sexta-feira, 24 de outubro de 2014

I Coríntios 2:6-16

6 No entanto, aos que já estão amadurecidos na fé eu posso falar com palavras de sabedoria. Mas não é da sabedoria deste mundo nem dos que nele mandam, pois esses estão condenados ao fracasso.
Percebemos na semana passada, que para os não cristãos, nada mais importante temos a dizer ou fazer do que pregar o Evangelho.
Todo o bem que possamos fazer que não seja a proclamação do Evangelho, terá sempre um cariz temporal, enquanto o Evangelho terá efeitos eternos.
Neste versículo, o apóstolo muda o seu discurso para os que são cristãos. Na versão BPT temos “amadurecidos na fé” e na JFA temos “experimentados”. No original significa “perfeitos”.
Ao longo deste livro podemos perceber que esta palavra foi sempre dirigida aos cristãos que são genuinamente salvos por Cristo. Ou seja, a palavra é equivalente a espiritual, logo são todas as pessoas que têm o Espírito Santo.
Aos que são salvos, Paulo pode falar com palavras de sabedoria – não a dos homens porque não produz nada eternamente - mas a sabedoria de Deus que é o Evangelho de Jesus Cristo.
Percebemos aqui que biblicamente falando apenas há uma divisão entre as pessoas, aqueles que são salvos e os que não são salvos.
A sabedoria do mundo e das pessoas, segundo 1:20 os “sábios, doutores da lei e os inquiridores” e, segundo 1:26 os “poderosos e os de nobre nascimento”, estão todas condenadas ao fracasso porque não conseguem reconciliar o homem com Deus, logo não tem valor algo.
7 Pelo contrário, dou-vos a conhecer os mistérios da sabedoria de Deus, que antes era desconhecida, mas que ele, desde sempre, tinha destinado para ser a nossa glória.
8 Nenhum dos senhores deste mundo teve conhecimento dela. Se a tivessem conhecido não tinham crucificado o Senhor, a quem pertence toda a glória.
Paulo muda então a perspectiva. Nós falamos com a sabedoria de Deus que é o Evangelho de Jesus Cristo. Essa sim é que tem poder para transformar vidas com valor eterno.
Percebemos nestes versículos algumas coisas…
A sabedoria do Evangelho antes era um mistério para as pessoas. Esteve oculta, embora depois fosse revelada em Cristo Jesus.
Dessa forma, o mistério fora revelado em Cristo Jesus. E se contextualizarmos com o AT, percebemos que todas as profecias apontavam a este mistério. As profecias do Messias foram cumpridas em Cristo Jesus.
O oculto foi revelado e o profetizado foi cumprido.
Vemos estas duas verdades juntas em Romanos 16:25-27Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé; Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém”.
Significa isso que crer apenas no AT não é suficiente, porque se assim fosse, os judeus seriam salvos. O próprio Paulo teve que ter um encontro com a pessoa de Jesus.
Diz-nos ainda o texto de Coríntios “mas que Ele, desde sempre, tinha destinado”.
Percebemos então que o Evangelho não é um recurso usado por Deus para algo que Ele não tinha pensado e determinado.
O Evangelho não pode ser encarado como um remendo para um problema originado por Satanás e depois manifestado em Adão e Eva – e por conseguinte a todos nós - com o seu epílogo na Cruz de Cristo.
A imutabilidade de Deus garante que Ele não muda nos Seus propósitos.
Assim, foi Deus que preordenou, antes da eternidade, que a Sua sabedoria fosse revelada naquele momento na Cruz.
O apóstolo Pedro refere precisamente isto em 1 Pedro 1:19-20Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós”.
A lógica é esta… Como podiam os cristãos em Corinto, e todos nós, aceitar uma sabedoria que vinha de homens que não conheciam a Deus?
Como podiam, ou como podemos aceitar, que homens que não são cristãos digam como é que nós devemos viver a vida e fazer as nossas escolhas diárias?
Os padrões não são os mesmos. O foco não é a Cruz até porque para eles é loucura.
Daí que muitas vezes ouçamos cristãos a dizer que ouviram pessoas não cristãs a dar conselhos e quando reflectiram nas palavras que foram ditas chegaram a esta conclusão… “não é isto que Deus quer. Não é isto que Deus diz na Sua Palavra”. Pudera… Os ímpios não conhecem a sabedoria de Deus revelada em Cristo Jesus. Mais uma vez… O Evangelho para eles é loucura!
A mensagem da Cruz é suficiente para nós, é eficaz e resolve o maior problema do ser humano. Achamos o Evangelho poderoso?
Reparemos também nesta aparente ironia… Os homens e as autoridades, segundo o V8, que se diziam sábios e que crucificaram o Senhor Jesus, estavam a realizar os propósitos de Deus.
Actos 2:23 Jesus foi entregue conforme o plano previsto na sabedoria de Deus e vocês mataram-no, crucificando-o por meio de homens iníquos”.
Actos 4:27-28 Na verdade, Herodes e Pôncio Pilatos aliaram-se, aqui nesta cidade, com gente de outras nações e com israelitas, contra o teu santo servo Jesus, o teu Messias. Desta maneira realizaram tudo aquilo que tu, pelo teu poder e sabedoria, já tinhas decidido que ia acontecer”.
Deus determinou antes da fundação do mundo que este mistério oculto fosse manifestado na Cruz. Não foi uma solução de recurso.
Será no entanto que esta sabedoria é vista por todos? Será que ainda é oculta para alguns? Como é que se manifestou até nós? Como poderemos ter acesso a esta Graça?
9 Mas como diz a Sagrada Escritura: Deus já preparou para os que o amam coisas que nunca ninguém viu, nem ouviu, nem passaram pela ideia de ninguém.
Este texto é uma citação de Isaías 64:4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera”.
Percebemos então que a sabedoria de Deus não pode ser descoberta pelos nossos olhos ou pelos nossos ouvidos e nem a fé é descoberta pela mente/razão.
Como temos acesso?
10 Mas Deus deu-nos a conhecer isto por meio do Espírito. Com efeito, o Espírito penetra em tudo, até nas profundezas dos planos de Deus.
Se de facto somos cristãos ou experimentados (texto), é porque na verdade Deus revelou-se a nós através do Seu Santo Espírito. Por nós mesmos, não conseguiríamos ter acesso a essa dádiva.
Deus manifestou-se publicamente ao enviar o Seu filho até à Cruz, no entanto, há uma obra particular através do Espírito Santo nas nossas vidas ao ter-nos dado um novo coração (regeneração) para que então pudéssemos crer.
Paulo afirmou convictamente, usando uma citação de Isaías, que não é pela nossa percepção e nem é por nada que façamos pelo qual somos salvos. É o Espírito que nos capacita, ao dar-nos um novo coração, para respondermos em fé e assim sermos salvos.
Não são novas informações que chegam até nós que nos fazem sábios. É precisamente o Espírito Santo que entra nas nossas vidas para então sermos sábios com a sabedoria do próprio Deus.
Como é que o Espírito Santo chega até nós? É através de quê?
11 Quem é que conhece bem o homem, a não ser o seu próprio espírito? Do mesmo modo, só o Espírito de Deus conhece o coração de Deus.
Quem na verdade conhece as nossas vidas? Quem na verdade conhece quem na realidade nós somos? Quem conhece todas as nossas acções e os nossos pensamentos?
Podemos enganar muitas pessoas, mas a nós e ao nosso Deus não enganamos.
Por outro lado, quem pode conhecer a Deus? Diz-nos o texto que só mesmo o Seu Espírito. Só mesmo Deus é que conhece a Deus. Ninguém de fora de Deus conhece o próprio Deus. No entanto, Deus revelou-se até nós em Cristo mas também nas Escrituras.
Assim, entendemos que a revelação das escrituras são a relevação do próprio Deus até nós, sendo que o Espírito Santo inspirou homens a escrever a Palavra de Deus.
É isso que iremos ver nos versículos seguintes…
12 E nós não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito que vem de Deus para assim podermos reconhecer tudo o que Deus nos deu.
13 São estas coisas que eu dou a conhecer não com ensino baseado na sabedoria humana, mas com o ensino que vem do Espírito. Dou a conhecer, aos que vivem pelo Espírito, as coisas que se referem a esse mesmo Espírito.
A quem será que a palavra “nós” se refere? A todos individualmente, ou aos apóstolos e aos outros escritores da Palavra?
Analisando o V13 que é a continuação do V12, percebemos que Deus inspirou homens a escreverem as Escrituras.
2 Pedro 1:20-21 Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.
Por isso, acreditamos na Inerrância das Escrituras.
Qual a importância da Palavra revelada?
A Palavra revelada é o meio pelo qual Deus determinou que o Seu povo fosse salvo através da acção do Espírito Santo.
O Espírito Santo age na vida das pessoas através da proclamação do Evangelho, da Palavra revelada. Falámos precisamente disso no capítulo 1.
Percebemos então o conceito de Inspiração… Homens usados por Deus para escreverem a Sua Palavra. E sabemos que a revelação de Deus terminou. Nada pode ser acrescentado ou retirado.
14 Ora, o homem natural não aceitas as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
O homem natural, isto é, o homem não regenerado pelo Espírito Santo, não compreende as coisas de Deus. São loucura para ele ainda que as possa respeitar em alguma medida.
Reparemos no texto… “O homem não aceita… porque não pode entendê-las”.
Há aqui uma ligação. Porquê? Porque o homem natural, o não cristão, está preso ao seu orgulho e por isso não consegue e não pode entender a beleza do Evangelho.
Por outro lado, os cristãos são iluminados pelo Espírito Santo para discernirem e entenderem o Evangelho que é o poder de Deus para todo aquele que crê.
Toda compreensão que tivemos aconteceu porque o Espírito Santo regenerou o coração. E ao analisar 1:23, percebemos que aqueles que têm o coração regenerado pelo Espírito Santo é porque foram chamados de forma particular por Deus.
Saber disto faz-nos ser gratos!
Tudo isto não invalida o facto de não conseguirmos entender todas as coisas e até mesmo de necessitarmos de alguém que as explique para a nossa compressão.
15 Porém, o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.
Será que vemos aqui a defesa de que ninguém pode julgar ninguém? Ou então, como quem diz “Eu sou cristão logo não posso ser julgado por outro”. Será que é isto?
A palavra “julgar”, neste versículo, tem o sentido de “discernir”.
Percebemos assim que o homem natural não tem capacidade para discernir a vontade ou os desejos do cristão, até porque para ele são loucura.
Provavelmente muitos de vós ao partilharem a forma como vêem a vida e projectam o vosso futuro às pessoas que não conhecem a Deus, tudo parece loucura e não conseguem compreender o que dizemos.
Até podem entender algumas coisas, achando bonito o que dizemos, mas outras com certeza que não.
Não tenhamos medo de sermos chamados de loucos. Em certa medida, isso é a certeza que estamos a caminhar provavelmente no caminho certo.
Há críticas que nos fazem que as devemos entender como elogios para com a acção do Espírito Santo na nossa vida.
16 Quem poderá conhecer o entendimento do Senhor? Quem será capaz de lhe dar conselhos? Mas nós temos o entendimento de Cristo.
Dessa forma, aqueles que entendiam o que Paulo estava a ensinar é porque na verdade tinham a “mente de Cristo”. Ou seja, fora-lhes dada essa capacidade de discernimento espiritual.
Quem tem a “mente de Cristo” consegue ver e discernir as coisas de Deus. Consegue também perceber e entender a mensagem da Cruz como uma obra majestosa da Graça do nosso Deus.
Assim podemos compreender algumas verdades (repetidas tal a importância) para então entrarmos em assuntos mais práticos na vida da Igreja de Corinto
1º Toda a sabedoria que não tenha base bíblica deve ser considerada por nós como uma mera opinião e por isso sem qualquer valor eterno.
Há frases muito bonitas e algumas até aparentemente boas. No entanto, quando as vamos analisar, nada mais são do que uma mera sabedoria do mundo e por isso não têm qualquer respaldo bíblico.
Assim, rejeitemos para a nossa vida espiritual todos os princípios que não estejam centrados no Evangelho.
É através da pregação do Evangelho que vidas são mudadas (Igreja acolhedora – Pregação do Evangelho).
Nós iremos perceber o porquê desta insistência de Paulo nesta carta, melhor ainda, ao olharmos para a nossa vida talvez percebamos a necessidade constante de repetirmos estas verdades.
Apenas uma nota neste ponto: Hoje em dia quando falamos das consequências do Evangelho aos cristãos, alguns deles já vão considerando loucura. Não é em vão que Apocalipse 3:20 (“Eis que estou à porta”) dirige-se à Igreja.
Precisamos que haja conversão nas nossas vidas…
2º A arrogância não entende a acção transformadora do Espírito Santo na vida dos outros.
O apóstolo Paulo diz que os ímpios acham loucura o Evangelho por causa da arrogância e do orgulho pessoal e olham para os outros com a mesma atitude.
Entendendo esta perspectiva, será útil também perguntarmos se entendemos esta “Graça transformadora” na vida dos irmãos que estão ao nosso lado (Abrir caminho para a próxima semana).
Precisamos de pessoas na nossa vida, que em vez de criticar por criticar, expõem o nosso pecado – segundo o texto só podem ser cristãos porque para os outros é tudo loucura não tendo por isso capacidade de discernir as coisas de Deus – e então, face a isso, ajudam-nos a buscar a restauração em Cristo Jesus. "Opinion makers" é tudo o que não precisamos.
John Knox quando se sentia em baixo e mesmo nos últimos dias da sua vida, apenas dizia à sua esposa com amor “Prega-me o Evangelho”.
Damos nós valor ao Evangelho?
Todas as mudanças operadas pelo Evangelho tem efeitos passados, presentes e futuros. Sejamos gratos!
 3º Se aceitámos o Evangelho de Deus, foi porque o Espírito Santo operou em nós e deu-nos a capacidade de escolhermos a Deus.
Não será este o maior motivo para vivermos em gratidão constante?
“Eu nada sou e tudo o que tenho e principalmente o que vou ter, o terei pela Tua enorme Graça”.
Onde há Graça, não há merecimento.
4º Percebermos que Deus salva através da proclamação da Sua Palavra, motiva-nos a proclamá-la a toda a criatura.
Temos que ser intencionais na forma como vivemos a vida cristã começando pelos nossos lares.
A Palavra de Deus tem de estar no centro das nossas vidas porque são as Escrituras que indicam o caminho.
Em certo sentido, quem quer apenas Deus e rejeita a Sua Palavra, no sentido que não a lê e nem a estuda, deseja apenas ser abençoado, talvez achando que merece as bênçãos de Deus. Por outro lado, também não deseja ver a sua vida modificada.
Toda a vez que nos encontramos com a Escritura, a nossa vida tem que mudar obrigatoriamente.
Precisamos de ler, estudar e viver a Palavra em família.
Precisamos de ensinar aos nossos filhos que a Palavra é muito importante.
Em última análise, se a Palavra não está no centro do nosso lar, é porque Deus ainda não é o Senhor.
Como é bom ver algumas famílias na Igreja Baptista da Graça a tomarem resoluções de fazerem o culto doméstico. Obviamente que será uma luta diária… Mas não desistam. Vale a pena!
No entanto lembrem-se que viver a vida cristã não se resume apenas ao culto doméstico, apesar de muitas coisas começarem por aí.
Noutra perspectiva, vamos usar todos os meios para partilharmos a Palavra de Deus aos nossos amigos. Não tenham medo de partilhar a vossa fé.
Os irmãos nem imaginam as pessoas que começaram a frequentar as Igrejas por causa das redes sociais e páginas de Internet.
Se é um meio que temos, porque não usamos?
Tudo o que temos é do Senhor e para o Senhor.
Sejamos intencionais embora que para alguns isto possa parecer loucura…

Que Deus nos ajude…

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