terça-feira, 3 de junho de 2014

Pregação completa em Filipenses 4:10-20... (última da série)

Resumindo a semana passada
- Ansiedade: Estou à espera daquilo que eu mereço*.
- Descontentamento: Não tenho aquilo que eu mereço*.
Percebamos então que o Evangelho é a prova evidente que temos infinitamente mais do que aquilo que merecemos*.
Devemos então combater a ansiedade com oração de acção de graças, assim como, também, buscando pensamentos do alto para que a nossa mente seja renovada e não sejamos conformados com este mundo. Vimos cada um desses aspectos na semana passada.
Hoje falaremos sobre Contentamento e Ofertas Missionárias.
10 Muito me alegrei no Senhor por me terem manifestado novamente sentimentos de carinho. Não quero dizer que eu pense que me tivessem esquecido, mas não tinham tido ocasião de se manifestarem.
Paulo alegrou-se no Senhor porque aqueles irmãos, mais uma vez, tinham sido amorosos para com ele fazendo-lhe uma oferta para o ajudar em todas as suas dificuldades.
A razão de Paulo se alegrar no Senhor é porque sabia que em última análise, Deus na Sua soberana vontade, providenciou o que ele precisava naquele momento difícil.
Entendeu claramente que foi Deus que cuidou dele ao lhe providenciar uma comunidade para o apoiar financeiramente.
Sabia também que aqueles irmãos face ao contexto em que viviam, muitas dificuldades económicas e várias perseguições, tinham sido bastante generosos para com ele.
Paulo de forma alguma achava que eles tinham sido negligentes para com ele, apenas não tinha acontecido mais cedo porque ainda não tinha chegado a oportunidade e em certo sentido, o tempo de Deus, para a sua provisão.
Os irmãos em Filipos eram agradecidos ao Senhor Deus pela vida do apóstolo Paulo e por isso honraram-no também com as suas ofertas.
Honraram a Deus honrando a vida do Seu servo.
11 Não digo isto por precisar de alguma coisa, pois aprendi a contentar-me com o que tenho.
Mais uma vez lemos que Paulo não se estava a queixar de nada. Aliás, ele faz questão de salientar que não são as circunstâncias a ditarem a sua alegria.
O apóstolo Paulo queria que os filipenses não achassem que ele era de espírito fraco e que cedia face às adversidades da vida.
Paulo mostrava contentamento na sua vida porque vivia contente com Cristo. Não era a riqueza ou a pobreza que lhe iam tirar a alegria porque, conforme ele disse várias vezes, a sua alegria estava enraizada em Cristo.
O contentamento é muito melhor do que a procura incessante pelas riquezas, porque produz satisfação e elimina a ansiedade.
Por isso, Paulo sabia viver com o que tinha.
Não vivia em ansiedade e nem andava desgostoso com a vida.
12 Sei viver na pobreza e também na abundância. Aprendi a viver em toda e qualquer situação: a ter fartura e a ter fome, a ter em abundância e a não ter o suficiente.
Lemos neste versículo que Paulo sabia viver na pobreza, como também na abundância. Sabia viver com muita comida, assim como ter fome. A ter muito e a não ter nada.
Então é possível para o cristão ter muito (a Bíblia não é contra as riquezas, é contra o coração nas riquezas) e não ter nada.
Conforme lemos neste versículo, o cristão pode até passar fome por muito que isso nos custe a entender e até doer.
Isto acontecia porque Paulo sabia viver em toda e qualquer situação na vida.
Qual a razão?
Por todo o contexto da carta, para Paulo bastava ter a certeza que estava no centro da Vontade de Deus fossem quais fossem as circunstâncias. Ou seja, ele percebia que acreditava em Deus que é soberano sobre tudo e se Deus tinha permitido que ele vivesse naquelas circunstâncias, apenas tinha então que aceitar.
A aceitação para com qualquer circunstância da vida, passava por viver em todos os momentos para a  Glória de Deus. I Cor. 10:31.
Interessante notar aqui que a paz de Deus que Paulo sentia, como vimos a semana passada, é uma paz que se mantém em toda e qualquer situação. Porque a paz de Deus não depende de circunstâncias.
A ansiedade que se podia revelar na pobreza ou na fome não existia, isto porque Paulo depositava a sua alegria e confiança no Senhor.
13 Posso enfrentar todas as dificuldades naquele que me fortalece.
Este é um dos versículos que muitas das vezes é mal interpretado e isto acontece quando se retira do contexto em que ele fora dito. Retirando palavras do seu contexto, é possível afirmar que que podemos fazer qualquer coisa e esperar todas as coisas.
A BPT tem uma tradução mais fiel ao original do que “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” de João Ferreira da Almeida.
Podemos então perceber que o versículo não fala de conquistas* ou curas*.
Interpretando à luz do seu contexto, Paulo escreve dizendo que sabia que podia viver em toda e qualquer situação porque era o Senhor que o fortalecia e não as circunstâncias desta vida.
Ele reconhece que não estava nele o poder e muito menos a capacidade para aguentar tais situações.
Cada vez mais temos que estudar a Bíblia de forma expositiva (contexto, interpretação e aplicação) para não cairmos em erros de aplicação.
14 Contudo, fizeram bem em compartilhar as minhas dificuldades.
Podemos, ao ler este versículo, achar que Paulo estava a ser ingrato ou indiferente para tais ofertas porque para ele tanto fazia ter ou não ter dinheiro para as suas despesas. O que não é verdade.
Paulo estava extremamente agradecido, mais uma vez, porque aqueles irmãos fizeram um esforço para que as suas necessidades fossem atendidas.
O ponto aqui é este: Não é por se poder viver em dificuldades que não se deve ajudar essas pessoas. Aliás, deve-se viver em comunidade visando a Glória de Deus e não cada um para e por si.
15 Irmãos filipenses, bem sabem que no início da pregação do evangelho, quando parti da Macedónia, vocês foram a única igreja a ajudar-me. Compartilharam comigo no dar e no receber.
Há quase 3 meses atrás percebemos que o apóstolo Paulo iniciou o seu ministério na cidade de Filipos pertencente à Macedónia (englobava ainda 2 cidades por onde passou: Tessalónica e Bereia).
Crê-se então que Paulo falava de quando tinha partido da Macedónia para Corinto onde aí não recebeu qualquer ajuda.
Vejamos em II Cor. 11:8-9: Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo o salário da parte delas; e quando estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedónia supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei.
Mais uma vez, notar o amor que aquela comunidade tinha para com Deus ao ponto de honrarem com as suas ofertas o apóstolo Paulo e o trabalho missionário mesmo estando em dificuldades.
Relembrar o texto lido pela Raquel Úria que o desejo dos irmãos da Macedónia era ajudar outros apesar da sua grande pobreza.
Tinham um coração aberto a missões.
Salientar novamente que nada se faz sozinho. Deus usou uma comunidade para fazer face às necessidades de uma obra missionária.
A Igreja em Filipos sentiu o privilégio de poder participar.
16 Por mais que uma vez, quando eu estava em Tessalónica, me enviaram ajuda para as minhas necessidades.
Quando Paulo estava na Macedónia, depois de ter estado em Filipos, dirigiu-se para Tessalónica.
No entanto, continuaram com as ofertas missionárias para que o trabalho de Deus fosse realizado.
Paulo sente a necessidade de reforçar a sua gratidão para não entenderem mal as suas palavras… Com Deus ele sabia viver em toda e qualquer situação.
Isto não é sinal de ingratidão. Antes pelo contrário, porque ele acreditava que com Deus sabia viver em toda e qualquer situação, também cria que Deus iria providenciar no Seu devido tempo as coisas que eram necessárias para a obra avançar.
Coitado do apóstolo Paulo se achasse que algumas coisas na sua vida dependiam do ser humano.
17 Não é que eu procure ofertas, mas desejo que seja acrescentado o mérito à vossa recompensa.
Para mostrar como estava tão agradecido àquela comunidade, Paulo refere que a sua alegria não estava apenas no facto de ter recebido aquelas ofertas, como estava muito mais ainda no facto de saber que eles iam ser recompensados por Deus por causa daquele gesto de amor.
O desejo de Paulo era aumentar o “crédito” (Usa mesmo termos de contabilidade) deles junto a Deus do que propriamente pela ajuda financeira em si.
Perceber isto deixa-nos de rastos… Que tremendo amor.
18 Eu possuo tudo e em abundância. Agora que recebi tudo o que me enviaram por meio de Epafrodito, tenho mais do que o necessário. Essa oferta foi como o perfume de um sacrifício que Deus aceita e lhe agrada.
Depois daquela oferta, Paulo não tinha mais nenhuma necessidade financeira. Foi claramente suficiente e providencial o valor que ele recebeu.
Interessante notar que numa época em que cada vez queremos mais, Paulo diz que o que tinha já chegava e até era mais do que o necessário.
Paulo passa então de termos de contabilidade para uma linguagem que reflecte expressões de culto a Deus.
Vemos estas palavras a serem usadas em Romanos 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
Contextualizando com o AT, todas as ofertas tinham que ser agradáveis a Deus e Paulo mostra aqui que a ajuda que eles deram foi um aroma suave e por isso aceitável e agradável para Deus.
19 O meu Deus há-de conceder-vos com largueza tudo aquilo de que precisarem, segundo a sua riqueza gloriosa em Cristo Jesus.
Paulo tem a noção que aquela oferta dada com os motivos certos iria ser recompensada por Deus para com aqueles cristãos.
Foi um esforço que eles fizeram pois deram mais do que as suas possibilidades e por isso a certeza que o apóstolo tinha de que Deus iria suprir todas as necessidades deles.
A Bíblia é clara nesse aspecto -> Atos 20:35: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.
20 Glória a Deus, nosso Pai, para sempre. Ámen.
Pensar na sua própria provisão levou o apóstolo a louvar a Deus porque sabia que o seu sustento vindo daqueles irmãos tinha sido iniciativa divina derramada na sua vida devido à maravilhosa Graça de Deus.

Percebemos então 3 aspectos neste texto
Ao entendermos o Evangelho, temos de compreender as suas consequências e uma delas é perceber que o nosso dever enquanto cristãos passa por ajudar outras pessoas que estão a passar por extremas dificuldades.
Não é por sabermos que os cristãos podem viver em dificuldades que não os devemos ajudar.
Enquanto um cristão na sua comunidade estiver a passar por dificuldades, é porque a Igreja não está a ser Igreja.  
Não resolvemos esta questão pensando que já estamos a dar o dízimo* e por isso já chega. Temos esta responsabilidade também.
Pergunta que se coloca: O desejo de termos uma vida financeira mais estável financeiramente tem como objectivo a Glória de Deus ou a nossa Glória?
Por outro lado, onde deve estar a nossa estabilidade? (Exemplo da minha vinda para a Graça).
2º Aspecto – Ofertas Missionárias…
A ânsia pelas conquistas pessoais leva-nos muitas vezes à cegueira para com os missionários que levam a Palavra de Deus às pessoas que precisam de ser conquistadas pelo Evangelho.
Raro encontrar cristãos que procurem ganhar mais apenas para contribuírem mais para a obra missionária.
Quando pensamos no nosso orçamento familiar, contribuir para missões está nos nossos planos?
Quando temos possibilidade de ganhar mais o nosso foco está também em Missões?
Quando temos de fazer ajustes financeiros a nossa prioridade é retirar a importância correspondente à obra do Senhor?
Ainda que se possa cair numa generalização, temos que perceber que quando não temos uma visão financeira sobre as nossas finanças, provavelmente estaremos a dizer a Deus que temos medo que Ele não nos sustente. E por causa disso achamos que podemos não dar o dízimo, ofertas sacrificiais ou missionárias.
O facto de Deus permitir termos mais sustento na nossa vida, não é sinal de que podemos adquirir mais coisas materiais. É sinal sim de que podemos abençoar mais a obra de Deus.
Uma nota apenas… Paul Washer diz: “Deus não precisa de nada vindo de nós. Então, quando Ele nos chama para vir e servi-lo, não é para preencher uma necessidade d’Ele. Simplesmente está a oferecer-nos um privilégio”.
Agarremos este privilégio…

3º Aspecto – Contentamento…
Paulo estava preso por anunciar a Palavra de Deus e continuava satisfeito. Já pensou no que isto significa?
Actos 5:40-41: “E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus”.
Temos tudo o que desejamos? Não… Mas mesmo assim continuamos a ter infinitamente mais do que aquilo que os nossos pecados merecem.
Contentamento revela uma plena satisfação em Cristo e, como tal, em Cristo conseguimos viver em toda e qualquer situação na nossa vida. Sem murmuração. Apenas com gratidão.
Contentamento não revela apenas satisfação em Cristo como também plena satisfação pelo que Cristo fez. E isso nos basta.
Fil. 4:13 Não fala de alcançar para termos satisfação. Fala sim de que como fomos alcançados então temos satisfação.
Fazemos as nossas escolhas pela Verdade ou pelo prazer? Se o nosso prazer for Cristo, então as nossas escolhas serão feitas pela Verdade.
A ansiedade, conforme já percebemos, corrói a nossa alma.
Quem vive em ansiedade simplesmente espera o que acha que merece. Isso é totalmente destrutivo.
Combatamos isso com o ContentamentoTendo ou não tendo coisas nós somos felizes é com Jesus.
A ansiedade é vencida com o Evangelho.
Apenas uma nota: Estamos tão "habituados" à Providência Divina, que já damos isso como dado adquirido quando na verdade Deus não nos deve nada. É tudo devido à Sua maravilhosa graça.
3 Meses de estudo na carta aos Filipenses…  

Ser como Cristo é o tema central deste livro. Que Deus nos ajude a vencer este desafio.

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