Miqueias significa “Quem é como o Senhor?”
Não temos informação da sua linhagem mas o
significado do seu nome mostra que pertencia a uma
família temente a Deus*.
Miqueias viveu na cidade de Moresete perto dos montes de
Judá. Ou seja, era do interior. No entanto, Deus escolheu-o para uma tarefa importante. Este aspecto terá a
sua relevância para a compreensão do texto.
A mensagem tem como destinatário os dois reinos, mas a
ênfase está no Reino do Sul.
Conforme vimos a semana passada, não havia guerras embora a paz estivesse quase a acabar por causa
do pecado do povo.
Quando derrotaram o reino do Norte, muitas pessoas fugiram
para o Sul e isso fez com que o povo do Sul
aprendesse com os costumes pagãos do Norte.
Percebemos também, a semana passada, que os líderes de Judá
eram corruptos e cometiam crimes hediondos contra o povo.
O objectivo do livro passa por repreender as práticas pecaminosas
e advertir contra a falta de valores pessoais e sociais.
Miqueias advertiu o povo, durante a primeira parte do livro,
dizendo que o julgamento de Deus estava para vir, só que, para eles, nada fazia sentido porque viviam numa
paz completa, embora fosse circunstancial.
Quando tudo está bem, muitas vezes não
ouvimos as chamadas de atenção que nos são dadas. E o povo não ouvia
Miqueias.
Percebemos, este tipo de coisas, constantemente, em todo o
AT. A paz fazia com que as pessoas não ouvissem as advertências de Deus.
Muitas vezes houve sofrimento para que, então, ouvissem a
voz de Deus.
O livro de Miqueias divide-se em 3 partes: 1º Os pecados do povo; 2º O anúncio do Juízo contra o povo; 3º Promessa de bênção no Messias.
O tema do livro de Miqueias é “Em Deus há esperança”.
Miqueias 5:1 Quanto a ti, Belém, no clã de Efrata, embora
sejas tão pequena entre as terras de Judá, de ti farei sair aquele que vai ser
o guia de Israel; ele descende duma família, cuja origem vem dos tempos mais
antigos.
Depois de Miqueias ter sido usado por Deus para expor os
pecados e o consequente juízo de Deus sobre os pecadores, o profeta fala da esperança que há no próprio Deus.
Para o pecador arrependido
existe sempre Esperança.
Esta Esperança vem de Belém que significa “Casa do Pão” e
Efrata que significa “Fertilidade”.
Ou seja, vem de um sítio considerado frutífero.
Miqueias quis dar a
ênfase à Esperança e mostrar que a mesma vem de um sítio insignificante de
uma pequena aldeia ou vila.
Percebemos isso quando não encontramos este
nome nas cidades importantes de Judá descritas em Josué 13 e Neemias 11.
Belém era a terra de David e também a terra de Noemi
e por conseguinte a terra onde Rute foi viver (vimos isso há pouco tempo).
Deus faz a Sua obra
através de coisas pequenas, sem muito valor e através dessa obra nasce alguém de imenso valor que muda a
nossa história de uma tal maneira que
mexe com toda a eternidade.
No original encontramos o pronome “me” que se revela
importante e dá uma ênfase ainda maior à origem de tudo o que vai acontecer.
Diz o texto no original, “De ti me sairá”. Isto mostra que a vinda da Esperança tem como fim cumprir
os propósitos de Deus e vem do próprio (pessoa) Deus.
Vem da vontade do Pai para realizar o plano do próprio Pai.
Esta Esperança é
Jesus.
O interessante, é que esta profecia foi feita 700 anos
antes da sua concretização e foi cumprida em todos os seus detalhes.
Se repararmos em Mateus 2:5-6, Maria não viveu em Belém.
No entanto, por decreto do imperador, José e Maria viajaram
até a cidade de Belém, onde Jesus então nasceu.
Aparentemente havia várias dificuldades, mas no fim de tudo,
percebeu-se que tudo o que aconteceu foi por decreto de Deus.
Não por causa da Sua presciência, mas porque Deus ordenou e
controlou cada momento. Isto dá-nos confiança sobre a veracidade das
Escrituras.
Vale a pena confiar a Deus os reveses da nossa vida.
Percebemos ainda no texto que esta Esperança vem desde os
tempos antigos, ou seja, a Esperança não
está circunscrita ao tempo.
A ideia, no original, passa por mostrar que Cristo, a nossa
Esperança, existiu desde sempre e agiu e
agirá em todos os momentos da nossa vida.
Alguém que existiu desde sempre e que vai nascer em Belém. O
ponto aqui também é dar ênfase à divindade da pessoa de Jesus Cristo e à Sua
humanidade aquando a Sua chegada até nós.
100% Humano e 100% divino. Chama-se a esta união, união
hipostática.
V2 Por isso, o SENHOR abandonará o seu povo, mas só até que
dê à luz a mulher que espera um filho. Os que tiverem sobrevivido ao exílio
hão-de juntar-se então aos outros israelitas.
Num momento catastrófico para o povo, Deus traz Esperança. Não um alento qualquer.
Esta Esperança não são frases de motivação ou de auto-ajuda.
Esta Esperança é a vida do Seu próprio filho.
Jesus Cristo é o
cumprimento de todas as promessas do Antigo Testamento.
Ao confiarmos em Cristo, estamos a confiar que n’Ele
iremos herdar as promessas.
Romanos 15:8 – “Digo,
pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de
Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais”.
2 Coríntios 1:20 –
“Porque todas quantas promessas há de Deus,
são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós”.
Então, o que vemos aqui, é que num momento difícil o qual
podia eliminar de vez o povo de Israel, Deus
promete que a linhagem de Davi iria continuar.
O reino do Norte foi destruído e o Reino do Sul estava quase
a receber o julgamento de Deus.
No meio do caos, por causa da desobediência a Deus, o
próprio Deus traz uma mensagem de paz e
de Esperança. Maravilhosa Graça.
No entanto, o povo ainda ia passar por um momento de
sofrimento (700 anos), como se fossem as dores de parto* antes de dar à luz o
Libertador.
Vale a pena confiar
nas promessas de Deus.
Vale a pena termos Esperança no meio das adversidades.
Jeremias 29:11 “Pois eu sei os planos que
tenho para vós. São planos de prosperidade e não de desgraça, planos que se
concretizarão num futuro de esperança”.
Ainda confiamos nesta
Esperança?
V3 Quando esse guia vier, conduzirá o seu povo com firmeza,
graças ao seu poder e à presença gloriosa do SENHOR, seu Deus. O seu povo
viverá em segurança, porque a grandeza do SENHOR será reconhecida até aos
confins da terra;
O povo já estava perdido e sem rumo nesta fase. O livro de
Miqueias contempla algumas fases.
No entanto, o profeta Miqueias disse que iria chegar aquele
que iria guiar o povo a pastos verdejantes (Salmos 23).
Imaginemos o que é, estar no meio do caos e mesmo assim
sentir a Esperança em alguém sabendo que essa pessoa está no controlo e, face a
isso, guia-nos diariamente.
Como seria bom
e confortante ouvir estas palavras?
Se confiamos em Cristo, esta promessa é para nós também.
Diz-nos o texto que não
é de uma forma qualquer.
Essa Esperança estará connosco e irá apascentar-nos na força
do próprio Deus. Saber disto faz-nos andar seguros porque a Sua grandeza não
tem limites.
Tendo ainda a certeza e que o Seu nome será conhecido em
todas as nações (Podemos ver aqui as referências a Filipenses).
Refere ainda o texto que Cristo irá apascentar-nos e dar-nos
assim o que nós precisamos.
Significa isso, que não vai haver
necessidade alguma que não esteja satisfeita em Cristo. Que gloriosa
promessa.
Então, este texto remete-nos para a esperança que veio em
Cristo, aquando a Sua primeira vinda pronunciando assim a Sua Segunda vinda.
V4 E assim vai reinar a paz.
Num contexto de guerra, perturbação e onde aparentemente não
havia futuro, Miqueias diz que virá a
paz sobre aqueles que confiam nessa Esperança.
Nos versículos a seguir, percebemos que para uns será sinal
de julgamento eterno face aos desígnios de Deus.
Apenas uma nota, antes de haver esta paz plena na terra,
podemos ter a paz com o nosso Deus
no imediato.
Se nos arrependermos dos nossos pecados, a Sua irá será
retirada de nós e ser-nos-á dada a Sua justiça. E isso traz-nos paz.
Romanos 5:1 “Portanto, uma vez que fomos justificados pela
fé, estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo.”
Como é bom sabermos que no meio da tribulação na nossa vida
haverá um dia em que viveremos numa plena paz com Deus e com o mundo (Shalom)?
Sentimos esta Esperança?
Em Deus há Esperança… É o tema de Miqueias.
Com Miqueias podemos aprender 4 lições:
1º Precisamos de ouvir a voz de Deus.
O povo estava a viver em paz e não percebia os avisos de Deus. Por isso, sofreu o cativeiro e por causa disso sofreu
imenso.
Em certo sentido, quando as circunstâncias da nossa vida
aparentemente estão bem, há alguns avisos
da parte de Deus que não são atendidos.
Daí, e nem sempre essa é a causa, há situações que nos
acontecem para que os nossos olhos possam ter o foco que precisamos para a
nossa vida.
Precisamos escutar a Deus*.
Necessitamos de sentir o poder da Cruz de Cristo*.
Carecemos do discernimento do Espírito Santo*.
Nos bons e nos momentos mais difíceis da nossa vida tudo tem
que apontar a Cristo.
Por isso, precisamos de ouvir o que Ele tem para nos dizer.
Ainda anseia pela voz de Deus? Ainda sente prazer nisso?
2ª Deus usa coisas inesperadas e
insignificantes para salientar que Ele é
todo-poderoso. Também para percebermos que toda a Glória deve ser dada a
Ele.
Da vila pequena de
Belém nasceu o Redentor. Não da capital mas de um lugar que
ninguém depositava confiança.
Ser vaso nas mãos de Deus é compreender que Ele faz de nós, não
aquilo que desejamos, mas aquilo que Ele
quer e da forma que pretender.
Não são as coisas grandiosas que chamam a atenção a Deus
e muito menos a nossa pseudo majestade.
II Crónicas 16:9 “É que o SENHOR está atento ao que se passa na terra, para dar força aos
que confiam nele com todo o coração.”
Salmos 34:18-19 “O SENHOR atende o clamor dos justos e livra-os de todas as suas
angústias. O SENHOR está perto dos que têm um coração contrito; ele salva
aqueles que já não têm esperança”.
Às vezes podemos desejar ser como os outros ou ter o que os
outros têm, no entanto, temos que saber que pela Graça de Deus somos aquilo que somos (I Cor. 15:10) e a Sua Graça
nos basta (II Cor. 12:9).
Deus usa as nossas vidas independentemente da nossa
pequenez.
3º Podemos
sentir paz mesmo no meio da adversidade olhando para Cristo.
Miqueias 7:7, 18-20 “Eu, porém, tenho esperança no SENHOR, ponho
a minha confiança em Deus*, que me salva*; e o meu Deus ouvirá o meu apelo*.
Ó Deus, não há outro
deus como tu*, que esqueces e perdoas a rebeldia e os pecados do que ainda
resta do teu povo! Tu não manténs a tua ira para sempre* e nos mostras com
agrado o teu amor.
Mais uma vez, tem
compaixão de nós; esquece os nossos crimes e lança os nossos pecados no fundo
do mar!
Manifesta o teu amor e
fidelidade para com os descendentes de Abraão e de Jacob, como prometeste aos
nossos antepassados, desde os tempos mais antigos”.
Pecado confessado*, Deus o atira para o mais fundo do
abismo.
Deus não nos julga segundo o nosso pecado mas segundo o que
Cristo fez na Cruz.
Conforme diz Tim Keller no livro “A Cruz do Rei”: “Na cruz
Jesus recebeu aquilo que nós merecíamos: O pecado, a culpa e a condição decaída
do mundo recaíram sobre Ele. Ele amou-nos tanto, que tomou sobre Si a Justiça
divina para que pudéssemos ter livre passagem, para sempre”.
4º Podemos sentir Esperança, mesmo nos
momentos de desânimo, olhando para o Futuro que temos em Cristo.
O povo estava
desalentado e Miqueias dá Esperança.
Não livrou o povo dos problemas mas mostrou-lhe que esses problemas dentro de pouco tempo deixariam
de fazer sentido.
Esta é a promessa que temos em
Cristo - II Cor.
4:17-18 “As aflições do momento presente são leves, comparadas com a grande e
eterna glória que elas nos preparam. Não fixamos a nossa atenção nas coisas que
estão à vista, mas naquelas que ainda se não vêem. Pois o que se vê é
passageiro, mas o que ainda se não vê é eterno”.
Temos Esperança na
Eternidade mesmo não sabendo nada sobre o amanhã. E temos esperança
porque essa esperança em parte já se revelou em Cristo e em breve irá revelar-se novamente.
Para onde olhamos nos momentos mais duros da nossa vida?
Para onde nos viramos quando o desânimo nos bate à porta?
Descansemos porque
Deus é Deus.
Descansemos
porque Ele age na Sua graça e não pelos nossos merecimentos.
Vivamos pois as verdades do Evangelho. Conforme disse Moody,
“Um dos grandes problemas que temos é o tráfico de verdades não vividas”.
Nos momentos difíceis, lembre-se de Apocalipse 21:4 “E Deus limpará
de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor,
nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.
Que Deus nos ajude.
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