Resumindo a semana passada…
- Ansiedade: Estou à espera daquilo que eu
mereço*.
- Descontentamento:
Não tenho aquilo que eu mereço*.
Percebamos então que o Evangelho
é a prova evidente que temos infinitamente mais do que aquilo que
merecemos*.
Devemos então combater
a ansiedade com oração de acção de
graças, assim como, também, buscando pensamentos do alto para que a nossa mente seja renovada e não sejamos conformados com este mundo. Vimos cada um desses aspectos na
semana passada.
Hoje falaremos sobre Contentamento
e Ofertas Missionárias.
10 Muito me alegrei no Senhor por me terem manifestado
novamente sentimentos de carinho. Não quero dizer que eu pense que me tivessem
esquecido, mas não tinham tido ocasião de se manifestarem.
Paulo alegrou-se no Senhor porque aqueles irmãos, mais uma
vez, tinham sido amorosos para com ele
fazendo-lhe uma oferta para o ajudar em todas as
suas dificuldades.
A razão de Paulo se alegrar
no Senhor é porque sabia que em última análise, Deus na Sua soberana
vontade, providenciou o que ele precisava naquele momento difícil.
Entendeu claramente que foi Deus que cuidou dele ao lhe
providenciar uma comunidade para o apoiar financeiramente.
Sabia também que aqueles irmãos face ao contexto em que viviam, muitas
dificuldades económicas e várias perseguições, tinham sido bastante generosos para
com ele.
Paulo de forma alguma achava que eles tinham sido
negligentes para com ele, apenas não tinha acontecido mais cedo porque ainda
não tinha chegado a oportunidade e em certo sentido, o tempo de Deus, para a
sua provisão.
Os irmãos em Filipos eram agradecidos ao Senhor Deus pela
vida do apóstolo Paulo e por isso honraram-no também com as suas ofertas.
Honraram a Deus
honrando a vida do Seu servo.
11 Não digo isto por precisar de alguma coisa, pois aprendi a
contentar-me com o que tenho.
Mais uma vez lemos que Paulo não se
estava a queixar de nada. Aliás, ele faz questão de salientar que não são as circunstâncias a
ditarem a sua alegria.
O apóstolo Paulo queria que os filipenses não achassem que ele era de espírito fraco e que cedia face às adversidades
da vida.
Paulo mostrava contentamento
na sua vida porque vivia contente
com Cristo. Não era a riqueza ou a pobreza que lhe iam tirar a alegria
porque, conforme ele disse várias vezes, a sua alegria estava enraizada em Cristo.
O contentamento é muito
melhor do que a procura incessante pelas riquezas, porque produz
satisfação e elimina a ansiedade.
Por isso, Paulo sabia viver
com o que tinha.
Não vivia em
ansiedade e nem andava desgostoso com a vida.
12 Sei viver na pobreza e também na abundância. Aprendi a
viver em toda e qualquer situação: a ter fartura e a ter fome, a ter em
abundância e a não ter o suficiente.
Lemos neste versículo que Paulo sabia viver na pobreza, como também na abundância. Sabia viver com muita comida, assim como ter fome.
A ter muito e a não ter nada.
Então é possível para o cristão
ter muito (a Bíblia não é contra as riquezas, é contra o coração nas
riquezas) e não ter nada.
Conforme lemos neste versículo, o cristão pode até passar fome por muito que isso nos custe a
entender e até doer.
Isto acontecia porque Paulo
sabia viver em toda e qualquer situação na vida.
Qual a razão?
Por todo o contexto da carta,
para Paulo bastava ter a certeza que
estava no centro da Vontade de Deus fossem quais fossem as circunstâncias. Ou seja, ele percebia que acreditava em Deus que é soberano
sobre tudo e se Deus tinha permitido que ele vivesse naquelas
circunstâncias, apenas tinha
então que aceitar.
A aceitação para com qualquer
circunstância da vida, passava por viver em todos os momentos para a Glória de
Deus. I Cor. 10:31.
Interessante notar aqui que a paz de Deus que Paulo sentia,
como vimos a semana passada, é uma paz que se
mantém em toda e qualquer situação. Porque a paz de Deus não depende de circunstâncias.
A ansiedade que se podia revelar na pobreza ou na fome não existia,
isto porque Paulo depositava a sua alegria e
confiança no Senhor.
13 Posso enfrentar todas as dificuldades naquele que me fortalece.
Este é um dos versículos que muitas das vezes é mal interpretado e isto acontece quando se retira do contexto em que ele fora dito.
Retirando palavras do seu contexto, é possível
afirmar que que podemos fazer qualquer coisa e esperar todas as coisas.
A BPT tem uma
tradução mais
fiel ao original do que “Posso todas
as coisas naquele que me fortalece” de João
Ferreira da Almeida.
Podemos então perceber que o versículo
não fala de conquistas* ou curas*.
Interpretando à luz do seu contexto, Paulo escreve dizendo
que sabia que podia viver em toda e
qualquer situação porque era o Senhor que o fortalecia e não as circunstâncias desta
vida.
Ele reconhece que não
estava nele o poder e muito menos a capacidade para
aguentar tais situações.
Cada vez mais temos que estudar a Bíblia de forma expositiva (contexto, interpretação e aplicação) para não cairmos em erros de aplicação.
14 Contudo, fizeram bem em compartilhar as minhas
dificuldades.
Podemos, ao ler este versículo, achar que Paulo estava a ser ingrato ou indiferente
para tais ofertas porque para ele tanto fazia
ter ou não ter dinheiro para as suas despesas. O que não é verdade.
Paulo estava extremamente agradecido, mais uma vez, porque aqueles irmãos fizeram um esforço para que as suas necessidades fossem atendidas.
O ponto aqui é
este: Não é por se poder viver em
dificuldades que não se deve ajudar essas pessoas. Aliás, deve-se viver em comunidade visando a Glória de Deus e não
cada um para e por si.
15 Irmãos filipenses, bem sabem que no início da pregação do
evangelho, quando parti da Macedónia, vocês foram a única igreja a ajudar-me.
Compartilharam comigo no dar e no receber.
Há quase 3 meses atrás percebemos que o apóstolo Paulo iniciou o seu ministério na cidade de Filipos pertencente
à Macedónia (englobava ainda 2 cidades por onde passou: Tessalónica e Bereia).
Crê-se então que Paulo falava de quando tinha partido da Macedónia para Corinto onde aí não recebeu qualquer ajuda.
Vejamos em II Cor. 11:8-9: “Outras igrejas despojei eu para vos servir,
recebendo o salário da parte delas; e quando estava presente convosco, e tinha
necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedónia
supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda
me guardarei.”
Mais uma vez, notar o
amor que aquela comunidade tinha para com Deus ao ponto de honrarem com as suas ofertas o apóstolo Paulo
e o trabalho missionário mesmo estando
em dificuldades.
Relembrar o texto lido pela
Raquel Úria que o desejo dos irmãos
da Macedónia era ajudar
outros apesar da sua grande pobreza.
Tinham um coração aberto a
missões.
Salientar novamente que nada se faz
sozinho. Deus usou uma comunidade para fazer face às necessidades de uma obra missionária.
A Igreja em Filipos sentiu o
privilégio de poder participar.
16 Por mais que uma vez, quando eu estava em Tessalónica, me
enviaram ajuda para as minhas necessidades.
Quando Paulo estava na Macedónia, depois de ter estado em
Filipos, dirigiu-se para Tessalónica.
No entanto, continuaram com as ofertas missionárias para que
o trabalho de Deus fosse realizado.
Paulo sente a necessidade de reforçar a sua gratidão para não entenderem
mal as suas palavras… Com Deus ele sabia viver em toda e qualquer situação.
Isto não é sinal de
ingratidão. Antes pelo contrário, porque ele acreditava que com Deus sabia viver em toda e qualquer situação,
também cria que Deus iria providenciar
no Seu devido tempo
as coisas que eram necessárias para a obra
avançar.
Coitado do apóstolo Paulo se
achasse que algumas coisas na sua vida dependiam do ser humano.
17 Não é que eu procure ofertas, mas desejo que seja
acrescentado o mérito à vossa recompensa.
Para mostrar como estava tão agradecido àquela comunidade, Paulo refere que a sua alegria não
estava apenas no facto de ter recebido aquelas ofertas, como estava muito mais ainda no facto de saber que eles iam ser
recompensados por Deus por causa daquele gesto de amor.
O desejo de Paulo era
aumentar o “crédito” (Usa mesmo termos de
contabilidade) deles junto a Deus
do que propriamente
pela ajuda financeira em si.
Perceber isto deixa-nos de rastos… Que tremendo amor.
18 Eu possuo tudo e em abundância. Agora que recebi tudo o
que me enviaram por meio de Epafrodito, tenho mais do que o necessário. Essa
oferta foi como o perfume de um sacrifício que Deus aceita e lhe agrada.
Depois daquela oferta, Paulo
não tinha mais nenhuma necessidade financeira. Foi claramente suficiente e providencial o valor que ele
recebeu.
Interessante notar que numa época em que cada vez queremos
mais, Paulo diz que o que tinha já
chegava e até era mais do que o necessário.
Paulo passa então de termos de contabilidade para uma linguagem que reflecte expressões de culto
a Deus.
Vemos estas palavras a serem usadas em Romanos 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional.”
Contextualizando com o AT, todas as ofertas tinham que ser agradáveis a Deus e Paulo mostra
aqui que a ajuda que eles deram foi um
aroma suave e por isso
aceitável e agradável para Deus.
19 O meu Deus há-de conceder-vos com largueza tudo aquilo de
que precisarem, segundo a sua riqueza gloriosa em Cristo Jesus.
Paulo tem a noção que aquela oferta
dada com os motivos certos iria ser recompensada
por Deus para com aqueles cristãos.
Foi um esforço que
eles fizeram pois deram mais do
que as suas possibilidades e por isso a
certeza que o apóstolo tinha de que Deus iria suprir todas as necessidades
deles.
A Bíblia é clara nesse aspecto -> Atos 20:35: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.
20 Glória a Deus, nosso Pai, para sempre. Ámen.
Pensar na sua própria
provisão levou o apóstolo a louvar a
Deus porque sabia que o seu sustento
vindo daqueles irmãos tinha sido iniciativa divina derramada na sua vida
devido à maravilhosa Graça de Deus.
Percebemos então 3 aspectos
neste texto…
1º Ao entendermos
o Evangelho, temos de compreender as
suas consequências e uma delas é perceber que o nosso dever enquanto cristãos passa por ajudar outras pessoas que estão a
passar por extremas dificuldades.
Não é por sabermos que os cristãos podem viver em dificuldades que não
os devemos ajudar.
Enquanto um cristão na sua comunidade estiver a passar por
dificuldades, é
porque a Igreja não está a ser Igreja.
Não resolvemos esta questão pensando que já estamos a dar o
dízimo* e por isso já chega. Temos esta
responsabilidade também.
Pergunta que se coloca: O desejo de termos uma vida financeira mais estável financeiramente
tem como objectivo a Glória de Deus ou a
nossa Glória?
Por outro lado, onde deve estar a nossa estabilidade?
(Exemplo da minha vinda para a Graça).
2º Aspecto – Ofertas Missionárias…
A ânsia pelas
conquistas pessoais leva-nos muitas vezes à cegueira para com os missionários que
levam a Palavra de Deus às pessoas que precisam de ser conquistadas pelo Evangelho.
Raro encontrar cristãos que procurem ganhar mais apenas para contribuírem mais
para a obra missionária.
Quando pensamos no nosso
orçamento familiar, contribuir para
missões está nos nossos planos?
Quando temos possibilidade de ganhar mais o nosso foco está também em Missões?
Quando temos de fazer ajustes
financeiros a nossa prioridade é
retirar a importância correspondente à obra do Senhor?
Ainda que se possa cair numa generalização, temos que
perceber que quando não temos uma visão
financeira sobre as nossas finanças, provavelmente estaremos a dizer a Deus que temos medo que
Ele não nos sustente. E por causa disso achamos que podemos não dar o
dízimo, ofertas sacrificiais ou missionárias.
O facto de Deus permitir
termos mais sustento na nossa vida, não é sinal de que podemos adquirir
mais coisas materiais. É sinal sim de
que podemos abençoar mais a obra de Deus.
Uma nota apenas… Paul Washer diz: “Deus não precisa de nada
vindo de nós. Então, quando Ele nos chama para vir e servi-lo, não é para
preencher uma necessidade d’Ele. Simplesmente está a oferecer-nos um
privilégio”.
Agarremos este privilégio…
3º Aspecto – Contentamento…
Paulo estava preso
por anunciar a Palavra de Deus e continuava
satisfeito. Já pensou no que isto significa?
Actos 5:40-41: “E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado,
mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. Retiraram-se,
pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de
padecer afronta pelo nome de Jesus”.
Temos tudo o que
desejamos? Não… Mas mesmo assim continuamos a ter infinitamente mais do que aquilo que os nossos pecados merecem.
Contentamento revela uma plena satisfação em Cristo e, como
tal, em Cristo conseguimos viver em toda
e qualquer situação na nossa vida. Sem murmuração. Apenas com gratidão.
Contentamento não revela apenas satisfação em Cristo como
também plena satisfação pelo que Cristo fez. E isso nos basta.
Fil.
4:13 Não fala de alcançar para termos
satisfação. Fala sim de que como
fomos alcançados então temos satisfação.
Fazemos as nossas escolhas pela Verdade ou pelo prazer? Se o
nosso prazer for Cristo, então as nossas escolhas serão feitas pela Verdade.
A ansiedade,
conforme já percebemos, corrói a nossa
alma.
Quem vive em ansiedade simplesmente
espera o que acha que merece. Isso é totalmente destrutivo.
Combatamos isso com o
Contentamento… Tendo ou não
tendo coisas nós somos felizes é com Jesus.
A ansiedade é vencida com o
Evangelho.
Apenas uma nota: Estamos tão
"habituados" à Providência
Divina, que já damos isso como dado
adquirido quando na verdade Deus não nos deve nada. É tudo devido à Sua maravilhosa graça.
3 Meses de estudo na carta aos Filipenses…
Ser como Cristo é o tema central deste livro. Que Deus nos
ajude a vencer este desafio.
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