sábado, 24 de maio de 2014

Filipenses 1:19-30

Resumo da Semana Passada
Entendemos a semana passada, que não podemos desperdiçar o local que nos encontramos ou a situação em que estamos a viver como uma oportunidade de testemunhar do Evangelho.
Não há Evangelho sem Cruz, sem arrependimento e fé. A pergunta impõe-se… Temos falado do Evangelho? Só podemos falar do Evangelho com a Teologia correcta.
Nota: Nós não evangelizamos para converter. O Espírito Santo faz a Obra. O que queremos é tornar o nome de Deus conhecido a toda a criatura, espalhando assim a Sua Glória.
Deus usa o Sofrimento para transformar Cristãos acomodados em Cristãos ousados. Precisamos de ser abanados por Deus para cumprirmos esta Missão.
Tudo na nossa vida deve apontar à pessoa de Jesus Cristo.
19 Pois sei que tudo isto contribuirá para a minha libertação graças às vossas orações e à ajuda que vem do Espírito de Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo estava preso por proclamar o Evangelho.
A comunidade em Filipos, por sua vez, estava entristecida por ver o seu líder na prisão e, também, por sofrer perseguição.
Neste versículo lemos que Paulo achava que tudo o que estava a acontecer seria para que fosse liberto ou salvo.
Será que ele estava a pensar na libertação da prisão quando ele mesmo achava que podia morrer?
Esta palavra significa muito mais do que livramento da cadeia.
A alegria de Paulo vai para além das circunstâncias.
Não era porque tudo lhe ia bem mas porque amava o Senhor Jesus, por isso o seu desejo de ver o nome de Cristo glorificado no seu corpo.
Paulo não murmurava contra Deus, apesar de toda a sua dor, porque sabia que Deus não lhe devia nada.
Ele tem a noção que aquele lugar terrível era precisamente o lugar em que Deus queria que ele estivesse.
A libertação que Paulo tanto desejava, estava relacionada ao grande propósito da sua vida. Isto é, honrar o nome de Cristo em todo o processo e principalmente quando fosse presente em tribunal sabendo que os seus adversários queriam a sua morte.
Paulo desejava que isto acontecesse para servir de testemunho aos irmãos em Filipos que estavam preocupados com todo o processo. Também porque viviam momentos conturbados.
O apóstolo Paulo não se importava de ser executado ou liberto, como iremos ver a seguir, mas queria experimentar em todo o seu esplendor, a plenitude da Salvação.
II Tim. 4:7 - Mostra que aquilo que ele ansiava Deus o cumpriu… “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.
Paulo escreve com palavras também conhecidas dos judeus, baseado em Jó:16-18: “Também ele será a minha salvação; porém o hipócrita não virá perante ele. Ouvi com atenção as minhas palavras, e com os vossos ouvidos a minha declaração. Eis que já tenho ordenado a minha causa, e sei que serei achado justo”.
O apóstolo Paulo precisava de forças e pedia orações aos seus irmãos para que o Espírito lhe concedesse, pela Sua Graça, o que ele precisava naquele momento.
Para que isto então ocorresse, ele contava com as orações dos irmãos para que o Espírito Santo actuasse. Ele confiava no poder das orações, assim como, também, no poder do Espírito.
O propósito no original é precisamente esse… Reforçar ideia de que a acção do Espírito acontece devido às orações.
Lemos que o Espírito concede aquilo que precisamos, que nos faz falta. A versão João Ferreira de Almeida usa mesmo a palavra provisão.
Oração é a busca da acção de Deus reconhecendo assim a nossa incapacidade perante determinado momento…
A oração não muda a Deus. Muda sim a nossa atitude face às circunstâncias.
Como precisamos de orar mais, como precisamos de nos juntar e pedir que o Espírito trabalhe em nós e através de nós.
Paulo queria viver para a Glória de Deus, queria ser livre de qualquer bloqueio para que isso acontecesse. O seu desejo era que nada o prendesse mesmo estando preso.
Não queria de forma alguma desonrar o nome de Deus.
I Cor. 10:31
20 O meu grande desejo e esperança é que não venha a ser envergonhado, mas que agora, tal como tem sido sempre, eu tenha coragem para mostrar a grandeza de Cristo em mim próprio, seja pela vida seja pela morte.
Constamos aqui que a preocupação não era a sua vida ou a sua morte. Ele queria, por mais doloroso que fosse o caminho, que Cristo fosse glorificado diante dos homens e visto na sua verdadeira grandeza através da sua vida.
Ele estava pronto a seguir qualquer caminho (dor, vida, morte).
Lemos neste versículo que ele tinha Esperança. A ideia no original é de quem estica o pescoço para ver o que irá acontecer.
Paulo queria então ver o cumprimento da promessa, não como quem duvida mas como quem anseia por aquilo que Jesus tinha prometido em Mateus 10:32 “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu confessarei diante do meu Pai, que estás nos céus”.
Em última análise, Paulo percebe que nada pode interromper o plano de Deus e isso transmitiu-lhe segurança.
Transmite-nos segurança.
Quando assim é, podemos ler convictamente e com alegria os versículos a seguir.
21 De facto, para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho.
 Lemos claramente nestas palavras, que a vida ou a morte, em Cristo, são coisas boas. Com Cristo toda e qualquer situação reverte para o nosso bem.
Embora não pareça nas nossas traduções, ele coloca a vida e a morte no mesmo patamar de significado.
Na vida e na morte é Cristo quem dá significado. É Cristo que dá Vida na vida e dá Vida na Morte.
Gálatas 2:20 -> Mostra claramente que o Viver é Cristo.
22 Mas se o continuar a viver é útil para o meu trabalho, então não sei o que hei-de escolher.
Por vezes pensa-se que Paulo podia escolher entre a vida e morte à luz deste texto, o que é uma interpretação errada.
Até porque, na Bíblia, entendemos que a vida e a morte estão nas mãos de Deus.
Tiago 4:13-15 Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.”.
Notamos novamente aqui que a Vida e a Morte só têm significado em Cristo Jesus. Logo não há desespero.
Vidas com significado levam a plena confiança no dia de amanhã.
Não é em vão que os Cristãos no leite da morte encontram-se em paz. A razão é porque sabem para onde vão. (Ir. Sá Barros).
Sabendo disso, o apóstolo Paulo mostra claramente que a vida só faz sentido aqui na terra se for para o servir e, como consequência disso, o crescimento na vida dos cristãos.
23 Estou pressionado de ambos os lados: tenho o desejo de partir e de estar com Cristo, o que seria incomparavelmente melhor;
Uma breve nota aqui: Vemos neste texto que assim que morremos iremos estar com Cristo. Logo percebemos que não há sono profundo da alma ou estados como o purgatório.
O que compreendemos aqui, é a tensão existente na vida de Paulo entre estar com Cristo, que é a plenitude da Salvação, e o facto de ajudar outros a chegarem lá.
Nota: Estar vivo para ajudar outros. 
24 mas, por vossa causa, é mais necessário continuar a viver.
25 Como tenho a certeza disso, sei que vou ficar convosco para vos ajudar todos a progredirem na alegria da fé.
Paulo colocou o seu desejo pessoal de estar com Cristo à necessidade de edificar a Igreja.
Percebeu que a sua vida aqui na terra seria para espalhar a Glória de Deus, pregar o Evangelho a toda a criatura e trabalhar para o progresso da fé nos cristãos.
Não vemos nenhum desejo egoísta. Apenas um amor por Deus e por conseguinte, um amor pela sua igreja.
Deus nos ajude…
26 Assim, quando eu vos for visitar outra vez, sentirão por minha causa motivo de maior satisfação em Cristo Jesus.
Paulo refere aqui que a sua presença entre eles será motivo de Louvor e satisfação na pessoa de Jesus Cristo. Entendia perfeitamente que a sua liberdade, neste caso efectiva, redundaria em Glória a Deus.
Deus age para a Sua Glória e por conseguinte para o nosso bem.
Paulo não se coloca num patamar de exaltação pessoal mas num nível de perfeita dependência para com o Senhor.
Dependemos do Senhor quando fazemos as coisas para a Sua Glória.
Paulo entende, e usa as palavras de Jeremias 9:24, na Iª Carta que escreve aos Coríntios (1:31) referindo que quando existe motivo para nos gloriamos devemos apenas gloriar no Senhor.
Apenas uma nota, por vezes vemos as pessoas a elogiarem o que fizeram e depois no fim dizerem “A Deus toda a Glória”.
Será que é isso mesmo que acontece?
27 Procurem, sim, comportar-se de maneira digna do evangelho de Cristo. Quer eu vá ter convosco e vos veja, quer esteja ausente e receba notícias, o que desejo é que permaneçam firmes e unidos, lutando todos juntos pela fé do evangelho.
Paulo pede para que eles se comportem de maneira digna do Evangelho. O que significa isto?
Alguns pensam que basta sermos bons em termos morais para sermos salvos. Seguindo este raciocínio, Deus ama-nos se nós formos bons.
O Evangelho diz-nos outra coisa conforme D. A. Carson menciona no livro Deus Presente "O Espírito de Deus transforma-nos por levar-nos de volta à Cruz, para que toda a nossa moralidade seja, antes e acima de tudo, uma função de gratidão a Deus pelo que Cristo já fez."
Ou seja, como Deus aceita os Seus por aquilo que Cristo fez na Cruz, só nos resta obedecer em Amor e com alegria, resplandecendo assim a Sua imagem.
Isto alivia muito a nossa alma. Não precisamos de “fazer contas de cabeça” para ver se chegamos lá. 
A verdade, como lemos em Tiago, se não mostrarmos obras é porque a nossa fé é morta, vã, sem valor ou significado.
Voltando ao texto, comportar-se de maneira digna do Evangelho passa por sermos e permanecermos firmes no Senhor e mostrarmos união entre os Cristãos.
Permanecer firme
Não devemos temer nada a não ser a Ira de Deus. Mas como a Ira de Deus já foi cravada em Jesus Cristo, só nos resta viver a vida com firmeza naquele que é Soberano.
Deus dá-nos força para o dia-a-dia, mas nós queremos forças para o ano todo. Contudo, assim como Ele não nos falta hoje, também não nos faltará no futuro. Esta é a nossa certeza.
I Coríntios 15:58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.
Logo em Cristo nós estamos firmes. Não devemos temer.
Diz ainda o texto que devemos ser unidos.
O entendimento da justificação pela fé leva-nos a isso mesmo.
Vendo o quanto Deus nos perdoou por meio do que Cristo fez na cruz, como podemos nutrir amargura para com os outros?
A cruz traz união e quando falta união entre os cristãos, é porque falta olhar e entender mais para a Cruz.
Notamos isso quando olhamos para os erros dos outros e gozamos com eles. Fazemos pouco das falhas dos outros. Quer intelectualmente, quer fisicamente ou até mesmo espiritualmente.
Ser como Cristo é amar e não gozar com o nosso irmão. Se Cristo agisse connosco na mesma medida que usamos para com os nossos irmãos, o que seria de nós?
28 Não tenham medo dos inimigos. Isso será para eles sinal de perdição e para vós sinal de salvação. Tudo vem de Deus.
Este versículo reveste-se de uma importância extrema para nós por causa do suposto livre-arbítrio.
Se de facto existisse livre-arbítrio pleno Deus deixaria de ser Soberano reagindo assim às coisas que acontecem, chamada de Teologia Aberta. Deus está acima de e em todo o acontecimento.
Mateus 10:29-30: “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.
E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados”
.
O texto não menciona aqui o conhecimento prévio ou usando uma palavra mais comum, a Sua presciência.
Este texto em Mateus diz que a providência divina governa até mesmo os mais pequenos detalhes da vida e os assuntos mais comuns do dia-a-dia. Estas são afirmações tremendas sobre a Soberania de Deus.
Logo, reconhecer a Soberania de Deus é entender então que todo o suposto livre-arbítrio está sujeito a Ele e à Sua consequente aprovação.
Reparemos no que diz o versículo a seguir…
29 Pois Deus vos concedeu o privilégio não só de crer em Cristo mas também de sofrer por ele.
Paulo explica neste versículo que viver de forma digna do Evangelho de Cristo passa por não temer diante dos inimigos (Ser firme).
Cristo é a prova disso mesmo porque Ele nunca temeu os seus inimigos ou até mesmo o sofrimento. Ele temeu sim… A Ira de Deus.
A ideia desde texto é que Deus concedeu-nos o privilégio de crer n’Ele (Graça) e de Sofrer por Ele. Ou seja, Crer e Sofrer são duas bênçãos que recebemos de Deus.
Então, não devemos ficar com medo dos nossos oponentes porque esses oponentes, quaisquer que sejam, estão nas mãos de Deus.
Deus governa tudo, Ele é Soberano.
O Evangelho é assim uma boa nova de que Deus é Soberano para nos dar Fé e para governar os nossos inimigos sabendo que isso contribui para o nosso bem. Romanos 8:28.
Não tema… Nada pode acontecer para além do que Deus permite (caso de Jó). Ele irá conceder-lhe a fé que precisa.
Estas promessas são as promessas do evangelho e seladas com o sangue de Cristo. Agradecidos sejamos.
30 Agora, como sabem, tomam parte no combate comigo, no mesmo combate que me viram sustentar e que ainda continua.
Paulo é um exemplo para nós porque a sua vida aponta a Cristo.
Depois das Chicotadas (5 x 39 – Explicar) ele diz… Alegrai-vos no Senhor. Outra vez vos digo, alegrai-vos.
Lembre-se…

Ser como Cristo, tema Central da carta, é…
A nossa alegria não está nas circunstâncias mas em Deus que controla toda e qualquer circunstância.
Quem murmura com Deus simplesmente acha que Deus lhe deve algo, quando na verdade Deus age para connosco devido à Sua Graça.
Não devemos temer nada a não ser a Ira de Deus. 
Mas como a Ira de Deus já foi cravada em Jesus Cristo, só nos resta viver a vida com confiança naquele que é Soberano.
            Na vida e na morte é Cristo quem dá significado. É Cristo que dá Vida na vida e dá Vida na Morte.
Descanse nos eternos braços do nosso Deus.


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