terça-feira, 7 de outubro de 2014

I Cor. 1:26-31

26 Irmãos, pensem no que eram quando foram chamados por Deus. Do ponto de vista humano não eram muitos os sábios, os poderosos ou os da alta sociedade.
A semana passada percebemos que a mensagem do Evangelho desfaz por completo o nosso orgulho. Percebemos mais na perspectiva de quem rejeita a mensagem do Evangelho.
No entanto, quem aceita a mensagem do Evangelho e tem fé no Senhor Jesus terá motivos para gloriar-se em si próprio?
Para responder a esta pergunta, Paulo continuou com a mesma tónica ao mostrar-lhes quem de facto eles eram antes de Deus os salvar.
Ver as coisas em perspectiva certamente nos ajudará a perceber a dimensão da acção da Graça de Deus.
Dessa forma, Paulo relembrou-os – diz o texto “não muitos”, o que significa então maioria e não unanimidade – que eles não eram “sábios” aos olhos do mundo ou pessoas com influência (poder*) e nem tinham nascido em berço de ouro.
Em certo sentido, estes são os padrões humanos para percebermos o valor de uma pessoa. A cultura, o poder ou a influência e a classe social.
Paulo mostrou-lhes assim que estes valores não tinham importância nenhuma para Deus.
Porquê? Por que Deus chamou-os na mesma para Si. Ou seja, Deus não fez acepção de pessoas para a salvação. Ser influente ou rico, para Deus, não era requisito para salvar essa pessoa.
A graça de Deus atinge qualquer pessoa de qualquer classe social, de qualquer etnia, de qualquer sexo e de qualquer nível de conhecimento.
Quando lemos na Bíblia que Deus salvou todos os homens, a palavra “todos” no original tem como um dos seus significados “qualquer tipo de pessoa”. Então, Deus salvou todo o tipo de pessoas.
O importante é percebermos que não foi por qualquer mérito nosso, ou por algo que tenhamos, que Deus nos salvou.
Se houvesse algo bom em nós para que Deus nos salvasse, logo não seríamos salvos pela Graça. Seríamos salvos pela retribuição ou pelo facto de Deus nos dever algo.
Paulo escreveu o primeiro capítulo para combater qualquer tipo de orgulho.
Parece que é repetitivo, no entanto, foi necessário para a compreensão daquelas pessoas e, por conseguinte, para a nossa compreensão.
Saber quem éramos sem Cristo
V27-28 Pelo contrário, Deus escolheu aqueles que os homens tinham por ignorantes para envergonhar os sábios e aqueles que os homens tinham por fracos para envergonhar os fortes. Deus escolheu os que no mundo não têm importância nem valor para deitar abaixo os que parecem importantes.
Vemos nestes dois versículos 2 coisas importantes:
Deus revelou-se ao louco, ao fraco e à pessoa mais comum, àqueles que a sociedade não dava relevância. No entanto, são esses muitos dos que crêem no Senhor Jesus Cristo.
Não foi em vão que o anjo apareceu primeiro aos pastores. E se nos relembrarmos do que foi dito em Dezembro, os pastores naquela altura não tinham muito boa reputação e nem eram considerados fidedignos, ao ponto de nem sequer lhes ser permitido dar testemunho nos tribunais.
Deus revela-se a muitas destas pessoas para mostrar que Ele não escolhe salvificamente alguém mediante o que as pessoas têm ou são. Coitados de nós se assim fosse.
Em 2º lugar, se vemos a ênfase várias vezes neste capítulo - iremos perceber também no livro todo - que Deus escolheu, é porque o homem por si só não tem como escolher a Deus se não houver primeiramente uma escolha de Deus. Nós estávamos mortos nos nossos pecados e delitos.
Obviamente que temos de escolher a Deus e manifestar dessa forma a fé. Mas se há esta escolha, foi porque Deus nos escolheu primeiro.
João 15:16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós”.
Saber e entender este ensino, faz-nos ser humildes diante de Deus e dos homens.
Deus tem prazer em anular todas as pretensões humanas de acharmos que somos alguém. Daí, tal como vimos a semana passada, Deus transforma em loucura toda a sabedoria humana.
29 Assim, ninguém se pode orgulhar diante de Deus.
Então, nenhum pecador regenerado por Deus pode dizer que foi salvo por Deus por causa do conhecimento pessoal que tinha (intelecto).
Por outro lado, também não pode achar que a sua importância pessoal foi a razão da salvação do nosso Deus.
A dignidade que nós temos perante Deus é a dignidade que Cristo nos dá, assim como, também, a importância que nós temos para Deus é a importância que temos em Cristo Jesus. Por isso dizemos convictamente que somos justificados por Deus por meio da fé.
Diante do grande tribunal iremos reflectir a imagem do Seu filho Jesus e não a nossa. Como ansiamos por esse dia…
Se tivéssemos alguma razão para que Deus nos salvasse, então seria sinal que Deus nos deveria algo.
Como não há qualquer razão para podermos ter orgulho pessoal, significa isso que Deus não deve nada a ninguém. Nós é que devemos tudo a Deus.
Lembremo-nos que Deus é zeloso para com a Sua Glória
Isaías 48:11Por amor de mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o meu nome? E a minha glória não a darei a outrem”.
Por isso dizemos de forma convicta “A Deus toda a Glória”.
30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual tornou-se sabedoria de Deus para nós em justiça, e santificação, e redenção.
Já percebemos o que pensa a sabedoria do mundo e como a mesma é inócua para com o maior problema que o ser humano tem para resolver.
Por outro lado, já entendemos que o mundo valoriza certas coisas as quais, para Deus, não têm valor algum.
Aliás, segundo o texto, Deus fez questão de chamar mais pessoas que são fracas aos olhos do mundo para salientar que a Glória deve ser dada toda a Deus.
Neste versículo iremos perceber como se revela ou como chega até nós a sabedoria do nosso Deus.
Assim, a sabedoria de Deus é manifestada de 3 formas: Em justiça, em santificação e em redenção para connosco.
O que significa “Justiça”, “Santificação” e “Redenção”? (Vamos relembrar o que já foi várias vezes ministrado na nossa comunidade).
Justiça – É a nossa posição legal diante de Deus. Ele declara-nos justos embora sejamos culpados. Somos declarados inocentes por causa das obras de Cristo.
Santificação – Relembra-nos a quem pertencemos e também o processo de assemelhação das nossas pessoas com Cristo. Processo esse que, conforme diz Kevin DeYoung, “é marcado mais pelo arrependimento do que pela perfeição”.
Redenção – A imagem desta palavra, no original, vem do antigo mercado de escravos e significava o pagamento do resgate necessário para obter a libertação do prisioneiro ou escravo. Então, nós que éramos escravos do pecado, por não cumprirmos a Lei, fomos comprados por CristoCom a Sua vida. Foi pago um resgate… Com o Seu sangue - Ouvir dizer “É meu”.
31 Deste modo, e como diz a Sagrada Escritura: Aquele que quiser enaltecer-se que o faça no Senhor nosso Deus.
Paulo não está a dizer que não nos devemos gloriar, antes pelo contrário, está a dizer sim para gloriarmo-nos somente no Senhor.
A insensatez dos coríntios revelava-se na valorização de aspectos humanos os quais, por sua vez, não são relevantes para Deus. Faziam isso para se poderem orgulhar.
O orgulho deles era tanto, que queriam usar certas coisas como quem os levou para a Igreja, quem foi que os baptizou, quem eles eram antes de Cristo e isto para terem preeminência, logo motivos para vangloriarem-se.
Tal como temos visto, o Evangelho destrói o orgulho e todo o tipo de vaidades, assim como, ensina-nos também a não valorizar aspectos que para Deus são secundários.
Então ao longo destes versículos podemos observar algumas coisas:
Podemos não saber ou lembrar quando ocorreu a nossa conversão, mas o mais importante é percebermos quem nós éramos ou seríamos sem Deus.
Paulo relembra aos coríntios quem eles eram antes da conversão que Deus operara nas suas vidas. Assim perceberiam que nada eram.
 Por vezes, podemo-nos não lembrar de quem éramos antes de termos conhecido a Cristo, o que será algo natural para aqueles que foram convertidos relativamente cedo.
No entanto, todos nós sabemos quem seríamos se não tivéssemos sido convertidos por Deus. Talvez para alguns, como eu, essa imagem seja terrível.
Percebermos isso, torna-nos humildes diante de Deus e dos homens, assim como, também, compreenderemos aqueles que ainda vivem na luta.
Nós não somos superiores a ninguém.
Quanto mais percebermos a dimensão da transformação que Deus opera em nós, mais nós desejaremos viver para ele.
Então, devemos mostrar enquanto comunidade humildade e gratidão para com o nosso Deus. Quando isto acontece, revelamos de uma forma clara e inequívoca que ninguém é superior a ninguém.
Nos momentos mais fracos da minha caminhada, vejo-me a comparar a minha vida com as outras pessoas. É inevitável quase. Raramente comparo a minha vida com aquilo que de facto devia comparar, ou seja, com aquilo que os meus pecados merecem.
Quando comparo a minha vida com aquilo que na verdade eu mereço, então eu serei eternamente grato e viverei com contentamento. E é nestas alturas que poderemos dizer de forma convicta “posso viver em toda e qualquer situação, porque é Deus quem me fortalece”.
Como sabemos se há vaidade no nosso coração? Quando achamos que há algo em nós que nos faz ser superior a alguém.
O sentimento de superioridade é pecaminoso.
Por outro lado, o sentimento de inferioridade que possamos ter (dons, ser, etc.) também não é correcto.
Lembremo-nos… Pela Graça de Deus somos quem somos e não como gostaríamos de ser.
Quando achamos que somos inferiores ou superiores vamos viver a vida de forma doentia. Faz-nos ser invejosos e maledicentes. Nunca estaremos satisfeitos com nada. Será que o sentimento de insatisfação domina a nossa vida?
Quando assim somos, não podemos compreender como se revela a sabedoria de Deus… Em justiça, em santificação e redenção.
Como pode haver insatisfação, se Deus é o Deus de toda a satisfação e alegria?
Podemos fazer também um teste para percebermos se há orgulho na nossa vida. Analisemos se no fim de dizermos ou pensarmos em alguma coisa, a conclusão a que chegamos é se Deus é bom ou se eu sou bom (intrinsecamente).
Quem puxa pelo currículo espiritual como forma de valorização sobre o outro, é porque na verdade acha que essas coisas foram “conquistadas” por si, não dando assim valor à acção do Espírito Santo.
Percebemos também neste capítulo de Coríntios, que Deus chamou-nos não por causa de sermos quem éramos, mas sim, única e exclusivamente por causa do Seu amor com o objectivo de nos transformar à Sua imagem.
Deus ama-nos muito mais do que nós imaginamos ou pensamos.
Ele tem o melhor para nós, tanto é, que Ele diz que a Sua graça nos basta. Será que isto é verdade nas nossas vidas?
Volto a perguntar? Para si Deus é suficiente? Ou precisa de arranjar prazer noutro sítio?
Lembremo-nos nos nossos momentos mais difíceis e desanimadores… Nós nada éramos, nós nada valíamos, nós estávamos em rebelião com o nosso Deus, nós estávamos mortos nos nossos pecados e delitos, mas mesmo assim Deus colocou a Sua Graça sobre as nossas vidas. Tal como diz Rom. 11:5, a “Eleição da Graça”.
Sente-se grato? Tem prazer em viver a vida conforme a Palavra de Deus?

Desafio… Viver em gratidão e não murmuração. Partilhar esta boa-nova com as pessoas à sua volta. 

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