha e disse: «Este será o primeiro a nascer.» Mas ele voltou a recolher a mão e quem nasceu primeiro foi o outro e a parteira disse: «Anda! Conseguiste abrir passagem para ti!» E deu-lhe o nome de Peres. Depois saiu o irmão que trazia na mão a fita vermelha e deram-lhe o nome de Zera.
O primeiro dos gémeos foi Perez. Estava para ser Zera, até a parteira colocou a fita no seu pulso para saber quem era o primogénito.
No entanto, Deus soberanamente decretou como seria e escolheu a Perez para ser o descendente e assim continuar esta linhagem messiânica.
Qual a razão de ter sido Perez e não Zera? Não sabemos e nem nos compete saber. O que sabemos é que Deus sempre foi, é, e continuará a ser justo em tudo o que faz.
Deus escolheu soberanamente este filho, fruto de uma relação incestuosa, para dar continuidade à linhagem da qual vinha o Seu filho Jesus.
Qual a razão? Deus sempre desejou mostrar que tudo o que acontece, acontece de acordo com a Sua vontade.
Lendo Mateus 1:3 percebemos que a linhagem veio sempre do homem, mas Mateus fez questão de colocar o nome de algumas mulheres.
Judá gerou de Tamar a Perez e a Zera e Perez gerou Edom. Ou seja, quem deu continuidade à linhagem de Judá foi Perez.
Qual a razão de Deus colocar na Sua Palavra o nome de Tamar na linhagem do Seu filho Jesus? Não era normal e nem era necessário.
No entanto, acredito que Tamar está na linhagem de Jesus por alguns motivos:
1º Para salientar que a Graça de Deus cobre qualquer multidão de pecados.
O pecado de Judá fez com que surgissem outros pecados, quer na sua vida pessoal, quer na dos seus mais próximos.
É um ciclo porque o pecado gera pecado. No entanto, há Esperança.
Não há nada que possamos ter feito que não possa ser perdoado por Deus porque os Seus olhos estão com aqueles que têm o seu coração contrito, mostrando assim arrependimento.
Há Esperança para este ciclo de pecado.
As pessoas ao nosso lado podem acusar-nos de termos pecado, mas se realmente houver arrependimento, tenhamos a certeza que a Graça de Deus estendeu-se sobre nós porque a Graça de Deus gera arrependimento.
Tamar não foi abençoada pelo que fez. Ela foi abençoada apesar do que fez. E isto é Graça.
Todo o capítulo contrasta a depravação humana com aquilo que Deus está a fazer no meio daquela confusão.
Houve Esperança porque o olhar de Deus estava sobre eles e quebrou este ciclo.
A Graça de Deus reina sobre o pecado seja ele qual for e Mateus, propositadamente menciona mulheres – não é normal e por isso salientarmos esta ênfase – que tiveram vidas chocantes aos nossos olhos.
2º Em Jesus temos um novo nome.
Deus matou os filhos de Judá por causa dos seus pecados, no entanto Deus entregou o Seu filho por causa dos nossos pecados.
Na linhagem de Jesus poderíamos ver apenas vidas de homens ou mulheres que fossem cheios de fé apesar de poderem pecar em algum momento. No entanto, vemos vidas que mostram quem nós somos na realidade.
Ao olharmos para a linhagem de Jesus vemos que pessoas como Judá ou Tamar tiveram um novo nome porque se arrependeram.
Para todos aqueles que se arrependem dos seus pecados e crêem que Cristo foi à Cruz no seu lugar, há a certeza que em Cristo temos um novo nome e damos assim continuidade, em certo sentido, à Sua “linhagem”.
João 1:12Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”.
3º Em Tamar percebemos que todos nós somos necessitados da Graça.
Mark Driscoll, o qual recentemente mostrou que era necessitado da Graça de Deus, tal como todos nós, disse o seguinte “Tamar aparece na linhagem de Jesus para mostrar que as melhores famílias são famílias pecadoras e que precisam de Cristo”.
Então meus irmãos, não pensemos que o pecado afecta apenas os outros. Ele afectou toda a raça humana.
Não pensemos que um certo tipo de pecado acontece só aos outros. Todos nós podemos cometê-lo. Por isso, temos que ter uma vida de intimidade com Deus para que possamos vencer as tentações.
Tamar é o exemplo que o pecado pode ser cometido por qualquer um de nós, no entanto, em Cristo há esperança.
Tem sentido esta esperança?
Tem sentido o perdão do nosso Deus?
1 Crónicas 16:11 “Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente”.*4º Em Tamar percebemos que por nós mesmos não conseguimos chegar até Deus. É impossível.
Cheguemo-nos com confiança até Deus mesmo sabendo que podem vir mais tempestades.
Em Cristo sabemos que eternamente estas tempestades acabarão e conseguiremos viver finalmente uma vida de pleno louvor a Deus.
Lembre-se que a sua vida pode ser marcada mais pelo arrependimento do que pela perfeição, mas, mesmo assim, Deus o ama.
Precisamos uns dos outros para que possamos chegar até ao fim de uma forma que honre a Deus.
Hebreus 3:13 “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;”.
Não deixemos então de chamar pecado àquilo que é pecado, mas se houver pecado, que possamos procurar a restauração, a qual começa com o arrependimento.
Em certo sentido, seria muito mais fácil se os meus momentos de arrependimento se resumissem apenas a esta oração "Deus perdoa todos os meus pecados".
No entanto, Deus quer que cada um de nós confesse/discrimine o seu pecado para que então possa surgir o verdadeiro arrependimento.
Este momento começa com dor mas acaba com uma paz tremenda.
Todos nós somos “Necessitados da Graça” e graças a Deus que temos esta percepção.

Que Deus nos ajude.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

I Coríntios 4:7-13

I Coríntios 4:7 Quem é que te diz que és mais do que os outros? Que tens tu que não tenha sido recebido? E, se o recebeste, por que é que te orgulhas como se não tivesses recebido?
Nos versículos anteriores, Paulo mostrou toda a sua humildade ao considerar-se como ministro. Relembrar que esta palavra era usada para os marinheiros mais servis de todos sendo até desprezados pelos outros por terem um trabalho tão subserviente.
Paulo considerou-se ministro de Deus logo um mero servo d’Ele e do Seu povo, ou seja, da Sua Igreja.
Nestes versículos, percebemos que Paulo estava mais uma vez a combater o orgulho existente naquela comunidade em Corinto. Por quê? Porque eles faziam de tudo para se mostrarem superiores aos outros.
Paulo usou algumas perguntas irónicas como quem diz:
Como é que alguém se pode achar superior ao outro sendo que tudo o que nós temos foi dado por Deus? E se recebemos de Deus, porque é que há orgulho como se fosse algo gerado por nós?
Estas perguntas retóricas têm a finalidade de mostrar que homem nenhum tem algo de bom em si mesmo sem a acção de Deus na sua vida, e quando há transformação de coração foi apenas como fruto da Graça de Deus.
No fundo, os cristãos em Corinto estavam a orgulhar-se por algo que lhes tinha sido dado pela Graça de Deus através de homens. E onde há Graça não há merecimento.
O Evangelho faz-nos humildes e livra-nos do orgulho. Retira a nossa vida do centro do Evangelho e mostra-nos que Deus é o Evangelho. Ele sim é a boa nova.
Nós somos apenas receptores dessa Graça e, por conseguinte, proclamadores da mesma.
V8 Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco.
Esta é precisamente a crítica que vemos à Igreja de Laodiceia em Apocalipse 3:17Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que afinal és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”.
Neste versículo Paulo repreende-os de forma severa como quem diz “Vocês acham-se os maiores. Pensam que já têm maturidade espiritual e afinal andam aí em guerras uns com os outros. Acham que já têm tudo e não precisam de mais nada. Basta-vos terem conforto para acharem que estão no centro da vontade de Deus”.
A palavra “fartos” tem precisamente esta conotação de saciedade e sentimento de satisfação. Consideravam-se ainda ricos e como se reinassem neste mundo. Ou seja, sentiam-se plenamente seguros e sem carência de nada.
Os coríntios afirmavam algo que nem mesmo os apóstolos tinham a ousadia de dizer.
Percebemos também que Paulo desejava na verdade que eles tivessem maturidade espiritual e que fossem ricos em Cristo, mas a verdade é que isso ainda não tinha acontecido.
A forma como viviam mostrava a mentira das suas palavras. A incoerência era total.
Notemos agora a mudança de perspectiva…
Os cristãos em Corinto achavam-se donos e senhores de tudo, como quem diz: “já estamos a reinar em plenitude neste mundo”, no entanto, os apóstolos tinham outra percepção sobre o lugar que ocupavam neste mundo.
Será muito interessante notarmos este contraste.
V9 Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espectáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens.
Ao dizer estas palavras, Paulo não estava num registo de autocomiseração, como quem diz “Ai coitadinho de mim que estou aqui a sofrer por amor a Deus, logo sou o maior”.
Ele usa a imagem dos prisioneiros condenados que são levados em último lugar para a arena romana para serem mortos no combate e assim serem usados como espectáculo para o ser humano. Ele mostra até a abrangência total “Tanto a anjos como a homens”.
No entanto, o que depreendemos destas palavras é que Paulo aceitou de uma forma humilde e serena o que Deus tinha destinado. Como quem diz, “Se é para sofrermos ou morrermos, vamos a isso”.
Ou seja, a nossa vida é para ser vivida como Deus quer que ela seja e não como nós queremos que ela seja.
Reparemos na veracidade destas palavras na vida de outros apóstolos.
Actos 5:40-42
O CASTIGO – “Chamaram os apóstolos, mandaram açoitá-los e deram-lhes ordens para não falarem mais no nome de Jesus. Depois soltaram-nos”.
A REACÇÃO AO CASTIGO – “Os apóstolos saíram do tribunal muito contentes por Deus os ter achado dignos de sofrerem por causa de Jesus”.
A CONSEQUÊNCIA DE PERCEBEREM O SEU LUGAR EM CRISTO – “E não se cansavam de ensinar todos os dias no templo, e de casa em casa, e de pregar a boa nova de que Jesus é o Messias”.
Estar em Cristo é o lugar mais seguro onde podemos estar, mesmo no meio da nossa dor ou sofrimento.
V10 Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis.
Paulo usou outra vez a sua ironia*.
Com estas palavras ele estava a dizer simplesmente que ao pensarem daquela forma - estamos satisfeitos e saciados - no fundo estavam a chamar os apóstolos de loucos. Eles sim, os cristãos em Corinto, eram sábios porque viviam uma vida calma e tranquila.
Se os cristãos em Corinto fossem confrontados com o que fora dito anteriormente nesta carta, perceberiam que os loucos seriam eles mesmos porque para Deus a sabedoria e o conforto deste mundo são loucura.
Eles achavam loucos os apóstolos porque estes viviam a “loucura da Cruz de Cristo”. Achavam que eram fracos por estarem a sofrer por amor a Deus. Como quem diz “Cristão a sofrer? É porque é fraco”.
Como é que se pode considerar alguém fraco por estar a sofrer por amor a Deus?
É um grande privilégio sofrer por amor a DeusE a maior loucura é não perceber isto. E atenção, muitas vezes eu sou este louco!
Eles viviam numa pura acomodação espiritual porque estavam preocupados apenas em perceber quem era maior do que quem e também porque não estavam também interessados em saber o que era pecado ou não - iremos perceber isso mais à frente.
1111 Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos.
Nós que tanto desejamos ter as contas certas, comida e bebida na mesa, ter um belo conforto e uma habitação boa e certa, ao lermos estas palavras ficamos completamente estarrecidos.
Provavelmente, alguns de nós, nem compreendemos ao pormenor o que isto possa significar.
Atenção que Paulo não se estava a queixar ou a usar este argumento para mostrar superioridade em relação aos outros.
Ele simplesmente queria dizer que o seu conforto e a sua estabilidade apenas podiam estar no Senhor, independentemente dos custos físicos ou sociais que isso podia ter.
Servir a Deus é o mais importante, independentemente se vamos ter que comer ou beber, se vamos ser injuriados ou não, ou se vamos dormir em boas casas.  
Se analisarmos com os olhos deste mundo, estas palavras de Paulo são loucura. Mas nós somos chamados a viver esta aparente loucura se assim o Senhor quiser.
Vejamos mais sinais de maturidade cristã…
V12 Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos;
Paulo é muito claro… Vocês acham que estão satisfeitos e que Deus está feliz? Então como é que vivem em guerras constantes uns com os outros? Acham que isso é ter maturidade espiritual? Acham que quem se acha superior ao outro é sinal de maturidade?
Neste versículo ele virou o foco… Olhem para o que Deus nos chama a fazerSomos injuriados e temos de orar por essas pessoas.
Não com o sentimento de fazer justiça com as próprias mãos, mas sim para que Deus possa converter os corações de quem nos faz mal.
É bem mais fácil pedir a Ira de Deus sobre a vida de quem nos chateia, do que pedir que Deus salve a vida de quem nos incomoda.
V13 “Quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos”.
Nestes versículos, Paulo toca em quase todos os pontos que nós menos queremos que Deus mexa na nossa vida.
Ele relembra-os que eles como cristãos mesmo quando são caluniados têm que procurar a reconciliação.
Reparemos neste pormenor. Para eles não era importante se eram culpados ou inocentes. A procura da reconciliação é obrigatória.
O ponto é claro… Fomos caluniados (usaram de mentiras) mas procurámos a reconciliação. Logo eles eram inocentes.
Assim, os inocentes são obrigados a procurarem a reconciliação, não para mostrar quem tem razão mas para Deus ser glorificado.
Quem é o exemplo máximo para a nossa vida? É a partir de quem que as nossas vidas ganham significado? Qual é o nosso fundamento?
V14 Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados.
Paulo não tem como objectivo envergonhá-los ao comparar vidas, até porque, se ele aguentava o que aguentava, era porque Deus queria que assim fosse. E se aguentava era na força que Deus supre. Logo, ele não era maior do que ninguém.
Percebemos também aqui que corrigir alguém não é sinal de punição, é sinal sim da busca da restauração, muito mais do que uma simples cura, da parte de Deus na vida das pessoas.
Muito interessante este ponto… Eu repreendo-vos porque vos amo.
Assim, ao longo destes versículos podemos tirar algumas aplicações…
1º Devemos investir em quem não merece porque Deus investiu em nós quando nós nada merecíamos.
De facto nós nada merecemos.
Deus criou as coisas para a Sua glória e para o Seu Louvor.
Contudo falhámos pois quisemos buscar o nosso prazer pessoal longe da pessoa de Deus. Por isso pecámos.
Todo o pecado mostra profunda insatisfação com aquilo que Deus tem para nos oferecer.
No entanto, o Evangelho oferece esperança.
Deus enviou o Seu filho até à Cruz para levar sobre si a ira de todos aqueles que responderem com arrependimento e fé para que então Cristo possa habitar em nós e aí possamos ter a certeza da vida eterna.
Ao sabermos disto, entendemos que a vida não acaba aqui mas que há algo muito melhor à nossa espera. A comunhão plena e perfeita com Deus para todos aqueles que reconhecerem que precisam d’Ele na sua vida.
Já reconhecemos o nosso pecado?
Já reconhecemos que buscámos o nosso próprio prazer em vez de fazer aquilo que agrada a Deus e assim obter a alegria que vem do próprio Deus?
Acreditamos que Cristo foi à Cruz no nosso lugar?
Já percebemos que Cristo é a solução para o nosso maior problema que é o pecado?
Não importa de onde veio e nem importa o que fez. Deus ama-o e quer transformá-lo numa nova criatura.
Diga a Deus que não consegue viver mais sozinho e que a Sua vida não é aquilo que Ele quer que seja.
Reconheça a sua incapacidade para resolver o seu problema da eternidade e entregue-se a Ele em todas as áreas da sua vida.
Em Cristo sabemos para onde vamos e quando morrermos, morreremos felizes porque sabemos para onde vamos.
2º A forma como vivemos mostra a veracidade das nossas palavras.
Os cristãos em Corinto achavam que estava tudo bem com eles. Achavam que estava tudo bem com Deus, mas viviam a vida da forma que queriam. Seguiam homens e não o próprio Deus.
Muitos de nós provavelmente já reconhecemos que somos pecadores e percebemos até a obra que Cristo fez por nós na Cruz.
No entanto, pode acontecer que as nossas vidas mostrem incompreensão para com essa dádiva ao mostrarmos que afinal houve apenas um entendimento mental, mas não uma vivência total do Evangelho.
Vida cristã não significa que não pecamos, significa sim que se pecarmos, temos que nos arrepender. E arrepender significa confessar e mudar.
Acharmos que estamos a pecar e não fazermos nada para mudar essa situação, não tem significado algum para Deus. É preciso reconhecer o pecado e mudar o mais rapidamente possível. Os remorsos não chegam.
Não podemos estar a servir a Deus e ao mesmo tempos servir os nossos sonhos ou desejos carnais.
Quem queremos fazer felizes com a nossa vida? A Deus ou a nós mesmos?
Preferimos ouvir dizer “Muito bem” da boca do mundo, ou até da nossa consciência, ou preferimos ouvir “Muito bem” da boca do nosso Deus?
Vivemos a vida pela compreensão da mensagem da Cruz ou com base na sabedoria deste mundo?
A mensagem da Cruz leva-nos até Cristo e a sabedoria do mundo separa-nos de Cristo.
Somente em Cristo há Esperança. E este é o tempo.
Não importa o que fez, nem como está a viver. Deus quer recebê-lo de braços abertos para transformá-lo completamente. Tem este desejo de mudar?
Para Deus não há pecado que não possa ser perdoado. Arrependa-se.
3º Em certo sentido, não importa onde estamos, importa sim quem somos.
Aqueles que são cristãos já não vivem para conquistar em busca do contentamento, mas vivemos porque já fomos conquistados por Cristo e isso nos satisfaz.
O impossível já aconteceu e por isso não precisamos de fazer mais nada para que as nossas vidas possam fazer sentido.
Nessa medida, os planos que Deus tem para nós são muito superiores aos nossos planos.
O apóstolo Paulo percebeu que o seu lugar era o lugar que Deus tinha para ele.
É inconcebível fazermos planos e não pensarmos como Deus pode ser mais glorificado naquilo que pretendemos fazer.
A conquista de Cristo chega-nos para vivermos a vida que Deus tem para nós?
Se a nossa satisfação estiver em Cristo, nós podemos passar por necessidades, por difamações, por dores, até perdermos tudo e mesmo assim conseguimos dizer “Posso viver em toda e qualquer situação porque é Deus quem me fortalece”.
Os filhos de Deus vivem com contentamento porque é Deus que os satisfaz.
O orgulho é uma ilusão. Faz-nos pensar que o que temos materialmente é suficiente ou que ainda precisamos de ter para sermos felizes.
O orgulho não permite ver o perdão que Deus tem para oferecer, porque faz-nos achar que somos perfeitos.
O orgulho não permite buscar a reconciliação com o outro mesmo podendo ser inocentes.
O orgulho não permite fazermos mudanças drásticas na nossa vida, porque faz-nos achar que há sempre tempo para as fazer.
Nós não sabemos o dia de amanhã.
Percebamos que os filhos de Deus não vivem no pecado, apesar de poderem pecar.
Em certo sentido, a questão não está na queda, mas no que fazemos após a queda.
Temos vivido a nossa vida com satisfação?

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

I Coríntios 4:1-6

V1 “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”.
Num contexto de divisão causada pelo sectarismo, isto é, por seguirem os homens e não a Cristo, no sentido de apontarem mais as suas vidas a eles do que à Palavra, Paulo vem dizer o que realmente importa, tanto para o povo de Deus, como também para aqueles que o lideram.
Desta forma, os cristãos devem olhar para os seus líderes espirituais não como os seus ídolos mas sim como aqueles que levam as suas vidas até Cristo.
O povo de Deus deve perceber que aqueles a quem Deus chamou para liderarem o Seu povo, são apenas ministros e despenseiros dos mistérios de Deus e que estão investidos de autoridade quando as suas vidas e as suas palavras são um reflexo da autoridade de Deus relatada na Sua Palavra.
Duas definições encontramos neste texto para os líderes da Igreja.
1º A palavra “ministro” era usada num contexto das embarcações dos navios para o “remador subordinado” a todos os outros. Estes eram aqueles que tinham que puxar mais pelos remos.
Eram os mais desprezados dentro do navio, pois tinham uma posição mais servil de todas.
Dessa forma, Paulo mostrou toda a sua humildade ao dizer “Olhem sim para os vossos líderes. Eles são servos mas servos de Cristo”.
Ou seja, Paulo não diz que os líderes da Igreja são servos da própria Igreja e por isso empregados daquilo que a Igreja decidir.
Ele é muito claro neste ponto, os homens a quem Deus chamou para cumprirem os ofícios na Igreja são meros servos de Jesus Cristo porque na verdade é a Deus que têm de prestar contas do seu serviço.
Servos de Deus servindo a Igreja.
2º Os líderes da Igreja são despenseiros dos mistérios de Deus
A palavra “despenseiros” era usada para alguém que cuidava de todas as responsabilidades domésticas do senhor a quem servia. Eram simples criados ou escravos.
Os mistérios de Deus, lembrando o que fora dito ao longo destas semanas, são a mensagem de Deus que antes era oculta e que fora revelada em Jesus Cristo, o qual foi crucificado tendo depois ressuscitado.
Embora também aqui, e entendendo todo o contexto que vimos na semana passada, inclui também todo o conselho de Deus.
Desta forma, os ministros servem apenas Cristo. Estão também investidos de autoridade apenas quando são despenseiros ou proclamadores de todo o conselho de Deus e isto é a forma mais sublime de servir o povo de Deus.
Assim, Paulo disse aos cristãos para verem os seus líderes como servos de Cristo e proclamadores da Sua Palavra. Logo, não são proclamadores das suas ideias pessoais ou da sabedoria do mundo.
Poderão os irmãos pensar… Mas não somos todos servos de Cristo e também proclamadores da Sua Palavra?
Com toda a certeza que sim, no entanto, a responsabilidade primária, o que não anula a responsabilidade de todo o cristão, é dos líderes da Igreja. Eles devem ser o exemplo de como servir a Deus com a boca e com a sua vida.
Os pastores são chamados para pastorearem e não para serem pastoreados pelo rebanho, ainda que Deus use o Seu rebanho para ministrar pontualmente os Seus pastores.
Aliás, e olhando para as qualificações dos presbíteros, em I Timóteo 3, há aspectos que são responsabilidade de todos os cristãos. Por exemplo, os cristãos não devem ser dados ao vinho, como devem ser sóbrios, hospitaleiro, etc. Há apenas 2 aspectos que são diferentes: 1º Apto para ensinar. 2º Não ser um novo na fé.
Significa então isto, que os líderes que são servos de Cristo e proclamadores de todo o conselho de Deus devem ser apenas instrumentos visíveis de como as vossas vidas devem apontar a Cristo.
Este ponto não eleva os presbíteros a um nível de superioridade mas sim a um nível de responsabilidade e de uma responsabilidade servil. Apenas dizer isto as minhas pernas tremem!
2 Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel.
Naquela altura, os despenseiros eram os escravos e eram escolhidos para esta tarefa apenas aqueles que fossem mais fieis, tal era a responsabilidade que tinham.
Olhando para a Igreja, os líderes têm que ser fiéis a Deus e isto é tudo o que uma Igreja pode desejar face ao seu pastor.
Uma Igreja que ame o seu pastor, deve desejar e orar para que ele tenha tempo para orar, estudar e meditar nas Escrituras para que possa ministrar ao rebanho de Deus. Por isso, deve ajudá-lo a não ter outras tarefas que retirem este foco.
É precisamente o que vimos a semana passada e o que mais eu anseio ouvir da parte de Deus… Mateus 25:21E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
A fidelidade a Deus é o mais importante na vida do Cristão e a vida dos líderes, como responsabilidade primária, é espelharem essa fidelidade na forma como vivem e falam.
3 Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por qualquer tribunal humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo.  
Paulo ao dizer estas palavras simplesmente mostrava que a função de um líder não é ter um grupo de seguidores ou fans mas um servir um rebanho para que este seja um seguidor de Cristo.
Ao dizer estas palavras, mostrou que não estava preocupado com o julgamento das pessoas, nem de algum tribunal humano ou até mesmo sobre o que Ele pensasse.
3 Aspectos podemos perceber para todos os cristãos:
Quando queremos ser fiéis a Deus, pouco importa o que as pessoas ao nosso lado possam dizer.
Isto não revela arrogância até porque devemos ouvir irmãos com mais maturidade cristã.
O que Paulo estava a dizer era que o padrão para a nossa vida encontramos na Palavra e por isso não importa o que outros possam dizer que não seja revelado na Palavra.
2º Talvez, daqui a uns anos – isto não é uma profecia – talvez compreendamos muito melhor o que Paulo está a dizer com o tribunal humano.
Aliás, falarmos contra certas coisas, quase que já somos julgados em praça pública.
3º Um dos nossos maiores ídolos e por isso a quem mais queremos agradar, é a nossa pessoa.
Quando fazemos as coisas para agradarmos o nosso ego, aumentar a nossa “auto-estima” ou fazer como se fossemos o fim último de todas as coisas, estamos a pecar.
Por isso, não pode ser também a nossa consciência a julgar a quem nós desejamos ser fiéis.
É a Palavra que nos julga e é a ela que temos de ser fiéis.
Um dia falaremos também sobre a importância, em certa medida, da nossa consciência (Romanos 14).
Com estas palavras Paulo simplesmente perguntou:
A quem querem agradar com as vossas palavras e com a nossa vida? Vocês querem ser fiéis a quem? Estão preocupados com o julgamento de quem?
V4 Porque, embora em nada me sinta culpado, nem por isso sou justificado; pois quem me julga é o Senhor.  
Percebemos neste texto que Paulo não tinha qualquer pecado que não tivesse sido confessado ou, por outro lado, que vivesse de forma habitual nele.
No entanto, não é a sua consciência que o vai julgar, logo não é por isso que será considerado inocente.
É o Senhor através da Sua Palavra que o irá julgar.
Assim, Paulo considerou que a nossa consciência pode ser enganosa logo não poderemos pensar “A minha consciência em nada me acusa”.
É o Senhor que nos julga meus irmãos ainda que nós possamos julgar com recta justiça.
João 7:24Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a recta justiça”, isto é, julgar se algo é certo ou errado mas sempre com a Palavra.
Ao dizer estas palavras, Paulo mostrou que não procurava a aprovação dos membros da Igreja para proclamar todo o conselho de Deus. Ele sempre foi um proclamador fiel.
Quando assim acontece, mostra-se que não se procura um “grupos de fans”, procura-se sim pessoas que através do anúncio da Palavra de Deus sejam fiéis ao próprio Deus.
A mensagem de Cristo pode ser considerada loucura mas a maior loucura é não a proclamarmos.
V5 Portanto nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará à luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o seu louvor.  
A Bíblia é um livro de tensões. Este versículo e ao lermos o capítulo a seguir podemos perceber isso.
Paulo disse para não julgarem antes do tempo, mas no capítulo 5, ele repreendeu a Igreja severamente por deixar de agir ou julgar com disciplina um caso de imoralidade.
Neste versículo, ele não anula a responsabilidade dos cristãos de analisarem todo o ensino ministrado pelo Pastor segundo as Escrituras.
Seguir o que o pastor diz apenas porque ele é o pastor da Igreja, sem se perceber se o conteúdo tem respaldo bíblico, simplesmente está-se a seguir o líder e não a Cristo. E foi isso que Paulo condenou nos primeiros capítulos desta carta.
O ponto é: Não julguem os vossos líderes segundo os vossos gostos pessoais, ou até pelas diferenças teológicas na forma de resolver algumas tensões existentes na Palavra de Deus e muito menos os julguem nas intenções com que eles fazem determinadas coisas.
Isto não é só do rebanho para o pastor, é também do pastor para o rebanho.
É Deus quem mostrará as nossas reais intenções no ministério.
Estava a ler a biografia de George Whitefield que tinha sido colega de John Wesley. Eram grandes amigos. Em 1741 começaram a discordar teologicamente mas continuaram a falar sempre com grande respeito. Antes de morrer, George Whitefield pediu que o seu grande amigo John Wesley fizesse o seu funeral mesmo tendo visões contrárias quanto à Salvação.
John Wesley aquando a morte do seu amigo George Whitefield disse “Hoje morreu um grande homem de Deus”.
Ainda esta semana dizia ao pastor Sabino. Apesar de pensarmos diferente em alguns aspectos, se eu morrer, quero que sejas tu a fazer o meu funeral.
Tudo isto acontece quando percebemos que a nossa ligação em Cristo é muito superior a qualquer outra coisa que possa até ser importante.
Voltando ao texto, Paulo escreveu estas palavras porque as pessoas estavam a desprezar-se umas às outras por serem seguidoras de homens diferentes “Eu sou de Paulo, eu sou Apolo, eu sou de Pedro, etc”.
Percebendo o contexto de Corinto podemos perceber o que Paulo quis dizer… “Podemos ter afinidades teológicas, congregacionais ou outras quaisquer, mas a única afinidade que realmente importa é a ligação que todos temos à pessoa de Jesus. Por isso, é que em Cristo somos um”.
Deus é quem dá o louvor às pessoas e nós honramos as pessoas na medida daquilo que Deus faz nelas e através delas.
V6a Ora, irmãos, estas coisas eu as apliquei figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós;
Paulo disse de uma forma muito clara e humilde… Aquilo que eu vos falo, foi aquilo que eu apliquei para o meu ministério.
A responsabilidade primária, não isentando por isso as outras pessoas - daí ter escrito esta carta – tem que começar nos líderes da Igreja.
Tudo é de Cristo e para Cristo. Toda a Glória deve ser dada a Ele.
Assim meus irmãos podemos tirar algumas aplicações:
1º Como ministro de Deus, as únicas coisas importantes que tenho para vos dizer são quando as mesmas têm respaldo bíblico.
Eu não tenho um novo alimento para vos dar. Eu apenas vos dou o alimento que já nos fora dado.
Apenas preparo o alimento com os ingredientes bíblicos e o sirvo a vós para que cheguem ao bom pastor.
Este é o meu compromisso com Deus e convosco. Pregar com fidelidade todo o conselho de Deus.
Tudo o que precisamos está na Palavra.
Todo o crescimento que não seja sustentado pela Palavra tem os dias contados.
SALMOS 127:1 Se não for o Senhor a edificar a casa, em vão trabalham os construtores. Se não for o Senhor a guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas”.
Eu não tenho revelações especiais, porque se as tivesse, estaria a dizer que o que está nas Escrituras não é Suficiente.
Prego expositivamente e sequencialmente para não fugir de todo o conselho de Deus.
Isto é a forma de os irmãos perceberem que o meu objectivo no ministério, não digo que quem não o faça não o seja, é de ser fiel às Escrituras.
A mensagem de Cristo pode ser considerada loucura mas a maior loucura é se não a proclamarmos.
Não tenho como objectivo ser popular entre os irmãos ou no meio baptista, ainda que possa ser tudo tentador, mas tenho como objectivo ser fiel à Palavra. É aqui que invisto maior parte do meu tempo.
Estou aqui para servir a igreja e isso só acontece quando imito o supremo pastor: Cristo.
Algumas perguntas…
Jesus disse que “veio para servir”. Mas será que serviu segundo os interesses das pessoas à Sua volta ou até mesmo daqueles que lhe eram mais próximos?
O que faria Jesus se tivesse seguido as expectativas da multidão?
O que teria feito Jesus se seguisse os conselhos de Pedro e não fosse em direcção à cruz?
Nós não estamos na Igreja para discutir e promover a nossa "primazia", mas sim para exaltar a primazia de Cristo nas nossas vidas.

Que Deus nos ajude!