6 No entanto, aos que já estão amadurecidos na fé eu posso
falar com palavras de sabedoria. Mas não é da sabedoria deste mundo nem dos que
nele mandam, pois esses estão condenados ao fracasso.
Percebemos na semana passada, que para os não cristãos, nada
mais importante temos a dizer ou fazer do que pregar o Evangelho.
Todo o bem que possamos fazer que não seja a proclamação
do Evangelho, terá sempre um
cariz temporal, enquanto o
Evangelho terá efeitos eternos.
Neste versículo, o apóstolo muda o seu discurso para os
que são cristãos. Na versão BPT temos “amadurecidos na fé” e na JFA temos
“experimentados”. No original significa “perfeitos”.
Ao longo deste livro podemos perceber que esta palavra foi
sempre dirigida aos cristãos que são genuinamente salvos por Cristo. Ou
seja, a palavra é equivalente a espiritual,
logo são todas as pessoas que têm o Espírito Santo.
Aos que são salvos, Paulo pode
falar com palavras de sabedoria – não a dos homens porque não produz
nada eternamente - mas a sabedoria de
Deus que é o Evangelho de Jesus Cristo.
Percebemos aqui que biblicamente falando apenas há uma
divisão entre as pessoas, aqueles que são salvos e os que não são salvos.
A sabedoria do mundo e das pessoas, segundo 1:20 os “sábios,
doutores da lei e os inquiridores” e, segundo 1:26 os “poderosos e os de nobre nascimento”,
estão todas condenadas ao fracasso porque não conseguem reconciliar o homem com Deus, logo não tem valor algo.
7 Pelo contrário, dou-vos a conhecer os mistérios da
sabedoria de Deus, que antes era desconhecida, mas que ele, desde sempre, tinha
destinado para ser a nossa glória.
8 Nenhum dos senhores deste mundo teve conhecimento dela. Se
a tivessem conhecido não tinham crucificado o Senhor, a quem pertence toda a
glória.
Paulo muda então a perspectiva. Nós falamos com a
sabedoria de Deus que é o Evangelho de Jesus Cristo. Essa sim é que tem poder
para transformar vidas com valor eterno.
Percebemos nestes versículos algumas coisas…
A sabedoria do Evangelho antes era um mistério para as pessoas. Esteve oculta, embora depois fosse revelada em Cristo Jesus.
Dessa forma, o mistério fora revelado em Cristo Jesus. E se
contextualizarmos com o AT, percebemos
que todas as profecias apontavam a este mistério. As profecias do Messias
foram cumpridas em Cristo Jesus.
O oculto foi revelado e o
profetizado foi cumprido.
Vemos estas duas verdades juntas em Romanos 16:25-27 “Ora, àquele
que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus
Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve
oculto, mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos
profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para
obediência da fé; Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para
todo o sempre. Amém”.
Significa isso que crer
apenas no AT não é suficiente, porque se assim fosse, os judeus seriam
salvos. O próprio Paulo teve que ter um encontro com a pessoa de Jesus.
Diz-nos ainda o texto de Coríntios “mas que Ele, desde sempre, tinha destinado”.
Percebemos então que o Evangelho não é um recurso usado
por Deus para algo que Ele não tinha pensado e determinado.
O Evangelho não pode ser encarado como um remendo para um
problema originado por Satanás e depois manifestado em Adão e Eva – e por
conseguinte a todos nós - com o seu epílogo na Cruz de Cristo.
A imutabilidade de
Deus garante que Ele não muda nos Seus propósitos.
Assim, foi Deus que preordenou, antes da eternidade, que a
Sua sabedoria fosse revelada naquele momento na Cruz.
O apóstolo Pedro refere precisamente isto em 1 Pedro 1:19-20 “Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e
incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da
fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós”.
A lógica é esta… Como podiam os cristãos em Corinto, e todos
nós, aceitar uma sabedoria que vinha de
homens que não conheciam a Deus?
Como podiam, ou como podemos aceitar, que homens que não são cristãos digam como
é que nós devemos viver a vida e fazer as nossas escolhas diárias?
Os padrões não são
os mesmos. O foco não é a Cruz até porque para eles é loucura.
Daí que muitas vezes ouçamos cristãos a dizer que ouviram pessoas não cristãs a dar conselhos
e quando reflectiram nas palavras que foram ditas chegaram a esta conclusão…
“não é isto que Deus quer. Não é isto que Deus diz na Sua Palavra”. Pudera… Os
ímpios não conhecem a sabedoria de Deus revelada em Cristo Jesus. Mais uma
vez… O Evangelho para eles é loucura!
A mensagem da Cruz é suficiente para nós, é eficaz e resolve
o maior problema do ser humano. Achamos o Evangelho poderoso?
Reparemos também nesta aparente ironia… Os homens e as
autoridades, segundo o V8, que se diziam sábios e que crucificaram o Senhor
Jesus, estavam a realizar os propósitos de Deus.
Actos 2:23 “Jesus foi entregue conforme o plano previsto
na sabedoria de Deus e vocês mataram-no, crucificando-o por meio de homens
iníquos”.
Actos 4:27-28 “Na verdade, Herodes e Pôncio Pilatos
aliaram-se, aqui nesta cidade, com gente de outras nações e com israelitas,
contra o teu santo servo Jesus, o teu Messias. Desta maneira realizaram tudo
aquilo que tu, pelo teu poder e sabedoria, já tinhas decidido que ia acontecer”.
Deus determinou antes da fundação do mundo que este mistério
oculto fosse manifestado na Cruz. Não foi uma solução de recurso.
Será no entanto que esta sabedoria é vista por todos?
Será que ainda é oculta para alguns? Como é que se manifestou até nós?
Como poderemos ter acesso a esta Graça?
9 Mas como diz a Sagrada Escritura: Deus já preparou para os
que o amam coisas que nunca ninguém viu, nem ouviu, nem passaram pela ideia de
ninguém.
Este texto é uma citação de Isaías 64:4 “Porque
desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos
se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera”.
Percebemos então que a sabedoria de Deus não pode ser
descoberta pelos nossos olhos ou pelos nossos ouvidos e nem a fé é
descoberta pela mente/razão.
Como temos acesso?
10 Mas Deus deu-nos a conhecer isto por meio do Espírito. Com
efeito, o Espírito penetra em tudo, até nas profundezas dos planos de Deus.
Se de facto somos cristãos ou experimentados (texto), é
porque na verdade Deus revelou-se a nós através do Seu Santo Espírito.
Por nós mesmos, não conseguiríamos ter acesso
a essa dádiva.
Deus manifestou-se publicamente
ao enviar o Seu filho até à Cruz, no entanto, há uma obra particular através do
Espírito Santo nas nossas vidas ao ter-nos dado um novo coração
(regeneração) para que então pudéssemos crer.
Paulo afirmou convictamente, usando uma citação de Isaías,
que não é pela nossa percepção e nem é por nada que façamos pelo qual
somos salvos. É o Espírito que nos
capacita, ao dar-nos um novo coração, para respondermos em fé e assim
sermos salvos.
Não são novas informações que chegam até nós que nos fazem
sábios. É precisamente o Espírito Santo que entra nas nossas vidas para então
sermos sábios com a sabedoria do próprio Deus.
Como é que o Espírito Santo chega até nós? É através de quê?
11 Quem é que conhece bem o homem, a não ser o seu próprio
espírito? Do mesmo modo, só o Espírito de Deus conhece o coração de Deus.
Quem na verdade conhece as nossas vidas? Quem na
verdade conhece quem na realidade nós somos? Quem conhece todas as
nossas acções e os nossos pensamentos?
Podemos enganar muitas pessoas, mas a nós e ao nosso Deus não enganamos.
Por outro lado, quem pode conhecer a Deus? Diz-nos o
texto que só mesmo o Seu Espírito. Só mesmo
Deus é que conhece a Deus. Ninguém de fora de Deus conhece o próprio Deus. No
entanto, Deus revelou-se até nós em Cristo mas também nas Escrituras.
Assim, entendemos que a revelação das escrituras são a
relevação do próprio Deus até nós, sendo que o Espírito Santo inspirou
homens a escrever a Palavra de Deus.
É isso que iremos ver nos versículos seguintes…
12 E nós não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito
que vem de Deus para assim podermos reconhecer tudo o que Deus nos deu.
13 São estas coisas que eu dou a conhecer não com ensino
baseado na sabedoria humana, mas com o ensino que vem do Espírito. Dou a
conhecer, aos que vivem pelo Espírito, as coisas que se referem a esse mesmo
Espírito.
A quem será que a palavra “nós” se refere? A todos
individualmente, ou aos apóstolos e aos outros escritores da Palavra?
Analisando o V13 que é a continuação do V12, percebemos que Deus
inspirou homens a escreverem as Escrituras.
2 Pedro 1:20-21 “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma
profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca
foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo”.
Por isso, acreditamos
na Inerrância das Escrituras.
Qual a importância da Palavra revelada?
A Palavra revelada é o meio pelo
qual Deus determinou que o Seu povo fosse salvo através da acção do Espírito
Santo.
O Espírito Santo age na vida das pessoas através da
proclamação do Evangelho, da Palavra revelada. Falámos precisamente disso
no capítulo 1.
Percebemos então o conceito de Inspiração… Homens usados por
Deus para escreverem a Sua Palavra. E sabemos
que a revelação de Deus terminou. Nada pode ser acrescentado ou retirado.
14 Ora, o homem natural não aceitas as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente.
O homem natural, isto é, o homem não regenerado pelo
Espírito Santo, não compreende
as coisas de Deus. São loucura para ele ainda que as possa respeitar
em alguma medida.
Reparemos no texto… “O homem não
aceita… porque não pode entendê-las”.
Há aqui uma ligação. Porquê? Porque o homem natural, o não
cristão, está preso ao seu orgulho e por isso não consegue e não pode
entender a beleza do Evangelho.
Por outro lado, os cristãos são
iluminados pelo Espírito Santo para discernirem e entenderem o
Evangelho que é o poder de Deus para todo aquele que crê.
Toda compreensão que tivemos aconteceu porque o Espírito
Santo regenerou o coração. E ao analisar 1:23, percebemos que aqueles que têm o
coração regenerado pelo Espírito Santo é porque foram chamados de
forma particular por Deus.
Saber disto faz-nos ser gratos!
Tudo isto não invalida o facto de não conseguirmos
entender todas as coisas e até mesmo de necessitarmos de alguém que as
explique para a nossa compressão.
15 Porém, o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele
mesmo não é julgado por ninguém.
Será que vemos aqui a defesa de que ninguém pode julgar
ninguém? Ou então, como quem diz “Eu sou cristão logo não posso ser julgado por
outro”. Será que é isto?
A palavra “julgar”, neste versículo, tem o sentido de
“discernir”.
Percebemos assim que o
homem natural não tem capacidade para discernir a vontade ou os desejos do
cristão, até porque para ele são loucura.
Provavelmente muitos de vós ao partilharem a forma como vêem a vida e
projectam
o vosso futuro às pessoas que não conhecem a Deus, tudo parece loucura e
não conseguem compreender o que dizemos.
Até podem entender algumas coisas, achando bonito o que
dizemos, mas outras com certeza que não.
Não tenhamos medo de sermos chamados de loucos. Em certa
medida, isso é a certeza que estamos a
caminhar provavelmente no caminho certo.
Há críticas que nos fazem que as devemos entender como
elogios para com a acção do Espírito Santo na nossa vida.
16 Quem poderá conhecer o entendimento do Senhor? Quem será
capaz de lhe dar conselhos? Mas nós temos o entendimento de Cristo.
Dessa forma, aqueles que entendiam o que Paulo estava a
ensinar é porque na verdade tinham a “mente de Cristo”. Ou seja,
fora-lhes dada essa capacidade de discernimento espiritual.
Quem tem a “mente de Cristo” consegue ver e discernir as
coisas de Deus. Consegue também perceber e entender a mensagem da Cruz como uma obra majestosa da Graça do nosso Deus.
Assim podemos compreender algumas verdades (repetidas tal
a importância) para então entrarmos em assuntos mais práticos na vida da Igreja
de Corinto…
1º Toda a sabedoria que não tenha base bíblica deve ser
considerada por nós como uma mera opinião e por isso sem qualquer valor eterno.
Há frases muito bonitas e algumas até aparentemente boas. No
entanto, quando as vamos analisar, nada mais são do que uma mera sabedoria
do mundo e por isso não têm qualquer respaldo bíblico.
Assim, rejeitemos
para a nossa vida espiritual todos os princípios que não estejam centrados
no Evangelho.
É através da pregação do Evangelho que vidas são mudadas
(Igreja acolhedora – Pregação do Evangelho).
Nós iremos perceber o porquê desta insistência de Paulo nesta
carta, melhor ainda, ao olharmos para a
nossa vida talvez percebamos a necessidade constante de repetirmos estas
verdades.
Apenas uma nota neste ponto: Hoje em dia quando falamos das
consequências do Evangelho aos cristãos, alguns deles já vão considerando
loucura. Não é em vão que Apocalipse 3:20 (“Eis que estou à porta”) dirige-se à
Igreja.
Precisamos que haja conversão nas nossas vidas…
2º A arrogância não entende a acção transformadora do
Espírito Santo na vida dos outros.
O apóstolo Paulo diz que os ímpios acham loucura o Evangelho
por causa da arrogância e do orgulho pessoal e olham para os outros com a mesma
atitude.
Entendendo esta perspectiva, será útil também perguntarmos
se entendemos esta “Graça transformadora”
na vida dos irmãos que estão ao nosso lado (Abrir caminho para a próxima
semana).
Precisamos de pessoas na nossa vida, que em vez de
criticar por criticar, expõem o
nosso pecado – segundo o texto só podem ser cristãos porque para os outros é
tudo loucura não tendo por isso capacidade de discernir as coisas de Deus – e
então, face a isso, ajudam-nos a buscar a restauração em Cristo Jesus.
"Opinion makers" é tudo o que não precisamos.
John Knox quando se sentia em baixo e mesmo nos últimos dias
da sua vida, apenas dizia à sua esposa com amor “Prega-me o Evangelho”.
Damos nós valor ao Evangelho?
Todas as mudanças operadas pelo Evangelho tem efeitos
passados, presentes e futuros. Sejamos gratos!
3º Se aceitámos o
Evangelho de Deus, foi porque o Espírito Santo operou em nós e deu-nos a
capacidade de escolhermos a Deus.
Não será este o maior motivo para vivermos em gratidão
constante?
“Eu nada sou e tudo o que tenho e principalmente o que vou
ter, o terei pela Tua enorme Graça”.
Onde há Graça, não há merecimento.
4º Percebermos que Deus salva através da proclamação da Sua
Palavra, motiva-nos a proclamá-la a toda a criatura.
Temos que ser intencionais na forma como vivemos a vida
cristã começando pelos nossos lares.
A Palavra de Deus tem de estar no centro das nossas vidas
porque são as Escrituras que indicam o
caminho.
Em certo sentido, quem quer apenas Deus e rejeita a Sua
Palavra, no sentido que não a lê e nem a estuda, deseja apenas ser
abençoado, talvez achando que merece as bênçãos de Deus. Por outro lado, também
não deseja ver a sua vida modificada.
Toda a vez que nos encontramos com a Escritura, a nossa vida
tem que mudar obrigatoriamente.
Precisamos de ler, estudar e viver a Palavra em família.
Precisamos de ensinar aos nossos filhos que a Palavra é
muito importante.
Em última análise, se a Palavra não está no centro do nosso
lar, é porque Deus ainda não é o Senhor.
Como é bom ver algumas famílias na Igreja Baptista da Graça
a tomarem resoluções de fazerem o culto doméstico. Obviamente que será uma luta
diária… Mas não desistam. Vale a pena!
No entanto lembrem-se que viver a vida cristã não se resume apenas ao culto doméstico, apesar
de muitas coisas começarem por aí.
Noutra perspectiva, vamos usar todos os meios para
partilharmos a Palavra de Deus aos nossos amigos. Não tenham medo de
partilhar a vossa fé.
Os irmãos nem imaginam as pessoas que começaram a frequentar
as Igrejas por causa das redes sociais e páginas de Internet.
Se é um meio que temos, porque não usamos?
Tudo o que temos é do
Senhor e para o Senhor.
Sejamos intencionais embora que para alguns isto possa
parecer loucura…
Que Deus nos ajude…
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