Carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses.
Contexto da Cidade de Filipos
Originalmente era chamada Krenides por ter
fontes espalhadas pela cidade. Recebeu o nome de Filipos por causa de Filipe II
da Macedónia, pai de Alexandre o Grande.
Era uma colónia Romana, por isso eram
considerados romanos, e por isso possuíam o direito de liberdade, isenção de
impostos e tinham o direito de plena posse da terra.
O latim era a língua oficial e eram governados
pelo modelo das cidades italianas.
Orgulhavam-se de serem cidadãos romanos. Saber
disto será importante até para a compreensão de alguns versículos desta carta.
Eram considerados gentios.
Contexto do Apóstolo Paulo em
Filipos
Vemos a passagem do Apóstolo Paulo em Filipos
em Actos 16, texto lido pelo João Marques, na sua segunda viagem missionária.
Tempo marcado por uma forte dependência de
Deus, o qual serviu de grande testemunho. Grande lição de que vale a pena
confiar em Deus no meio das adversidades. E isso alegra o nosso coração.
Contexto da Igreja de Filipos
Igreja nasce então numa situação de crise com
muitas dificuldades e muita perseguição.
I Tess. 2:2 “Mas, mesmo depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos,
como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de
Deus com grande combate”.
O ambiente religioso, na cidade de Filipos,
era de grande paganismo com adoração a vários deuses.
Ambiente em que a Carta foi
escrita
Esta carta foi escrita sensivelmente entre o
ano 60 a 62 quando Paulo foi preso pela primeira vez em Roma. Dez anos se
passaram desde a sua ida a Filipos relatada em Actos 16.
Aqueles irmãos estavam temerosos porque o seu
líder tinha sido preso além do risco de vida que sofria associado à sua prisão.
Viviam também em opressão.
Compreender isto é importante para um melhor
entendimento da carta.
O amor do Apóstolo Paulo por esta comunidade
era muito grande, podemos notar isso pela forma como se apresenta na carta.
V.1 - ele não se apresenta como
apóstolo, como faz em quase todas, excepto Filémon, mas sim como servo.
Lemos também neste versículo, à semelhança das
outras cartas pastorais, um entendimento claro dos ofícios da Igreja.
NT – 3 ofícios: Apóstolo; Presbítero;
Diáconos.
Hoje - 2 Ofícios: Presbítero;
Diáconos.
Importância de não confundir Dom com Ofício
que tem as suas próprias qualificações.
Interessante notar que quando Paulo se refere
à Igreja usa sempre a palavra no singular. Já quanto aos ofícios usa-a no
plural mesmo em comunidades pequenas.
No seu devido tempo falaremos mais sobre isso.
2Que Deus, nosso Pai, e Jesus Cristo, nosso Senhor, vos concedam graça e paz.
São saudações cristãs primitivas para
lembrarem-se da Graça que receberam de Deus e a paz que os reconciliou com o
próprio Deus (Romanos 5:1).
3 “Dou graças ao meu Deus, sempre que me lembro de vós”
Paulo começa a carta a falar sobre Oração e de como a
mesma reflecte a sua relação com Deus e com aqueles irmãos.
Nestes versículos vamos então perceber o que a oração deve ser, a qual nada mais é,
do que o local onde nos encontramos com
Deus despidos de qualquer máscara.
Quando temos intensidade na oração mostramos o quanto acreditamos em Deus.
Paulo mostra essa vivência e dependência em várias das
suas cartas. Nossa oração revela
(não apenas o lado verbal como o não verbal) quem nós somos e de que é que o nosso coração está cheio.
As nossas
orações devem mostrar que Deus é
Senhor e nós seus servos, muitas
vezes, e por mim falo, falhamos nisto.
Quando agradecemos
a Deus por quem Ele é e a Sua acção, como lemos nestes versículos, estamos
a perceber a Sua verdadeira dimensão
e, também, a nossa posição face a Ele.
Daí, talvez, as orações de agradecimento serem tão
escassas pois não queremos ficar numa
posição de inferioridade ou até de reconhecimento
de que nada somos perante o Criador
de todas as coisas.
A Gratidão
combate o orgulho.
Se quer ser humilde seja mais agradecido.
Fomos criados para a Glória de
Deus. Não há outro objetivo na criação
que Deus fez. Estes irmãos em Filipos mostravam certamente isso, tanto é, que
o apóstolo Paulo agradecia a Deus pelas
suas vidas.
Quando alguém olha para nós
será que tem vontade de agradecer a Deus pelas nossas vidas?
As nossas vidas têm de ser marcadas pela Santidade e Fidelidade ao
Senhor, reflectindo assim o carácter do nosso Deus, o que por si só, não
significa que seja cativante para aqueles que não conhecem a Deus.
Às vezes procura-se mais
cativar do que Evangelizar.
Contudo, as nossas vidas sendo
usadas por Deus servem também para edificação dos nossos irmãos. Era
precisamente o que estava a acontecer e iremos ver isso em toda a carta.
4Eu faço sempre com alegria
menção de vós em todas as minhas orações.
Apenas uma nota: Mostramos
cuidado e, sobretudo, amor quando oramos por alguém. Não é em vão que os
pais sentem isso quando colocam diariamente a vida dos seus filhos nas mãos do
Senhor.
Entendemos o que significa comunhão
quando colocamos a vida dos nossos irmãos nas mãos do nosso Deus.
Que tempo tem passado em
oração? Que tempo tem passado a orar pelas pessoas da nossa Igreja?
Se ora é porque ama. Se quer
amar terá de orar.
Mateus 5:42
“Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”
Exemplo da Jovem no
Acampamento.
5 Pela maneira como tomaram parte comigo na proclamação do evangelho, desde o primeiro dia até agora.
Paulo amava aquelas pessoas porque orava por elas.
Agradecia a Deus porque entendia a Sua acção
na vida daqueles irmãos (Mais à frente iremos perceber isso mais claramente).
Entender
a União com Cristo é entender que a Igreja tem uma Missão. Percebendo isso a
alegria inunda o nosso coração independentemente das circunstâncias.
Alguém
que está preso em condições deploráveis, que corre risco de vida, sente alegria
por perceber que irmãos seus na fé proclamam o Evangelho mesmo em condições de
perseguição.
Percebemos então que aqueles
irmãos em Filipos entenderam qual era a Missão
da Igreja: Fazer discípulos de Jesus Cristo, no poder do
Espírito Santo, para a Glória de Deus.
O desafio do Evangelho não é procurar
a novidade ou cativar os descrentes para o entretenimento.
O grande desafio é pregá-lo tal e qual como ele é, mesmo sabendo
que podemos ser gozados, enxovalhados e até mesmo perseguidos.
Tem sido a nossa Igreja útil ao
Evangelho?
6Estou convencido de que Deus, que convosco começou a sua boa obra,
continuará a aperfeiçoá-la até ao dia de Cristo Jesus.
Esta era a certeza do apóstolo
Paulo. Acreditava que a ação que
aconteceu na vida das pessoas não se devia a ele mas à ação do próprio
Deus.
Sendo assim, colocamo-nos no nosso devido lugar
quando reconhecemos que Deus não quer que O sirvamos como se Ele precisasse de
alguma coisa.
Atos 17:25 “Nem tão pouco é servido por
mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá
a todos vida, a respiração e todas as coisas”.
A alegria de Paulo estava na
plena certeza de que Deus trabalha e aperfeiçoa a vida dos cristãos.
Ao saber disso, descansava na
convicção de que eles não estavam sós perante todas as adversidades.
Se o Espírito Santo habita em
nós, nunca poderemos estar sós.
7É justo que eu tenha estes sentimentos a vosso respeito pois vos
trago a todos no coração, por tomarem parte comigo na missão que Deus me confiou, tanto na
minha prisão como na defesa e proclamação do evangelho.
O apóstolo Paulo reafirma aqui
que entender
a união com Cristo é entender que a Igreja tem uma Missão. E como eles
perceberam isso, pela proclamação do Evangelho, isso alegrava o coração de
Paulo.
Deixamos então de buscar e
defender os nossos interesses por amor a Deus porque a razão do nosso existir é
Cristo.
Se entendermos que estamos
todos ligados neste objectivo, as pessoas verão a diferença que o próprio
Cristo faz nas nossas vidas.
Proclamar o Evangelho anima o nosso coração.
Aqueles irmãos sempre apoiaram
o apóstolo Paulo em todas as suas necessidades para que o Evangelho fosse
proclamado. Um dos objectivos da carta é precisamente para agradecer essa
ajuda.
8Deus é testemunha de que vos amo a todos, e o amor que vos tenho
vem do próprio coração de Cristo Jesus.
O Apóstolo Paulo diz claramente que ama a todos sem exceção e ama
com o próprio amor que vem de Cristo.
Este amor torna-se ainda mais notável quando nos lembramos que
Paulo nasceu judeu e estava a escrever para um povo gentio (sabemos da
dificuldade do mesmo).
A Graça de Deus transforma o ódio em União e União em Cristo.
Tudo acontece por iniciativa Divina.
João 15:16 -Nós escolhemos a Deus porque Ele nos
escolheu primeiro.
I João 4:9 Nós amamos porque Deus nos amou primeiro.
Então somos capazes de amar com o próprio amor que recebemos de
Cristo e isso alegra o nosso coração.
Nós perdoamos porque Cristo nos
perdoou primeiro. Já não
perdoamos mais com base no mérito da pessoa mas com base naquilo que Cristo
fez por nós na Cruz.
Os erros dos outros passam a deixar de ser as nossas vitórias
porque a nossa vitória será a vitória
que Cristo nos deixou.
Servimos porque Cristo nos serviu
primeiro e deixou a medida correta para o
verdadeiro serviço.
O Apóstolo Paulo compreendeu esta
medida. Ser para os outros como Cristo foi para ele. Sem medo algum do que
pudesse acontecer porque a Sua vontade era a vontade do Pai.
9O que eu peço a Deus é que o vosso amor cresça cada vez mais com
sabedoria e entendimento,
As mudanças na nossa vida devem
ser feitas com base na Sabedoria que Deus nos dá, ou seja, o fim último de todas as coisas é a Glória de
Deus.
O apóstolo Paulo deseja que o
amor deles abunde em conhecimento para que possam discernir o que é o melhor.
Amor que é perspicaz.
Como diz Mark Dever “Paulo sabe que o amor sábio forma vida
sábia e que o amor insensato forma vida insensata”.
Perceba que por vezes pode
perder algo ou alguém na sua vida, para então compreender que Cristo tem de ser
o seu bem supremo, o seu tesouro…Único tesouro.
10para que saibam escolher o que é melhor. Assim, terão uma vida
digna e irrepreensível para o dia da vinda de Cristo.
Por vezes tem-se dificuldade em
escolher, em tomar decisões para a nossa vida e, por causa disso, achamos que
Deus está silencioso. Dizemos que andamos à procura mas que Deus ainda não
respondeu.
Kevin DeYoung diz que a “Vontade
de Deus serve para nós como desculpas pela nossa incapacidade de tomarmos
decisões”.
Se entendermos o que diz o
texto, saberemos que a vontade de Deus
passa por andarmos de modo digno diante dele, glorificando-o em todas as
coisas.
Percebendo isto, não será mais
fácil perceber a vontade de Deus para a Sua vida? Não conseguirá resolver
melhor os seus dilemas?
Ore ao Senhor e peça-lhe
Sabedoria e Discernimento. Pense como Deus pode ser mais Glorificado e como
pode andar de um modo digno diante d’Ele. E então decida com a paz de Cristo.
11Será uma vida cheia de boas ações que Jesus Cristo realiza em vós para
glória e louvor de Deus.
Nós somos responsáveis pelo que fazemos e, por causa
disso, todos nós iremos prestar contas diante de Deus.
Contudo, se é capaz de realizar boas ações, agradeça
ao Senhor porque foi Ele que lhe deu essa vontade.
Nunca exalte a
Sua pessoa porque a sua pessoa deve servir para exaltar sempre a pessoa de
Cristo.
A motivação final do apóstolo
Paulo não é o louvor de si mesmo.
Não é a Glória e o louvor dos filipenses. É
a glória e o louvor de Deus.
Concluindo:
- Amamos quando oramos.
- No relacionamento com os outros
use a medida que o próprio Cristo lhe deixou.
- Entender
a união com Cristo é entender que a Igreja tem uma Missão.
- Somos capazes de amar com o próprio amor que recebemos de Cristo.
- Somos capazes de amar com o próprio amor que recebemos de Cristo.
- A Graça
de Deus transforma o ódio em União.
- A
alegria está na certeza da presença de Deus e isso traz paz ao nosso coração
independentemente das circunstâncias.
Deus nos ajude.
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