sábado, 31 de maio de 2014

Filipenses 3:12-16

Circuncidados de coração – 3 aspectos: Nossa adoração é em espírito porque brota do nosso interior e vem do nosso coração. Temos alegria plena e transbordante, não pelo que conseguimos fazer, mas por aquilo que Cristo já fez. Não tem por base os nossos esforços.
Percebemos também, que o amor de Deus é tremendo e manifesta-se a todos nós com a Sua maravilhosa Graça. Isto é, “a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas bênçãos inumeráveis que não são parte da salvação”. Mateus 5:45 “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.”
No entanto, há seres humanos que não reconhecem a maravilhosa graça do nosso Deus. Face a isso, a justiça de Deus, através da Sua Ira, irá manifestar-se sobre o homem não nascido de novo, não com os nossos sentimentos pecaminosos, mas com a Ira que advém da Sua própria Santidade. A própria Bíblia refere que a Ira de Deus se manifestará sobre esses homens perversos (Salmos 5:5).
Não compreenderemos a dimensão da Graça de Deus enquanto não entendermos a dimensão da Sua Ira.
Percebemos o conceito da Justificação e os elementos que a envolvem: Expiação (cancelamento dos pecados), Propiciação (Deus tornar-se favorável a nós pecadores), Redenção (comprados da escravidão para uma nova vida com Deus, pelo sangue de Cristo).
Ser como Cristo é um grande desafioUm desafio para a vida.
Há 3 semanas atrás percebemos o que era a Santificação e como se processava nas várias formas do nosso ser pessoal e congregacional.
Hoje iremos perceber como o entendimento correcto da Justificação levar-nos-á à Santificação.
Entramos assim numa parte das Escrituras, em que Paulo passa de uma linguagem comercial, a uma linguagem “desportiva”, para descrever o amadurecimento espiritual de um cristão, isto é, a nossa Santificação.
12 Não quero dizer que já o tenha alcançado ou que seja perfeito, mas continuo a ver se o consigo, visto que para isso fui conquistado por Cristo.
Percebemos que a Justificação é o meio pelo qual Deus nos declara justos diante do Seu tribunal por causa daquilo que Cristo fez na Cruz. Ele não nos torna justos. Qual a diferença?
Ser justo significa ser perfeito em tudo o que se faz, diz ou pensa.
Na Igreja em Filipos, havia pessoas que pensavam que já tinham chegado a esse ponto.
O apóstolo Paulo, na sua humildade, refere que luta para ser perfeito (processo de santificação) apesar de ainda não ter alcançado esse estado. É um processo constante.
No original, a palavra “prossigo”, usada neste versículo e no 14, era usada para um velocista que usa toda a agressividade e energia para chegar ao fim, à meta.
Então, o apóstolo Paulo deseja lutar pela santidade com toda a sua força (dada pelo Espírito Santo), a fim de atingir o objectivo para o qual foi conquistado por Cristo.
Que fim era esse? Romanos 8:29: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”.
Paulo tem claramente a noção de que foi salvo por Cristo, para ser cada vez mais como Cristo, até à vinda de Cristo.
Sendo assim, quando o apóstolo Paulo usa a palavra “Prossigo”, ele entende que a Santificação, apesar de não se completar nesta vida, ela não pode parar de aumentar. É uma luta constante.
13 É certo, meus irmãos, que eu não penso ter já conseguido isso, mas faço uma coisa: esqueço-me do que ficou para trás e esforço-me por atingir o que está diante de mim.
Vemos novamente Paulo a dizer que não atingiu ainda a meta para o qual foi conquistado por Cristo. Contudo tem a certeza de algo. Esquecer-se do que passou porque seguir em frente é a direcção certa.
Esquecer-se de quê?
Não apenas dos seus pecados (Ex: Perseguição) e fracassos mas também das coisas que ele mencionou (7) que faziam dele um judeu exemplar. Esquecer-se também dos seus triunfos espirituais para não os usar como bandeira pessoal.
Paulo entendeu claramente as palavras de Jesus que encontramos em Lucas 17:10Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”.
Qual é o problema de olhar para trás?
Se alguém olha no sentido de já estar contente com o seu progresso, claramente que viverá de forma indolente ou negligente perante o futuro. Paulo até que podia estar contente, numa óptica humana, mas não o vivia de forma presunçosa e orgulhosa.
Quando olhamos e percebemos o quão falho somos, poderemos desanimar em relação à caminhada futura. (Irmã: Esforço-me mas não consigo… Mas estou a melhorar).
Ficarmos presos em relação ao que deixamos para atingirmos a meta futura. Não é em vão o que lemos em Lucas 17:32 “Lembrai-vos da mulher de Ló.”.
Diz o texto “Esforço-me por atingir o que está diante de mim”.
Paulo concentrava tudo o que tinha, todas as suas forças para servir a Cristo, vivendo a vida de uma forma que espalhasse o bom perfume de Jesus Cristo (II Cor. 2:15).
Há um perfeito contraste entre este versículo e o V6.
A força que ele tinha para perseguir os cristãos, Deus transformou-a, para que ele a usasse na sua caminhada cristã para prosseguir até Cristo.
14 Deste modo, caminhou em direcção à meta para obter o prémio que Deus nos prometeu dar no Céu por meio de Cristo Jesus.
Na corrida o objectivo é chegar à meta para obter-se o prémio prometido.
Assim, como vimos no versículo 12, Paulo desejava chegar à meta, ser semelhante a Cristo, com os olhos postos n’Ele, porque Cristo é autor e consumador da nossa fé (Heb. 12:2). Ele ansiava pelo prémio.
Analisando o V8, é difícil achar que esse prémio não seja estar com o próprio Cristo no nosso estado final, a Glorificação.
Somente quando chegarmos ao fim da nossa vida, poderemos receber a justiça vinda do próprio Cristo (semana passada) no seu estado final, a perfeição plena. Até lá andamos na luta para chegarmos à meta com a certeza que não estamos sós, porque o Espírito Santo habita em nós e nos ajudará a perseverar até ao fim.
A perseverança é um sinal de que realmente somos salvos. Mateus 24:13Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo”.
Essa perseverança levou Paulo a escrever palavras tremendas na última carta que escreveu II. Tim. 4:7-8: Combati o bom combate (luta), acabei a carreira (meta), guardei a fé (perseverança). Desde agora, a coroa da justiça (justiça de Cristo) me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”. Quem me dera puder dizer o mesmo nos meus últimos dias… Luto no entanto por isso.
15 Todos nós, que já somos adultos na fé, devemos pensar assim. Mas se alguns pensam doutro modo, Deus lhes fará ver as coisas.
16 Como quer que seja, continuemos na mesma linha que até agora temos seguido.
A BPT traduz bem a palavra no original porque na versão João Ferreira de Almeida aparece Paulo a escrever que era perfeito, o que, aparentemente, contrariava todo o seu argumento anterior.
Então, o texto refere-se aos cristãos que já têm maturidade cristã, e buscando o contexto (V10) ao texto, são aqueles que estão prontos a sofrer por amor a Cristo, a morrer pelo Evangelho, e que têm a sua Esperança na Glória.
Então, os cristãos com maturidade devem lutar diariamente para serem mais semelhantes a Cristo (Santidade).
Paulo reconhece que há cristãos que ainda estão na fase do leite espiritual e outros cristãos já com maturidade cristã. O que não quer dizer que alguém seja superior ao outro.
Verificamos também neste versículo, que o convencimento que acontece na vida das pessoas é o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, e através da Sua Palavra, quem o realiza.
Não somos nós que convencemos as pessoas.
Por vezes, achamos que esse é o nosso trabalho de convencer certos irmãos na fé a perceberem algumas realidades. Apenas as temos de pronunciar.
Aplicando
A vida é uma constante luta e não podemos achar que vivemos nesta vida como se o nosso Reino fosse deste mundo.
Nós somos santos no sentido de separados para Deus, sabendo que vivemos num processo de assemelhação ao próprio Cristo e que terminará apenas com a nossa morte ou com a Sua vinda.
Jamais podemos viver no pecado como se ele fosse uma coisa normal na nossa vida. Não podemos tratar o pecado por tu.
O sinal da presença do Espírito Santo em nós passa por compreendermos que existe pecado na nossa vida. João 16:8: “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”.
Sabendo que existe pecado, tem de haver arrependimento. Esse momento será doloroso (confissão), embora a sua consequência traga paz (perdão).
Haverá também o desejo em nós, dado pelo Espírito Santo, de não o voltarmos a repetir, embora saibamos que possa acontecer novamente.
1 João 3:6: Qualquer que permanece nele não peca (não vive pecando); qualquer que vive pecando não o viu nem o conheceu”.
Pecado… A questão não é se Deus nos ama mais ou menos (*), a questão é o quanto temos amado a Deus. O quanto temos espalhado a Sua imagem, vivido para a Sua Glória.
O pecado não muda a nossa posição diante de Deus mas afecta a nossa intimidade com Ele.
No entanto, saiba que não existe perfeição nesta vida Eclesiastes 7:20: “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”.
Ao sabermos disso, não deve ser o motivo para a nossa vida espiritual estagnar ou desmazelar (já que não sou perfeito…).
Santificação apesar de não se completar nesta vida, ela não pode parar de aumentar. É o sinal que de facto houve justificação.
Conforme vimos a semana passada, a Justificação gera a Santificação. Não há uma sem a outra.
A nossa Santidade não serve como medida de superioridade em relação aos outros (parábola do Fariseu e Publicano). É a evidência clara daquilo que Deus já fez em nós. Sejamos humildes.
Procurar a Santidade não é o sinal de uma fé frágil, é sinal sim, de uma fé que pretende fortalecer-se mais em Cristo e assemelhar-se mais a Ele. Ou não fosse este o fim para o qual fomos conquistados.
No início da vida cristã, os pecados externos são mais visíveis aos outros, através de palavras torpes e acções pecaminosas.
Para o cristão com mais anos de vida cristã, a sua luta será mais com os pecados internos (orgulho, egoísmo, falta de zelo com Cristo e com a Igreja, amar o próximo, contentamento e outras coisas mais). 
Quem confia na justiça própria no seu relacionamento com Deus* ou com o próximo*, no fundo está a dizer com isso que é perfeito.
Se entendermos a justificação pela fé, não com base no nosso merecimento mas por aquilo que Cristo fez, deixaremos o nosso orgulho de parte e os nossos relacionamentos serão transformados.
A Igreja Baptista da Graça cada vez mais tem que ser uma comunidade onde os seus membros percebem que vivem numa luta constante de aperfeiçoamento a Cristo.
Não é por termos pecado e arrependido, que Deus nos castigará com coisas terríveis na mesma, porque nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rom. 8:1).
Se um irmão cair, lá estará outro irmão para o ajudar a crescer em Cristo. Não com espírito de superioridade mas como de quem percebeu que a Graça de Deus já foi derramada sobre a sua vida
Deus declara-nos justos e trata-nos como tal.
Precisamos uns dos outros.
Precisamos de ser Igreja.
Hebreus 3:13: "Pelo contrário, animem-se uns aos outros continuamente, enquanto dura o dia de “hoje”. Procedam assim para evitar que alguém no vosso meio se deixe levar pela sedução do pecado.".
Ser como Cristo é o tema Central da Carta aos Filipenses.
Que isso seja uma realidade nas nossas vidas.
Que Deus nos ajude.


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