sexta-feira, 7 de novembro de 2014

I Cor. 3:9-26

I Coríntios 3:9b “ Vós sós o edifício de Deus”.
Paulo usou a analogia da construção de um edifício para perceberem os fundamentos e a razão da existência da Igreja.
Naquela altura construir um edifício demorava centenas de anos. Era um processo muito lento porque ainda não havia máquinas que levantassem os materiais mais pesados, como por exemplo, as gruas.
Dessa forma, as grandes catedrais demoravam cerca de 4 a 5 séculos para serem construídas.
No entanto, ao relembrarmos que na Igreja havia divisões, Paulo falou-lhes que todos eram o edifício de Deus.
Ou seja, a Igreja não é sinal de vários edifícios, mas sim de um edifício.
V10 “Eu procurei lançar os alicerces, como faz um construtor ajuizado e conforme a capacidade que Deus me deu, e outro vem continuar a construção. Mas cada um deve prestar bem atenção ao modo como constrói”.
Percebemos aqui 4 coisas:
1º Paulo considerou-se como construtor do edifício de Deus.
Ele percebeu que o seu ministério passava apenas por fazer os alicerces do edifício, isto é, da Igreja.
Investiu o seu tempo no ensino correcto do Evangelho e das doutrinas de Cristo.
Tanto era um evangelista como um doutrinador. Esta carta é um dos vários exemplos de como Paulo se importava com o correcto ensino da doutrina.
2º Paulo fazia o que fazia porque Deus o tinha capacitado.
Para uma comunidade orgulhosa, Paulo revelou que fez o que fez, porque Deus o houvera capacitado.
Quando ele reconheceu isso, mostrou toda a sua humildade.
Ninguém pode estar ao pé da Cruz de peito inchado.
Aliás, a Cruz de Cristo humilha-nos, no entanto, o próprio Cristo levanta-nos com o Seu poder.
Não é pelas nossas forças, é na força do nosso Deus.
3º Não há pessoas mais ou menos importantes numa obra. Todos são servos.
Esta era uma ideia que já vinha dos versículos anteriores.
Um edifício pode demorar muitos anos a ser feito. Uns projectam, outros fazem as bases, outros constroem, outros fazem os acabamentos e outros irão habitar nele.
O mesmo se passa na vida da Igreja… Uns fizeram os alicerces, outros construíram, outros fazem os acabamentos e outros habitam ou colhem aquilo que foi feito.
Todos os pastores desta comunidade tiveram e têm a mesma importância porque tudo aquilo que foi feito, foi feito na força e sabedoria de Cristo.
4º Cada um faz a sua parte, no entanto, cada um é responsável diante de Deus pelo que faz.
Todos são responsáveis pelo que fazem, no entanto, os que fazem parte do presbitério têm responsabilidades diferentes ou melhor, terão um julgamento muito mais rigoroso sobre as suas acções e sobre o ensino ministrado à Igreja.
Em Tiago 3:1 lemos “Meus irmãos, são poucos os que devem ser mestres. Saibam que nós, os que ensinamos, teremos um julgamento mais rigoroso”.
Por isso, o ministério que tem mais responsabilidade dentro da Igreja é o ministério do ensino.
Daí percebermos que os presbíteros devem ter dupla honra porque o presbitério (liderança espiritual) é responsável por todo o ensino ministrado nesta comunidade, desde o berçário até aos adultos.
11 Ninguém pode colocar outro alicerce além daquele que já existe e que é Jesus Cristo.
O fundamento da Igreja, como pudemos ver, foi a pessoa de Jesus Cristo e a Sua obra na Cruz. Percebemos isso durante 5 domingos.
Paulo não desenhou um novo projecto para os alicerces da Igreja. Ele estabeleceu aquilo que Deus houvera dado, isto é, o ensino sobra a vida do próprio Senhor Jesus Cristo.
A Igreja não é aquilo que Paulo quis que fosse.
A Igreja é aquilo que Deus quer que ela seja, Ele assim o transmitiu pela boca do Apóstolo Paulo e de todos os outros escritores da Sua Palavra.
A Bíblia é inerrante e não nos podemos esquecer disto, porque toda ela é a Palavra de Deus, não apenas partes.
Ninguém pode acrescentar ou retirar nada à Palavra de Deus, mesmo sendo afectados por uma cultura corrompida pelo pecado.  
O nosso padrão é Cristo.
Por isso, sendo Deus o dono da Obra, ninguém pode estabelecer outro fundamento na Igreja que não seja o ensino de Cristo, o qual podemos ver em toda a Palavra de Deus.
Não há outro fundamento… Mesmo que digam que tiveram uma revelação especial de Deus.
É nesta medida que Martinho Lutero disse “Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias”.
Por isso, se alguém quiser abrir uma Igreja, que não tenha como base o Evangelho da Cruz de Cristo, esta não poderá ser considerada uma igreja bíblica, por muito que nos custe.
Não há Igreja sem Cristo. O que pode haver são espectáculos religiosos, os quais, dando glória ao homem, nunca poderão dar Glória a Deus. É isso o que acontece quando colocam o ser humano como o centro do Evangelho.
Precisamos de ter cuidado com o humanismo. Faz-nos bem ao ego, mas é totalmente ineficaz.
V12 “Sobre esse alicerce, cada um é livre para construir com materiais de ouro, prata ou pedras preciosas, ou ainda madeira, feno ou palha”.
É essencial para um edifício ter bons alicerces. Talvez seja o mais importante, pois mexe com a estabilidade e durabilidade do mesmo.
No entanto, é necessário que esse edifício também tenha bons materiais de construção e bons acabamentos. Apenas com este conjunto completo podemos dizer se um edifício é bom ou mau.
O edifício pode estar muito bonito, mas vindo as tempestades os problemas (Casa Lisboa) ficam logo a descoberto.
É isso que encontramos em Mateus 7:24-27Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.
Voltando ao texto de Coríntios… O ouro, a prata e as pedras preciosas são dos materiais mais valiosos, no que diz respeito à sua resistência. Aliás, foram os materiais mais usados no templo de Salomão.
Por outro lado, a madeira, o feno e a palha são materiais que não têm resistência nenhuma face às adversidades que possam surgir.
Isto, na vida da Igreja, significa tão somente: “Tenham cuidado com tudo o que fazem lembrando-vos que a base de todas as vossas acções é Cristo”. Porquê? Porque o alicerce da Igreja é sempre a pessoa de Jesus. Não pode haver outro alicerce. Jesus Cristo é a medida de todas as coisas.
Será que saber disto muda a nossa perspectiva quando servimos a Igreja? 
No V9 percebemos que quem fez os alicerces foram os evangelistas e os pastores. Por outro lado, aqui percebemos a abrangência do ministério na Igreja.
Na versão JFA diz mesmo “Se o que alguém edifica”. Então, esta mensagem não é apenas para os presbíteros da Igreja, esta mensagem é para todos os membros que estão envolvidos no serviço a Cristo, servindo a Sua Igreja.
Todos os cristãos são chamados a servirem na Igreja lembrando-se que Cristo é a base e a medida de todas as coisas.
Tudo o que fazemos é para Deus! Em todas as nossas acções temos de espelhar a pessoa de Jesus Cristo.
Em Efésios 4:11-16 percebemos…
Deus deu os construtores… E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
Temos um bom alicerce e materiais Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
Objectivo: Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.
Então meus irmãos: Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas (Importância de todos e não de alguns), segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor”.
Temos tudo o que precisamos para sermos uma Igreja de Cristo e para Cristo! Vivamos como tal.
V13 “Mas a obra de cada um há-de ver-se. No dia do juízo, vai ficar à vista de todos, pois esse dia será como o fogo que vai pôr à prova o trabalho de cada um conforme o valor que tiver”.
Paulo sentiu a necessidade de mostrar-lhes que tudo aquilo que eles iriam fazer, iria ficar exposto.
As motivações com que eles faziam o trabalho de Deus serão reveladas nos últimos tempos, ou seja, no “Dia do Senhor” onde tudo ficará claro.
Este fogo não é o purgatório. Este fogo será o julgamento do Senhor e onde finalmente se perceberá que tipo de materiais temos usado.
14 Se o edifício construído por alguém resistir, essa pessoa receberá um prémio.
Tudo o que for feito e realizado através de Cristo e para Cristo, isso permanecerá.
Como será bom ouvir… Mateus 25:21E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
Diz o texto que essa pessoa receberá o prémio.
Ou seja, não é o julgamento no sentido se é condenado ou salvo.
A sentença para os cristãos já está dada porque Cristo pagou o preço. Este texto fala-nos do galardão prometido para aqueles que servem a Igreja de Cristo.
Não fazemos com o fim último de receber o galardão, porque se assim fosse, estaríamos preocupados connosco. Então, fazemos todas as coisas para a Glória de Deus, sabendo que se assim fizermos, iremos receber o galardão.
Ao dizer estas palavras e num contexto de divisão, Paulo mostrava assim que o galardão não estava aqui na terra mas no céu.
A ideia não é criar discípulos dos homens, mas de Cristo. Não é exaltar a pessoa, mas Deus pelo que faz através da pessoa.
Paulo apelava assim para que fossem humildes no serviço a Deus.
Mateus 23:12E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado”.
15 Se o edifício arder, essa pessoa fica sem prémio. Todavia será salva, mas como que pelo fogo.
Este texto não fala de perder a salvação. A pessoa que é cristã e serve na Igreja será de facto salva, quanto mais não seja, toda chamuscada pelo fogo.
Pergunta: Será que aqueles que são salvos, embora chamuscados, são aqueles que disseram que fizeram uma decisão e nunca mais quiseram saber de Deus ou da Sua Igreja?
É que por vezes ouvimos dizer “Aquela pessoa será salva, mas será mesmo toda chamuscada. Será por um triz”.
Voltemos ao texto… Este versículo aponta para os cristãos que edificam a Igreja, logo não estão ausentes dela. Fala para aqueles que servem a Cristo.
Por isso, nunca podemos dizer que alguém que tomou uma decisão, mas vive afastado do Evangelho, será salvo por um triz. Não há base bíblica para tal. Temos é de perguntar se ela de facto é cristã.
A perseverança é a marca dos cristãos!
16-17 Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita no vosso interior? Se alguém destrói o templo de Deus, também Deus o destruirá. De facto, o templo de Deus é santo e vocês são esse templo.
Esta é uma grande advertência para quem quer ter outro fundamento que não o Evangelho de Cristo. É também uma advertência para que quem quiser destruir a Igreja de Cristo.
Paulo exorta os cristãos em Corinto para que deixem a sabedoria deste mundo de lado para que então Cristo seja o alicerce e a medida para todas as coisas que venham a seguir.
Ao haver divisões na comunidade em Corinto, a Igreja de Deus estava a ser destruída e Ele é muito claro com aqueles que provocam tais coisas.
Destes versículos podemos tirar algumas aplicações…
1º Tudo o que tira a primazia a Cristo é pecado!
Paulo advertiu os cristãos em Corinto da importância de Cristo ser o fundamento da Igreja, assim como, também, de todas as outras coisas serem feitas mediante aquilo que Cristo deixou à Sua Igreja, quer nos Evangelhos, quer nos restantes livros da Bíblia.
Assim, a vida da nossa Igreja tem de espelhar a Cristo, mais do que as nossas personalidades que são diferentes umas das outras.
Em certo sentido, as divisões surgem quando achamos que são as nossas vidas que estão em causa e não o Evangelho.
Servimos para que as pessoas nos adorem ou adorem a Cristo?
Ainda servimos pela fé? Ainda servimos com fé?
Tudo o que exalta a Cristo é precioso. Tudo o que não exalta a Cristo para nada serve.
Por isso meus irmãos, a necessidade de pregar todo o conselho de Deus. Primeiro a mim e depois a cada um de vós para que assim possamos ser quem Deus deseja que sejamos e não quem nós desejaríamos ser.
Eu desejo e luto diariamente para que possa dizer o mesmo que o apóstolo Paulo Atos 20:26-27 “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus”.
A minha fonte de autoridade não é este púlpito, nem a minha sabedoria ou, muito menos, as minhas experiências.
As minhas palavras têm autoridade apenas quando forem uma repetição e aplicação correcta das Escrituras.
Encontro-me investido de autoridade somente quando estou sob a autoridade da Palavra. Afinal, a Bíblia é a única regra de Fé e de Prática.
Nada tem mais poder para transformar a Igreja do que a pregação do Evangelho, porque é a Palavra que dá Vida.
A Igreja é a Imagem do Deus vivo e não a imagem do pastor Jónatas ou de outra pessoa.
Cristo é a razão da nossa existência.
Que as nossas vidas possam resplandecer a Palavra através da nossa boca mas também com a nossa vida.
2º Nós queremos pessoas convertidas ao Evangelho e não pessoas amigas do Evangelho.
Mais do que vidas, Deus deseja que haja Vida na vida da Igreja e essa só acontece mediante a pregação da Palavra.
Deus não está interessado que as Igrejas estejam cheias de pessoas convertidas ao pastor ou às actividades sociais da Igreja.
Nós queremos pessoas convertidas a Cristo e não convertidas às nossas personalidades. Era isto que a Igreja em Corinto não tinha percebido.
Nós temos que ter o desejo de crescer em santidade mas também em número. Não para sermos uma Igreja grande, mas para que Cristo seja mais exaltado através de mais vidas!
Quem não deseja crescer em número é porque está acomodado, porque crescer acarreta responsabilidades e serviço e faz-nos sair da nossa zona de conforto.
Por vezes, chegamos ao ponto de dizer que as pessoas não querem nada com o Evangelho, quando nem sequer as evangelizamos, ou se evangelizamos desistimos logo.
Desejamos crescer em santidade e em número enquanto Igreja?
O que temos feito enquanto Igreja para engrandecer a pessoa de Cristo?
Se nada, então vamos parar tudo o que estamos fazer, dobremos os nossos joelhos, arregacemos as nossas mangas, e coloquemos as nossas mãos à obra.
Pensemos… Somos Igreja ou um grupo de amigos que se encontram apenas para ouvir a Palavra de Deus?
A Igreja é a imagem do Deus vivo e às vezes as Igrejas estão “tão mortas” que parece que o nosso Deus está morto.
3º Servimos a Cristo quando servimos a Sua Igreja
Não servimos a Igreja apenas quando temos tempo disponível.
Nós servimos a Igreja porque essa é a nossa obrigação e mais do que obrigação devemos encarar como um privilégio.
Deus não deseja os restos e nem aquilo que nos sobeja!
Servir a Cristo e servir a Igreja estão intimamente ligadas. Não podemos dizer que somos de Cristo e não ligarmos nada à Igreja, mesmo que possamos vir todos os Domingos.
Quando assim é, parecemos aqueles casais que estão casados mas vivem a vida como se fossem dois amigos, que estão na mesma casa mas não têm nada em comum e nem sequer há qualquer tipo de relacionamento.
Daí dizermos que entender a Igreja é também entender o casamento.
4º Investimos nas pessoas porque Deus investiu em nós.
Paulo advertiu os cristãos em Corinto para viverem em unidade, porque o próprio Jesus ensinou-nos isso. O próprio relacionamento trinitário mostra isso.
O Evangelho obriga-nos enquanto cristãos a viver em unidade mesmo havendo diversidade.
O mundo ensina-nos que devemos investir nas pessoas que querem ou que merecem. A mensagem da Cruz ensina-nos que Deus investiu em quem não quis e em quem nada mereceu.
O melhor investimento que pode haver é através do ensino correcto e fiel da Palavra de Deus.
Quando saímos da Igreja, o nosso coração e a nossa boca falam de quê? Do Evangelho ou de outra coisa qualquer?
Quando estamos juntos, o nosso coração e a nossa boca falam de quê? Do Evangelho ou de outra coisa qualquer?
Claro que pode ser outra coisa qualquer, estranho é quando não falamos do Evangelho uns com os outros! E se não falamos uns com os outros, será que falamos com aqueles que não são cristãos?
Nós somos guiados pela cultura, mas pela cultura da Palavra de Deus.
Estamos mais preocupados em pedirmos bênção ou em sermos bênção?
Cristo estará satisfeito com o investimento, com o tipo de materiais que temos usado na Igreja?
A Igreja é de Cristo e Ele é a medida de todas as coisas.

Que Deus nos use e nos faça bênção e tudo isto para a Sua Glória. 

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